Em uma série de vídeo-palestras, a Embrapa Mandioca e Fruticultura abordou a bioeconomia circular com base em subprodutos – ou co-produtos – de diversas fruteiras, sobretudo do abacaxizeiro, aceroleira, bananeira, citros, mamoeiro e maracujazeiro. O potencial imenso de geração de emprego e renda com a transformação de recursos biológicos – muitas vezes denominados de ‘resíduos’ – oferecido pela agricultura brasileira vem atraindo incentivos e ações direcionados a pesquisas e negócios nessa área. De alimentos a cosméticos, de fibras e têxteis a fármacos, de combustíveis ao turismo rural, o que vivenciamos é uma participação crescente da bioeconomia em empreendimentos que vem ao encontro da demanda de consumidores cada vez mais exigentes por produtos e produção sustentáveis. Não é de se espantar que, dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a bioeconomia de base agrícola colabora no atingimento de oito metas: ODS 2 (meta 2.4), ODS 3 (meta 3.9), ODS 6 (meta 6.a), ODS 7 (meta 7.2), ODS 8 (meta 8.4), ODS 9 (meta 9.4), ODS 12 (metas 12.5 e 12.8).
Um exemplo de potencial bioeconômico que ora abordamos é o engaço da bananeira (pedúnculo que sustenta a penca de bananas). O Brasil é, atualmente, o 4º maior país produtor de banana, com mais 6,6 milhões de toneladas colhidas em 455 mil hectares. Com esses números grandiosos pode-se ter ideia de quanta biomassa residual a cultura da banana oferece ao nosso país, bem como eventuais impactos negativos ao meio ambiente quando esse mesmo material é descartado inadequadamente. A quantidade de engaço (milhares de kg, abundante) desperdiçado em diversos bananais por todo o território nacional vai além de ser um problema ambiental: é recurso valioso desperdiçado e, junto com ele, novas soluções para determinados problemas ou alternativas renováveis e sustentáveis a produtos já existentes.
Mas, afinal, o que pode ser obtido do engaço da bananeira? De acordo com alguns usos tradicionais e resultados de pesquisa, tem-se por exemplo: torta doce de engaço; filtro de engaço de bananeira para tratamento primário de águas residuais da produção de suínos; polpa celulósica, celulose; fonte de geração de energia; componente nutricional de ração animal (bovinos) e componente de ração para controle de parasito de tambaqui. Estudos vêm sendo continuados para ratificar esses usos e a viabilidade da produção em larga escala. Os próximos desafios são ampliar os investimentos em PD&I em novos usos tanto do engaço como de outros ‘resíduos’ da bananeira, bem como na elaboração de estratégias de mercado para que essas soluções atendam e sejam adotadas no mercado consumidor.