Hoje,10 de novembro, é um dia histórico para a vitivinicultura mundial com o reconhecimento da primeira Indicação de Procedência de vinhos tropicais. A concessão da indicação geográfica Vale do São Francisco foi feita pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), através de publicação na na Revista de Propriedade Industrial (RPI) nº 2704, baseada em requisitos equivalentes aos da União Europeia. Esta foi concedida por demanda do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf), instituição privada, sem fins lucrativos, que congrega os produtores – viticultores e vinícolas da região produtora de vinhos A partir de agora, o vinho fino, vinho nobre, espumante natural e vinho moscatel espumante elaborados pelas vinícolas: Adega Bianchetti Tedesco (Bianchetti), Vinícola Vinum Sancti Benedictus (VSB), Vinícola Terranova (Miolo), Vinícola Terroir do São Francisco (Garziera), Vinícola do Vale do São Francisco (Botticelli), Vinícola Mandacarú (Cereus jamacaru), Vitivinícola Quintas de São Braz (São Braz) e Vitivinícola Santa Maria (Global Wines), que estão dentro da região demarcada (veja mapa abaixo), e seguirem as normas contidas no Caderno de Especificações Técnicas, poderão utilizar o selo da IG em seus produtos. “Este é um momento histórico e muito esperado pelo vitivinicultores do Vale do São Francisco, em especial aqueles estabelecidos no Vale do Submédio São Francisco, nos municípios pernambucanos de Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, além de Casa Nova e Curaçá, na Bahia”, destaca o presidente do Vinhovasf e da Valexport, José Gualberto de Freitas Almeida. Para ele é a concretização de um sonho. Desde 1985 ele produz vinhos na região e queria realizar esse trabalho no Vale do São Francisco desde 2002, com o reconhecimento da primeira Indicação, a do Vale dos Vinhedos, O projeto esteve ancorado numa forte parceria entre o Vinhovasf e a Embrapa Semiárido e a Embrapa Uva e Vinho. Para Maria Auxiliadora Coêlho de Lima, chefe-geral da Embrapa Semiárido, a particularidade da produção de uvas para vinho em clima semiárido tropical e sob um manejo diferenciado, amparado pelo uso da irrigação resulta em produtos originais e que agregam conhecimentos referenciais e tecnologias inovadoras desenvolvidas para as várias etapas da cadeia de produção assim como para a vinificação. “O reconhecimento dessas características por meio de uma indicação geográfica traz oportunidades de atingir novos espaços de mercado e valoriza o trabalho dos vários segmentos, instituições e setores que assumiram o compromisso desafiador de viabilizar a vitivinicultura no Semiárido brasileiro”, avalia a gestora. A contribuição da pesquisa, conduzida por instituições de ciência e tecnologia, apoiou o setor produtivo ao longo desses anos, em parceria próxima e atenta às necessidades de fortalecimento da atividade vitivinícola regional. O Vale do São Francisco, com suas particularidades ambientais, disponibilidade de infraestrutura de irrigação, investimento em desenvolvimento científico e tecnológico apropriado às condições locais, mapeamento das oportunidades de mercado e empreendedorismo do setor produtivo, evolui com mais essa indicação geográfica, na expectativa de fortalecimento do desenvolvimento socioeconômico regional. “Esta é uma grande conquista para a vitivinicultura brasileira, que só foi possível a partir da parceria realizada entre instituições de pesquisa, ensino e setor produtivo. Juntos trabalhamos desde a caracterização do Vale do São Francisco e de seus produtos, fatores fundamentais para a estruturação da Indicação”, destaca o pesquisador Giuliano Elias Pereira, da Embrapa Uva e Vinho. Ele liderou ao longo de cinco anos (2013-2018) um projeto de pesquisa que envolveu mais de 40 pessoas de várias instituições, entre pesquisadores, professores, técnicos e estudantes, para entender a vitivinicultura do Semiárido nordestino e aprimorar a qualidade dos vinhos da região. Para Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa que desenvolve projetos de estruturação de Indicações Geográficas (IGs) de vinhos brasileiros desde os anos 1990, esta IG tem como diferencial sua localização geográfica – em zona tropical, e ser baseada em requisitos equivalentes aos da União Europeia: área delimitada, produção da uva na área, tipos de vinhos, tipos de uvas autorizadas, produtividade controlada, padrões enológicos definidos, elaboração na região, qualidade analítica e sensorial diferencial para os vinhos e sistema de controle para atestar a conformidade dos vinhos. Segundo explica Ivanira Falcade, pesquisadora aposentada da Universidade de Caxias do Sul responsável pela delimitação da área, a Indicação do Vale do São Francisco protege vinhos originais, oriundos de uma região com uma particular geografia no contexto mundial. “A região apresenta uma paisagem vitícola emblemática, com os vinhedos irrigados pelas águas do São Francisco, com a caatinga e suas cactáceas no entorno, ou os morros testemunhos de formações geológicas pretéritas, que se destacam na planície, entre outros aspectos relacionados à cultura regional”. Segundo o pesquisador da área de enologia da Embrapa Uva e Vinho Mauro Zanus, a diversidade de tipos