As uvas são presença certa nas festas de final de ano. E uma pequena notável tem tomado conta das gôndolas dos supermercados no Brasil e no exterior: a BRS Vitória. Em menos de sete anos, a BRS Vitória, cultivar de uva de mesa preta, sem sementes e com sabor aframboesado lançada pelo Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil, da Embrapa Uva e Vinho, vem atraindo a atenção de brasileiros e estrangeiros e quebrando muitos paradigmas. Segundo estimativas do setor produtivo, ela já ocupa 15% da área de cultivo de uvas do Vale do São Francisco, ou seja, cerca de 1.400 mil hectares onde são produzidos mais de 65.000 toneladas, ao longo de todo ano, da cultivar brasileira! A produção abastece e tem lugar diferenciado nas gôndolas nacionais e internacionais, especialmente a Europa, que nessa época costumava consumir uvas exclusivamente vindas da Itália, Espanha e Grécia, pelo preço mais acessível. Além de ser uma opção interessante para grandes empresários, por possibilitar o escalonamento da colheita, ela viabilizou a produção dos pequenos produtores, que até então enfrentavam grandes dificuldades relacionadas ao pagamento de royalties das cultivares estrangeiras protegidas, principalmente dos Estados Unidos. O que a BRS Vitória tem? Pelo seu reduzido tamanho de cacho e grão pequeno, logo que ela chegou não atraiu a atenção dos produtores, mas já no primeiro dia de campo quando foi apresentada para degustação aos representantes das principais redes de supermercados do Brasil e de importadoras despertou grande interesse cujo destaque foi o sabor especial da uva bem distinta do sabor das cultivares tradicionais (Thompson Seedless, Crimson Seedless, e Superior Seedless). O interesse foi tanto que as perguntas dominantes no dia eram: aonde plantam, quem vendem, etc. Mas, bastaram as primeiras provas para conquistar um espaço único e atualizar aquilo que se tinha como padrão. Alguns defendem que ela é do tamanho ideal para atender as pessoas que moram sozinhas, casais ou famílias com poucos filhos. Seu sabor aframboesado e exótico, como a própria Carmem Miranda,às vezes lembra suco de uva e tem uma procura crescente nos diferentes pontos de venda. Desenvolvida para regiões tropicais, a cultivar chamou a atenção dos produtores de outras regiões e fez com que a Embrapa ajustasse seu manejo, tornando possível a produção em regiões de clima temperado (Região Sul) e subtropical (Norte do Paraná e São Paulo). Nestas regiões, o cultivo da ‘BRS Vitória’ encontra-se em expansão, principalmente em pequenas propriedades de base familiar, onde muitas famílias vendem as uvas para varejistas ou diretamente para o consumidor final, nas propriedades, associada ao turismo rural e enoturismo. Por ser tolerante ao míldio (principal doença fúngica da videira), a ‘BRS Vitória’ demanda um número menor de tratamentos fitossanitários e de reguladores de crescimento durante o ciclo vegetativo da planta, possibilitando economia e trazendo benefícios para a saúde dos agricultores e trabalhadores, para o meio ambiente e para os consumidores, que têm acesso a uma fruta mais saudável. Os preços médios da BRS Vitória, pagos ao produtor, giram em torno de R$ 6,50 para exportação e R$ 5,00 no mercado interno, um pouco superiores aos das principais concorrentes. Alguns produtores que vendem diretamente no varejo conseguem alcançar até R$ 10,00. Disseram que eu voltei americanizada Na dimensão do mercado, o sucesso da ‘BRS Vitória’ contribuiu positivamente na balança comercial brasileira, pois viabilizou as exportações de uvas o ano inteiro, o que antes só acontecia nas janelas de mercado (abril e outubro/novembro). Isso só foi possível pela tolerância da BRS Vitória às chuvas, que mesmo durante a maturação, não prejudicam a qualidade da fruta com rachaduras, como acontece com outras cultivares tradicionais. A produção e exportação ininterrupta é uma realidade no Vale do Submédio São Francisco, no Nordeste brasileiro, principal polo exportador