Concurso premiou 56 vinhos, sendo 13 Grandes Medalhas de Ouro, 22 Medalhas de Ouro e 21 de Prata, em cinco categorias Presidentes de cooperativas, proprietários de pequenas e médias vinícolas, enólogos e representantes das vinícolas participaram da entrega das medalhas e certificados aos 56 rótulos de vinhos premiados na segunda edição do Concurso Brasileiro de Vinhos de Mesa, na noite de terça-feira, dia 8 de outubro, na sede da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS). O evento, mais do que uma entrega de prêmios, transformou-se em uma verdadeira celebração aos vinhos que representam a identidade vinícola nacional e as tradições dos imigrantes europeus e são mais de 60% dos vinhos comercializados atualmente no Brasil. “Os vinhos premiados obtiveram uma média superior a 90 pontos pelo painel de jurados da edição de 2024, evidenciando uma melhora significativa em relação a nossa primeira edição”, destacou Zoraida Lobato, idealizadora do Concurso, na entrega da premiação. Ela complementou destacando que o evento tem como objetivo valorizar e dar visibilidade ao vinho de mesa e, em especial, motivar os consumidores a adquirir rótulos de qualidade reconhecida por um painel de especialistas. Para a chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, Andrea De Rossi, a realização do concurso é uma excelente forma de valorização do setor produtivo. “Foi uma grande alegria para a Embrapa participar e sediar essa premiação. É o reconhecimento da qualidade do vinho brasileiro”, destacou na abertura do evento. “O vinho de mesa não é tão valorizado no mercado, mas no Consevitis nós não fazemos nenhum tipo de distinção. Trabalhamos para valorizar o vinho brasileiro”, afirmou o presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul, Luciano Rebellato. O dirigente também aproveitou a oportunidade para destacar duas importantes campanhas que o Instituto está liderando, a do “Vinho legal”, contra os vinhos oriundos de descaminho e a do “Vinho e saúde”, que tem o objetivo de mostrar para sociedade os benefícios do consumo da bebida. A entrega da premiação foi conduzida por Zoraida Lobato com o apoio de Giuliano Elias Pereira, Irineu Guarnier e Mauro Celso Zanus, que participaram como jurados das sessões que elegeram os melhores rótulos. Além da entrega das medalhas e certificados, eles aproveitaram a ocasião para fazer manifestações, destacando a qualidade do vinho de mesa e a necessidade de se eliminar o preconceito que existe com este tipo de produto. “Vinho é vinho. Essa classificação foi criada na Europa há bastante tempo para evitar o excedente de produtos. O Brasil acabou adotando a mesma classificação, porém atualmente não se justifica mais. Em função das mudanças climáticas, cada vez mais precisamos de variedades mais adaptadas e que causem menos impactos ao meio ambiente, como os híbridos. Não temos nenhum empecilho técnico e nem econômico de chamar vinhos finos e de mesa de apenas vinho. Inclusive estaremos alinhados com o que está acontecendo na Europa, com os híbridos de terceira geração”, complementou o pesquisador Mauro Zanus. O jornalista Irineu Guarnier comentou que ficou surpreso com o convite e com a coragem e inovação de se fazer um concurso brasileiro de vinhos de mesa, que na sua percepção ainda sofrem bastante preconceito. “Eu fiquei impressionado com a qualidade dos produtos. Minha referência eram os produtos de 30 anos atrás. Agora falta trabalhar a questão dos consumidores, para que eles também vejam que os produtos atuais têm qualidade”, pontuou. O também pesquisador da Embrapa, Giuliano Pereira complementou que o vinho de mesa é a porta de entrada para o consumo de vinho. “Geralmente o consumidor