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Pesquisa perde referência em mecanização agrícola

Faleceu no dia 23 fevereiro o pesquisador Claudio Alberto Bento Franz, da Embrapa Cerrados (DF). Natural de Pelotas (RS), ele era graduado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Pelotas (1982) e mestre em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Santa Maria (1988). Foi admitido em janeiro de 1985 na Unidade, onde já havia sido bolsista de iniciação científica entre 1982 e 1984. Ao longo de 36 anos de carreira como pesquisador, Franz desenvolveu projetos em mecanização agrícola, com ênfase em planejamento e gerenciamento de operações, demanda e eficiência energética, trafegabilidade e compactação do solo, agricultura familiar, plantio direto e manejo de solos canavieiros. O pesquisador Sérgio Folle, atualmente assessor da Diretoria-Executiva de Inovação e Tecnologia da Embrapa, foi orientador de Franz durante o período como bolsista na Embrapa Cerrados. Desde então, eles foram parceiros nas pesquisas em mecanização agrícola. “Trabalhamos juntos até dezembro de 2003 e, mesmo depois que saí da Unidade, até os últimos dias, continuamos discutindo a parte técnica dos projetos. Ele gozava de grande respeito técnico”, conta. Para Folle, mais que um colega de trabalho, Franz era um grande amigo. “Além de profissional de muita competência, era muito inteligente, tranquilo e educado. É uma perda enorme, pois era um amigo de todas as horas”, diz o pesquisador, lembrando a relação de amizade mantida entre as famílias. Nas regiões norte e noroeste de Minas Gerais, Franz atuou em projetos visando à transição agroecológica em pequenas propriedades em assentamentos de reforma agrária. O pesquisador João Roberto Correia, atualmente na Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió-AL), trabalhou com ele no Projeto Rio Pardo, no norte mineiro, entre 2007 e 2015. Para Correia, o cuidado com o ser humano foi a marca deixada por Franz. “A sensibilidade para com as pessoas fez com que ele desempenhasse suas funções nos projetos de pesquisa com comunidades tradicionais e agricultores familiares associando a capacidade técnica com as necessidades locais dos agricultores – e fazia isso de maneira muito ética, respeitosa, lembrando que o outro é um ser humano que merece respeito”, destaca o pesquisador. Correia acrescenta que essa característica do colega é um componente fundamental para construções coletivas de conhecimento. “Franz tinha muita consciência de que a construção do saber é um processo de troca. E ele exercitou isso conosco no Projeto Rio Pardo, na busca de alternativas para processamento da polpa e do óleo de pequi, buscando aprimorar processos da agroindústria que foi instalada pelos geraizeiros, comunidade tradicional da região”, lembra. Desde 2008, Franz participava de pesquisas para aprimorar tecnologias de produção de cana-de-açúcar no Bioma Cerrado e desenvolver novos sistemas para maior produtividade e redução nos custos do setor sucroalcooleiro na região. Ele integrava a equipe que realiza estudos sobre o manejo da palhada da cana-de-açúcar para otimização da produção de energia, avaliação de cultivares, manejo de solo e água, entre outros tópicos. Um dos integrantes da equipe, o pesquisador Thomaz Rein, conheceu o colega em 1984, quando chegou à Unidade. Mas eles começaram a trabalhar juntos a partir do início das pesquisas com cana-de-açúcar em parceria com usinas de Goiás, Minas Gerais e Tocantins. “Com o advento da colheita mecanizada da cana-de-açúcar, Claudio foi o responsável por experimentos de avaliação do efeito do recolhimento do palhiço (para usos diversos) sobre a produtividade da cultura e as propriedades do solo”, lembra. Nos últimos anos, Franz também estava envolvido em projetos de tráfego controlado para diminuição da compactação dos solos e participava dos estudos do efeito do arranjo de plantas de soja na mecanização agrícola, no âmbito das atividades que compõem o Projeto TT Soja. O chefe geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro Neto, trabalhou com Franz no projeto e salienta que ele era um pesquisador interessado e comprometido em resolver problemas relativos à sua área de atuação. “Apesar da frágil saúde nos últimos anos, nunca deixou de responder e participar ativamente de todas as atividades e trabalhos a que era demandado”, afirma. Desejo de viver Franz lutava contra um câncer no esôfago havia mais de 10 anos. Mas os colegas são unânimes em afirmar que ele nunca se deixou abater pela doença e sempre mostrou disposição para o trabalho, além de cultivar amizades nos diversos setores da Embrapa Cerrados. “O Claudio sempre teve bom relacionamento com todos e um astral muito bom. Nunca o ouvi reclamar dos problemas ou da vida”, diz Sérgio Folle. Já Thomaz Rein não se esquece dos breves encontros com o pesquisador no “cafezinho” da Unidade, quando compartilhavam lembranças do centro de pesquisa nos anos 1980 e de colegas que passaram pelo centro. “A excelente companhia, as boas conversas, o discreto bom humor, as batalhas e a serenidade com a qual ele as encarava, o orgulho dos filhos e o enorme desejo de viver serão sempre lembrados”, ressalta. Para João Roberto Correia, Franz conseguia transmitir a força que usava na luta contra os problemas de saúde. “Nos contagiava, mostrando que é preciso viver o aqui e o agora com toda intensidade, fazendo todo o possível com o que temos nas mãos para a construção de um mundo melhor, mais justo e fraterno. Essa atitude de amor e de garra pela vida vai continuar sendo um exemplo de que viver plenamente enquanto temos força vale muito a pena, especialmente quando nosso coração é cheio de fraternidade, como era o dele”, afirma. “Sua ausência será sentida pela equipe da Embrapa Cerrados. Um amigo, um colega, um exemplo de luta. Que Deus o tenha em bom lugar”, completa Sebastião Pedro. Claudio Franz era divorciado e deixa os filhos Pedro e Carlos.

