Os avanços obtidos pela pesquisa agropecuária no Brasil nos últimos 40 anos foram enaltecidos nos discursos realizados na abertura do VIII Congresso Brasileiro de Soja, na noite desta segunda-feira, no Centro de Convenções de Goiânia (GO). O evento é promovido pela Embrapa Soja e nesta edição tem como tema “Inovação, tecnologias digitais e sustentabilidade da soja”.
Os avanços na produtividade e a transformação do país importador de alimentos em um dos maiores exportadores do mundo foram lembrados, sempre apontando o desenvolvimento da pesquisa feito tanto pela Embrapa, quanto pelas universidades e pela iniciativa privada como propulsores desse salto produtivo.
“O Brasil conseguiu mudar a história de sua produção agrícola de forma sustentável e hoje é capaz de alimentar até sete vezes sua população. O que o país fez nessas últimas quatro décadas não tem precedentes em lugar nenhum do mundo”, apontou o presidente em exercício da Embrapa, Celso Moretti.
A cultura da soja é um dos maiores exemplos desse salto tecnológico e produtivo. Oriunda do norte da China, a oleaginosa hoje é cultivada até mesmo em cima da linha do Equador e cada vez com maior potencial produtivo. O presidente da Emater-GO Pedro Arraes destacou como a planta teve sua arquitetura alterada, ciclo de vida reduzido e características de resistência e tolerância a pragas e doenças desenvolvidas.
O prefeito de Goiânia Iris Resende Machado lembrou de sua infância no campo, quando o Centro-Oeste brasileiro era tido como área improdutiva e ressaltou como a tecnologia transformou a realidade da região.
O presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Brás destacou ainda que todo esse avanço tem sido feito de maneira sustentável e que o Congresso é uma forma de mostrar como se produzir com eficiência e de maneira correta.
Em seu discurso de abertura, o pesquisador da Embrapa e presidente do Congresso, Alexandre Cattelan, falou sobre a possibilidade de o Brasil se tornar já na próxima safra o maior produtor de soja do mundo e ressaltou como a cultura é importante para a economia do país.
“O agronegócio tem possibilitado o superávit do agronegócio brasileiro e a soja é o carro chefe desse agronegócio. Além disso a soja tem contribuído também significativamente para o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] das regiões produtoras, com isso aumentando a qualidade de vida das pessoas nas regiões de expansão agrícola”
Catellan destacou o caráter estratégico da soja para o Brasil e diante disso defendeu o investimento em pesquisa pública para garantir a independência tecnológica nacional.
“A pesquisa pública se preocupa com todos os aspectos produtivos e não somente com aqueles que geram lucro. Cabe a toda a sociedade defender o investimento em pesquisa e acompanhar as decisões que podem afetar isso”, lembrou.
Tendências de mercado
Na conferência de abertura do Congresso, o agrônomo, doutor em economia agrícola e professor da Fundação Dom Cabral Alexandre Mendonça de Barros fez uma análise do cenário internacional e como ele afetará o mercado da soja.
De acordo com ele, as medidas protecionistas adotadas pelo presidente norte-americano Donald Trump hoje estão sendo benéficas para a soja brasileira e tendem a continuar assim a curto prazo.
Entre os efeitos da política dos Estados Unidos, maior produtor mundial de soja, estão a valorização do dólar frente à outras moedas, inclusive o real, e a sobretaxação feita pela China à soja norte-americana como forma de retaliação. Com isso, os chineses passaram a procurar com maior intensidade a commodietie no Brasil.
Além da maior demanda chinesa, que tem elevado os preços, outro fator que influenciou de maneira positiva o mercado da soja no Brasil foi a quebra da safra argentina.
Mendonça de Barros também mostrou que a demanda mundial por soja cresceu cerca de 5% no último ano e deve continuar crescendo. Com isso, a tendência é de que os preços continuem elevados.
Entretanto, ele também apontou que, da mesma forma com que a China aumentará sua dependência da soja brasileira, o Brasil deve se tornar cada vez mais dependente dos chineses na venda. Isso porque tradicionais compradores de soja, como Rússia e países do leste europeu estão aumentando suas produções da oleaginosa e se tornando autossuficientes.
Outra preocupação apresentada pelo analista é o aumento dos custos com frete devido à criação de uma tabela única de preços. A elevação dos custos, tanto para chegada de insumos quanto para o escoamento da produção, pode reduzir ainda mais as margens de lucro dos produtores.
Congresso
O VIII Congresso Brasileiro de Soja vai até quinta-feira e reúne mais de 2.000 pessoas envolvidas em todas as etapas da cadeia produtiva da soja. Ao longo de quatro dias o evento terá cinco conferências, 16 painéis temáticos, 50 palestras, além de 340 trabalhos científicos apresentados em forma de pôsteres.
Assessoria de imprensa do Congresso Brasileiro de Soja (CB Soja)
Jornalistas: Carina Rufino, Lebna Landgraf e Gabriel Faria
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