começa consumindo vinho de mesa doce, depois passa para o vinho de mesa seco e depois vai para o vinho fino. Ainda consumimos muito pouco vinho no país, cerca de 2 litros enquanto que a média de consumo da cachaça é de 11 litros por pessoa”, pontuou. A segunda edição do CBVM contou com o apoio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis); da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), do SindVinho – MG e Sindivinho –RS, da Embrapa Uva e Vinho, Agavi, SPVinho, e Sindusvinho – São Roque/SP. Os vinhos de mesa que conquistaram a cobiçada Grande Medalha de Ouro foram: Girola Rosé Suave, da Vinhos Girola, de Nova Trento (SC); Cortês Branco Seco Niágara, da Vinícola Panceri, de Meio Oeste (SC); Pérgola Tinto Seco, Pérgola Tinto Suave Bordô e Pérgola Tinto Suave, da Vinícola Campestre, Serra Gaúcha (RS); Rosé de Bordô do Nono, da Vinícola Zanrosso, Serra Gaúcha (RS); Collina Branco Seco, da Cooperativa Nova Aliança, Serra Gaúcha (RS); Jota Pe Branco Suave, da Vinícola Perini, Serra Gaúcha (RS); Galiotto Tinto Suave, da Vinícola Galiotto, Serra Gaúcha (RS); Jurupinga, da Vinícola Casa Martins, JundiaÍ (SP); Quinta Moraes Bordô Rosé, da Vinícola XV de Novembro, São Roque (SP); Campino Tinto Suave Seleção, da Casa Geraldo Ind. Vitivinícola, Andradas (MG), e Casa Velha Reserva Nobre BRS Vitória, da Vinícola Vale do Gongo, Grão Mogol (MG). Clique aqui e confira a lista completa dos premiados. FOTO Mário Villa, secretário municipal de Agricultura de Bento Gonçalves, destacou a participação das lideranças do setor produtivo, que demonstra a importância que o Concurso tem para o setor. Foto: Amarildo Martins, da Vinícola Casa Martins, veio de Jundiaí (São Paulo) para receber suas duas medalhas, Grande Ouro e Ouro. No ano passado ele recebeu prata e ficou muito feliz com a evolução dos seus produtos. ” Ter meus vinhos premiados significa muito. Não é só a valorização do produto, mas é aparecer no mercado. A medalha faz a diferença” complementa. Foto: A equipe da Vinícola Longa Vida, de Pinheiro Preto (SC), veio com três representantes para receber suas medalhas. “Ano passado participamos e tivemos a grata surpresa de receber cinco medalhas. Este ano, estávamos na expectativa e repetimos as cinco medalhas, o que nos dá certeza que o nosso trabalho está dando frutos”, comentou o enólogo Jean Bortholotto, responsável pela elaboração da vinícola, que está no mercado há 30 anos produzindo vinhos de mesa. Foto A enóloga da Casa Zottis, Daniela Zottis comemorou a medalha obtida com o vinho da cultivar BRS Margot. “No ano passado ganhamos com o vinho da BRS Bibiana barricado e esse ano foi com o vinho que recém lançamos da BRS Margot. Os dois foram elaborados com as uvas desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento da Embrapa e que fazem sucesso no nosso portfólio”, contou ao lado do marido Juliano, responsável pelos cuidados com as uvas na propriedade, e do filho Leonardo. Foto “Esse concurso tem um valor muito grande, pois valoriza as nossas uvas do dia a dia, aonde começou a nossa produção. Estamos muito felizes em ter os nossos produtos reconhecidos. Os nossos vinhos premiados têm a uva BRS Lorena da Embrapa. O vinho de mesa branco e o filtrado doce, também tem a niágara”. Sidimar Fleck, Presidente da Cooperativa Nova Aliança. Segundo avaliação do extensionista Thompson Didoné, um dos responsáveis pela legalização de pequenas vinícolas familiares no estado do Rio Grande do Sul, as variedades de uvas desenvolvidas pela Embrapa são uma grande oportunidade de agregação de valor para os pequenos produtores. “Acreditamos que as cultivares BRS são uma excelente alternativa para agregar valor ao vinho elaborado