Cultivar alimentos saudáveis e ainda conquistar uma fonte de renda extra era um sonho compartilhado por várias mulheres de Itupiranga, no sudeste paraense, cidade distante cerca de 600 quilômetros da capital Belém. Há mais de 20 anos organizadas por meio da Associação de Mulheres da Cidade e do Campo, o desejo de produzir na terra era grande para pessoas como dona Izaura Wolf Soares, de 64 anos. Embora muitas das associadas tivessem em sua herança a marca da agricultura familiar, produzir em ambiente urbano parecia um desafio difícil. Mas como diz o ditado, “mulheres são como água, crescem quando se juntam”. O que lhes faltava em técnica e equipamentos, sobrava em vontade. Depois de algumas tentativas frustradas, uma outra mão feminina se somou a essa comunidade. Mazillene Borges, engenheira agrônoma da Embrapa Amazônia Oriental, trouxe o conhecimento que faltava e o verde voltou a brotar nas terras da associação. Passados quase dois anos desde os primeiros contatos com a Embrapa, a associação já produz hortaliças folhosas e mudas de hortaliças para comercialização e alimentação das associadas e suas famílias. Sem contar a renda extra, que é revertida para a manutenção da horta e atividades da associação na conquista e defesa do direito das mulheres. Mas até chegar aqui foram muitas tratativas, visitas de campo e, principalmente, o desejo de fazer acontecer. Até que foi formalizado um acordo de cooperação técnica entre a Embrapa Amazônia Oriental, Prefeitura de Itupiranga e a Associação de Mulheres da Cidade e do Campo, com apoio da Emater Pará. O objetivo foi instalar uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) e vitrine tecnológica, um pequeno espaço de terra destinado a aplicar os conhecimentos da pesquisa e mostrar às agricultoras as chances de produzir melhor na região. A ação é parte do projeto Tecnologias Sustentáveis para o Fortalecimento da Olericultura na Amazônia (Hortamazon), vinculado ao Fundo Amazônia, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente. Com orgulho, hoje associadas olham para trás e reconhecem toda a evolução. “A parceria com o Fundo Amazônia mudou muito a nossa estrutura física e principalmente, nossa forma de plantar”, comenta Izaura Wolf Soares, uma das lideranças da associação. Dona Izaura e Lindalva Rodrigues Carvalho, de 49 anos, responsáveis pelo espaço e pela associação, explicam que a parceria trouxe conhecimentos técnicos, infraestrutura, mas também novas formas de organização, respeitando os saberes tradicionais das mulheres do projeto. Aconteceram oficinas que, além de valorizar a ação coletiva delas, abriu espaço para que cada uma falasse dos seus sonhos e anseios – sentimentos que provaram ser fundamentais para a superação dos obstáculos que viriam pela frente. As ações do projeto Hortamazon estão na 12ª edição da Revista do Projeto Integrado da Amazônia (PIAmz), que apresenta a atuação da Embrapa na região com o apoio do Fundo Amazônia/BNDES. Para acessar a revista eletrônica, clique aqui. Reconstruir e seguir sonhando “Quem vê a horta bonita e produzindo, não imagina os percalços que a gente viveu”, comenda Dona Izaura. Foram vários cursos de capacitação e oficinas até a descoberta da possibilidade de produção agroecológica, que virou marca e vocação da associação. Tudo parecia correr bem, mas em março de 2020 a pandemia de Covid 19 tomou o mundo. E como se não bastasse esse desafio global, meses depois uma ação criminosa incendiou parte da estrutura das estufas de produção de mudas. Mais uma vez foi preciso recomeçar. “Desistir nunca foi uma opção”, afirma dona Izaura Wolf Soares. Mazillene Borges, a analista da Embrapa Amazônia Oriental que acompanha a associação, também relembra que a pandemia e o incêndio foram baques intensos no projeto. Mas a força de vontade das mulheres de reconstruir era enorme. “Desde o primeiro contato vimos naquelas mulheres a vontade e a resiliência, então das cinzas renascemos”, enfatiza Mazillene Borges. Da estufa queimada foram erguidas quatro estruturas com recursos do Fundo Amazônia. A estufa destinada à produção de mudas, foi totalmente coberta com plástico, revestida de sombrite para evitar a entrada de insetos, além de equipada com sistema de irrigação automatizado. “A estrutura tem capacidade de produzir até 3 mil mudas por mês em bandejas”, explica animada Mazillene. As outras estufas ganharam cobertura e irrigação manual, dando condições de produção o ano todo. Também foi construído com recursos do projeto, uma composteira com piso de cimento e área de escoamento de chorume. “Desta forma, as associadas podem produzir diversos insumos, economizar custos e potencializar a produção agroecológica”, explica. Os cursos internalizaram os preceitos de organização e da produção agroecológica e as associadas passaram a produzir o próprio adubo e biofertilizantes. Com sementes selecionadas e as técnicas de melhoria de plantio, passaram a produzir mais, com mais saúde e menos custos. Por conta da pandemia, o número de mulheres na produção da horta foi reduzido de 15 para apenas cinco. Ainda assim, a produção de hortaliças folhosas como alface, couve, coentro (cheiro-verde), cebolinha e outras, junto com a mandioca, batata-doce biofortificada e quiabo, reforçam a segurança alimentar das associadas e seus familiares e o excedente é comercializado. E como sonho e superação são o combustível dessas mulheres, elas querem mais. “Nosso sonho é aumentar a infraestrutura e ampliar as áreas de cultivo que atualmente ocupam apenas 1/3 do terreno, capacitar mais mulheres e fortalecer nossa associação”, visualizam juntas, o futuro.
