O seminário SiTec – Silagem, Inovação e Tecnologia foi momento de inspiração para participantes da 13ª SIT. O evento trouxe histórias de empresários e de famílias que atuam com profissionalismo e paixão. Pessoas que, perseguindo qualidade e inovando, conseguiram posicionamento no mercado e grandes resultados. Os relatos apresentados desmistificaram falas muito comuns no meio rural, como a de que a pecuária leiteira não é rentável. O agrônomo Leopoldo Antônio Pereira, da Fazenda Reunidas ACP (Carmo do Rio Claro-MG), falou sobre sucessão e contou a história da propriedade da família que, em 1960, iniciou a produção de leite com 30 litros por dia e, em 2020, chegou à média diária de 50 mil litros. “A atividade leiteira já é marginalizada por causa das dificuldades no processo de produção. É uma atividade complexa e exige um gerenciamento constante. Mas a pecuária de leite é um negócio como outro qualquer e, às vezes, até melhor”. Demonstrando o porquê de sua afirmação, Leopoldo apresentou os números da Fazenda Reunidas, que atualmente tem produção diversificada. O faturamento com leite gira em torno de 58 mil reais por hectare ao ano. Já o café rende 22 mil reais por hectare ao ano e o milho, 8.100 reais por hectare ao ano. Leopoldo explica que o alto faturamento da pecuária se deve à sua produtividade, que, no caso da fazenda, é de 28 mil litros por hectare ao ano. “Mas a média brasileira não passa de 5 mil litros por hectare ao ano. É isso que torna a atividade difícil. Na realidade, a pessoa que fala que o leite não é um bom negócio está comparando uma produtividade muito baixa da atividade leiteira com produtividades de atividades mais tecnificadas”. Explicando o que considera fundamental no gerenciamento de fazendas leiteiras, o agrônomo cita a gestão de quatro fatores: recursos humanos, agricultura, tecnologias e finanças. Além disso, Leopoldo destaca a importância da paixão. “Quando você gosta do que faz, as dificuldades ficam mais fáceis. Quando não existe paixão, na primeira crise, a pessoa vende a fazenda ou se desfaz do rebanho”. E, com sua experiência, o agrônomo deixa um alerta. “Quem produz leite é a agricultura. Produtor de leite para ter sucesso precisa fazer uma agricultura eficiente. Para isso, é preciso cuidar do solo, ter uma produção sustentável, equilibrada”. Leite A2A2, com caseína “natural” Outro grande exemplo de trabalho em família com muito sucesso foi relatado por Taís e Diana Jank, da Fazenda Agrindus. Elas falaram sobre o trabalho com o leite A2A2, que foi identificado como uma grande oportunidade de inovação. O leite A2A2 é considerado de fácil digestão por conter apenas a proteína beta-caseína A2, a mesma encontrada no leite materno. Essa proteína é chamada de caseína “natural”, porque todas as fêmeas de espécies mamíferas, entre elas as humanas, as cabras, as búfalas, produzem apenas a beta-caseína A2. Por causa de uma mutação genética ocorrida há aproximadamente 10 mil anos, algumas vacas passaram a produzir a beta-caseína A1. Estudos demonstraram que, em muitos casos de pessoas que sentem algum desconforto após a ingestão de leite, os sintomas são causados pela digestão da beta-caseína A1. E esses sintomas podem ser confundidos com intolerância à lactose. Como o leite comercializado no mercado é proveniente de vários animais, normalmente ele possui um pouco de cada um dos dois tipos de caseína. A escolha feita pela família Jank foi investir na produção de leite apenas com a proteína A2. Para isso, fizeram testes genéticos de todas as vacas da propriedade, e o rebanho foi segregado. As vacas com genética A2A2 passaram a ter o leite ordenhado primeiro e armazenado em tanques separados. Com investimento em inseminação, desde 2018, todas as bezerras nascidas na fazenda são A2A2. Taís e Diana são filhas do produtor e empresário Roberto Jank. As duas seguiam carreiras profissionais independentes, mas identificaram no leite A2A2 um diferencial e a possibilidade de reposicionamento da marca Letti e de seus produtos no mercado. Elas contam que estão muito satisfeitas por trabalhar em família e ver o retorno do que tem sido feito. “O mais gratificante é receber depoimentos de muitas pessoas que puderam voltar a tomar leite. Pessoas que achavam que eram alérgicas ou intolerantes e o problema era a digestão da proteína A1 do leite”, conta Diana. Taís acredita que no futuro todas as vacas