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Sanidade dos ervais é tema do Painel 2 do 3º Erva XXI

As discussões do painel 2 do 3º Seminário Erva-mate XXI, realizado no dia 16/10, na parte da manhã, giraram em torno da sanidade dos ervais. Com a moderação da pesquisadora da Embrapa Florestas Dalva Queiroz, o evento contou com as palestras de pesquisadores de distintas instituições, como Embrapa, Univates, Unioeste e Inta (Argentina). O evento trouxe também a palestra de um produtor rural, contando sua experiência com a aplicação das boas práticas no manejo do erval, baseado no Sistema Erva 20 ao longo de quatro anos, em sua propriedade. A pesquisadora da Embrapa Florestas Susete Chiarello Penteado falou sobre as Boas Práticas dos ervais visando à prevenção do ataque de pragas, tendo como pano de fundo o Sistema Erva 20, que apregoa a importância da qualidade da muda, cobertura do solo, qualidade da poda e adubação correta, mediante análise de solo. Foram citadas as principais pragas que acometem os ervais, como a broca-da-erva-mate, ampola-da-erva-mate, lagartas desfolhadoras, ácaros e cochonilhas. A pesquisadora abordou suas características, medidas preventivas, formas de controle e os fatores que favorecem as pragas. “Elas não aparecem de repente, por isso, a importância da vigilância florestal”, frisa. A pesquisadora abordou a questão do uso de controle alternativo para algumas pragas, como o Azamax, que é à base de nim, para a ampola e ácaro, assim como o Bovemax, para a broca-da-erva-mate, ambos com registro no Ministério da Agricultura para uso na erva-mate. “O Bovemax é um fungo, um produto biológico, que exige alguns cuidados para ser eficaz, podendo reduzir a infestação da broca em até 70%”, afirma. Susete falou também sobre outras pragas, como cochonilha com escudo, mandarová, broca dos ponteiros e besouro. O segundo palestrante, Rafael Pezzini Grochoski, buscou trazer sua experiência como produtor rural de erva-mate. Ele estagiou Embrapa Florestas, se formou como engenheiro agrônomo, e atua também como instrutor do Senar-PR e consultor na sua empresa Tecmatte. Grochoski apresentou um estudo de caso ocorrido na propriedade de sua família, caracterizada anteriormente pela ausência de tecnologia. Quatro anos atrás, a propriedade apresentava solos com baixa fertilidade, erval com constantes ataques de pragas, plantas daninhas, fazia podas drásticas e, como resultado, produtividade baixa. Com os conhecimentos adquiridos no seu estágio na Embrapa Florestas, quando teve contato com o Sistema Erva 20, Grochoski teimou com o pai e conseguiu aos poucos implementar o que aprendeu. Conseguiram abandonar os produtos químicos não seletivos, que eliminavam todos os inimigos naturais das pragas; usaram corretamente o Bovemax; fizeram podas deixando um remanescente de 20 a 30% de folhas; aplicaram adubação equilibrada, fizeram cobertura verde e usaram o aplicativo Manejo Matte. Fotos do erval antes e depois foram mostrados ao público, e o resultado foi um ganho de 95% na produtividade ao longo de quatro safras. A terceira palestra foi do professor Juarez Ferla, da Univates (Universidade do Vale do Taquari, Lajeado-RS), que abordou como tema os Ácaros em erva-mate, já que sua área de pesquisa é o controle biológico, taxonomia sistemática e ecologia de ácaros. “Estes organismos estão em todos os ambientes, nos produtos armazenados, em alimentos, em domicílios. Eles são danosos em culturas e têm afetado várias cadeias produtivas. Têm um tamanho muito reduzido e quando atuam nas plantas, promovem o silenciamento dos genes de defesa delas, por meio de proteínas e enzimas”, explica. O uso de pesticidas, segundo o pesquisador, não é eficaz, provocando, de fato, a morte de polinizadores e dos predadores de ácaros. “A estratégia para controlar ácaros não é com acaricidas, pois são muito resistentes, mas sim com controle biológico, os biofármicos, que estão em expansão”, diz. Ferla falou também sobre o uso de ácaros predadores e plantas espontâneas para controlar e manter os predadores dentro das culturas. O professor da Unioeste (Universidade do Oeste do Paraná, Cascavel, PR), Luis Francisco Angeli Alves, foi o quarto palestrante, e abordou os avanços no controle da ampola-da-erva-mate. Foi descrito o impacto das pragas nas plantas afetadas, desde o viveiro até a fase adulta, e na produção agrícola. Segundo Alves, as pragas estão presentes no ambiente e se tornam problema devido ao manejo inadequado. O controle deve ser feito de forma preventiva, segundo Alves, que citou o uso de armadilhas amarelas para monitoramento de insetos, e também como estratégia de controle, com a vantagem de serem de baixo custo e fáceis de usar. Também citou as pulverizações preventivas a base de óleo de nim, mas com produto registrado para a cultura. De acordo com o professor, o controle de pragas deve ser visto como uma abordagem mais processual e considerar os danos causados às plantas e ao meio ambiente. A última palestra foi da pesquisadora Maria Elena Schapovaloff, do Inta, da Argentina, que abordou as Pragas da erva-mate e os avanços no controle biológico e alternativo na Argentina, o maior produtor mundial de erva-mate (destaque para a província de Missiones). Maria Elena falou das diversas pragas que afetam a erva-mate, como a broca-da erva-mate, a ampola-da-erva-mate, os ácaros e de algumas outras espécies que são mais recentes e precisam ser monitoradas. A pesquisadora tem atuado tanto com produtores orgânicos como os convencionais, e seu foco no cultivo orgânico se deve às restrições de uso de defensivos. Por isso, a pesquisadora transmite seu conhecimento aos produtores para que possam utilizar produtos biológicos ou alternativos em seu erval. Maria Elena frisou a importância de estar atento aos primeiros estágios da praga para poder controlá-la e citou alguns estudos para o controle de pragas, usando armadilhas amarelas adesivas e fungos entomopatogênicos. Uma descoberta interessante foi a presença de lagartas desfolhadoras parasitadas por larvas de uma mosca, podendo ser uma futura forma de controle.