Faleceu no dia 23 fevereiro o pesquisador Claudio Alberto Bento Franz, da Embrapa Cerrados (DF). Natural de Pelotas (RS), ele era graduado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Pelotas (1982) e mestre em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Santa Maria (1988). Foi admitido em janeiro de 1985 na Unidade, onde já havia sido bolsista de iniciação científica entre 1982 e 1984. 

Ao longo de 36 anos de carreira como pesquisador, Franz desenvolveu projetos em mecanização agrícola, com ênfase em planejamento e gerenciamento de operações, demanda e eficiência energética, trafegabilidade e compactação do solo, agricultura familiar, plantio direto e manejo de solos canavieiros.

O pesquisador Sérgio Folle, atualmente assessor da Diretoria-Executiva de Inovação e Tecnologia da Embrapa, foi orientador de Franz durante o período como bolsista na Embrapa Cerrados. Desde então, eles foram parceiros nas pesquisas em mecanização agrícola. “Trabalhamos juntos até dezembro de 2003 e, mesmo depois que saí da Unidade, até os últimos dias, continuamos discutindo a parte técnica dos projetos. Ele gozava de grande respeito técnico”, conta.

Para Folle, mais que um colega de trabalho, Franz era um grande amigo. “Além de profissional de muita competência, era muito inteligente, tranquilo e educado. É uma perda enorme, pois era um amigo de todas as horas”, diz o pesquisador, lembrando a relação de amizade mantida entre as famílias.

Nas regiões norte e noroeste de Minas Gerais, Franz atuou em projetos visando à transição agroecológica em pequenas propriedades em assentamentos de reforma agrária. O pesquisador João Roberto Correia, atualmente na Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió-AL), trabalhou com ele no Projeto Rio Pardo, no norte mineiro, entre 2007 e 2015. Para Correia, o cuidado com o ser humano foi a marca deixada por Franz. 