de uvas é enorme, permitindo encontrar variedades adaptadas a diferentes condições de clima, solo e biomas. “A elaboração de vinhos e espumantes de qualidade no semiárido tropical do Brasil, com cor, aroma e paladar equilibrados, é uma conquista da pesquisa científica e de produtores rurais abertos à inovação, com seus riscos e desafios”. Segundo ele, a IP Vale do São Francisco, além de promover a melhoria dos vinhos, pelo atendimento de rigorosos controles da produção de uvas e de vinificação, emprestará imagem e reputação ao vinho do Brasil, dando uma maior visibilidade da diversidade de sabores alcançados nas diferentes áreas geográficas produtoras. Para Francisco Macedo de Amorim, professor de Enologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE) e um dos pesquisadores atuantes no projeto, o registro conseguido contribuirá para o fortalecimento da relação entre as vinícolas da região, especialmente pela busca comum de melhoria constante na qualidade e expressão da tipicidade nos vinhos elaborados. “Com certeza a Indicação irá garantir uma maior inserção dos produtos nos mercados nacional e internacional, possibilitando melhores condições de acesso a todos os públicos, inclusive os mais exigentes, tendo no selo a segurança de encontrar o perfil qualitativo previamente estabelecido pelas regras de classificação que o produto deve apresentar”, destacou. A previsão é que os primeiros vinhos com a Indicação de Procedência estarão no mercado a partir de 2023, depois de passarem pelas análises exigidas e pelas sessões de avaliação sensorial às cegas, etapas fundamentais para que o vinho possa receber o selo. O que esperar dos vinhos tropicais na taça Os vinhos tropicais do Vale do São Francisco são na sua maioria jovens, frescos, aromáticos, frutados e florais, e estão disponíveis ao consumidor em qualquer época do ano. Mas também são produzidos vinhos de guarda e mesmo vinhos nobres, com colheitas de uvas em períodos específicos do ano. Em função do clima quente ao longo do ano, é possível a produção de uvas e vinhos de janeiro a dezembro, com duas podas e duas safras anuais, com possibilidades de colheitas escalonadas ao longo do ano nas diferentes parcelas de vinhedos. O carro-chefe da produção são os espumantes, com aproximadamente três milhões de litros por ano, seguidos dos vinhos tranquilos, com produção de cerca 1,5 milhão de litros anuais. Os tipos de produtos autorizados na IP são os vinhos tranquilos brancos, tintos e rosés e vinhos espumantes brancos e rosés (bruts, demi-secs e moscatéis), elaborados com 100 % de uvas produzidas na área geográfica delimitada. Foram autorizadas, para fins de elaboração dos vinhos, 23 cultivares de uvas Vitis vinifera L., indicadas pelos próprios produtores, pela adaptação e desempenho na região. As variedades autorizadas para a elaboração dos vinhos comerciais na IP VSF são: Brancas: Arinto, Chardonnay, Chenin Blanc, Fernão Pires, Moscato Canelli, Moscato Itália, Sauvignon Blanc, Verdejo e Viognier. Tintas: Alicante Bouschet, Aragonês, Barbera, Cabernet Sauvignon, Egiodola, Grenache, Malbec, Merlot, Petit Verdot, Ruby Cabernet, Syrah, Tannat, Tempranillo e Touriga Nacional. Linha do Tempo 1960 – A organização da produção agrícola irrigada da região permitiu que as terras com caatinga se tornassem áreas verdes ao longo das margens de beira-rio e houvesse o plantio de videiras. 1970 – Início do cultivo de variedades viníferas em projetos que envolveram enólogos e investimentos externos à região. 1980 – Início da comercialização de Vinhos no Vale do São Francisco. 2002 – O Projeto Vinhos de Qualidade para o Vale do Submédio São Francisco coordenado pela Embrapa Uva e Vinho e financiado pela Finep, avaliou a introdução de 28 novas variedades de uvas viníferas como alternativa para o incremento de vinhos com qualidade e tipicidade regional. Desde aquele momento, a Valexport (Associação Dos Produtores E Exportadores De Hortigranjeiros E Derivados Do Vale Do Sao Francisco), posteriormente o Vinhovasf, solicitaram apoio da Embrapa para desenvolver uma Indicação Geográfica. 2003 – Criação do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf), entidade privada que congrega os produtores vitivinícolas da região. A entidade começa a articular e solicita o apoio da Embrapa para a busca da Indicação Geográfica. 2013 a 2018 – Embrapa Uva e Vinho (RS) aprova projeto de pesquisa no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com R$ 1.053.400,00, reunindo uma equipe multidisciplinar que contou com cientistas da Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Semiárido e Embrapa Clima Temperado, de instituições de ensino como a Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF SertãoPE), além do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf). Também participaram das atividades representantes das sete vinícolas da região produtora de vinhos (ViniBrasil SA/Global Wines, Miolo/Terranova, Vinícola do Vale do São Francisco/Botticelli, Adega Biancheti Tedesco, Vinícola Mandacaru/São Braz, Vinum Sancti Benedictus-VSB e Vinícola Garziera), além de estudantes de mestrado e doutorado. 