serão A2A2. “A tendência é de que, a partir de seleção genética, as vacas voltem ao que eram originalmente e todo leite vire A2. Acreditamos nisso porque são só benefícios”. Outro participante do seminário SiTec, o empresário Eudes Braga, contou como um sonho e persistência tornaram possível a produção de seu queijo artesanal em Carmo do Paranaíba-MG. Eudes começou a trabalhar com queijo em 2001, com compra de produtos de seu município e venda em Belo Horizonte. Ele conta que teve o desejo de produzir um queijo com qualidade e rastreabilidade para conseguir entrar em mercados exigentes. Em busca de realizar seu sonho, ele comprou bezerras e um touro para iniciar a produção própria. Em março de 2008, comprou uma pequena propriedade e procurou a Emater-MG, que ofereceu orientações e assistência técnica. Eudes conseguiu a certificação do Queijo Minas Artesanal no final de 2008. Atualmente, são 9 hectares para o rebanho na granja leiteira e uma área arrendada para produção de alimentos para o gado. Sempre investindo em tecnologia, por meio de parcerias com empresas, Eudes conseguiu resultados impressionantes. “Temos 100% do gado mapeado. Trabalhamos com os seguintes pilares: sanidade, genética, pessoas, nutrição, estrutura e conforto”, explica o empresário. Os resultados dos investimentos em genética e nutrição já podem ser medidos. Antes eram necessários 10,5 litros de leite para produzir um quilo de queijo. Hoje, com 8,1 litros de leite é feito um quilo de queijo. “Atualmente, além da produção do leite e processamento do queijo, a fazenda vende genética em forma de embrião, tourinhos e bezerras”, explica Eudes. A propriedade está no seu limite de produção, tendo atingido a meta de 10 mil litros de leite. O objetivo atual do empresário é agregar valor ao queijo produzido e à genética da fazenda. Na busca por eficiência, Eudes destaca a importância das tecnologias e da gestão financeira. “É preciso saber o quanto custa cada processo para saber comercializar”. Como não poderia deixar de ser contemplado, o tema silagem foi apresentado pelo agrônomo Silvio Regis de Oliveira, com sua experiência sobre qualidade no processo de colheita. O proprietário da empresa 2S Silagens Ltda. falou sobre oportunidades e desafios na ensilagem. A empresa presta serviços de colheita, compactação e transporte de silagem e colhe cerca de 300 mil toneladas de silagem por ano. Silvio falou sobre a importância de boa colheita e compactação para se ter fermentação de qualidade, homogênea na silagem. Ele apresentou o caso da expedição que desenvolve, chamada de Tour Primavera. “Nossa equipe vai a campo não só na época da colheita, mas um bom tempo depois, quando o material já está fermentado e em franco uso, para saber se o que fizemos no verão está atendendo os objetivos do cliente”. As visitas seguem protocolo, e são analisados fatores como temperatura, painel, contagem de grãos e matéria seca. Os dados coletados nas visitas são utilizados para treinamento dos profissionais da 2S Silagens. O empresário destacou que, para fazer um serviço de qualidade, é essencial treinar a equipe. Ele finalizou destacando uma sensação comum aos participantes do seminário SiTec: “somos pessoas que acreditamos no que fazemos”. Dia de campo Também com o tema silagem, o dia de campo transmitido no dia 7 de maio abordou muitas informações técnicas e orientações. Foram apresentadas estações sobre composição de lavoura para silagem; plantabilidade e compactação; manejo da cigarrinha Dalbulus maidis e enfezamentos na cultura do milho; Integração Lavoura-Pecuária na produção de silagem; ponto de colheita e processamento de grãos. Confira as gravações com todo o conteúdo dos seminários e dias de campo realizados durante a 13ª Semana de Integração Tecnológica. O seminário SiTec e o dia de campo Silagem de milho e sorgo tiveram organização da KWS Sementes, uma das instituições parceiras na realização da SIT. Seminário SiTec – Silagem, inovação e tecnologia: www.youtube.com/watch?v=iYoy36_mmIQ Dia de campo Silagem de milho e sorgo: www.youtube.com/watch?v=0p4itPVvBz0
O seminário SiTec – Silagem, Inovação e Tecnologia foi momento de inspiração para participantes da 13ª SIT. O evento trouxe histórias de empresários e de famílias que atuam com profissionalismo e paixão. Pessoas que, perseguindo qualidade e inovando, conseguiram posicionamento no mercado e grandes resultados.
