Na última sexta-feira, 8 de junho, aconteceu dia de campo em Divinópolis do Tocantins, na região Centro-Oeste do estado, sobre a cultura agrícola da mandioca. Cerca de 70 pessoas, incluindo produtores rurais, técnicos e estudantes, estiveram na propriedade rural de Paulo César Pereira da Silva, que participa do projeto Reniva no Tocantins. O evento mostrou como está a Unidade de Referência Tecnológica (URT) da Fazenda Olho D’água. URT é uma área reservada nas propriedades considerada modelo para que outros produtores possam se espelhar e também implantar tecnologias visando a melhorias na produção e na produtividade.
Esse projeto trabalha por meio de uma rede formada por várias instituições com o objetivo de multiplicar e transferir as chamadas manivas-semente de mandioca que apresentem, essencialmente, duas qualidades. A primeira é a genética, ou seja, variedades com bom potencial produtivo, o que colabora diretamente para aumento da produção e da produtividade da mandioca. A segunda é a qualidade fitossanitária, fazendo com que as variedades tenham também resistência a doenças que atacam a cultura.
É a primeira safra em que Paulo César participa do Reniva. Ele reservou uma área de 2,6 hectares e, mesmo ainda não tendo os números comparativos finais, acredita que haverá grande aumento na produção média – crescimento de quatro a quatro vezes e meia. Segundo o produtor, mudou muito a forma como a lavoura era conduzida antes e a maneira como vem sendo feito agora: “mudou bastante. Porque antes nós plantávamos muito e produzíamos pouco. Agora, nós plantamos pouco e produzimos muito”.
Em suas próprias palavras, Paulo César diz que buscou “trabalhar mais com a cabeça e trabalhar menos com os braços”, referindo-se à lida na lavoura de mandioca. E elogia o trabalho do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins). “Nós buscamos o Ruraltins, fomos lá, eles receberam nós muito bem. Nós viemos aqui na fazenda e começamos a fazer os planos, fazer as coisas certas”, explica, referindo-se a melhoria no jeito de cultivar mandioca na propriedade. Para o futuro próximo, o produtor pretende melhorar a casa de farinha que possui na Olho D’água e buscar um selo de qualidade para certificar sua produção.
Pequenos ajustes, grandes ganhos – O extensionista do Ruraltins Vinicius Azevedo é responsável pelo acompanhamento da propriedade onde houve o dia de campo. Ele explica o trabalho: “aqui, o que a gente fez foi: melhorou a gestão, melhorou o planejamento e consequentemente a gente começou a fazer ajustes finos no que eles já faziam. Se eles adubavam, a gente fez análise de solo; e a partir daí a gente fez uma recomendação mais acertada pro que ele precisava, da necessidade dele”. Ou seja, foi através de ajustes em cima da maneira como já era conduzida a cultura da mandioca que obtiveram-se ganhos na propriedade.
Sobre o Reniva, Vinicius entende que o projeto veio para fomentar o conhecimento. “A gente tem muita dúvida. É uma cultura que foi muito tempo marginalizada. Agora que ela vem ganhando os holofotes. O Reniva vem divulgar, vem ajudar a transmitir, vem repassar conhecimentos que a gente não tem ainda. Eu acho que essa é a principal, pra mim, pros produtores, pros técnicos, função do projeto”, afirma.
Vinicius conta que o Ruraltins criou uma feira na cidade às quartas. Agora, são duas por semana; a outra acontece aos domingos. Nessa criada pelo Ruraltins, estão cadastrados, de acordo com o extensionista, cerca de 45 produtores. Sobre o mercado local, ele acredita que absorve a produção; na verdade, é preciso aumentar mais ainda a produção, na visão do extensionista. Segundo ele, toda a produção de arroz, mandioca e milho que sai da URT é comercializada na nova feira.
Importância da gestão – Gustavo Campos é pesquisador da Embrapa e coordena o projeto Reniva no Tocantins. Ele foi um dos palestrantes do dia de campo, junto com Domício Rodrigues, do Ruraltins. Para Gustavo, é importante a transferência de tecnologias na cultura da mandioca. No entanto, ele chama a atenção para outro aspecto: a gestão. “Pro produtor perceber isso (ganhos com a adoção de tecnologias) de fato, ele tem que fazer conta. Quando ele faz a conta e enxerga que, em vez de ter 10.000 plantas por hectare ele tem apenas 6.000; hora que ele enxerga que, se tivesse 10.000 plantas produzindo 3 kg ele teria os 30.000 kg portanto, as 30 toneladas de produtividade nesse um hectare. Então, hora que faz essas contas, ele mesmo percebe que é melhor cuidar melhor de uma área com um hectare em vez de trabalhar com dois hectares, por exemplo; mas ter esse um hectare de fato, pelo menos 10.000 plantas, 12.000 plantas”, explica.
O dia de campo serviu para despertar pelo menos um novo possível produtor participante do Reniva. É Salviano Ribeiro, que tem propriedade em Pium, também no Centro-Oeste tocantinense, e está interessado em plantar mandioca. Hoje, ele tem 2,5 hectares de milho verde; mas tem área e intenção de implantar novas culturas agrícolas. Da mandioca, pretende produzir tanto a de mesa, como para farinha. Mais um produtor que pode se juntar a uma extensa rede que está formada no Tocantins e vem ajudando a profissionalizar a produção de mandioca no estado, hoje apenas o 16º maior produtor do país, com quase 350.000 toneladas na safra 2018, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na última sexta-feira, 8 de junho, aconteceu dia de campo em Divinópolis do Tocantins, na região Centro-Oeste do estado, sobre a cultura agrícola da mandioca. Cerca de 70 pessoas, incluindo produtores rurais, técnicos e estudantes, estiveram na propriedade rural de Paulo César Pereira da Silva, que participa do projeto Reniva no Tocantins. O evento mostrou como está a Unidade de Referência Tecnológica (URT) da Fazenda Olho D’água. URT é uma área reservada nas propriedades considerada modelo para que outros produtores possam se espelhar e também implantar tecnologias visando a melhorias na produção e na produtividade.