de frutas do país onde são produzidas 95% das uvas de mesa exportadas pelo Brasil. Dentro deste contexto, a ‘BRS Vitória’ conquistou um espaço inédito: hoje é responsável por mais de 15% da produção de uvas sem sementes na região, dentro de uma área total de aproximadamente dez mil hectares. Parte significativa desta produção é exportada para os Estados Unidos, Canadá, Emirados Árabes e Europa. Esse é um fato de grande importância para o segmento de exportação de uvas de mesa: as altas produtividades, que alcançam 65 toneladas/hectare/ano, (dobro da média nacional) asseguram a melhor distribuição da mão de obra e recursos traduzidos em grandes benefícios econômicos e sociais. Além da BRS Vitória, também fazem sucesso no Semiárido outras cultivares de uva da Embrapa: a BRS Isis, sem sementes e de cor avermelhada, que já conta com uma área de 400 ha, e a BRS Núbia, uva preta com sementes e que atrai pelo tamanho exuberante das suas bagas, produzida em mais de 250 ha. A Embrapa Uva e Vinho, atenta ao mercado e às conquistas já alcançadas, continua testando novas seleções avançadas de uvas sem sementes, com sabores especiais que são futuras apostas para a agricultura brasileira. Programa de Melhoramento Uvas do Brasil Desde 1977, dando sequência às primeiras iniciativas da antiga Estação Experimental de Caxias do Sul, a Embrapa Uva e Vinho vem conduzindo o Programa de Melhoramento Genético ‘Uvas do Brasil’, voltado para a obtenção de cultivares para mesa, suco e vinho, especialmente adaptadas às diferentes condições edafoclimáticas brasileiras. Já foram lançadas 21 cultivares que têm como características uma elevada produtividade, diferentes ciclos de produção e alta resistência às doenças que atacam a cultura da videira, como o míldio e o oídio. O germoplasma básico utilizado nos cruzamentos é obtido a partir dos materiais disponíveis no Banco Ativo de Germoplasma – Uva, mantido pela Embrapa Uva e Vinho. Com 1400 acessos, é o maior acervo de germoplasma de videira de toda a América Latina. A coleção tem exemplares de Vitis vinifera, Vitis labrusca e espécies tropicais selvagens como V. caribaea, V. gigas, V.smalliana e V. schuttleworthii. Híbridos interespecíficos complexos criados na Europa após a disseminação de filoxera, como ‘Seibel’ e ‘SeyveVillard’, resultados de cruzamentos entre V. vinifera e várias espécies americanas como V. rupestris, V. riparia, V. aestivalis, V. cinerea, V. berlandieri,V. bourquina e V. labrusca também fazem parte do Banco e são usados pelo Programa, principalmente como fonte de resistência às principais pragas e doenças. Atualmente, o Programa de Melhoramento ‘Uvas do Brasil’ utiliza métodos clássicos de melhoramento, como seleção massal, seleção clonal e hibridações. Ações de ajuste de manejo de seleções avançadas vêm sendo desenvolvidas paralelamente ao Programa de Melhoramento, no sentido de viabilização destes materiais. Ferramentas de Biologia Avançada como micropropagação, resgate de embriões para viabilização de sementes em cruzamentos de uvas apirênicas e uso de marcadores moleculares que permitam a seleção precoce estão sendo incorporados ao Programa. Também já se faz uso rotineiro do desenvolvimento de perfis genéticos visando a proteção das novas cultivares. Ao logo dos seus 40 anos, uma grande equipe técnica trabalhou para executar projetos de pesquisa para atender as necessidades e as demandas de diferentes atores da vitivinicultura nacional, incluindo produtores de uvas de mesa para exportação do semiárido nordestino, viticultores interessados em produzir sucos em regiões tropicais ou pequenos produtores familiares da tradicional região da Serra Gaúcha, interessados em melhorar a qualidade do vinho artesanal que produzem. Saiba mais em: https://www.embrapa.br/en/uva-e-vinho/programa-uvas-do-brasil
As uvas são presença certa nas festas de final de ano. E uma pequena notável tem tomado conta das gôndolas dos supermercados no Brasil e no exterior: a BRS Vitória.
