Na sexta-feira, 9 de julho, a Embrapa Acre celebra 45 anos de atuação no Estado, com uma live que reúne colaboradores em geral, representantes de instituições parceiras, parlamentares e produtores rurais. O evento online contará com depoimentos de produtores rurais sobre como as tecnologias da empresa têm contribuído para a melhoria do setor produtivo acreano, lançamento de publicações técnicas, apresentação de Relatório de Gestão dos últimos oito anos, destaque de tecnologias e atrações culturais. A abertura, às 9h, terá a participação de Celso Moretti, diretor-presidente da Embrapa.
Criada em 1976 e transformada em Centro de Pesquisa com foco regional em 1992, a Embrapa Acre trabalha para gerar tecnologias e conhecimentos científicos para o uso sustentável dos recursos naturais, planejamento territorial estratégico do estado, desenvolvimento e adequação de sistemas de produção usuais na Amazônia e agregação de valor à produção agropecuária e florestal brasileira.
“Nessa trajetória de mais de quatro décadas, as tecnologias disponibilizadas têm permitido o aproveitamento racional de recursos florestais madeireiros e não madeireiros e dos solos da região, a recuperação de áreas degradadas e de preservação permanente, manutenção de reserva legal, o uso de práticas agrícolas conservacionistas e o planejamento de uso da terra, de acordo com aptidões regionais. Os investimentos em pesquisas contribuíram para o aumento da produtividade e diversificação da produção agropecuária e para a melhoria do segmento agroindustrial, da atividade florestal e comercialização da produção local”, pontua o chefe-geral, Eufran Amaral.
Destaques
Além de abordar a contribuição das ações da Embrapa para o desenvolvimento do setor produtivo acreano, o evento destacará a interação da pesquisa com produtores rurais de diferentes segmentos (agricultura familiar, pecuária, agroindústria e povos indígenas), que vão compartilhar suas experiências com as tecnologias da empresa.
Entre os destaques tecnológicos apresentados durante a live comemorativa está o lançamento do Sistema de Produção de maracujá, publicação disponível em formato online, que reúne conhecimentos técnicos sobre a cultura. O objetivo da obra é auxiliar produtores rurais, técnicos e extensionistas, concentrando em um só lugar informações essenciais para as diferentes etapas da cultura (planejamento e implantação dos cultivos, manejo, polinização, irrigação, colheita e comercialização).
Tecnologias para a sociedade
Ao longo de 45 anos a Embrapa entregou à sociedade uma gama de ativos tecnológicos que impulsionaram atividades produtivas e o desenvolvimento local e regional, possibilitaram ampliar a oferta de alimentos e contribuíram para gerar trabalho e renda no campo e na cidade. Entre essas tecnologias destacam-se diferentes cultivares de mandioca, abacaxi e maracujá adaptadas ao clima e solo da região, variedades de banana resistentes a doenças, cafés clonais, gramíneas resistentes ao encharcamento do solo e consórcios de pastagens com leguminosas entre outras tecnologias acessíveis a produtores rurais com diferentes perfis econômicos.
“No caso específico da pecuária, a adoção em larga escala de gramíneas adaptadas e de consórcio de pastagens com leguminosas, por pecuaristas da região, permitiu aumentar a capacidade de suporte das pastagens de uma para três Unidade Animal por hectare (UA/ha)”, diz o Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, Jackson Rondinelli, enfatizando que esse resultado evitou a incorporação de novas áreas aos sistemas produtivos, contribuindo para a conservação da floresta.
As pesquisas da empresa também disponibilizaram tecnologias que ajudaram a tornar o setor florestal mais produtivo e sustentável, incluindo o Modelo Digital de Exploração Florestal (Modeflora) e metodologias para uso de drones no inventário florestal, essenciais para viabilizar o Manejo 4.0, conceito que preconiza a automação da atividade, ainda em curso no País.
Apoio a políticas públicas
Principal instituição de pesquisa do País, a Embrapa desempenha papel estratégico no desenvolvimento nacional. No contexto do Acre, a localização na Amazônia e em região de fronteira favorece o desenvolvimento de pesquisas mais focadas no uso sustentável de produtos da biodiversidade regional, trabalho baseado em temas prioritários para o setor produtivo e alinhado a demandas locais e regionais e que buscam viabilizar o apoio a políticas públicas em áreas convergentes com a atuação da Empresa.