pela agricultura familiar. Já podemos ver isso nesses primeiros vinhos da BRS Bibiana que chegam ao mercado.” Lançamento na Wine South America As três vinícolas apresentarão os primeiros vinhos comerciais da BRS Bibiana na Wine South America, feira internacional que ocorre de 21 a 23 de setembro, em Bento Gonçalves (RS). A Vinícola Cainelli estará no espaço do Sebrae; já a Vinícola Buffon e a Casa Zottis (foto à direita) estarão no espaço das Agroindústrias, apoiado pelo Banco Sicredi. A Embrapa também estará na feira com estande e promoverá duas masterclasses, com apresentação e degustação de vinhos das cultivares BRS Lorena e BRS Bibiana, que serão conduzidas pelos pesquisadores Celito Guerra e Mauro Zanus. Também no evento, o pesquisador Giuliano Elias Pereira realizará uma masterclass sobre as cultivares de uva para suco do programa de melhoramento genético da Embrapa. As inscrições para as masterclasses são gratuitas para os participantes da feira, porém, limitadas devido ao espaço das salas e podem ser realizadas neste endereço. Produtores falam sobre os primeiros vinhos comerciais da BRS Bibiana O melhoramento das uvas do Brasil O programa de melhoramento genético de videiras da Embrapa “Uvas do Brasil” tem contribuído, ao longo de mais de 45 anos, com uma vitivinicultura mais sustentável a partir da oferta de novas cultivares. O processo de melhoramento busca cultivares, sobretudo, tolerantes às principais doenças. Com isso, há a possibilidade da utilização mais racional de insumos que resultam em uvas que recebem menos aplicações de fungicidas e cujos custos de produção são relativamente menores. São chamadas de uvas BRS, sendo que BRS refere-se a Brasil sementes, sigla que acompanha as diferentes cultivares do melhoramento genético na Embrapa. “Ao planejar um novo cruzamento, recorremos à nossa coleção de 1,5 mil tipos de uvas disponíveis no banco ativo de germoplasma de uvas, que já foram avaliadas quanto às características agronômicas e outras, como qualidade do mosto, com o objetivo de selecionar os progenitores e iniciar o desenvolvimento de uma nova cultivar”, explica Patrícia Ritschel, pesquisadora na área de melhoramento da Embrapa. Ela conta que, desde 1977, o programa já lançou 21 cultivares; destas, três são consideradas tolerantes: a BRS Lorena, a BRS Margot e a BRS Bibiana, no segmento de vinhos, que remetem aos produtos elaborados com uvas europeias. A pesquisadora explica que o foco é desenvolver cultivares que sejam competitivas no mercado e agreguem valor aos produtos e renda para os produtores. Ritschel destaca que os cruzamentos, que envolvem diversas espécies do gênero Vitis, originam cultivares híbridas, cujos vinhos ainda sofrem preconceito, mas se observa uma mudança de cenário devido à busca pela sustentabilidade vitícola e à adaptação da cultura às mudanças climáticas. Um exemplo prático dessa nova orientação é que países tradicionais produtores de vinhos, como os da Comunidade Europeia, estão aceitando variedades híbridas para elaboração de vinhos quando a maioria dos genes são oriundos de variedades viníferas. “O que importa são as características das uvas e, principalmente, como o vinho se apresenta na taça, quanto aos seus atributos visuais, olfativos e gustativos, e não a sua constituição genética”, também defende o pesquisador Giuliano Elias Pereira, da área de enologia da Embrapa. Os técnicos entendem que o Brasil pode ocupar um espaço de vanguarda na busca pela sustentabilidade da vitivinicultura, visto que já dispõe de cultivares tolerantes, à disposição do setor produtivo. O que é necessário é que o consumidor conheça mais os produtos elaborados com essas cultivares e o setor produtivo