No dia 13 de abril, durante encontro virtual do Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento do Polo Turístico do Circuito das Frutas, os pesquisadores Ivan Alvarez (Embrapa Territorial) e Fagoni Calegario (Embrapa Meio Ambiente) apresentaram dados que mostram um retrato sobre a participação, o envolvimento e a sensação de pertencimento do jovem rural da região às propriedades agrícolas de suas famílias. Os resultados são provenientes dos fóruns promovidos em 2017 e 2018 e de pesquisa participativa feita ao longo do projeto GPAF e podem ser lidos na publicação técnica que assinam conjuntamente com outros autores. Leia-a aqui. Como mostraram os pesquisadores, o êxodo dos jovens para as cidades se verifica há alguns anos. Durante a primeira década deste século, houve uma redução de 25% do total de jovens rurais no Circuito das Frutas. O número supera o valor nacional para o mesmo período, apontado em 9,3%. Para Ivan Alvarez, esse resultado sugere a pressão do meio urbano sobre as propriedades agrícolas da região, por meio de uma competição agressiva. De modo geral, como observa Ivan, a escolaridade e a renda dessas famílias são baixas. Isso pode influenciar na vontade do jovem de sair do campo. Ainda assim, cerca de 61% dos participantes relataram o interesse dos descendentes em dar continuidade à produção nas propriedades familiares. “Isso é um fator importante para dar condições para que ocorra essa fixação do jovem no meio rural”, ressalta Ivan. No âmbito da sucessão familiar, os estudos mostraram que 41% das propriedades rurais da região são conduzidas pela mesma família há três gerações; 40% há duas gerações e 10% há quatro gerações. A interação entre diferentes gerações pode provocar conflitos, como apontado nos estudos. “Algumas vezes havia a dificuldade dos pais aceitarem tecnologias novas, ou dos filhos respeitarem o conhecimento dos genitores”, disse Ivan. Outro assunto levantado refere-se ao contato com a tecnologia e com meios de acesso à distância. Cerca de 13% dos jovens relataram não possuir acesso à internet. Os demais o fazem pelo computador (36%), notebook (20%) ou smartphone (35,5%). Ivan lembra que a nova geração pode trazer informações importantes para a gestão da propriedade familiar. “Por terem afinidade com a tecnologia, eles enxergam novos mercados, e entendem a demanda do consumidor por terem saído da propriedade e estarem em mais contato com o meio urbano que os seus genitores”, observa. Quanto à comercialização dos produtos, a Ceagesp é o principal parceiro para 21% dos participantes. Outros parceiros lembrados foram supermercados e mercados da região (16%), o Mercado Municipal de São Paulo (15%), Ceasa Campinas (13%), ambulantes e atravessadores (11%) dentre outros. Ainda dentro das características destas propriedades, a pesquisa levantou que cerca de 30% dos agricultores estão vinculados a alguma forma de associativismo; cerca de 40% promovem alguma atividade com vistas a agregar valor aos produtos e 19% afirmaram utilizar as dependências da propriedade para atividades de turismo rural. Neorrurais Os estudos também observaram que alguns jovens – que não estavam incluídos no contexto agrícola – migraram para o campo por terem enxergado oportunidades de negócios. São os neorrurais. Segundo Ivan, a pandemia da Covid-19 acelerou esse movimento, em especial, pelas vendas delivery. Esses jovens valem-se da sua afinidade com a tecnologia e da malha logística do Circuito das Frutas para comercializarem os produtos agrícolas. Outro componente deste grupo correspondem àqueles que optaram pelo ambiente rural como meio para levar uma vida mais tranquila e saudável. Circuito das Frutas O Circuito das Frutas é formado pelos municípios paulistas de Atibaia, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Morungaba, Valinhos e Vinhedo. Destacam-se, na região, a cultura da uva, morango, pêssego, goiaba, ameixa, caqui, acerola e figo. Os produtores da região comercializam seus produtos para centrais de abastecimento, mercados municipais e redes de supermercados locais, dentre outros parceiros.