Foto: Manuela Bergamim

Manuela Bergamim -

As discussões do painel 2 do 3º Seminário Erva-mate XXI, realizado no dia 16/10, na parte da manhã, giraram em torno da sanidade dos ervais. Com a moderação da pesquisadora da Embrapa Florestas Dalva Queiroz, o evento contou com as palestras de pesquisadores de distintas instituições, como Embrapa, Univates, Unioeste e Inta (Argentina). O evento trouxe também a palestra de um produtor rural, contando sua experiência com a aplicação das boas práticas no manejo do erval, baseado no Sistema Erva 20 ao longo de quatro anos, em sua propriedade.

A pesquisadora da Embrapa Florestas Susete Chiarello Penteado falou sobre as Boas Práticas dos ervais visando à prevenção do ataque de pragas, tendo como pano de fundo o Sistema Erva 20, que apregoa a importância da qualidade da muda, cobertura do solo, qualidade da poda e adubação correta, mediante análise de solo. Foram citadas as principais pragas que acometem os ervais, como a broca-da-erva-mate, ampola-da-erva-mate, lagartas desfolhadoras, ácaros e cochonilhas. A pesquisadora abordou suas características, medidas preventivas, formas de controle e os fatores que favorecem as pragas. “Elas não aparecem de repente, por isso, a importância da vigilância florestal”, frisa.

A pesquisadora abordou a questão do uso de controle alternativo para algumas pragas, como o Azamax, que é à base de nim, para a ampola e ácaro, assim como o Bovemax, para a broca-da-erva-mate, ambos com registro no Ministério da Agricultura para uso na erva-mate. “O Bovemax é um fungo, um produto biológico, que exige alguns cuidados para ser eficaz, podendo reduzir a infestação da broca em até 70%”, afirma. Susete falou também sobre outras pragas, como cochonilha com escudo, mandarová, broca dos ponteiros e besouro.