2019 – Entrega dos resultados do projeto que possibilitaram a caracterização histórica e geográfica do território vitivinícola no Vale do São Francisco vinícola; a delimitação da área geográfica da Indicação de Procedência Vale do São Francisco; a caracterização das condições climáticas, dos solos, dos vinhedos comerciais; caracterização das paisagens vitícolas da região; estudos do potencial enológico das uvas para a melhoria da qualidade, da tipicidade e da estabilidade dos vinhos tropicais, assim como a caracterização da composição química, metabólica e sensorial dos produtos comerciais. Também foi definido o Caderno de Especificações Técnicas da IP e do respectivo Plano de Controle dos produtos. 10/12/ 2020 – Entrega do pedido de registro da Indicação de Procedência ao INPI pelo escritório de Roner Guerra Fabris, tendo como base os resultados do projeto de pesquisa. 1/11/2022 – Concessão pelo INPI da Indicação Geográfica: Vale do São Francisco. Cientistas desenvolveram um software interativo que auxilia no diagnóstico rápido das principais doenças, pragas e questões nutricionais das culturas da maçã, do morango e do pêssego. Denominado Uzum, o sistema é gratuito, conta com inteligência artificial e foi desenvolvido pela Embrapa para apoiar técnicos e produtores dessas cadeias produtivas. A partir do sucesso do Uzum Web Uva, lançado em 2011, a Empresa de pesquisa decidiu ampliar a plataforma e trabalhar no desenvolvimento do sistema para outras culturas. Agora, também estão disponíveis gratuitamente para acesso on-line o Uzum Web Maçã, Uzum Web Morango e o Uzum Web Pêssego. Todos disponíveis na página da Embrapa. “A rapidez na identificação de um problema na cultura pode ser a salvação para uma grande perda na produção do pomar, minimizando assim os danos”, alerta o engenheiro-agrônomo Flávio Bello Fialho, pesquisador em modelagem de sistemas da Embrapa Uva e Vinho (RS), responsável pelo desenvolvimento do Uzum. Por isso, foi com o objetivo de agilizar o diagnóstico que ele desenvolveu o sistema. Lançamento comemorativo O lançamento do novo pacote Uzum integrou as comemorações do aniversário de 47 anos da Embrapa, que este ano, excepcionalmente, foi virtual. Veja a programação completa aqui. Trabalho coletivo Para cada uma das fruteiras, foram selecionados pesquisadores especialistas nas áreas de pragas, doenças e distúrbios fisiológicos, que integraram o projeto de pesquisa Sistemas especialistas para diagnóstico de doenças, pragas e distúrbios nutricionais e fisiológicos em fruteiras de clima temperado, que contou com recursos da Embrapa. “Reunimos os especialistas e organizamos uma base de conhecimento, a partir da qual foram definidas regras para processar as respostas do usuário e chegar a um diagnóstico”, sintetiza o pesquisador, frisando a importância das parcerias nesse projeto. As versões para morango e pêssego foram resultado do trabalho conjunto com a Embrapa Clima Temperado (RS). Já o Uzum Web Uva contou com a colaboração do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). Bernardo Ueno, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, foi um dos especialistas responsáveis por compartilhar os seus conhecimentos para a correta identificação das doenças na culturas do morangueiro e do pessegueiro. Para ele, a escolha das fotos e as descrições que compõem o Uzum, reunindo o conhecimento técnico são uma excelente fonte de informações e consultas, que irão auxiliar os técnicos e produtores. Mas ele chama a atenção para que “além desse diagnóstico rápido, é importante que em muitos casos haverá a necessidade de um diagnóstico laboratorial e a consulta a um técnico especializado. Só assim teremos o diagnóstico definitivo e a confirmação da causa do problema e as suas possíveis soluções”. Respondendo a perguntas-chave e comparando os sintomas do pomar com as fotos-padrão exibidas pelo Uzum, o usuário interage com o sistema a fim de chegar a uma identificação de possíveis causas do problema observado ao terminar o questionário. O sistema também oferece o acesso às recomendações específicas em uma página informativa, com detalhes dos sintomas, estratégias de prevenção, controle e manejo e lista de links de publicações que fornecem informações adicionais detalhadas sobre cada um dos distúrbios. Atualmente, o sistema é capaz de diagnosticar 22 distúrbios da maçã, 22 do pêssego e 23 do morango. Esses números estão em constante atualização para expansão da base de dados, a exemplo do Uzum-Uva, que hoje já disponibiliza 53 distúrbios. Aprovação de técnicos Reunir em um único local pragas, doenças e distúrbios nutricionais é o diferencial do sistema, na visão do extensionista rural Luciano Ilha, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS/Ascar), em Nova Petrópolis. Ele auxiliou na validação da versão para o morango e acredita que o sistema será uma excelente ferramenta para os pequenos produtores. “Tenho acompanhando o início de muitas novas plantações na região e para os produtores com pouca experiência na cultura, o Uzum será um bom começo, pois as fotos estão excelentes e facilitam a identificação”, garante. Outra aposta de Ilha é que o envolvimento da Embrapa irá possibilitar uma atualização frequente do sistema, contemplando a inclusão rotineira de problemas secundários e