Brasília (DF) sediará, nos dias 11 e 12 de fevereiro, a primeira Oficina sobre Conservação da Agrobiodiversidade por Guardiãs(ões) em Bancos Comunitários de Sementes (BCS): Experiências, Diálogos e Demandas. Guardiões de sementes são agricultores que dedicam a vida a proteger a biodiversidade agrícola e a usá-la para melhorar suas vidas e a vida de outras pessoas. Por seu trabalho, eles têm forte atuação na conservação local dos recursos genéticos (conservação in situ/on farm). Para o pesquisador Irajá Ferreira Antunes, da Embrapa Clima Temperado (RS), o evento inédito “será um marco na agricultura brasileira”. A oficina integra as ações do projeto ConservaIn, liderado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), e está sendo organizada por um grupo de pesquisadores, e foi apoiada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome-MDS, por meio de um Termo de Execução Descentralizada. Até o momento, 29 guardiões de todas as regiões do Brasil confirmaram a participação. “Teremos a presença de representantes de agricultura familiar, quilombos, apanhadoras de flores, indígenas, agricultura realizada em áreas urbanas e periurbanas e de outras comunidades. Essa diversidade de guardiãs e guardiões é extremamente enriquecedora para que possamos trocar experiências e conhecer quais são as reais demandas por regiões e comunidades”, destaca a pesquisadora Antonieta Nassif Salomão, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. A Comissão Organizadora da Oficina conta ainda com colegas de outras Unidades da Embrapa e da Sede, que têm larga experiência no tema. Também estão confirmados nove técnicos de instituições parceiras da Embrapa, entre eles professores e pesquisadores de Organizações não Governamentais, institutos e universidades que já trabalham com as guardiões. “A ideia é praticarmos uma escuta sensível das falas dos guardiões e buscarmos fortalecer trabalhos colaborativos, os convidando a trabalhar conosco”, explica a coordenadora do ConservaIn, a pesquisadora Marília Burle, também da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. De acordo com ela, os guardiões são considerados lideranças em suas comunidades, pois utilizam diversas estratégias para guardar as sementes, empregando métodos que variam conforme o ambiente e a sua própria experiência , e também atuam como multiplicadores desse conhecimento. “Entre as técnicas, destacam-se, em alguns locais, o uso de areia e óleo de carnaúba, que ajudam a prolongar a vida útil das sementes, mas geralmente por não mais do que três anos, o que é considerado um período curto”, esclarece. Troca de experiências Para Marília, a Embrapa e outras instituições técnicas podem contribuir muito para aprimorar essas formas de conservação local. “A oficina visa justamente reunir esses agricultores em Brasília para uma troca de experiências, onde eles poderão compartilhar suas práticas de manejo e expor suas demandas técnicas. Certamente a gente também vai aprender muito com eles”, destaca. A pesquisadora Simírames Rabelo, da Embrapa Alimentos e Territórios (AL), ressalta que um dos produtos concretos da oficina será o diagnóstico e o mapeamento dessas formas de conservação que têm, inclusive, consequências na qualidade das sementes conservadas por essas comunidades. O evento contará com serviço de moderação que auxiliará na dinâmica das discussões e na elaboração de um relatório. Além disso, representantes de diversos ministérios foram convidados a participar, com o objetivo de alinhar políticas públicas às necessidades apresentadas pelos agricultores. De acordo com Marília, a Diretoria de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa tem demonstrado grande interesse na temática e apoiado a realização da oficina desde o início. A expectativa é de que o evento, além da troca de conhecimentos, identifique gargalos e demandas que afetam a conservação de sementes. “Assim, ouvindo os agricultores e fomentando diálogos produtivos, será possível a Embrapa contribuir mais para o fortalecimento da conservação da agrobiodiversidade”, diz ela. Segundo a pesquisadora Terezinha Dias, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, ao ampliar as possibilidades de novos arranjos e interações que fortalecerão a conservação de recursos genéticos, o evento contribui com metas e diretrizes da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), e especialmente para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) em temas como segurança alimentar e conservação (ODS 2 e 15), redução da desigualdade de acesso (ODS 10) e ampliação da resiliência de sistemas agrícolas frente a mudança do clima (ODS 13), entre outros. Marco O pesquisador Irajá Ferreira Antunes, lotado na Estação Experimental Cascata, trabalha com agroecologia e acredita que a oficina é um marco, pois “pela primeira vez será realizado um evento específico para conhecer as diferentes formas de atuação das guardiãs e dos guardiões na conservação das sementes das variedades crioulas”. Para ele, a oficina vai possibilitar a troca de experiência e até que alguns agricultores, que já são guardiões, aprendam novas formas de conservar as sementes. “Serão mostradas experiências muito variadas, que podem servir de exemplo para os outros”, assinala. Ao mesmo tempo, na opinião de Irajá, a oficina servirá de incentivo à formação de novos guardiões e guardiãs, que poderão se sentir estimulados pelo encontro. “Também é um estímulo para que a autoestima de cada um desses agricultores cresça. É uma forma de mostrar a importância que eles têm no mundo de hoje. Além disso, devemos lembrar que a riqueza alimentar que se tem hoje no planeta se deve a esses agricultores”, afirma. Em tempos de mudanças climáticas, o pesquisador lembra que os guardiões, com seus cultivos, podem produzir novas opções de alimentos que tolerem essas alterações. “Isso normalmente acontece na natureza”, explica ele.