“A sensibilidade para com as pessoas fez com que ele desempenhasse suas funções nos projetos de pesquisa com comunidades tradicionais e agricultores familiares associando a capacidade técnica com as necessidades locais dos agricultores – e fazia isso de maneira muito ética, respeitosa, lembrando que o outro é um ser humano que merece respeito”, destaca o pesquisador.

Correia acrescenta que essa característica do colega é um componente fundamental para construções coletivas de conhecimento. “Franz tinha muita consciência de que a construção do saber é um processo de troca. E ele exercitou isso conosco no Projeto Rio Pardo, na busca de alternativas para processamento da polpa e do óleo de pequi, buscando aprimorar processos da agroindústria que foi instalada pelos geraizeiros, comunidade tradicional da região”, lembra.

Desde 2008, Franz participava de pesquisas para aprimorar tecnologias de produção de cana-de-açúcar no Bioma Cerrado e desenvolver novos sistemas para maior produtividade e redução nos custos do setor sucroalcooleiro na região. Ele integrava a equipe que realiza estudos sobre o manejo da palhada da cana-de-açúcar para otimização da produção de energia, avaliação de cultivares, manejo de solo e água, entre outros tópicos.

Um dos integrantes da equipe, o pesquisador Thomaz Rein, conheceu o colega em 1984, quando chegou à Unidade. Mas eles começaram a trabalhar juntos a partir do início das pesquisas com cana-de-açúcar em parceria com usinas de Goiás, Minas Gerais e Tocantins. “Com o advento da colheita mecanizada da cana-de-açúcar, Claudio foi o responsável por experimentos de avaliação do efeito do recolhimento do palhiço (para usos diversos) sobre a produtividade da cultura e as propriedades do solo”, lembra.

Nos últimos anos, Franz também estava envolvido em projetos de tráfego controlado para diminuição da compactação dos solos e participava dos estudos do efeito do arranjo de plantas de soja na mecanização agrícola, no âmbito das atividades que compõem o Projeto TT Soja. O chefe geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro Neto, trabalhou com Franz no projeto e salienta que ele era um pesquisador interessado e comprometido em resolver problemas relativos à sua área de atuação. “Apesar da frágil saúde nos últimos anos, nunca deixou de responder e participar ativamente de todas as atividades e trabalhos a que era demandado”, afirma.

Desejo de viver

Franz lutava contra um câncer no esôfago havia mais de 10 anos. Mas os colegas são unânimes em afirmar que ele nunca se deixou abater pela doença e sempre mostrou disposição para o trabalho, além de cultivar amizades nos diversos setores da Embrapa Cerrados.

“O Claudio sempre teve bom relacionamento com todos e um astral muito bom. Nunca o ouvi reclamar dos problemas ou da vida”, diz Sérgio Folle. Já Thomaz Rein não se esquece dos breves encontros com o pesquisador no “cafezinho” da Unidade, quando compartilhavam lembranças do centro de pesquisa nos anos 1980 e de colegas que passaram pelo centro. “A excelente companhia, as boas conversas, o discreto bom humor, as batalhas e a serenidade com a qual ele as encarava, o orgulho dos filhos e o enorme desejo de viver serão sempre lembrados”, ressalta.

Para João Roberto Correia, Franz conseguia transmitir a força que usava na luta contra os problemas de saúde. “Nos contagiava, mostrando que é preciso viver o aqui e o agora com toda intensidade, fazendo todo o possível com o que temos nas mãos para a construção de um mundo melhor, mais justo e fraterno. Essa atitude de amor e de garra pela vida vai continuar sendo um exemplo de que viver plenamente enquanto temos força vale muito a pena, especialmente quando nosso coração é cheio de fraternidade, como era o dele”, afirma.

“Sua ausência será sentida pela equipe da Embrapa Cerrados. Um amigo, um colega, um exemplo de luta. Que Deus o tenha em bom lugar”, completa Sebastião Pedro.

Claudio Franz era divorciado e deixa os filhos Pedro e Carlos.

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