novos desafios do cultivo e o seu manejo, ampliando as possibilidades do diagnóstico atual. “O Uzum é uma ferramenta de uso fácil, amigável e sem dúvida será uma ótima alternativa para auxiliar o produtor no dia a dia da propriedade”, declara o engenheiro-agrônomo Heleno Facchin, diretor-técnico da Associação dos Produtores de Frutas de Pinto Bandeira (Asprofruta). Facchin destaca que o sistema de diagnose virtual não substitui a assistência técnica, mas é uma boa alternativa a ser utilizada pelos produtores como um indicativo. Acesso do pequeno produtor à tecnologia de ponta Tecnologia será adaptada para smartphone e tablet Até o fim de 2020, os usuários do Uzum poderão utilizar o aplicativo para celular e tablet. Com isso, os pesquisadores pretendem possibilitar o acesso off-line e oferecer uma boa visualização no campo. Fialho planeja disponibilizá-lo com acesso gratuito no Google Play para sistemas Android. “A necessidade do acompanhamento de um técnico na propriedade, que sabe e conhece o histórico da área e as suas particularidades, segue valendo, mas na ausência desse profissional, que é a realidade das pequenas propriedades, o Uzum é uma boa alternativa”, avalia Facchin. Ele destaca a oportunidade de o setor público oferecer uma ferramenta digital sem custos, compartilhando o conhecimento da sua equipe e dando acesso à tecnologia de ponta para os pequenos e grandes produtores. “É uma boa solução para os produtores que não têm condições de pagar o técnico de forma contínua, agilizando o diagnóstico e reduzindo as perdas da produção”. Ele também destaca o benefício das atualizações constantes e da retroalimentação a partir das peculiaridades de cada safra, o que irá expandir o banco de informações mantido pela pesquisa e se tornar uma fonte de consulta para o setor produtivo. A Asprofruta participará do aperfeiçoamento do Uzum Web Pêssego. A associação congrega os produtores na denominada Capital Estadual do Pêssego, Pinto Bandeira, município na Serra Gaúcha que destina 1.050 hectares ao plantio da fruta, cultivada por cerca de 495 famílias. Como utilizar A equipe desenvolvedora buscou simplicidade no processo de funcionamento. Não é necessário nenhum cadastro, bastando acessar o endereço, selecionar a fruteira e concordar com os termos de uso. O sistema é intuitivo e amigável: basta selecionar a melhor resposta às perguntas que forem aparecendo, com base nas fotografias, que ajudam na escolha. Ao término, o usuário terá acesso a uma lista dos possíveis distúrbios e a sua probabilidade de ocorrência, podendo também acessar uma página com a descrição, sintomas e bibliografia associada a cada problema. É possível também acessar a lista completa dos distúrbios que integram cada um dos sistemas, lista com publicações acessíveis on-line e uma página de ajuda. Sistema também é ferramenta de ensino O Uzum Web Uva, o veterano dos sistemas, além de ser utilizado como ferramenta para o diagnóstico de doenças no campo por técnicos e produtores, ganhou uma nova funcionalidade ao se tornar instrumento de ensino. No Campus Bento Gonçalves do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, os alunos do Curso de Tecnologia em Viticultura e Enologia e do Curso de Agronomia têm uma aula dedicada ao software nas disciplinas de Fitopatologia e Fitossanidade. “É uma excelente ferramenta para treinar a diagnose virtual e os alunos aprendem muito. Todas as informações estão concentradas lá, desde os sintomas, manejo e bibliografia complementar”, comenta Marcus Almança, um dos autores do Uzum Web Uva e professor da área de fitopatologia do IFRS. Ele destaca que além de aprenderem com o Uzum, os estudantes irão utilizá-lo em sua prática profissional. A expectativa é que os novos sistemas lançados também sejam utilizados na formação dos estudantes. Foto: Marcus Almança
Foto: Viviane Zanella
O Uzum permite rapidez na identificação de um problema na cultura, minimizando, assim, possíveis perdas na produção do pomar
Hoje,10 de novembro, é um dia histórico para a vitivinicultura mundial com o reconhecimento da primeira Indicação de Procedência de vinhos tropicais. A concessão da indicação geográfica Vale do São Francisco foi feita pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), através de publicação na na Revista de Propriedade Industrial (RPI) nº 2704, baseada em requisitos equivalentes aos da União Europeia. Esta foi concedida por demanda do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf), instituição privada, sem fins lucrativos, que congrega os produtores – viticultores e vinícolas da região produtora de vinhos
A partir de agora, o vinho fino, vinho nobre, espumante natural e vinho moscatel espumante elaborados pelas vinícolas: Adega Bianchetti Tedesco (Bianchetti), Vinícola Vinum Sancti Benedictus (VSB), Vinícola Terranova (Miolo), Vinícola Terroir do São Francisco (Garziera), Vinícola do Vale do São Francisco (Botticelli), Vinícola Mandacarú (Cereus jamacaru), Vitivinícola Quintas de São Braz (São Braz) e Vitivinícola Santa Maria (Global Wines), que estão dentro da região demarcada (veja mapa abaixo), e seguirem as normas contidas no Caderno de Especificações Técnicas, poderão utilizar o selo da IG em seus produtos.