Os relatos apresentados desmistificaram falas muito comuns no meio rural, como a de que a pecuária leiteira não é rentável.
O agrônomo Leopoldo Antônio Pereira, da Fazenda Reunidas ACP (Carmo do Rio Claro-MG), falou sobre sucessão e contou a história da propriedade da família que, em 1960, iniciou a produção de leite com 30 litros por dia e, em 2020, chegou à média diária de 50 mil litros.
“A atividade leiteira já é marginalizada por causa das dificuldades no processo de produção. É uma atividade complexa e exige um gerenciamento constante. Mas a pecuária de leite é um negócio como outro qualquer e, às vezes, até melhor”.
Demonstrando o porquê de sua afirmação, Leopoldo apresentou os números da Fazenda Reunidas, que atualmente tem produção diversificada. O faturamento com leite gira em torno de 58 mil reais por hectare ao ano. Já o café rende 22 mil reais por hectare ao ano e o milho, 8.100 reais por hectare ao ano.
Leopoldo explica que o alto faturamento da pecuária se deve à sua produtividade, que, no caso da fazenda, é de 28 mil litros por hectare ao ano. “Mas a média brasileira não passa de 5 mil litros por hectare ao ano. É isso que torna a atividade difícil. Na realidade, a pessoa que fala que o leite não é um bom negócio está comparando uma produtividade muito baixa da atividade leiteira com produtividades de atividades mais tecnificadas”.
Explicando o que considera fundamental no gerenciamento de fazendas leiteiras, o agrônomo cita a gestão de quatro fatores: recursos humanos, agricultura, tecnologias e finanças.
Além disso, Leopoldo destaca a importância da paixão. “Quando você gosta do que faz, as dificuldades ficam mais fáceis. Quando não existe paixão, na primeira crise, a pessoa vende a fazenda ou se desfaz do rebanho”.
E, com sua experiência, o agrônomo deixa um alerta. “Quem produz leite é a agricultura. Produtor de leite para ter sucesso precisa fazer uma agricultura eficiente. Para isso, é preciso cuidar do solo, ter uma produção sustentável, equilibrada”.
Leite A2A2, com caseína “natural”
Outro grande exemplo de trabalho em família com muito sucesso foi relatado por Taís e Diana Jank, da Fazenda Agrindus. Elas falaram sobre o trabalho com o leite A2A2, que foi identificado como uma grande oportunidade de inovação.
O leite A2A2 é considerado de fácil digestão por conter apenas a proteína beta-caseína A2, a mesma encontrada no leite materno. Essa proteína é chamada de caseína “natural”, porque todas as fêmeas de espécies mamíferas, entre elas as humanas, as cabras, as búfalas, produzem apenas a beta-caseína A2. Por causa de uma mutação genética ocorrida há aproximadamente 10 mil anos, algumas vacas passaram a produzir a beta-caseína A1. Estudos demonstraram que, em muitos casos de pessoas que sentem algum desconforto após a ingestão de leite, os sintomas são causados pela digestão da beta-caseína A1. E esses sintomas podem ser confundidos com intolerância à lactose.
Como o leite comercializado no mercado é proveniente de vários animais, normalmente ele possui um pouco de cada um dos dois tipos de caseína.
A escolha feita pela família Jank foi investir na produção de leite apenas com a proteína A2. Para isso, fizeram testes genéticos de todas as vacas da propriedade, e o rebanho foi segregado.
As vacas com genética A2A2 passaram a ter o leite ordenhado primeiro e armazenado em tanques separados. Com investimento em inseminação, desde 2018, todas as bezerras nascidas na fazenda são A2A2.
Taís e Diana são filhas do produtor e empresário Roberto Jank. As duas seguiam carreiras profissionais independentes, mas identificaram no leite A2A2 um diferencial e a possibilidade de reposicionamento da marca Letti e de seus produtos no mercado.
Elas contam que estão muito satisfeitas por trabalhar em família e ver o retorno do que tem sido feito. “O mais gratificante é receber depoimentos de muitas pessoas que puderam voltar a tomar leite. Pessoas que achavam que eram alérgicas ou intolerantes e o problema era a digestão da proteína A1 do leite”, conta Diana.