se aproprie dessa genética desenvolvida, especialmente, para as condições brasileiras. Os pesquisadores acreditam que as uvas BRS da Embrapa ajudam a criar uma identidade única para o vinho brasileiro, com características diferenciadas e sustentáveis do campo à taça. Eles destacam que essa conquista se dá em conjunto com o setor produtivo, com destaque para as pequenas vinícolas, que estão se apropriando das tecnologias e agregando valor ao produto final, uma conquista importante para um mercado considerado muito exigente. BRS Bibiana A inspiração para o nome veio da personagem Bibiana Terra Cambará, gaúcha forte e eternizada no romance “O Tempo e o Vento”, escrito por Érico Veríssimo, há mais de 70 anos (1949). Além de numerosas reedições, o livro foi eternizado em adaptações para o cinema e a televisão. Pesquisador Mauro Celso Zanun detalha a importância do programa de melhoramento genético de uvas e fala sobre os diferenciais da uva BRS Bibiana Uvas BRS em destaque A expectativa da Embrapa Uva e Vinho é que a BRS Bibiana siga a trajetória de sucesso da BRS Lorena, lançada em 2001, e muito utilizada por produtores; inclusive, é destaque nos portfólios dos viticultores que estão lançando os primeiros vinhos da BRS Bibiana. A BRS Lorena é conhecida por ter seus vinhos selecionados em degustações às cegas, com outros moscatéis, em que se destaca pela tipicidade, intensidade, qualidade dos aromas e sabor. “Temos observado cada vez mais consumidores buscando produtos elaborados com a BRS Lorena. Por outro lado, diversos vitivinicultores estão apostando na cultivar, desenvolvendo produtos de qualidade, com uma excelente apresentação, seja no modelo da garrafa, nos rótulos diferenciados ou tipos de embalagens, o que agrega valor ao produto”, comenta Marcos Botton, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho. Um dos exemplos mencionados por ele é o da Vinícola Goés, de São Roque (SP), que comercializa o vinho “Tempos de Goes”, produzido com a BRS Lorena, que ainda tem uma versão em lata. A vinícola também apostou na cultivar para criar um Vinho Licoroso – Edição Especial Gumercindo de Góes 2011, internacionalmente premiado. Botton destaca que, na Serra Gaúcha e em outras regiões produtoras, diversas vinícolas estão incluindo os produtos elaborados com a BRS Lorena em seus portfólios ou mesmo valorizando as outras cultivares desenvolvidas pela Embrapa, como é o caso da Adega Chesini, uma pequena empresa de Farroupilha. A Adega Chesini, liderada por Ricardo Chesini, foi além e desenvolveu a coleção Le Ragazze – As Garotas de Identidade Brasileira (foto), na qual, além da tradicional cultivar Isabel, desenvolveu produtos especiais com a BRS Lorena, BRS Cora, BRS Rúbea e BRS Carmem, todas provenientes do programa de melhoramento genético “Uvas do Brasil”, da Embrapa. “Todo o projeto foi bastante pensado. Desde a escolha das cultivares, a descrição dos rótulos, os desenhos, a embalagem. Enfim, foi um trabalho bastante gratificante e que está sendo muito valorizado pelos consumidores”, avalia Chesini. Homenagem dos Correios Em 2020, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou uma coleção com cinco selos comemorativos, homenageando cultivares de uvas brasileiras, desenvolvidas pelo programa de melhoramento genético ”Uvas do Brasil”, coordenado pela Embrapa Uva e Vinho. As uvas BRS Vitória, BRS Magna, BRS Lorena, BRS Margot e Moscato Embrapa foram as selecionadas, dentre o portfólio de 21 cultivares já lançadas pelo programa, para celebrar esse importante momento.
Foto: Viviane Zanella
As vinícolas premiadas celebraram a conquista ao lado de representantes dos organizadores e de representantes da cadeia produtiva.