“Este é um momento histórico e muito esperado pelo vitivinicultores do Vale do São Francisco, em especial aqueles estabelecidos no Vale do Submédio São Francisco, nos municípios pernambucanos de Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, além de Casa Nova e Curaçá, na Bahia”, destaca o presidente do Vinhovasf e da Valexport, José Gualberto de Freitas Almeida. Para ele é a concretização de um sonho. Desde 1985 ele produz vinhos na região e queria realizar esse trabalho no Vale do São Francisco desde 2002, com o reconhecimento da primeira Indicação, a do Vale dos Vinhedos,
O projeto esteve ancorado numa forte parceria entre o Vinhovasf e a Embrapa Semiárido e a Embrapa Uva e Vinho. Para Maria Auxiliadora Coêlho de Lima, chefe-geral da Embrapa Semiárido, a particularidade da produção de uvas para vinho em clima semiárido tropical e sob um manejo diferenciado, amparado pelo uso da irrigação resulta em produtos originais e que agregam conhecimentos referenciais e tecnologias inovadoras desenvolvidas para as várias etapas da cadeia de produção assim como para a vinificação. “O reconhecimento dessas características por meio de uma indicação geográfica traz oportunidades de atingir novos espaços de mercado e valoriza o trabalho dos vários segmentos, instituições e setores que assumiram o compromisso desafiador de viabilizar a vitivinicultura no Semiárido brasileiro”, avalia a gestora.
A contribuição da pesquisa, conduzida por instituições de ciência e tecnologia, apoiou o setor produtivo ao longo desses anos, em parceria próxima e atenta às necessidades de fortalecimento da atividade vitivinícola regional. O Vale do São Francisco, com suas particularidades ambientais, disponibilidade de infraestrutura de irrigação, investimento em desenvolvimento científico e tecnológico apropriado às condições locais, mapeamento das oportunidades de mercado e empreendedorismo do setor produtivo, evolui com mais essa indicação geográfica, na expectativa de fortalecimento do desenvolvimento socioeconômico regional.
“Esta é uma grande conquista para a vitivinicultura brasileira, que só foi possível a partir da parceria realizada entre instituições de pesquisa, ensino e setor produtivo. Juntos trabalhamos desde a caracterização do Vale do São Francisco e de seus produtos, fatores fundamentais para a estruturação da Indicação”, destaca o pesquisador Giuliano Elias Pereira, da Embrapa Uva e Vinho. Ele liderou ao longo de cinco anos (2013-2018) um projeto de pesquisa que envolveu mais de 40 pessoas de várias instituições, entre pesquisadores, professores, técnicos e estudantes, para entender a vitivinicultura do Semiárido nordestino e aprimorar a qualidade dos vinhos da região.
Para Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa que desenvolve projetos de estruturação de Indicações Geográficas (IGs) de vinhos brasileiros desde os anos 1990, esta IG tem como diferencial sua localização geográfica – em zona tropical, e ser baseada em requisitos equivalentes aos da União Europeia: área delimitada, produção da uva na área, tipos de vinhos, tipos de uvas autorizadas, produtividade controlada, padrões enológicos definidos, elaboração na região, qualidade analítica e sensorial diferencial para os vinhos
e sistema de controle para atestar a conformidade dos vinhos.
Segundo explica Ivanira Falcade, pesquisadora aposentada da Universidade de Caxias do Sul responsável pela delimitação da área, a Indicação do Vale do São Francisco protege vinhos originais, oriundos de uma região com uma particular geografia no contexto mundial. “A região apresenta uma paisagem vitícola emblemática, com os vinhedos irrigados pelas águas do São Francisco, com a caatinga e suas cactáceas no entorno, ou os morros testemunhos de formações geológicas pretéritas, que se destacam na planície, entre outros aspectos relacionados à cultura regional”.
