A apresentação do Programa Soja Baixo Carbono (SBC), realizada no dia 16 de abril, destacou as etapas de construção desta iniciativa que objetiva agregar valor à soja produzida em sistemas que sejam competitivos e que contribuam para combater o aquecimento global. De acordo com o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, o conceito tem foco na mensuração dos benefícios e na certificação das práticas de produção que comprovadamente tenham baixa emissão de gases de efeito estufa (GEEs). A proposta é criar uma metodologia brasileira, baseada em protocolos científicos validados internacionalmente, dentro de dois anos. Para tanto, serão criados critérios objetivamente mensuráveis, reportáveis e verificáveis. “O Programa disponibilizará parâmetros científicos para que o sojicultor brasileiro tenha como certificar que a soja foi produzida com baixa intensidade de emissão de carbono e, assim, agregar valor ao produto nacional”, destaca Nepomuceno.
A SBC permitirá a identificação da soja produzida sob um conjunto de práticas culturais e de tecnologias, que tornem o processo mais eficiente – por unidade de carbono mineralizável (C-CO2) equivalente emitida – em relação ao que existe disponível no mercado global. “É importante ressaltar que a SBC buscará fomentar a redução das emissões de GEEs sem deixar em segundo plano o aumento de produtividade, necessário para atender à crescente demanda mundial pelo grão”, ressaltou o chefe da Embrapa Soja.
Metodologia participativa – Apesar da Embrapa Soja estar coordenando o processo, a construção da metodologia do Programa SBC será participativa, envolvendo os diversos atores participantes da cadeia produtiva da soja. Desta forma, a definição dos princípios, diretrizes, critérios, práticas agrícolas e indicadores a serem seguidos para produção da SBC será conduzida, sob a coordenação de um comitê gestor, e seguirá padrões internacionais de preparação de normas. “A construção metodológica do Programa SBC envolverá o levantamento, análise e compilação de dados científicos disponíveis na literatura, com a posterior discussão e validação públicas”, comenta Nepomuceno.
Depois dessa etapa, Nepomuceno explica que serão desenvolvidos os protocolos de certificação por meio de parcerias com órgãos certificadores internacionalmente reconhecidos. O objetivo é que a SBC ateste a sustentabilidade da soja brasileira, tornando tangíveis aspectos qualitativos e quantitativos do produto obtido pelo uso de práticas agrícolas e tecnologias que reduzam a intensidade de emissão de GEEs. A certificação da soja brasileira será voluntária, privada e de empresas especializadas (empresas de 3ª parte). “A validação da metodologia criada será conduzida nas diferentes macrorregiões produtoras de soja para que se consiga feedback com quem está na ponta da cadeia produtiva”, explica o chefe da Embrapa Soja.
Práticas agrícolas sustentáveis – Outro ponto relevante da proposta é que a definição das tecnologias a serem contempladas na SBC será realizada, a partir de resultados de pesquisas compilados de literatura científica internacional, mediante discussão e validação públicas. “Ao conduzir um projeto de prospecção de demandas para a produção de soja no Brasil, a Embrapa Soja identificou práticas que reduzem a intensidade de emissão de GEEs. A ideia é que a SBC valorize as boas práticas de produção”, diz Nepomuceno.
Entre as práticas sustentáveis estão: 1) manejo do solo em sistema plantio direto (eliminação de operações de preparo do solo e utilização de plantas de cobertura no outono-inverno); 2) uso de fixação biológica do nitrogênio (uso de inoculante promotor de crescimento e supressão total do uso de nitrogênio na soja); 3) adoção dos conceitos de manejo integrado de pragas (MIP), doenças (MID) e plantas daninhas (MIPD) e 4) Integração Lavoura Pecuária Floresta. “Nossa ideia com o SBC é mensurar as boas práticas agrícolas e valorizar o produtor que adote práticas sustentáveis de produção de soja”, conclui Nepomuceno.