Concurso premiou 56 vinhos, sendo 13 Grandes Medalhas de Ouro, 22 Medalhas de Ouro e 21 de Prata, em cinco categorias
Presidentes de cooperativas, proprietários de pequenas e médias vinícolas, enólogos e representantes das vinícolas participaram da entrega das medalhas e certificados aos 56 rótulos de vinhos premiados na segunda edição do Concurso Brasileiro de Vinhos de Mesa, na noite de terça-feira, dia 8 de outubro, na sede da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS). O evento, mais do que uma entrega de prêmios, transformou-se em uma verdadeira celebração aos vinhos que representam a identidade vinícola nacional e as tradições dos imigrantes europeus e são mais de 60% dos vinhos comercializados atualmente no Brasil.
“Os vinhos premiados obtiveram uma média superior a 90 pontos pelo painel de jurados da edição de 2024, evidenciando uma melhora significativa em relação a nossa primeira edição”, destacou Zoraida Lobato, idealizadora do Concurso, na entrega da premiação. Ela complementou destacando que o evento tem como objetivo valorizar e dar visibilidade ao vinho de mesa e, em especial, motivar os consumidores a adquirir rótulos de qualidade reconhecida por um painel de especialistas.
Para a chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, Andrea De Rossi, a realização do concurso é uma excelente forma de valorização do setor produtivo. “Foi uma grande alegria para a Embrapa participar e sediar essa premiação. É o reconhecimento da qualidade do vinho brasileiro”, destacou na abertura do evento.
“O vinho de mesa não é tão valorizado no mercado, mas no Consevitis nós não fazemos nenhum tipo de distinção. Trabalhamos para valorizar o vinho brasileiro”, afirmou o presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul, Luciano Rebellato. O dirigente também aproveitou a oportunidade para destacar duas importantes campanhas que o Instituto está liderando, a do “Vinho legal”, contra os vinhos oriundos de descaminho e a do “Vinho e saúde”, que tem o objetivo de mostrar para sociedade os benefícios do consumo da bebida.
A entrega da premiação foi conduzida por Zoraida Lobato com o apoio de Giuliano Elias Pereira, Irineu Guarnier e Mauro Celso Zanus, que participaram como jurados das sessões que elegeram os melhores rótulos. Além da entrega das medalhas e certificados, eles aproveitaram a ocasião para fazer manifestações, destacando a qualidade do vinho de mesa e a necessidade de se eliminar o preconceito que existe com este tipo de produto. “Vinho é vinho. Essa classificação foi criada na Europa há bastante tempo para evitar o excedente de produtos. O Brasil acabou adotando a mesma classificação, porém atualmente não se justifica mais. Em função das mudanças climáticas, cada vez mais precisamos de variedades mais adaptadas e que causem menos impactos ao meio ambiente, como os híbridos. Não temos nenhum empecilho técnico e nem econômico de chamar vinhos finos e de mesa de apenas vinho. Inclusive estaremos alinhados com o que está acontecendo na Europa, com os híbridos de terceira geração”, complementou o pesquisador Mauro Zanus.
O jornalista Irineu Guarnier comentou que ficou surpreso com o convite e com a coragem e inovação de se fazer um concurso brasileiro de vinhos de mesa, que na sua percepção ainda sofrem bastante preconceito. “Eu fiquei impressionado com a qualidade dos produtos. Minha referência eram os produtos de 30 anos atrás. Agora falta trabalhar a questão dos consumidores, para que eles também vejam que os produtos atuais têm qualidade”, pontuou.
O também pesquisador da Embrapa, Giuliano Pereira complementou que o vinho de mesa é a porta de entrada para o consumo de vinho. “Geralmente o consumidor começa consumindo vinho de mesa doce, depois passa para o vinho de mesa seco e depois vai para o vinho fino. Ainda consumimos muito pouco vinho no país, cerca de 2 litros enquanto que a média de consumo da cachaça é de 11 litros por pessoa”, pontuou.
A segunda edição do CBVM contou com o apoio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis); da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), do SindVinho – MG e Sindivinho –RS, da Embrapa Uva e Vinho, Agavi, SPVinho, e Sindusvinho – São Roque/SP.
Os vinhos de mesa que conquistaram a cobiçada Grande Medalha de Ouro foram:
Girola Rosé Suave, da Vinhos Girola, de Nova Trento (SC); Cortês Branco Seco Niágara, da Vinícola Panceri, de Meio Oeste (SC); Pérgola Tinto Seco, Pérgola Tinto Suave Bordô e Pérgola Tinto Suave, da Vinícola Campestre, Serra Gaúcha (RS); Rosé de Bordô do Nono, da Vinícola Zanrosso, Serra Gaúcha (RS); Collina Branco Seco, da Cooperativa Nova Aliança, Serra Gaúcha (RS); Jota Pe Branco Suave, da Vinícola Perini, Serra Gaúcha (RS); Galiotto Tinto Suave, da Vinícola Galiotto, Serra Gaúcha (RS); Jurupinga, da Vinícola Casa Martins, JundiaÍ (SP); Quinta Moraes Bordô Rosé, da Vinícola XV de Novembro, São Roque (SP); Campino Tinto Suave Seleção, da Casa Geraldo Ind. Vitivinícola, Andradas (MG), e Casa Velha Reserva Nobre BRS Vitória, da Vinícola Vale do Gongo, Grão Mogol (MG).
Clique aqui e confira a lista completa dos premiados.
FOTO
Mário Villa, secretário municipal de Agricultura de Bento Gonçalves, destacou a participação das lideranças do setor produtivo, que demonstra a importância que o Concurso tem para o setor.
Foto:
Amarildo Martins, da Vinícola Casa Martins, veio de Jundiaí (São Paulo) para receber suas duas medalhas, Grande Ouro e Ouro. No ano passado ele recebeu prata e ficou muito feliz com a evolução dos seus produtos. ” Ter meus vinhos premiados significa muito. Não é só a valorização do produto, mas é aparecer no mercado. A medalha faz a diferença” complementa.
Foto:
A equipe da Vinícola Longa Vida, de Pinheiro Preto (SC), veio com três representantes para receber suas medalhas. “Ano passado participamos e tivemos a grata surpresa de receber cinco medalhas. Este ano, estávamos na expectativa e repetimos as cinco medalhas, o que nos dá certeza que o nosso trabalho está dando frutos”, comentou o enólogo Jean Bortholotto, responsável pela elaboração da vinícola, que está no mercado há 30 anos produzindo vinhos de mesa.
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A enóloga da Casa Zottis, Daniela Zottis comemorou a medalha obtida com o vinho da cultivar BRS Margot. “No ano passado ganhamos com o vinho da BRS Bibiana barricado e esse ano foi com o vinho que recém lançamos da BRS Margot. Os dois foram elaborados com as uvas desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento da Embrapa e que fazem sucesso no nosso portfólio”, contou ao lado do marido Juliano, responsável pelos cuidados com as uvas na propriedade, e do filho Leonardo.
Foto
“Esse concurso tem um valor muito grande, pois valoriza as nossas uvas do dia a dia, aonde começou a nossa produção. Estamos muito felizes em ter os nossos produtos reconhecidos. Os nossos vinhos premiados têm a uva BRS Lorena da Embrapa. O vinho de mesa branco e o filtrado doce, também tem a niágara”. Sidimar Fleck, Presidente da Cooperativa Nova Aliança.
Segundo avaliação do extensionista Thompson Didoné, um dos responsáveis pela legalização de pequenas vinícolas familiares no estado do Rio Grande do Sul, as variedades de uvas desenvolvidas pela Embrapa são uma grande oportunidade de agregação de valor para os pequenos produtores. “Acreditamos que as cultivares BRS são uma excelente alternativa para agregar valor ao vinho elaborado pela agricultura familiar. Já podemos ver isso nesses primeiros vinhos da BRS Bibiana que chegam ao mercado.”
Lançamento na Wine South AmericaAs três vinícolas apresentarão os primeiros vinhos comerciais da BRS Bibiana na Wine South America, feira internacional que ocorre de 21 a 23 de setembro, em Bento Gonçalves (RS). A Vinícola Cainelli estará no espaço do Sebrae; já a Vinícola Buffon e a Casa Zottis (foto à direita) estarão no espaço das Agroindústrias, apoiado pelo Banco Sicredi. A Embrapa também estará na feira com estande e promoverá duas masterclasses, com apresentação e degustação de vinhos das cultivares BRS Lorena e BRS Bibiana, que serão conduzidas pelos pesquisadores Celito Guerra e Mauro Zanus. Também no evento, o pesquisador Giuliano Elias Pereira realizará uma masterclass sobre as cultivares de uva para suco do programa de melhoramento genético da Embrapa. As inscrições para as masterclasses são gratuitas para os participantes da feira, porém, limitadas devido ao espaço das salas e podem ser realizadas neste endereço. |
Produtores falam sobre os primeiros vinhos comerciais da BRS Bibiana
O melhoramento das uvas do BrasilO programa de melhoramento genético de videiras da Embrapa “Uvas do Brasil” tem contribuído, ao longo de mais de 45 anos, com uma vitivinicultura mais sustentável a partir da oferta de novas cultivares. O processo de melhoramento busca cultivares, sobretudo, tolerantes às principais doenças. Com isso, há a possibilidade da utilização mais racional de insumos que resultam em uvas que recebem menos aplicações de fungicidas e cujos custos de produção são relativamente menores. São chamadas de uvas BRS, sendo que BRS refere-se a Brasil sementes, sigla que acompanha as diferentes cultivares do melhoramento genético na Embrapa. “Ao planejar um novo cruzamento, recorremos à nossa coleção de 1,5 mil tipos de uvas disponíveis no banco ativo de germoplasma de uvas, que já foram avaliadas quanto às características agronômicas e outras, como qualidade do mosto, com o objetivo de selecionar os progenitores e iniciar o desenvolvimento de uma nova cultivar”, explica Patrícia Ritschel, pesquisadora na área de melhoramento da Embrapa. Ela conta que, desde 1977, o programa já lançou 21 cultivares; destas, três são consideradas tolerantes: a BRS Lorena, a BRS Margot e a BRS Bibiana, no segmento de vinhos, que remetem aos produtos elaborados com uvas europeias. A pesquisadora explica que o foco é desenvolver cultivares que sejam competitivas no mercado e agreguem valor aos produtos e renda para os produtores. Ritschel destaca que os cruzamentos, que envolvem diversas espécies do gênero Vitis, originam cultivares híbridas, cujos vinhos ainda sofrem preconceito, mas se observa uma mudança de cenário devido à busca pela sustentabilidade vitícola e à adaptação da cultura às mudanças climáticas. Um exemplo prático dessa nova orientação é que países tradicionais produtores de vinhos, como os da Comunidade Europeia, estão aceitando variedades híbridas para elaboração de vinhos quando a maioria dos genes são oriundos de variedades viníferas. “O que importa são as características das uvas e, principalmente, como o vinho se apresenta na taça, quanto aos seus atributos visuais, olfativos e gustativos, e não a sua constituição genética”, também defende o pesquisador Giuliano Elias Pereira, da área de enologia da Embrapa. Os técnicos entendem que o Brasil pode ocupar um espaço de vanguarda na busca pela sustentabilidade da vitivinicultura, visto que já dispõe de cultivares tolerantes, à disposição do setor produtivo. O que é necessário é que o consumidor conheça mais os produtos elaborados com essas cultivares e o setor produtivo se aproprie dessa genética desenvolvida, especialmente, para as condições brasileiras. Os pesquisadores acreditam que as uvas BRS da Embrapa ajudam a criar uma identidade única para o vinho brasileiro, com características diferenciadas e sustentáveis do campo à taça. Eles destacam que essa conquista se dá em conjunto com o setor produtivo, com destaque para as pequenas vinícolas, que estão se apropriando das tecnologias e agregando valor ao produto final, uma conquista importante para um mercado considerado muito exigente. |
BRS Bibiana
A inspiração para o nome veio da personagem Bibiana Terra Cambará, gaúcha forte e eternizada no romance “O Tempo e o Vento”, escrito por Érico Veríssimo, há mais de 70 anos (1949). Além de numerosas reedições, o livro foi eternizado em adaptações para o cinema e a televisão.
