Notícias

Embrapa assina acordo com quebradeiras de coco para desenvolvimento de alimentos com amêndoa de babaçu

No último dia 3 de dezembro, foi dado um passo decisivo para o desenvolvimento e agregação de valor de produtos alimentícios à base da amêndoa do coco babaçu, entre eles o extrato hidrossolúvel (leite) e queijo. A Embrapa Cocais, a Embrapa Agroindústria Tropical e a Cooperativa Das Quebradeiras de Coco Babaçu de Itapecuru-Mirim – Coobavida assinaram acordo de cooperação em projeto de inovação social da Embrapa para melhorar as potencialidades alimentícias do coco babaçu.

O evento de assinatura foi aberto por representante da instituição anfitriã, a Embrapa Cocais. A chefe-geral Maria de Lourdes Mendonça falou da importância do projeto, denominado “Novos Alimentos com amêndoa de babaçu”, e de suas possibilidades de geração de novos produtos. O chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Lucas Leite, reforçou a expertise técnica da Embrapa para ajudar no desenvolvimento e aperfeiçoamento dos produtos à base de babaçu aliado aos conhecimentos das quebradeiras de coco como pontos fortes para o sucesso do projeto. “Essas mulheres têm uma legado que deve ser respeitado. Temos de partir da base do processo construído pelas quebradeiras de coco, pois elas têm experiência e sabedoria na lida com o trabalho e a vida. Temos de colocar uma lupa no babaçu e descobrir opções de alimentos que representem renda e qualidade de vida para as quebradeiras de coco e satisfação dos consumidores”. Leite também lembrou que o projeto de pesquisa da Embrapa abarca diferentes exigências do mercado de alimentos: nutrição, saúde, qualidade e segurança alimentar, serviço ambiental, valorização dos produtos da culinária regional e da cultura regional, gastronomia e turismo, entre outros, além de permitir a inclusão social das quebradeiras de coco, há décadas na luta por espaço digno na sociedade.  

Seguiu-se a apresentação do projeto pela pesquisadora da Embrapa Cocais Guilhermina Cayres, que explicou que a iniciativa nasceu a partir da interação das quebradeiras e chefs de cozinha renomados em visita à comunidade quilombola de Pedrinhas, ocasião que permitiu a elaboração conjunta de fórmulas culinárias, que inclusive fizeram grande sucesso no Festival Mercado das Tulhas, evento gastronômico realizado em São Luís-MA pela Associação Maranhense de Artesãos Culinários – AMAC. Segundo a pesquisadora, Guilhermina lembrou que também este projeto é parte de outros estudos sobre alimentos com o babaçu, como é o caso do biscoito e do sorvete, criações das quebradeiras de coco que serão analisadas do ponto de vista sensorial e tempo de prateleira. “Grupos organizados de quebradeiras de coco vêm produzindo e comercializando pães, bolos, biscoitos e sorvetes feitos com babaçu, cuja produção local não consegue atender nichos de mercado que valorizam alimentos artesanais devido à falta de padronização, informações técnicas nos rótulos e regularidade desses produtos. No entanto, o crescente interesse sobre alimentos artesanais e regionais abre oportunidades ao babaçu como matéria-prima atender esses e outros nichos de mercado. Temos convicção que o babaçu tem potencial para gerar produtos de valor agregado, partindo do conhecimento tradicional das nossas quebradeiras”, completou.

Como representantes das quebradeiras de coco, falaram a representante da agroindústria de Pedrinhas, Roselma Licar , que fez depoimento emocionado em que lembrou a história construída pelas mulheres mais velhas da comunidade Pedrinhas, mostrando que as quebradeiras de coco podem transformar a realidade aliando seu saber tradicional ao conhecimento científico. “Nós observamos o que os pesquisadores e os chefs de cozinha nos ensinam, acolhemos esse conhecimento e acrescentamos a nosso forma de conhecer, fazer, criar, inovar ao produto final”. Pela Coobavida, falou a veterana Maria Domingas Marques Pinto, que enfatizou que parceria boa é parceira em que todos saem ganhando, construindo juntos nova história, “Sabemos da dimensão do babaçu, sabemos também de onde viemos e onde queremos chegar. Queremos valorização completa, de todos os envolvidos no processo. E sabemos que isso está se tornando realidade e será fortalecido com esse projeto”.

Mais sobre as pesquisas – Dois pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical, Nedio Wurlitzer e Selene Benevides, vão reforçar a equipe para desenvolver o extrato hidrossolúvel “leite” e o queijo de amêndoa de babaçu. Segundo Wurlitzer, as pesquisas terão como base o conhecimento já construído em estudos com outros produtos similares e extratos que têm aparência de leite, como o leite de castanha de caju, levando em conta também os conhecimentos das quebradeiras de coco, que já retiram da amêndoa o leite. “Os extratos hidrossolúveis de amêndoas, conhecidos popularmente como leites de amêndoas ou leites vegetais, são produtos prontos para consumo, que podem ser ingeridos tanto por pessoas com intolerância à lactose, quanto por aquelas que optam por dietas sem derivados de origem animal. Em relação à amêndoa do babaçu, cujo projeto iniciará em janeiro de 2020, a expectativa é desenvolver o produto considerando as condições específicas das quebradeiras de coco e suas práticas tradicionais, sem imprimir muitas modificações à forma como elas vêm praticando o processo, mas agregando melhorias, padronizações – incluindo as de qualidade e segurança alimentar – tendo em vista também aceitação sensorial do produto, agregação de valor às amêndoas quebradas e diversificação de produção. A pesquisadora Selene Benevides trabalhará no processo de desenvolvimento do queijo da amêndoa do babaçu, produto não produzido pelas quebradeiras de coco e que deverá ser o primeiro queijo vegetal desenvolvido por meio da pesquisa da Embrapa. “Esperamos que esse produto aumente o portfólio dos produtos do babaçu e ocupe espaços em nichos de mercado, agregando renda e mais qualidade de vida às quebradeiras de coco”, disse.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *