“O Brasil está preparado em base tecnológica e em base empresarial para atingir o B15, ou seja, promover a mistura de 15% de biodiesel ao diesel comercializado no país”. A opinião é de Bruno Laviola, pesquisador da Embrapa Agroenergia, Brasília, DF, e presidente da comissão organizadora do VII Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação do Biodiesel, realizado este mês em Florianópolis, SC. Em um balanço do evento, Laviola disse que acredita nessa possibilidade devido ao alto nível dos trabalhos científicos e dos painéis apresentados nesta edição do Congresso. Laviola afirmou que o evento foi um sucesso, já que contou com mais de 600 participantes nas palestras e painéis, além disso, 562 trabalhos foram apresentados no formato de pôster em todas as oito áreas temáticas da Rede, durante os quatro dias de imersão no tema Empreendorismo e inovação: Construindo um Futuro Competitivo para o Biodiesel. Esse número, somado aos trabalhos aprovados nas outras edições, totaliza 4.060 artigos apresentados no Congresso da RBTB. Rafael Menezes, coordenador de Inovação em Tecnologias Setoriais do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e um dos organizadores do Congresso, lembrou que, além dos trabalhos técnico-científicos, foram ministradas 55 palestras com especialistas nacionais e internacionais, um curso de atualização em produção e uso de biodiesel e um workshop do Programa Energif (Programa para Desenvolvimento em Energias Renováveis e Eficiência Energética na Rede Federal), do Ministério da Educação (MEC). Bruno Laviola esclareceu que a Embrapa foi convidada, pelo MCTIC, a realizar o Congresso, que sempre teve um papel muito importante desde a criação do Programa Nacional de Biodiesel, tanto na organização do conhecimento gerado quanto mantendo a Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação do Biodiesel (RBTB), para troca de estratégias, resultados de pesquisa, etc. Já Menezes explica que o gerenciamento da RBTB é uma das funções do MCTIC. A rede foi lançada em 2005 com o objetivo de promover a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a inovação desse combustível, de forma a identificar e eliminar os gargalos tecnológicos da área, constituindo-se um bom exemplo de como se estruturar uma base científico-tecnológica para dar apoio e orientar um programa energético, social e econômico do Governo. Ele explica que a RBTB envolve, praticamente, a totalidade dos grupos de pesquisa relacionados ao biodiesel no país, alocados em cinco sub-redes temáticas: (i) matéria-prima; (ii) produção; (iii) armazenamento, estabilidade e problemas associados; (iv) caracterização e controle da qualidade e (v) coprodutos. Rafael Menezes informa que a criação da RBTB impulsionou a produção científica em Biodiesel no Brasil, sendo que, no período de avaliação, o país respondeu por cerca de 11% da produção mundial, em analogia ao B11 agora utilizado no país. “De 2005 a 2019, estima-se que somente via Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (atual Secretaria de Empreendedorismo e Inovação) o MCTIC tenha investido cerca de 500 milhões de reais em projetos de pesquisa visando o estudo de biodiesel”, afirma. O Congresso Os organizadores do Congresso resolveram remodelar o evento nesta sétima edição, dando foco na inovação e buscando a participação mais efetiva do setor produtivo. Com isso, e devido ao grande trabalho dos organizadores, mais de dez patrocinadores contribuíram para a realização do evento. Laviola explica que a programação também passou por mudanças. Os painéis de discussão foram organizados tendo como base os desafios do biodiesel em todos os setores para atingir o B20 – ou seja, para que haja a mistura de 20% de biodiesel ao diesel, ao invés da distribuição de grupos de trabalho pelas áreas temáticas da Rede de Tecnologia e Inovação, como era feito até o último Congresso. Para as palestras, foram escolhidos representantes do Governo, da academia e do setor produtivo. Entre os assuntos discutidos no evento, a diversificação de matérias-primas, os novos biocombustíveis, como o HVO (combustível