No dia 13 de abril, durante encontro virtual do Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento do Polo Turístico do Circuito das Frutas, os pesquisadores Ivan Alvarez (Embrapa Territorial) e Fagoni Calegario (Embrapa Meio Ambiente) apresentaram dados que mostram um retrato sobre a participação, o envolvimento e a sensação de pertencimento do jovem rural da região às propriedades agrícolas de suas famílias. Os resultados são provenientes dos fóruns promovidos em 2017 e 2018 e de pesquisa participativa feita ao longo do projeto GPAF e podem ser lidos na publicação técnica que assinam conjuntamente com outros autores. Leia-a aqui.
Como mostraram os pesquisadores, o êxodo dos jovens para as cidades se verifica há alguns anos. Durante a primeira década deste século, houve uma redução de 25% do total de jovens rurais no Circuito das Frutas. O número supera o valor nacional para o mesmo período, apontado em 9,3%. Para Ivan Alvarez, esse resultado sugere a pressão do meio urbano sobre as propriedades agrícolas da região, por meio de uma competição agressiva.
De modo geral, como observa Ivan, a escolaridade e a renda dessas famílias são baixas. Isso pode influenciar na vontade do jovem de sair do campo. Ainda assim, cerca de 61% dos participantes relataram o interesse dos descendentes em dar continuidade à produção nas propriedades familiares. “Isso é um fator importante para dar condições para que ocorra essa fixação do jovem no meio rural”, ressalta Ivan.
No âmbito da sucessão familiar, os estudos mostraram que 41% das propriedades rurais da região são conduzidas pela mesma família há três gerações; 40% há duas gerações e 10% há quatro gerações. A interação entre diferentes gerações pode provocar conflitos, como apontado nos estudos. “Algumas vezes havia a dificuldade dos pais aceitarem tecnologias novas, ou dos filhos respeitarem o conhecimento dos genitores”, disse Ivan.
Outro assunto levantado refere-se ao contato com a tecnologia e com meios de acesso à distância. Cerca de 13% dos jovens relataram não possuir acesso à internet. Os demais o fazem pelo computador (36%), notebook (20%) ou smartphone (35,5%). Ivan lembra que a nova geração pode trazer informações importantes para a gestão da propriedade familiar. “Por terem afinidade com a tecnologia, eles enxergam novos mercados, e entendem a demanda do consumidor por terem saído da propriedade e estarem em mais contato com o meio urbano que os seus genitores”, observa.
Quanto à comercialização dos produtos, a Ceagesp é o principal parceiro para 21% dos participantes. Outros parceiros lembrados foram supermercados e mercados da região (16%), o Mercado Municipal de São Paulo (15%), Ceasa Campinas (13%), ambulantes e atravessadores (11%) dentre outros.
Ainda dentro das características destas propriedades, a pesquisa levantou que cerca de 30% dos agricultores estão vinculados a alguma forma de associativismo; cerca de 40% promovem alguma atividade com vistas a agregar valor aos produtos e 19% afirmaram utilizar as dependências da propriedade para atividades de turismo rural.
Neorrurais
Os estudos também observaram que alguns jovens – que não estavam incluídos no contexto agrícola – migraram para o campo por terem enxergado oportunidades de negócios. São os neorrurais. Segundo Ivan, a pandemia da Covid-19 acelerou esse movimento, em especial, pelas vendas delivery. Esses jovens valem-se da sua afinidade com a tecnologia e da malha logística do Circuito das Frutas para comercializarem os produtos agrícolas. Outro componente deste grupo correspondem àqueles que optaram pelo ambiente rural como meio para levar uma vida mais tranquila e saudável.
Circuito das Frutas
O Circuito das Frutas é formado pelos municípios paulistas de Atibaia, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Morungaba, Valinhos e Vinhedo. Destacam-se, na região, a cultura da uva, morango, pêssego, goiaba, ameixa, caqui, acerola e figo. Os produtores da região comercializam seus produtos para centrais de abastecimento, mercados municipais e redes de supermercados locais, dentre outros parceiros.