Brasília (DF) sediará, nos dias 11 e 12 de fevereiro, a primeira Oficina sobre Conservação da Agrobiodiversidade por Guardiãs(ões) em Bancos Comunitários de Sementes (BCS): Experiências, Diálogos e Demandas. Guardiões de sementes são agricultores que dedicam a vida a proteger a biodiversidade agrícola e a usá-la para melhorar suas vidas e a vida de outras pessoas. Por seu trabalho, eles têm forte atuação na conservação local dos recursos genéticos (conservação in situ/on farm). Para o pesquisador Irajá Ferreira Antunes, da Embrapa Clima Temperado (RS), o evento inédito “será um marco na agricultura brasileira”.
A oficina integra as ações do projeto ConservaIn, liderado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), e está sendo organizada por um grupo de pesquisadores, e foi apoiada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome-MDS, por meio de um Termo de Execução Descentralizada.
Até o momento, 29 guardiões de todas as regiões do Brasil confirmaram a participação. “Teremos a presença de representantes de agricultura familiar, quilombos, apanhadoras de flores, indígenas, agricultura realizada em áreas urbanas e periurbanas e de outras comunidades. Essa diversidade de guardiãs e guardiões é extremamente enriquecedora para que possamos trocar experiências e conhecer quais são as reais demandas por regiões e comunidades”, destaca a pesquisadora Antonieta Nassif Salomão, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
A Comissão Organizadora da Oficina conta ainda com colegas de outras Unidades da Embrapa e da Sede, que têm larga experiência no tema. Também estão confirmados nove técnicos de instituições parceiras da Embrapa, entre eles professores e pesquisadores de Organizações não Governamentais, institutos e universidades que já trabalham com as guardiões.
“A ideia é praticarmos uma escuta sensível das falas dos guardiões e buscarmos fortalecer trabalhos colaborativos, os convidando a trabalhar conosco”, explica a coordenadora do ConservaIn, a pesquisadora Marília Burle, também da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
De acordo com ela, os guardiões são considerados lideranças em suas comunidades, pois utilizam diversas estratégias para guardar as sementes, empregando métodos que variam conforme o ambiente e a sua própria experiência , e também atuam como multiplicadores desse conhecimento.
“Entre as técnicas, destacam-se, em alguns locais, o uso de areia e óleo de carnaúba, que ajudam a prolongar a vida útil das sementes, mas geralmente por não mais do que três anos, o que é considerado um período curto”, esclarece.
Troca de experiências
Para Marília, a Embrapa e outras instituições técnicas podem contribuir muito para aprimorar essas formas de conservação local. “A oficina visa justamente reunir esses agricultores em Brasília para uma troca de experiências, onde eles poderão compartilhar suas práticas de manejo e expor suas demandas técnicas. Certamente a gente também vai aprender muito com eles”, destaca.
A pesquisadora Simírames Rabelo, da Embrapa Alimentos e Territórios (AL), ressalta que um dos produtos concretos da oficina será o diagnóstico e o mapeamento dessas formas de conservação que têm, inclusive, consequências na qualidade das sementes conservadas por essas comunidades.
O evento contará com serviço de moderação que auxiliará na dinâmica das discussões e na elaboração de um relatório. Além disso, representantes de diversos ministérios foram convidados a participar, com o objetivo de alinhar políticas públicas às necessidades apresentadas pelos agricultores.
De acordo com Marília, a Diretoria de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa tem demonstrado grande interesse na temática e apoiado a realização da oficina desde o início.
A expectativa é de que o evento, além da troca de conhecimentos, identifique gargalos e demandas que afetam a conservação de sementes. “Assim, ouvindo os agricultores e fomentando diálogos produtivos, será possível a Embrapa contribuir mais para o fortalecimento da conservação da agrobiodiversidade”, diz ela.
Segundo a pesquisadora Terezinha Dias, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, ao ampliar as possibilidades de novos arranjos e interações que fortalecerão a conservação de recursos genéticos, o evento contribui com metas e diretrizes da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), e especialmente para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) em temas como segurança alimentar e conservação (ODS 2 e 15), redução da desigualdade de acesso (ODS 10) e ampliação da resiliência de sistemas agrícolas frente a mudança do clima (ODS 13), entre outros.
Marco
O pesquisador Irajá Ferreira Antunes, lotado na Estação Experimental Cascata, trabalha com agroecologia e acredita que a oficina é um marco, pois “pela primeira vez será realizado um evento específico para conhecer as diferentes formas de atuação das guardiãs e dos guardiões na conservação das sementes das variedades crioulas”.
Para ele, a oficina vai possibilitar a troca de experiência e até que alguns agricultores, que já são guardiões, aprendam novas formas de conservar as sementes. “Serão mostradas experiências muito variadas, que podem servir de exemplo para os outros”, assinala.
Ao mesmo tempo, na opinião de Irajá, a oficina servirá de incentivo à formação de novos guardiões e guardiãs, que poderão se sentir estimulados pelo encontro. “Também é um estímulo para que a autoestima de cada um desses agricultores cresça. É uma forma de mostrar a importância que eles têm no mundo de hoje. Além disso, devemos lembrar que a riqueza alimentar que se tem hoje no planeta se deve a esses agricultores”, afirma.
Em tempos de mudanças climáticas, o pesquisador lembra que os guardiões, com seus cultivos, podem produzir novas opções de alimentos que tolerem essas alterações. “Isso normalmente acontece na natureza”, explica ele.