Esse projeto trabalha por meio de uma rede formada por várias instituições com o objetivo de multiplicar e transferir as chamadas manivas-semente de mandioca que apresentem, essencialmente, duas qualidades. A primeira é a genética, ou seja, variedades com bom potencial produtivo, o que colabora diretamente para aumento da produção e da produtividade da mandioca. A segunda é a qualidade fitossanitária, fazendo com que as variedades tenham também resistência a doenças que atacam a cultura.
É a primeira safra em que Paulo César participa do Reniva. Ele reservou uma área de 2,6 hectares e, mesmo ainda não tendo os números comparativos finais, acredita que haverá grande aumento na produção média – crescimento de quatro a quatro vezes e meia. Segundo o produtor, mudou muito a forma como a lavoura era conduzida antes e a maneira como vem sendo feito agora: “mudou bastante. Porque antes nós plantávamos muito e produzíamos pouco. Agora, nós plantamos pouco e produzimos muito”.
Em suas próprias palavras, Paulo César diz que buscou “trabalhar mais com a cabeça e trabalhar menos com os braços”, referindo-se à lida na lavoura de mandioca. E elogia o trabalho do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins). “Nós buscamos o Ruraltins, fomos lá, eles receberam nós muito bem. Nós viemos aqui na fazenda e começamos a fazer os planos, fazer as coisas certas”, explica, referindo-se a melhoria no jeito de cultivar mandioca na propriedade. Para o futuro próximo, o produtor pretende melhorar a casa de farinha que possui na Olho D’água e buscar um selo de qualidade para certificar sua produção.
Pequenos ajustes, grandes ganhos – O extensionista do Ruraltins Vinicius Azevedo é responsável pelo acompanhamento da propriedade onde houve o dia de campo. Ele explica o trabalho: “aqui, o que a gente fez foi: melhorou a gestão, melhorou o planejamento e consequentemente a gente começou a fazer ajustes finos no que eles já faziam. Se eles adubavam, a gente fez análise de solo; e a partir daí a gente fez uma recomendação mais acertada pro que ele precisava, da necessidade dele”. Ou seja, foi através de ajustes em cima da maneira como já era conduzida a cultura da mandioca que obtiveram-se ganhos na propriedade.
Sobre o Reniva, Vinicius entende que o projeto veio para fomentar o conhecimento. “A gente tem muita dúvida. É uma cultura que foi muito tempo marginalizada. Agora que ela vem ganhando os holofotes. O Reniva vem divulgar, vem ajudar a transmitir, vem repassar conhecimentos que a gente não tem ainda. Eu acho que essa é a principal, pra mim, pros produtores, pros técnicos, função do projeto”, afirma.
Vinicius conta que o Ruraltins criou uma feira na cidade às quartas. Agora, são duas por semana; a outra acontece aos domingos. Nessa criada pelo Ruraltins, estão cadastrados, de acordo com o extensionista, cerca de 45 produtores. Sobre o mercado local, ele acredita que absorve a produção; na verdade, é preciso aumentar mais ainda a produção, na visão do extensionista. Segundo ele, toda a produção de arroz, mandioca e milho que sai da URT é comercializada na nova feira.
Importância da gestão – Gustavo Campos é pesquisador da Embrapa e coordena o projeto Reniva no Tocantins. Ele foi um dos palestrantes do dia de campo, junto com Domício Rodrigues, do Ruraltins. Para Gustavo, é importante a transferência de tecnologias na cultura da mandioca. No entanto, ele chama a atenção para outro aspecto: a gestão. “Pro produtor perceber isso (ganhos com a adoção de tecnologias) de fato, ele tem que fazer conta. Quando ele faz a conta e enxerga que, em vez de ter 10.000 plantas por hectare ele tem apenas 6.000; hora que ele enxerga que, se tivesse 10.000 plantas produzindo 3 kg ele teria os 30.000 kg portanto, as 30 toneladas de produtividade nesse um hectare. Então, hora que faz essas contas, ele mesmo percebe que é melhor cuidar melhor de uma área com um hectare em vez de trabalhar com dois hectares, por exemplo; mas ter esse um hectare de fato, pelo menos 10.000 plantas, 12.000 plantas”, explica.
O dia de campo serviu para despertar pelo menos um novo possível produtor participante do Reniva. É Salviano Ribeiro, que tem propriedade em Pium, também no Centro-Oeste tocantinense, e está interessado em plantar mandioca. Hoje, ele tem 2,5 hectares de milho verde; mas tem área e intenção de implantar novas culturas agrícolas. Da mandioca, pretende produzir tanto a de mesa, como para farinha. Mais um produtor que pode se juntar a uma extensa rede que está formada no Tocantins e vem ajudando a profissionalizar a produção de mandioca no estado, hoje apenas o 16º maior produtor do país, com quase 350.000 toneladas na safra 2018, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).