verde), o bioquerosene para aviação, as matérias-primas residuais, o Renovabio (Política Nacional de Biocombustíveis), as biorefinarias e a agregação de valor a produtos e subprodutos da cadeia. Outro ponto destacado por Bruno Laviola foi a maior participação do setor produtivo. “Nos eventos anteriores tivemos um público muito maior de estudantes e menor de profissionais. Este ano tivemos um equilíbrio entre estudantes e profissionais. Tivemos praticamente 50% de estudantes e 50% de profissionais. “A participação de profissionais dos setores público e privado é importante porque representa o estágio atual de desenvolvimento do biodiesel no país. Tivemos mais de 300 profissionais que estão atuando no setor de biodiesel, tanto na produção quanto na pesquisa. E os estudantes que participaram representam o futuro do biodiesel, sejam aqueles que continuarão na pesquisa, sejam os que irão trabalhar na produção do biodiesel”, afirmou. Grand Prix de Inovação e Rodada de Negócios Jorge Mário Campanholo, diretor de Tecnologia Estruturante do MCTIC, falou sobre o Grand Prix de Inovação, uma das novidades do Congresso, realizado em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Participaram do Grand Prix oito equipes – de diferentes áreas do conhecimento, tais como, pesquisadores, empreendedores, programadores e designers – que tiveram 30 horas para buscarem resoluções para os três desafios: maximizar do uso de coprodutos, resíduos e rejeitos do processamento do biodiesel; o uso de tecnologias (internet das coisas – IoT) para rastrear em tempo real insumos e produtos dos processos que fazem parte da cadeia de produção do biodiesel; e a criação de ferramentas de assistência ao produtor rural para auxiliar na gestão de desempenho da produção. Participaram da maratona científica pesquisadores de diversas universidades, dos Institutos SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados e de Biomassa, e dos Institutos SENAI de Tecnologia de Santa Catarina. Os resultados foram avaliados por uma banca de especialistas e, ao final das 30 horas de maratona, as três melhores equipes, que apresentaram, cada uma, duas possíveis soluções para os desafios propostos, foram premiadas. Também, pela primeira vez, foi realizada, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), uma Rodada de Inovação e Negócios, onde empresas e pesquisadores puderam discutir tecnologias em desenvolvimento para a realização, com a iniciativa privada, de parcerias para o codesenvolvimento e cocriação de produtos. Para Laviola, a Rodada de Negócios, abriu possibilidade para que as universidades participassem desse tipo de demonstração de tecnologias para o setor produtivo. “A rodada teve a duração de até três horas e em todo momento tivemos as mesas de negociação com mais de um parceiro da tecnologia. Foi, portanto, de muito sucesso!”, acrescenta. Agenda de inovação O lançamento da Agenda de Inovação para o Biodiesel foi o destaque dos lançamentos que ocorreram no evento. O documento foi produzido por um grupo de trabalho formado na Câmara Setorial de Oleaginosas e Biodiesel e coordenado pela Embrapa Agroenergia. Bruno Laviola informou que a agenda representa hoje um dos documentos mais atuais com relação ao biodiesel, “com informações imprescindíveis em políticas públicas, pesquisa e desenvolvimento e transferência de tecnologia para nortear o contínuo desenvolvimento do programa de biodiesel no país”. A agenda está disponível para consulta de todos os interessados em: https://www.biodieselbr.com/pdf/08112019171146_20191108_AgendaBiodiesel.pdf. “O setor começa a olhar o biodiesel como um produto dentro de um leque de oportunidades que a biorefinaria nos traz, levando não apenas na produção de biodiesel, mas a diversos bioprodutos que podem trazer uma série de vantagens competitivas para o setor de biodiesel no Brasil, gerando valor, emprego e renda e aumentando a industrialização no país, pois o Brasil é ainda grande produtor de matéria-prima, mas temos que avançar ainda na agroindustrialização, agregar mais valor às nossas matérias primas”, finaliza Laviola.
