Os resultados do projeto “Fortalecimento da cadeia de produção da macaúba em contextos da região semiárida do Brasil” (MacOil) foram apresentados para o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), na última sexta-feira (24), em reunião na Embrapa Agroenergia.
O MacOil visa fomentar a bioeconomia da região Nordeste do Brasil por meio do desenvolvimento de produtos e processos para a cadeia produtiva da macaúba na agricultura familiar envolvendo tecnologias agrícolas; implantação de áreas de demonstração; agregação de valor a produtos e coprodutos; capacitação de agricultores e agentes multiplicadores, levantamento do potencial extrativista para exploração imediata e consolidação de informações que auxiliem na tomada de decisões para agentes públicos e privados.
Foram investidos cerca de R$ 1 milhão com recursos de TED via MDA. Segundo a pesquisadora e líder do projeto Simone Favaro, as ações do estudo irão contribuir para elaborar diretrizes ao estabelecimento sustentável da cadeia produtiva da macaúba na agricultura familiar nas áreas beneficiadas, unindo esforços e interesses dos poderes público e privado.
Multidisciplinaridade
Simone Favaro ressaltou a multidisciplinaridade de agentes envolvidos no MacOil. Além da Embrapa Agroenergia, participaram do projeto a Embrapa Meio-Norte, a Embrapa Algodão, a Embrapa Arroz e Feijão, a Embrapa Territorial, a Universidade Federal de Viçosa, a Universidade Federal de Santa Catarina, a Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, a empresa Acrotech (atual S. Oleum) e agricultores familiares. “Isso mostra que houve uma interação entre academias, o setor privado e o alvo, que é o agricultor familiar”, resumiu a pesquisadora.
Vivian Libório, diretora de Inovação para a Produção Familiar e Transição Ecológica da Secretaria de Agricultura Familiar e Agroecológica do MDA, agradeceu por todo o esforço da Embrapa nos últimos anos para o fortalecimento da macaúba. Ela participou do evento com o consultor do MDA Haroldo César Bezerra de Oliveira.
“Para nós, ter esse enfoque e esse recorte é muito importante, principalmente considerando o potencial dessa matéria-prima para a produção de energia. Isso para nós é muito caro. Estando no Executivo precisamos pensar em ações no pequeno, médio e longo prazo. Mas existe uma expectativa do campo para ontem. E existem eventos acontecendo que podem mudar a chave da macaúba no território nacional. Formular políticas públicas e pensar em ações de desenvolvimento e de conhecimento a partir de uma realidade concreta. Nesse sentido, nos colocamos à disposição para construir juntos e avançar nessa estratégia”, disse Vivian Libório.
Após a apresentação dos resultados, Simone Favaro considerou que o seminário foi bem sucedido, com a participação de todos os membros da equipe, via presencial ou por webconferência.
“O interesse demonstrado pelo MDA com os resultados apresentados vai ao encontro das demandas da sociedade por diversificação da produção e por manutenção da biodiversidade. Também foi importante porque nosso agente financiador hoje demonstrou que quer continuar a parceria. O evento superou as nossas expectativas, estamos muito felizes e esperançosos de que de fato esse esforço possa ter uma continuidade”, finalizou a pesquisadora.
O projeto MacOil teve início em 1º de fevereiro de 2020 e conclusão em 30 de novembro de 2024, com um total de 58 meses de duração. O agente financiador foi a Secretaria de Agricultura Familiar e Agroecologia (SAF), do MDA. O agente gestor de recursos foi o CNPq, sob a coordenação do Programa de Pesquisa em Energia.
Apresentações
Durante a reunião algumas temáticas sobre pesquisas da Unidade foram apresentadas. A pesquisadora Rosana Guiducci, da Embrapa Agroenergia, falou sobre os desafios para a inclusão social na cadeia produtiva da macaúba, afirmando que o projeto fez um treinamento com agricultores familiares para precificar os produtos. “É preciso romper a barreira dos oito primeiros anos, que é quando a macaúba cresce”, explicou.
O pesquisador Alexandre Cardoso, também da Embrapa Agroenergia, apresentou um estudo do desempenho ambiental do sistema de produção da macaúba nas regiões do Cariri (CE) e Parnaíba (PI).
Também fizeram apresentações o bolsista Maílson Cordão (implantação e condução de experimentos de campo), a pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão Melissa Ananias da Silva (Uso de biochar do endocarpo de macaúba em arroz – bioinsumos para redução de uso de fertilizantes e controle de doenças) e o analista da Embrapa Agroenergia Wellington Rangel dos Santos (plataforma de IA para identificação e contagem de palmeiras macaúba e babaçu – Macaúba View).
Fechando a reunião, o pesquisador da Embrapa Agroenergia Maurício Lopes falou sobre o estudo prospectivo “Futuros possíveis e bases para a estruturação das cadeias de valor da macaúba na região Nordeste do Brasil”, que fornece diretrizes e recomendações para superar gargalos e potencializar o impacto socioeconômico da exploração sustentável da macaúba. Ele também discorreu sobre políticas públicas relevantes para os produtores de macaúba no Nordeste brasileiro, a inclusão da macaúba como prioridade nas políticas existentes e sobre a importância do financiamento de pesquisas voltadas à domesticação da cultura da macaúba.