Taís acredita que no futuro todas as vacas serão A2A2. “A tendência é de que, a partir de seleção genética, as vacas voltem ao que eram originalmente e todo leite vire A2. Acreditamos nisso porque são só benefícios”.
Outro participante do seminário SiTec, o empresário Eudes Braga, contou como um sonho e persistência tornaram possível a produção de seu queijo artesanal em Carmo do Paranaíba-MG.
Eudes começou a trabalhar com queijo em 2001, com compra de produtos de seu município e venda em Belo Horizonte. Ele conta que teve o desejo de produzir um queijo com qualidade e rastreabilidade para conseguir entrar em mercados exigentes.
Em busca de realizar seu sonho, ele comprou bezerras e um touro para iniciar a produção própria. Em março de 2008, comprou uma pequena propriedade e procurou a Emater-MG, que ofereceu orientações e assistência técnica. Eudes conseguiu a certificação do Queijo Minas Artesanal no final de 2008.
Atualmente, são 9 hectares para o rebanho na granja leiteira e uma área arrendada para produção de alimentos para o gado. Sempre investindo em tecnologia, por meio de parcerias com empresas, Eudes conseguiu resultados impressionantes.
“Temos 100% do gado mapeado. Trabalhamos com os seguintes pilares: sanidade, genética, pessoas, nutrição, estrutura e conforto”, explica o empresário.
Os resultados dos investimentos em genética e nutrição já podem ser medidos. Antes eram necessários 10,5 litros de leite para produzir um quilo de queijo. Hoje, com 8,1 litros de leite é feito um quilo de queijo.
“Atualmente, além da produção do leite e processamento do queijo, a fazenda vende genética em forma de embrião, tourinhos e bezerras”, explica Eudes. A propriedade está no seu limite de produção, tendo atingido a meta de 10 mil litros de leite. O objetivo atual do empresário é agregar valor ao queijo produzido e à genética da fazenda.
Na busca por eficiência, Eudes destaca a importância das tecnologias e da gestão financeira. “É preciso saber o quanto custa cada processo para saber comercializar”.
Como não poderia deixar de ser contemplado, o tema silagem foi apresentado pelo agrônomo Silvio Regis de Oliveira, com sua experiência sobre qualidade no processo de colheita. O proprietário da empresa 2S Silagens Ltda. falou sobre oportunidades e desafios na ensilagem. A empresa presta serviços de colheita, compactação e transporte de silagem e colhe cerca de 300 mil toneladas de silagem por ano.
Silvio falou sobre a importância de boa colheita e compactação para se ter fermentação de qualidade, homogênea na silagem. Ele apresentou o caso da expedição que desenvolve, chamada de Tour Primavera. “Nossa equipe vai a campo não só na época da colheita, mas um bom tempo depois, quando o material já está fermentado e em franco uso, para saber se o que fizemos no verão está atendendo os objetivos do cliente”.
As visitas seguem protocolo, e são analisados fatores como temperatura, painel, contagem de grãos e matéria seca. Os dados coletados nas visitas são utilizados para treinamento dos profissionais da 2S Silagens. O empresário destacou que, para fazer um serviço de qualidade, é essencial treinar a equipe. Ele finalizou destacando uma sensação comum aos participantes do seminário SiTec: “somos pessoas que acreditamos no que fazemos”.
Dia de campo
Também com o tema silagem, o dia de campo transmitido no dia 7 de maio abordou muitas informações técnicas e orientações.
Foram apresentadas estações sobre composição de lavoura para silagem; plantabilidade e compactação; manejo da cigarrinha Dalbulus maidis e enfezamentos na cultura do milho; Integração Lavoura-Pecuária na produção de silagem; ponto de colheita e processamento de grãos.
Confira as gravações com todo o conteúdo dos seminários e dias de campo realizados durante a 13ª Semana de Integração Tecnológica. O seminário SiTec e o dia de campo Silagem de milho e sorgo tiveram organização da KWS Sementes, uma das instituições parceiras na realização da SIT.
Seminário SiTec – Silagem, inovação e tecnologia: www.youtube.com/watch?v=iYoy36_mmIQ
Dia de campo Silagem de milho e sorgo: www.youtube.com/watch?v=0p4itPVvBz0