“O Brasil está preparado em base tecnológica e em base empresarial para atingir o B15, ou seja, promover a mistura de 15% de biodiesel ao diesel comercializado no país”. A opinião é de Bruno Laviola, pesquisador da Embrapa Agroenergia, Brasília, DF, e presidente da comissão organizadora do VII Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação do Biodiesel, realizado este mês em Florianópolis, SC. Em um balanço do evento, Laviola disse que acredita nessa possibilidade devido ao alto nível dos trabalhos científicos e dos painéis apresentados nesta edição do Congresso.
Laviola afirmou que o evento foi um sucesso, já que contou com mais de 600 participantes nas palestras e painéis, além disso, 562 trabalhos foram apresentados no formato de pôster em todas as oito áreas temáticas da Rede, durante os quatro dias de imersão no tema Empreendorismo e inovação: Construindo um Futuro Competitivo para o Biodiesel. Esse número, somado aos trabalhos aprovados nas outras edições, totaliza 4.060 artigos apresentados no Congresso da RBTB.
Rafael Menezes, coordenador de Inovação em Tecnologias Setoriais do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e um dos organizadores do Congresso, lembrou que, além dos trabalhos técnico-científicos, foram ministradas 55 palestras com especialistas nacionais e internacionais, um curso de atualização em produção e uso de biodiesel e um workshop do Programa Energif (Programa para Desenvolvimento em Energias Renováveis e Eficiência Energética na Rede Federal), do Ministério da Educação (MEC).
Bruno Laviola esclareceu que a Embrapa foi convidada, pelo MCTIC, a realizar o Congresso, que sempre teve um papel muito importante desde a criação do Programa Nacional de Biodiesel, tanto na organização do conhecimento gerado quanto mantendo a Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação do Biodiesel (RBTB), para troca de estratégias, resultados de pesquisa, etc.
Já Menezes explica que o gerenciamento da RBTB é uma das funções do MCTIC. A rede foi lançada em 2005 com o objetivo de promover a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a inovação desse combustível, de forma a identificar e eliminar os gargalos tecnológicos da área, constituindo-se um bom exemplo de como se estruturar uma base científico-tecnológica para dar apoio e orientar um programa energético, social e econômico do Governo. Ele explica que a RBTB envolve, praticamente, a totalidade dos grupos de pesquisa relacionados ao biodiesel no país, alocados em cinco sub-redes temáticas: (i) matéria-prima; (ii) produção; (iii) armazenamento, estabilidade e problemas associados; (iv) caracterização e controle da qualidade e (v) coprodutos.
Rafael Menezes informa que a criação da RBTB impulsionou a produção científica em Biodiesel no Brasil, sendo que, no período de avaliação, o país respondeu por cerca de 11% da produção mundial, em analogia ao B11 agora utilizado no país. “De 2005 a 2019, estima-se que somente via Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (atual Secretaria de Empreendedorismo e Inovação) o MCTIC tenha investido cerca de 500 milhões de reais em projetos de pesquisa visando o estudo de biodiesel”, afirma.
O Congresso
Os organizadores do Congresso resolveram remodelar o evento nesta sétima edição, dando foco na inovação e buscando a participação mais efetiva do setor produtivo. Com isso, e devido ao grande trabalho dos organizadores, mais de dez patrocinadores contribuíram para a realização do evento.
Laviola explica que a programação também passou por mudanças. Os painéis de discussão foram organizados tendo como base os desafios do biodiesel em todos os setores para atingir o B20 – ou seja, para que haja a mistura de 20% de biodiesel ao diesel, ao invés da distribuição de grupos de trabalho pelas áreas temáticas da Rede de Tecnologia e Inovação, como era feito até o último Congresso. Para as palestras, foram escolhidos representantes do Governo, da academia e do setor produtivo.