O segundo palestrante, Rafael Pezzini Grochoski, buscou trazer sua experiência como produtor rural de erva-mate. Ele estagiou Embrapa Florestas, se formou como engenheiro agrônomo, e atua também como instrutor do Senar-PR e consultor na sua empresa Tecmatte. Grochoski apresentou um estudo de caso ocorrido na propriedade de sua família, caracterizada anteriormente pela ausência de tecnologia. Quatro anos atrás, a propriedade apresentava solos com baixa fertilidade, erval com constantes ataques de pragas, plantas daninhas, fazia podas drásticas e, como resultado, produtividade baixa.

Com os conhecimentos adquiridos no seu estágio na Embrapa Florestas, quando teve contato com o Sistema Erva 20, Grochoski teimou com o pai e conseguiu aos poucos implementar o que aprendeu. Conseguiram abandonar os produtos químicos não seletivos, que eliminavam todos os inimigos naturais das pragas; usaram corretamente o Bovemax; fizeram podas deixando um remanescente de 20 a 30% de folhas; aplicaram adubação equilibrada, fizeram cobertura verde e usaram o aplicativo Manejo Matte. Fotos do erval antes e depois foram mostrados ao público, e o resultado foi um ganho de 95% na produtividade ao longo de quatro safras.

A terceira palestra foi do professor Juarez Ferla, da Univates (Universidade do Vale do Taquari, Lajeado-RS), que abordou como tema os Ácaros em erva-mate, já que sua área de pesquisa é o controle biológico, taxonomia sistemática e ecologia de ácaros. “Estes organismos estão em todos os ambientes, nos produtos armazenados, em alimentos, em domicílios. Eles são danosos em culturas e têm afetado várias cadeias produtivas. Têm um tamanho muito reduzido e quando atuam nas plantas, promovem o silenciamento dos genes de defesa delas, por meio de proteínas e enzimas”, explica. O uso de pesticidas, segundo o pesquisador, não é eficaz, provocando, de fato, a morte de polinizadores e dos predadores de ácaros. “A estratégia para controlar ácaros não é com acaricidas, pois são muito resistentes, mas sim com controle biológico, os biofármicos, que estão em expansão”, diz. Ferla falou também sobre o uso de ácaros predadores e plantas espontâneas para controlar e manter os predadores dentro das culturas.

O professor da Unioeste (Universidade do Oeste do Paraná, Cascavel, PR), Luis Francisco Angeli Alves, foi o quarto palestrante, e abordou os avanços no controle da ampola-da-erva-mate. Foi descrito o impacto das pragas nas plantas afetadas, desde o viveiro até a fase adulta, e na produção agrícola. Segundo Alves, as pragas estão presentes no ambiente e se tornam problema devido ao manejo inadequado. O controle deve ser feito de forma preventiva, segundo Alves, que citou o uso de armadilhas amarelas para monitoramento de insetos, e também como estratégia de controle, com a vantagem de serem de baixo custo e fáceis de usar. Também citou as pulverizações preventivas a base de óleo de nim, mas com produto registrado para a cultura. De acordo com o professor, o controle de pragas deve ser visto como uma abordagem mais processual e considerar os danos causados às plantas e ao meio ambiente.

A última palestra foi da pesquisadora Maria Elena Schapovaloff, do Inta, da Argentina, que abordou as Pragas da erva-mate e os avanços no controle biológico e alternativo na Argentina, o maior produtor mundial de erva-mate (destaque para a província de Missiones). Maria Elena falou das diversas pragas que afetam a erva-mate, como a broca-da erva-mate, a ampola-da-erva-mate, os ácaros e de algumas outras espécies que são mais recentes e precisam ser monitoradas. A pesquisadora tem atuado tanto com produtores orgânicos como os convencionais, e seu foco no cultivo orgânico se deve às restrições de uso de defensivos. Por isso, a pesquisadora transmite seu conhecimento aos produtores para que possam utilizar produtos biológicos ou alternativos em seu erval. Maria Elena frisou a importância de estar atento aos primeiros estágios da praga para poder controlá-la e citou alguns estudos para o controle de pragas, usando armadilhas amarelas adesivas e fungos entomopatogênicos. Uma descoberta interessante foi a presença de lagartas desfolhadoras parasitadas por larvas de uma mosca, podendo ser uma futura forma de controle. 

Manuela Bergamim (MTb 1951-ES)
Embrapa Florestas

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