Amaral explica que além de melhorar a produção no Estado, proporcionar melhor gestão do uso da terra e outros recursos naturais, com melhoria da qualidade de vida dos produtores acreanos, os conhecimentos, tecnologias e informações geradas pela pesquisa também contribuíram para apoio à formulação e implementação de planos, diretrizes, programas, projetos técnicos e ações gerenciais que compõem políticas públicas para os setores agropecuário, florestal e agroindustrial, que visam o aumento da produtividade das culturas e a redução das queimadas na região. “Entre essas políticas destacam-se os Planos Agrícolas municipais, o Plano de Mitigação e Adaptação a Mudanças Climáticas, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático para diferentes culturas e o Zoneamento Pedoclimático”, destaca.
Nesse processo, foi necessário a Embrapa se inserir em diferentes instâncias encarregadas de discutir e avaliar a formulação e execução de políticas públicas para desenvolvimento do estado, sempre em articulação com outras instituições de pesquisa, inovação e ensino. “Temos representantes no Fórum Permanente de Desenvolvimento do Acre, nas Câmara Técnicas do Agronegócio e de Tecnologia e Inovação e no Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Florestal e outros espaços de diálogo coletivo”, ressalta Rondinelli.
Outro enfoque na trajetória da Embrapa Acre, de acordo com o gestor, é a construção de parcerias sólidas com o Governo do Estado e com os municípios, como forma de potencializar recursos e ampliar o alcance de resultados. Esse esforço institucional possibilitou a participação efetiva da Empresa na elaboração e execução de programas como o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), Florestas Plantadas, Manejo Florestal Sustentável, Fortalecimento de cadeias produtivas estratégicas para o Estado (grãos, café, mandioca, fruticultura e plantas aromáticas), Sistemas Agroflorestais e Apoio aos Povos Indígenas, entre outras ações.
Atuação na pandemia
Localizada no município de Rio Branco, a Embrapa Acre possui um campo experimental com 1,2 mil hectares, com 220 hectares destinados à pesquisa agropecuária e 980 hectares de floresta primária para estudos de manejo de recursos madeireiros e não madeireiros. Com uma ampla carteira de projetos, desenvolve pesquisa nas linhas temáticas pecuária, floresta, fruticultura, solos e agricultura, associando a ações de transferência de tecnologias.
Atualmente, 112 empregados compõem o quadro funcional da Unidade, sendo 45 analistas, 31 pesquisadores, 27 assistentes e 9 técnicos. Deste total, 57% encontra-se em regime de teletrabalho e 43% em escala de revezamento, no trabalho presencial que inclui gestores, profissionais dos setores de Laboratório, Campo Experimental e das áreas administrativa e de transferência de tecnologias. “Nesse contexto de pandemia, tivemos que reformular o planejamento e adequar processos e rotinas para permanecer ativos e garantir a continuidade do trabalho nas diferentes áreas”, afirma Amaral.
Desafios futuros
Apesar dos avanços do setor produtivo em âmbito local e regional, proporcionados pelo uso de tecnologias, o atual contexto de inovação impõe diferentes desafios para a pesquisa científica, incluindo o aumento da eficiência dos sistemas de produção agropecuários, conciliando com a conservação ambiental. De acordo com Amaral, nos próximos anos o foco de atuação da Embrapa Acre será a ampliação de conhecimentos sobre os recursos naturais do Estado, com inteligência territorial, e o avanço tecnológico nos sistemas de produção regionais para agregar valor à produção nos diferentes segmentos e otimizar o uso de recursos naturais.
“Além disso, queremos investir em novos estudos para viabilizar a prestação de serviços ambientais e, dessa forma, contribuir para a mitigação e adaptação dos efeitos das mudanças climáticas. Entre as estratégias para alcançar esses objetivos está o uso de sistemas mais integrados e intensivos e o fortalecimento de ações de pesquisa e transferência de tecnologias, com base em novas abordagens metodológicas. Outro caminho é a consolidação de novas parcerias com foco na segurança alimentar de comunidades tradicionais e ribeirinhas e apoio a estratégias de formulação de políticas públicas para melhoria da produtividade e da sustentabilidade da agricultura no Acre”, finaliza.