Em menos de sete anos, a BRS Vitória, cultivar de uva de mesa preta, sem sementes e com sabor aframboesado lançada pelo Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil, da Embrapa Uva e Vinho, vem atraindo a atenção de brasileiros e estrangeiros e quebrando muitos paradigmas. Segundo estimativas do setor produtivo, ela já ocupa 15% da área de cultivo de uvas do Vale do São Francisco, ou seja, cerca de 1.400 mil hectares onde são produzidos mais de 65.000 toneladas, ao longo de todo ano, da cultivar brasileira!
A produção abastece e tem lugar diferenciado nas gôndolas nacionais e internacionais, especialmente a Europa, que nessa época costumava consumir uvas exclusivamente vindas da Itália, Espanha e Grécia, pelo preço mais acessível. Além de ser uma opção interessante para grandes empresários, por possibilitar o escalonamento da colheita, ela viabilizou a produção dos pequenos produtores, que até então enfrentavam grandes dificuldades relacionadas ao pagamento de royalties das cultivares estrangeiras protegidas, principalmente dos Estados Unidos.
O que a BRS Vitória tem?
Pelo seu reduzido tamanho de cacho e grão pequeno, logo que ela chegou não atraiu a atenção dos produtores, mas já no primeiro dia de campo quando foi apresentada para degustação aos representantes das principais redes de supermercados do Brasil e de importadoras despertou grande interesse cujo destaque foi o sabor especial da uva bem distinta do sabor das cultivares tradicionais (Thompson Seedless, Crimson Seedless, e Superior Seedless). O interesse foi tanto que as perguntas dominantes no dia eram: aonde plantam, quem vendem, etc. Mas, bastaram as primeiras provas para conquistar um espaço único e atualizar aquilo que se tinha como padrão. Alguns defendem que ela é do tamanho ideal para atender as pessoas que moram sozinhas, casais ou famílias com poucos filhos. Seu sabor aframboesado e exótico, como a própria Carmem Miranda,às vezes lembra suco de uva e tem uma procura crescente nos diferentes pontos de venda.
Desenvolvida para regiões tropicais, a cultivar chamou a atenção dos produtores de outras regiões e fez com que a Embrapa ajustasse seu manejo, tornando possível a produção em regiões de clima temperado (Região Sul) e subtropical (Norte do Paraná e São Paulo). Nestas regiões, o cultivo da ‘BRS Vitória’ encontra-se em expansão, principalmente em pequenas propriedades de base familiar, onde muitas famílias vendem as uvas para varejistas ou diretamente para o consumidor final, nas propriedades, associada ao turismo rural e enoturismo.
Por ser tolerante ao míldio (principal doença fúngica da videira), a ‘BRS Vitória’ demanda um número menor de tratamentos fitossanitários e de reguladores de crescimento durante o ciclo vegetativo da planta, possibilitando economia e trazendo benefícios para a saúde dos agricultores e trabalhadores, para o meio ambiente e para os consumidores, que têm acesso a uma fruta mais saudável.
Os preços médios da BRS Vitória, pagos ao produtor, giram em torno de R$ 6,50 para exportação e R$ 5,00 no mercado interno, um pouco superiores aos das principais concorrentes. Alguns produtores que vendem diretamente no varejo conseguem alcançar até R$ 10,00.
Disseram que eu voltei americanizada
Na dimensão do mercado, o sucesso da ‘BRS Vitória’ contribuiu positivamente na balança comercial brasileira, pois viabilizou as exportações de uvas o ano inteiro, o que antes só acontecia nas janelas de mercado (abril e outubro/novembro). Isso só foi possível pela tolerância da BRS Vitória às chuvas, que mesmo durante a maturação, não prejudicam a qualidade da fruta com rachaduras, como acontece com outras cultivares tradicionais.