Pesquisador Mauro Celso Zanun detalha a importância do programa de melhoramento genético de uvas e fala sobre os diferenciais da uva BRS Bibiana
Uvas BRS em destaque
A expectativa da Embrapa Uva e Vinho é que a BRS Bibiana siga a trajetória de sucesso da BRS Lorena, lançada em 2001, e muito utilizada por produtores; inclusive, é destaque nos portfólios dos viticultores que estão lançando os primeiros vinhos da BRS Bibiana. A BRS Lorena é conhecida por ter seus vinhos selecionados em degustações às cegas, com outros moscatéis, em que se destaca pela tipicidade, intensidade, qualidade dos aromas e sabor.
“Temos observado cada vez mais consumidores buscando produtos elaborados com a BRS Lorena. Por outro lado, diversos vitivinicultores estão apostando na cultivar, desenvolvendo produtos de qualidade, com uma excelente apresentação, seja no modelo da garrafa, nos rótulos diferenciados ou tipos de embalagens, o que agrega valor ao produto”, comenta Marcos Botton, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho.
Um dos exemplos mencionados por ele é o da Vinícola Goés, de São Roque (SP), que comercializa o vinho “Tempos de Goes”, produzido com a BRS Lorena, que ainda tem uma versão em lata. A vinícola também apostou na cultivar para criar um Vinho Licoroso – Edição Especial Gumercindo de Góes 2011, internacionalmente premiado.
Botton destaca que, na Serra Gaúcha e em outras regiões produtoras, diversas vinícolas estão incluindo os produtos elaborados com a BRS Lorena em seus portfólios ou mesmo valorizando as outras cultivares desenvolvidas pela Embrapa, como é o caso da Adega Chesini, uma pequena empresa de Farroupilha.
A Adega Chesini, liderada por Ricardo Chesini, foi além e desenvolveu a coleção Le Ragazze – As Garotas de Identidade Brasileira (foto), na qual, além da tradicional cultivar Isabel, desenvolveu produtos especiais com a BRS Lorena, BRS Cora, BRS Rúbea e BRS Carmem, todas provenientes do programa de melhoramento genético “Uvas do Brasil”, da Embrapa.
“Todo o projeto foi bastante pensado. Desde a escolha das cultivares, a descrição dos rótulos, os desenhos, a embalagem. Enfim, foi um trabalho bastante gratificante e que está sendo muito valorizado pelos consumidores”, avalia Chesini.
Homenagem dos CorreiosEm 2020, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou uma coleção com cinco selos comemorativos, homenageando cultivares de uvas brasileiras, desenvolvidas pelo programa de melhoramento genético ”Uvas do Brasil”, coordenado pela Embrapa Uva e Vinho. As uvas BRS Vitória, BRS Magna, BRS Lorena, BRS Margot e Moscato Embrapa foram as selecionadas, dentre o portfólio de 21 cultivares já lançadas pelo programa, para celebrar esse importante momento. |
Viviane Zanella (MTb 14.400/RS)
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