Segundo o pesquisador da área de enologia da Embrapa Uva e Vinho Mauro Zanus, a diversidade de tipos de uvas é enorme, permitindo encontrar variedades adaptadas a diferentes condições de clima, solo e biomas. “A elaboração de vinhos e espumantes de qualidade no semiárido tropical do Brasil, com cor, aroma e paladar equilibrados, é uma conquista da pesquisa científica e de produtores rurais abertos à inovação, com seus riscos e desafios”. Segundo ele, a IP Vale do São Francisco, além de promover a melhoria dos vinhos, pelo atendimento de rigorosos controles da produção de uvas e de vinificação, emprestará imagem e reputação ao vinho do Brasil, dando uma maior visibilidade da diversidade de sabores alcançados nas diferentes áreas geográficas produtoras.
Para Francisco Macedo de Amorim, professor de Enologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE) e um dos pesquisadores atuantes no projeto, o registro conseguido contribuirá para o fortalecimento da relação entre as vinícolas da região, especialmente pela busca comum de melhoria constante na qualidade e expressão da tipicidade nos vinhos elaborados. “Com certeza a Indicação irá garantir uma maior inserção dos produtos nos mercados nacional e internacional, possibilitando melhores condições de acesso a todos os públicos, inclusive os mais exigentes, tendo no selo a segurança de encontrar o perfil qualitativo previamente estabelecido pelas regras de classificação que o produto deve apresentar”, destacou.
A previsão é que os primeiros vinhos com a Indicação de Procedência estarão no mercado a partir de 2023, depois de passarem pelas análises exigidas e pelas sessões de avaliação sensorial às cegas, etapas fundamentais para que o vinho possa receber o selo.
O que esperar dos vinhos tropicais na taça
Os vinhos tropicais do Vale do São Francisco são na sua maioria jovens, frescos, aromáticos, frutados e florais, e estão disponíveis ao consumidor em qualquer época do ano. Mas também são produzidos vinhos de guarda e mesmo vinhos nobres, com colheitas de uvas em períodos específicos do ano. Em função do clima quente ao longo do ano, é possível a produção de uvas e vinhos de janeiro a dezembro, com duas podas e duas safras anuais, com possibilidades de colheitas escalonadas ao longo do ano nas diferentes parcelas de vinhedos.
O carro-chefe da produção são os espumantes, com aproximadamente três milhões de litros por ano, seguidos dos vinhos tranquilos, com produção de cerca 1,5 milhão de litros anuais.
Os tipos de produtos autorizados na IP são os vinhos tranquilos brancos, tintos e rosés e vinhos espumantes brancos e rosés (bruts, demi-secs e moscatéis), elaborados com 100 % de uvas produzidas na área geográfica delimitada. Foram autorizadas, para fins de elaboração dos vinhos, 23 cultivares de uvas Vitis vinifera L., indicadas pelos próprios produtores, pela adaptação e desempenho na região. As variedades autorizadas para a elaboração dos vinhos comerciais na IP VSF são: Brancas: Arinto, Chardonnay, Chenin Blanc, Fernão Pires, Moscato Canelli, Moscato Itália, Sauvignon Blanc, Verdejo e Viognier.
Tintas: Alicante Bouschet, Aragonês, Barbera, Cabernet Sauvignon, Egiodola, Grenache, Malbec, Merlot, Petit Verdot, Ruby Cabernet, Syrah, Tannat, Tempranillo e Touriga Nacional.
Linha do Tempo
1960 – A organização da produção agrícola irrigada da região permitiu que as terras com caatinga se tornassem áreas verdes ao longo das margens de beira-rio e houvesse o plantio de videiras.
1970 – Início do cultivo de variedades viníferas em projetos que envolveram enólogos e investimentos externos à região.
1980 – Início da comercialização de Vinhos no Vale do São Francisco.
2002 – O Projeto Vinhos de Qualidade para o Vale do Submédio São Francisco coordenado pela Embrapa Uva e Vinho e financiado pela Finep, avaliou a introdução de 28 novas variedades de uvas viníferas como alternativa para o incremento de vinhos com qualidade e tipicidade regional. Desde aquele momento, a Valexport (Associação Dos Produtores E Exportadores De Hortigranjeiros E Derivados Do Vale Do Sao Francisco), posteriormente o Vinhovasf, solicitaram apoio da Embrapa para desenvolver uma Indicação Geográfica.
2003 – Criação do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf), entidade privada que congrega os produtores vitivinícolas da região. A entidade começa a articular e solicita o apoio da Embrapa para a busca da Indicação Geográfica.