A produção e exportação ininterrupta é uma realidade no Vale do Submédio São Francisco, no Nordeste brasileiro, principal polo exportador de frutas do país onde são produzidas 95% das uvas de mesa exportadas pelo Brasil. Dentro deste contexto, a ‘BRS Vitória‘ conquistou um espaço inédito: hoje é responsável por mais de 15% da produção de uvas sem sementes na região, dentro de uma área total de aproximadamente dez mil hectares. Parte significativa desta produção é exportada para os Estados Unidos, Canadá, Emirados Árabes e Europa. Esse é um fato de grande importância para o segmento de exportação de uvas de mesa: as altas produtividades, que alcançam 65 toneladas/hectare/ano, (dobro da média nacional) asseguram a melhor distribuição da mão de obra e recursos traduzidos em grandes benefícios econômicos e sociais.
Além da BRS Vitória, também fazem sucesso no Semiárido outras cultivares de uva da Embrapa: a BRS Isis, sem sementes e de cor avermelhada, que já conta com uma área de 400 ha, e a BRS Núbia, uva preta com sementes e que atrai pelo tamanho exuberante das suas bagas, produzida em mais de 250 ha.
A Embrapa Uva e Vinho, atenta ao mercado e às conquistas já alcançadas, continua testando novas seleções avançadas de uvas sem sementes, com sabores especiais que são futuras apostas para a agricultura brasileira.
Programa de Melhoramento Uvas do Brasil
Desde 1977, dando sequência às primeiras iniciativas da antiga Estação Experimental de Caxias do Sul, a Embrapa Uva e Vinho vem conduzindo o Programa de Melhoramento Genético ‘Uvas do Brasil’, voltado para a obtenção de cultivares para mesa, suco e vinho, especialmente adaptadas às diferentes condições edafoclimáticas brasileiras. Já foram lançadas 21 cultivares que têm como características uma elevada produtividade, diferentes ciclos de produção e alta resistência às doenças que atacam a cultura da videira, como o míldio e o oídio.
O germoplasma básico utilizado nos cruzamentos é obtido a partir dos materiais disponíveis no Banco Ativo de Germoplasma – Uva, mantido pela Embrapa Uva e Vinho. Com 1400 acessos, é o maior acervo de germoplasma de videira de toda a América Latina. A coleção tem exemplares de Vitis vinifera, Vitis labrusca e espécies tropicais selvagens como V. caribaea, V. gigas, V.smalliana e V. schuttleworthii. Híbridos interespecíficos complexos criados na Europa após a disseminação de filoxera, como ‘Seibel’ e ‘SeyveVillard’, resultados de cruzamentos entre V. vinifera e várias espécies americanas como V. rupestris, V. riparia, V. aestivalis, V. cinerea, V. berlandieri,V. bourquina e V. labrusca também fazem parte do Banco e são usados pelo Programa, principalmente como fonte de resistência às principais pragas e doenças.
Atualmente, o Programa de Melhoramento ‘Uvas do Brasil’ utiliza métodos clássicos de melhoramento, como seleção massal, seleção clonal e hibridações. Ações de ajuste de manejo de seleções avançadas vêm sendo desenvolvidas paralelamente ao Programa de Melhoramento, no sentido de viabilização destes materiais.
Ferramentas de Biologia Avançada como micropropagação, resgate de embriões para viabilização de sementes em cruzamentos de uvas apirênicas e uso de marcadores moleculares que permitam a seleção precoce estão sendo incorporados ao Programa. Também já se faz uso rotineiro do desenvolvimento de perfis genéticos visando a proteção das novas cultivares.
Ao logo dos seus 40 anos, uma grande equipe técnica trabalhou para executar projetos de pesquisa para atender as necessidades e as demandas de diferentes atores da vitivinicultura nacional, incluindo produtores de uvas de mesa para exportação do semiárido nordestino, viticultores interessados em produzir sucos em regiões tropicais ou pequenos produtores familiares da tradicional região da Serra Gaúcha, interessados em melhorar a qualidade do vinho artesanal que produzem.
Saiba mais em: https://www.embrapa.br/en/uva-e-vinho/programa-uvas-do-brasil
Rodrigo Monteiro e Viviane Zanella (144004Mtb)
Embrapa Uva e Vinho
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