Entre os assuntos discutidos no evento, a diversificação de matérias-primas, os novos biocombustíveis, como o HVO (combustível verde), o bioquerosene para aviação, as matérias-primas residuais, o Renovabio (Política Nacional de Biocombustíveis), as biorefinarias e a agregação de valor a produtos e subprodutos da cadeia.
Outro ponto destacado por Bruno Laviola foi a maior participação do setor produtivo. “Nos eventos anteriores tivemos um público muito maior de estudantes e menor de profissionais. Este ano tivemos um equilíbrio entre estudantes e profissionais. Tivemos praticamente 50% de estudantes e 50% de profissionais. “A participação de profissionais dos setores público e privado é importante porque representa o estágio atual de desenvolvimento do biodiesel no país. Tivemos mais de 300 profissionais que estão atuando no setor de biodiesel, tanto na produção quanto na pesquisa. E os estudantes que participaram representam o futuro do biodiesel, sejam aqueles que continuarão na pesquisa, sejam os que irão trabalhar na produção do biodiesel”, afirmou.
Grand Prix de Inovação e Rodada de Negócios
Jorge Mário Campanholo, diretor de Tecnologia Estruturante do MCTIC, falou sobre o Grand Prix de Inovação, uma das novidades do Congresso, realizado em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Participaram do Grand Prix oito equipes – de diferentes áreas do conhecimento, tais como, pesquisadores, empreendedores, programadores e designers – que tiveram 30 horas para buscarem resoluções para os três desafios: maximizar do uso de coprodutos, resíduos e rejeitos do processamento do biodiesel; o uso de tecnologias (internet das coisas – IoT) para rastrear em tempo real insumos e produtos dos processos que fazem parte da cadeia de produção do biodiesel; e a criação de ferramentas de assistência ao produtor rural para auxiliar na gestão de desempenho da produção. Participaram da maratona científica pesquisadores de diversas universidades, dos Institutos SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados e de Biomassa, e dos Institutos SENAI de Tecnologia de Santa Catarina. Os resultados foram avaliados por uma banca de especialistas e, ao final das 30 horas de maratona, as três melhores equipes, que apresentaram, cada uma, duas possíveis soluções para os desafios propostos, foram premiadas.
Também, pela primeira vez, foi realizada, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), uma Rodada de Inovação e Negócios, onde empresas e pesquisadores puderam discutir tecnologias em desenvolvimento para a realização, com a iniciativa privada, de parcerias para o codesenvolvimento e cocriação de produtos. Para Laviola, a Rodada de Negócios, abriu possibilidade para que as universidades participassem desse tipo de demonstração de tecnologias para o setor produtivo. “A rodada teve a duração de até três horas e em todo momento tivemos as mesas de negociação com mais de um parceiro da tecnologia. Foi, portanto, de muito sucesso!”, acrescenta.
Agenda de inovação
O lançamento da Agenda de Inovação para o Biodiesel foi o destaque dos lançamentos que ocorreram no evento. O documento foi produzido por um grupo de trabalho formado na Câmara Setorial de Oleaginosas e Biodiesel e coordenado pela Embrapa Agroenergia. Bruno Laviola informou que a agenda representa hoje um dos documentos mais atuais com relação ao biodiesel, “com informações imprescindíveis em políticas públicas, pesquisa e desenvolvimento e transferência de tecnologia para nortear o contínuo desenvolvimento do programa de biodiesel no país”. A agenda está disponível para consulta de todos os interessados em: https://www.biodieselbr.com/pdf/08112019171146_20191108_AgendaBiodiesel.pdf.
“O setor começa a olhar o biodiesel como um produto dentro de um leque de oportunidades que a biorefinaria nos traz, levando não apenas na produção de biodiesel, mas a diversos bioprodutos que podem trazer uma série de vantagens competitivas para o setor de biodiesel no Brasil, gerando valor, emprego e renda e aumentando a industrialização no país, pois o Brasil é ainda grande produtor de matéria-prima, mas temos que avançar ainda na agroindustrialização, agregar mais valor às nossas matérias primas”, finaliza Laviola.