2013 a 2018 – Embrapa Uva e Vinho (RS) aprova projeto de pesquisa no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com R$ 1.053.400,00, reunindo uma equipe multidisciplinar que contou com cientistas da Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Semiárido e Embrapa Clima Temperado, de instituições de ensino como a Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF SertãoPE), além do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf). Também participaram das atividades representantes das sete vinícolas da região produtora de vinhos (ViniBrasil SA/Global Wines, Miolo/Terranova, Vinícola do Vale do São Francisco/Botticelli, Adega Biancheti Tedesco, Vinícola Mandacaru/São Braz, Vinum Sancti Benedictus-VSB e Vinícola Garziera), além de estudantes de mestrado e doutorado.
2019 – Entrega dos resultados do projeto que possibilitaram a caracterização histórica e geográfica do território vitivinícola no Vale do São Francisco vinícola; a delimitação da área geográfica da Indicação de Procedência Vale do São Francisco; a caracterização das condições climáticas, dos solos, dos vinhedos comerciais; caracterização das paisagens vitícolas da região; estudos do potencial enológico das uvas para a melhoria da qualidade, da tipicidade e da estabilidade dos vinhos tropicais, assim como a caracterização da composição química, metabólica e sensorial dos produtos comerciais. Também foi definido o Caderno de Especificações Técnicas da IP e do respectivo Plano de Controle dos produtos.
10/12/ 2020 – Entrega do pedido de registro da Indicação de Procedência ao INPI pelo escritório de Roner Guerra Fabris, tendo como base os resultados do projeto de pesquisa.
1/11/2022 – Concessão pelo INPI da Indicação Geográfica: Vale do São Francisco.
Cientistas desenvolveram um software interativo que auxilia no diagnóstico rápido das principais doenças, pragas e questões nutricionais das culturas da maçã, do morango e do pêssego. Denominado Uzum, o sistema é gratuito, conta com inteligência artificial e foi desenvolvido pela Embrapa para apoiar técnicos e produtores dessas cadeias produtivas.
A partir do sucesso do Uzum Web Uva, lançado em 2011, a Empresa de pesquisa decidiu ampliar a plataforma e trabalhar no desenvolvimento do sistema para outras culturas. Agora, também estão disponíveis gratuitamente para acesso on-line o Uzum Web Maçã, Uzum Web Morango e o Uzum Web Pêssego. Todos disponíveis na página da Embrapa.
“A rapidez na identificação de um problema na cultura pode ser a salvação para uma grande perda na produção do pomar, minimizando assim os danos”, alerta o engenheiro-agrônomo Flávio Bello Fialho, pesquisador em modelagem de sistemas da Embrapa Uva e Vinho (RS), responsável pelo desenvolvimento do Uzum. Por isso, foi com o objetivo de agilizar o diagnóstico que ele desenvolveu o sistema.
Lançamento comemorativoO lançamento do novo pacote Uzum integrou as comemorações do aniversário de 47 anos da Embrapa, que este ano, excepcionalmente, foi virtual. Veja a programação completa aqui. |
Trabalho coletivo
Para cada uma das fruteiras, foram selecionados pesquisadores especialistas nas áreas de pragas, doenças e distúrbios fisiológicos, que integraram o projeto de pesquisa Sistemas especialistas para diagnóstico de doenças, pragas e distúrbios nutricionais e fisiológicos em fruteiras de clima temperado, que contou com recursos da Embrapa.
“Reunimos os especialistas e organizamos uma base de conhecimento, a partir da qual foram definidas regras para processar as respostas do usuário e chegar a um diagnóstico”, sintetiza o pesquisador, frisando a importância das parcerias nesse projeto. As versões para morango e pêssego foram resultado do trabalho conjunto com a Embrapa Clima Temperado (RS). Já o Uzum Web Uva contou com a colaboração do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).
Bernardo Ueno, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, foi um dos especialistas responsáveis por compartilhar os seus conhecimentos para a correta identificação das doenças na culturas do morangueiro e do pessegueiro. Para ele, a escolha das fotos e as descrições que compõem o Uzum, reunindo o conhecimento técnico são uma excelente fonte de informações e consultas, que irão auxiliar os técnicos e produtores. Mas ele chama a atenção para que “além desse diagnóstico rápido, é importante que em muitos casos haverá a necessidade de um diagnóstico laboratorial e a consulta a um técnico especializado. Só assim teremos o diagnóstico definitivo e a confirmação da causa do problema e as suas possíveis soluções”.
Respondendo a perguntas-chave e comparando os sintomas do pomar com as fotos-padrão exibidas pelo Uzum, o usuário interage com o sistema a fim de chegar a uma identificação de possíveis causas do problema observado ao terminar o questionário. O sistema também oferece o acesso às recomendações específicas em uma página informativa, com detalhes dos sintomas, estratégias de prevenção, controle e manejo e lista de links de publicações que fornecem informações adicionais detalhadas sobre cada um dos distúrbios.