Cultivar alimentos saudáveis e ainda conquistar uma fonte de renda extra era um sonho compartilhado por várias mulheres de Itupiranga, no sudeste paraense, cidade distante cerca de 600 quilômetros da capital Belém.
Há mais de 20 anos organizadas por meio da Associação de Mulheres da Cidade e do Campo, o desejo de produzir na terra era grande para pessoas como dona Izaura Wolf Soares, de 64 anos. Embora muitas das associadas tivessem em sua herança a marca da agricultura familiar, produzir em ambiente urbano parecia um desafio difícil.
Mas como diz o ditado, “mulheres são como água, crescem quando se juntam”. O que lhes faltava em técnica e equipamentos, sobrava em vontade. Depois de algumas tentativas frustradas, uma outra mão feminina se somou a essa comunidade. Mazillene Borges, engenheira agrônoma da Embrapa Amazônia Oriental, trouxe o conhecimento que faltava e o verde voltou a brotar nas terras da associação.
Passados quase dois anos desde os primeiros contatos com a Embrapa, a associação já produz hortaliças folhosas e mudas de hortaliças para comercialização e alimentação das associadas e suas famílias. Sem contar a renda extra, que é revertida para a manutenção da horta e atividades da associação na conquista e defesa do direito das mulheres.
Mas até chegar aqui foram muitas tratativas, visitas de campo e, principalmente, o desejo de fazer acontecer. Até que foi formalizado um acordo de cooperação técnica entre a Embrapa Amazônia Oriental, Prefeitura de Itupiranga e a Associação de Mulheres da Cidade e do Campo, com apoio da Emater Pará.
O objetivo foi instalar uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) e vitrine tecnológica, um pequeno espaço de terra destinado a aplicar os conhecimentos da pesquisa e mostrar às agricultoras as chances de produzir melhor na região. A ação é parte do projeto Tecnologias Sustentáveis para o Fortalecimento da Olericultura na Amazônia (Hortamazon), vinculado ao Fundo Amazônia, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente.
Com orgulho, hoje associadas olham para trás e reconhecem toda a evolução. “A parceria com o Fundo Amazônia mudou muito a nossa estrutura física e principalmente, nossa forma de plantar”, comenta Izaura Wolf Soares, uma das lideranças da associação.
Dona Izaura e Lindalva Rodrigues Carvalho, de 49 anos, responsáveis pelo espaço e pela associação, explicam que a parceria trouxe conhecimentos técnicos, infraestrutura, mas também novas formas de organização, respeitando os saberes tradicionais das mulheres do projeto. Aconteceram oficinas que, além de valorizar a ação coletiva delas, abriu espaço para que cada uma falasse dos seus sonhos e anseios – sentimentos que provaram ser fundamentais para a superação dos obstáculos que viriam pela frente.
As ações do projeto Hortamazon estão na 12ª edição da Revista do Projeto Integrado da Amazônia (PIAmz), que apresenta a atuação da Embrapa na região com o apoio do Fundo Amazônia/BNDES. Para acessar a revista eletrônica, clique aqui. |
Reconstruir e seguir sonhando
“Quem vê a horta bonita e produzindo, não imagina os percalços que a gente viveu”, comenda Dona Izaura. Foram vários cursos de capacitação e oficinas até a descoberta da possibilidade de produção agroecológica, que virou marca e vocação da associação. Tudo parecia correr bem, mas em março de 2020 a pandemia de Covid 19 tomou o mundo. E como se não bastasse esse desafio global, meses depois uma ação criminosa incendiou parte da estrutura das estufas de produção de mudas. Mais uma vez foi preciso recomeçar. “Desistir nunca foi uma opção”, afirma dona Izaura Wolf Soares.
Mazillene Borges, a analista da Embrapa Amazônia Oriental que acompanha a associação, também relembra que a pandemia e o incêndio foram baques intensos no projeto. Mas a força de vontade das mulheres de reconstruir era enorme. “Desde o primeiro contato vimos naquelas mulheres a vontade e a resiliência, então das cinzas renascemos”, enfatiza Mazillene Borges.
Da estufa queimada foram erguidas quatro estruturas com recursos do Fundo Amazônia. A estufa destinada à produção de mudas, foi totalmente coberta com plástico, revestida de sombrite para evitar a entrada de insetos, além de equipada com sistema de irrigação automatizado. “A estrutura tem capacidade de produzir até 3 mil mudas por mês em bandejas”, explica animada Mazillene.
As outras estufas ganharam cobertura e irrigação manual, dando condições de produção o ano todo. Também foi construído com recursos do projeto, uma composteira com piso de cimento e área de escoamento de chorume. “Desta forma, as associadas podem produzir diversos insumos, economizar custos e potencializar a produção agroecológica”, explica.
Os cursos internalizaram os preceitos de organização e da produção agroecológica e as associadas passaram a produzir o próprio adubo e biofertilizantes. Com sementes selecionadas e as técnicas de melhoria de plantio, passaram a produzir mais, com mais saúde e menos custos.
Por conta da pandemia, o número de mulheres na produção da horta foi reduzido de 15 para apenas cinco. Ainda assim, a produção de hortaliças folhosas como alface, couve, coentro (cheiro-verde), cebolinha e outras, junto com a mandioca, batata-doce biofortificada e quiabo, reforçam a segurança alimentar das associadas e seus familiares e o excedente é comercializado.
E como sonho e superação são o combustível dessas mulheres, elas querem mais. “Nosso sonho é aumentar a infraestrutura e ampliar as áreas de cultivo que atualmente ocupam apenas 1/3 do terreno, capacitar mais mulheres e fortalecer nossa associação”, visualizam juntas, o futuro.