Atualmente, o sistema é capaz de diagnosticar 22 distúrbios da maçã, 22 do pêssego e 23 do morango. Esses números estão em constante atualização para expansão da base de dados, a exemplo do Uzum-Uva, que hoje já disponibiliza 53 distúrbios.
Aprovação de técnicos
Reunir em um único local pragas, doenças e distúrbios nutricionais é o diferencial do sistema, na visão do extensionista rural Luciano Ilha, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS/Ascar), em Nova Petrópolis. Ele auxiliou na validação da versão para o morango e acredita que o sistema será uma excelente ferramenta para os pequenos produtores. “Tenho acompanhando o início de muitas novas plantações na região e para os produtores com pouca experiência na cultura, o Uzum será um bom começo, pois as fotos estão excelentes e facilitam a identificação”, garante.
Outra aposta de Ilha é que o envolvimento da Embrapa irá possibilitar uma atualização frequente do sistema, contemplando a inclusão rotineira de problemas secundários e novos desafios do cultivo e o seu manejo, ampliando as possibilidades do diagnóstico atual.
“O Uzum é uma ferramenta de uso fácil, amigável e sem dúvida será uma ótima alternativa para auxiliar o produtor no dia a dia da propriedade”, declara o engenheiro-agrônomo Heleno Facchin, diretor-técnico da Associação dos Produtores de Frutas de Pinto Bandeira (Asprofruta). Facchin destaca que o sistema de diagnose virtual não substitui a assistência técnica, mas é uma boa alternativa a ser utilizada pelos produtores como um indicativo.
Acesso do pequeno produtor à tecnologia de ponta
Tecnologia será adaptada para smartphone e tabletAté o fim de 2020, os usuários do Uzum poderão utilizar o aplicativo para celular e tablet. Com isso, os pesquisadores pretendem possibilitar o acesso off-line e oferecer uma boa visualização no campo. Fialho planeja disponibilizá-lo com acesso gratuito no Google Play para sistemas Android. |
“A necessidade do acompanhamento de um técnico na propriedade, que sabe e conhece o histórico da área e as suas particularidades, segue valendo, mas na ausência desse profissional, que é a realidade das pequenas propriedades, o Uzum é uma boa alternativa”, avalia Facchin. Ele destaca a oportunidade de o setor público oferecer uma ferramenta digital sem custos, compartilhando o conhecimento da sua equipe e dando acesso à tecnologia de ponta para os pequenos e grandes produtores. “É uma boa solução para os produtores que não têm condições de pagar o técnico de forma contínua, agilizando o diagnóstico e reduzindo as perdas da produção”.
Ele também destaca o benefício das atualizações constantes e da retroalimentação a partir das peculiaridades de cada safra, o que irá expandir o banco de informações mantido pela pesquisa e se tornar uma fonte de consulta para o setor produtivo. A Asprofruta participará do aperfeiçoamento do Uzum Web Pêssego. A associação congrega os produtores na denominada Capital Estadual do Pêssego, Pinto Bandeira, município na Serra Gaúcha que destina 1.050 hectares ao plantio da fruta, cultivada por cerca de 495 famílias.
Como utilizar
A equipe desenvolvedora buscou simplicidade no processo de funcionamento. Não é necessário nenhum cadastro, bastando acessar o endereço, selecionar a fruteira e concordar com os termos de uso. O sistema é intuitivo e amigável: basta selecionar a melhor resposta às perguntas que forem aparecendo, com base nas fotografias, que ajudam na escolha.
Ao término, o usuário terá acesso a uma lista dos possíveis distúrbios e a sua probabilidade de ocorrência, podendo também acessar uma página com a descrição, sintomas e bibliografia associada a cada problema.
É possível também acessar a lista completa dos distúrbios que integram cada um dos sistemas, lista com publicações acessíveis on-line e uma página de ajuda.
Sistema também é ferramenta de ensino
O Uzum Web Uva, o veterano dos sistemas, além de ser utilizado como ferramenta para o diagnóstico de doenças no campo por técnicos e produtores, ganhou uma nova funcionalidade ao se tornar instrumento de ensino. No Campus Bento Gonçalves do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, os alunos do Curso de Tecnologia em Viticultura e Enologia e do Curso de Agronomia têm uma aula dedicada ao software nas disciplinas de Fitopatologia e Fitossanidade.
“É uma excelente ferramenta para treinar a diagnose virtual e os alunos aprendem muito. Todas as informações estão concentradas lá, desde os sintomas, manejo e bibliografia complementar”, comenta Marcus Almança, um dos autores do Uzum Web Uva e professor da área de fitopatologia do IFRS. Ele destaca que além de aprenderem com o Uzum, os estudantes irão utilizá-lo em sua prática profissional. A expectativa é que os novos sistemas lançados também sejam utilizados na formação dos estudantes.
Foto: Marcus Almança
Viviane Zanella (MTb 14.400/RS)
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