Cerca de 250 produtores, estudantes e técnicos participaram, na última sexta-feira (18), durante a Agrobrasília 2018 – Feira Internacional dos Cerrados, do 8º Dia de Campo sobre Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O evento foi promovido pela Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) e realizado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), Embrapa, Secretaria de Agricultura do DF e Emater-DF.
Na abertura, o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados (Planaltina- DF), Sebastião Pedro Neto, destacou a relevância do tema do Dia de Campo e sua contribuição para o fortalecimento da sustentabilidade na agricultura brasileira. Para o coordenador de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos do Mapa, Elvison Ramos, o evento foi uma oportunidade para troca de conhecimento entre os participantes. Já o vice-presidente da AgroBrasília e gerente do escritório da Emater no PAD-DF, Marconi Borges, ressaltou que a Unidade de Referência Tecnológica (URT), onde foi realizado o Dia de Campo, é um dos maiores espaços disponíveis em feira brasileira para visitação dos interessados em adotar a ILPF.
Plantas de cobertura em sistemas integrados – o tema “Plantas de cobertura” foi apresentado pelo pesquisador aposentado do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Ademir Calegari. Antes de indicar as plantas de cobertura para o plantio direto, ele destacou a importância de um bom diagnóstico da área a ser cultivada. O diagnóstico tem como base o regime pluviométrico, a temperatura e o sistema de produção. “A escolha da planta de cobertura é feita de acordo com o resultado do diagnóstico. Cada planta de cobertura tem suas potencialidades. Primeiro é preciso saber o que eu quero das plantas e o que elas podem me oferecer”, afirmou.
Por considerar que nenhuma planta de cobertura é completa, o pesquisador defende o uso de “coquetel” para aumentar o leque de microrganismos no solo. Calegari apresentou resultados de pesquisa que comparou oito tratamentos com plantas de cobertura para definir as melhores opções para a região do Cerrado. Foram testadas, isoladamente, as seguintes plantas de cobertura: milheto, crotalária spectabilis, crotalária ochroleuca e trigo mourisco.
Os testes com duas ou mais plantas de cobertura foram feitos em três áreas. Na primeira com milheto e crotalária (spectabilis e ochroleuca). A segunda com milheto, crotalária (spectabilis e ochroleuca), trigo mourisco e pé de galinha. A outra área foi com aveia preta e nabo forrageiro. As maiores produções de massa seca ocorreram no cultivo de aveia preta e nabo forrageiro (14,33 toneladas/hectare) e na área com maior quantidade de plantas de cobertura (milheto, crotalária (spectabilis e ochroleuca), trigo mourisco e pé de galinha), com produção de 14,32 toneladas/hectare.
As gramíneas forrageiras também são consideradas excelentes plantas de cobertura, principalmente quando usadas na Integração Lavoura-Pecuária (ILP). O pesquisador Robélio Marchão, da Embrapa Cerrados, explicou como as forrageiras podem melhorar a qualidade do solo e reduzir os impactos provocados por pragas. Ele citou o exemplo da Fazenda Triunfo, no oeste da Bahia, que na safra 2009/2010 teve sua safra comprometida devido à alta infestação de nematoides e a partir de então começou a utilizar as braquiárias (BRS Piatã e Ruziziensis) na rotação com a soja através do consórcio com milho na ILP. O monitoramento realizado na fazenda demonstrou que mesmo com a presença de nematoides nas áreas a rotação da lavoura com as forrageiras melhorou a qualidade do solo e minimizou os danos causados pelo nematoide das lesões radiculares (Prathylenchus brachyurus).
Na safra 2017/2018, a produção de soja num dos talhões com histórico de infestação foi de 86 sacos por hectare e o rebanho aumentou 550% de 2010 a 2015, exemplificou Marchão. “As braquiárias são excelentes plantas de cobertura para se melhorar a qualidade do solo e tornar o ambiente mais equilibrado e resiliente, o fator reprodutivo não pode ser utilizado isoladamente, a qualidade do solo depende de vários fatores. No Cerrado, resultados de pesquisa mostram que em média, se tem 10% a mais na produção de soja após a braquiária. A integração significa economia e produtividade”, afirmou Marchão, complementando que as raízes das forrageiras têm importante papel na estocagem de carbono no perfil do solo.
O pesquisador também alertou para os riscos do monocultivo de uma espécie como planta de cobertura, seja ela gramínea ou leguminosa. “O uso apenas de um tipo de planta pode trazer problemas, mesmo sendo de cobertura. A braquiária ruzizienses é a mais utilizada, mas existem outras opções, como as cultivares de braquiária BRS Piatã, BRS Paiaguás e BRS Ipyporã, e as cultivares de Panicum maximum BRS Tamani e BRS Zuri”, exemplificou Marchão.
Sistemas ILPF– O conforto animal na ILPF e a viabilidade econômica do sistema foram apresentados, respectivamente, pelos pesquisadores Isabel Ferreira, da Embrapa Cerrados, e Júlio César dos Reis, da Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop- MT). A pesquisadora Isabel Ferreira destacou alguns resultados do experimento que avalia, desde ano passado, a produtividade e conforto térmico dos animais em sistema ILPF, no Centro de Transferência de Tecnologias de Raças Zebuínas com Aptidão Leiteira (CTZL), unidade da Embrapa Cerrados, localizada no Gama (DF).
As medições, feitas no período de janeiro a junho de 2017, indicaram menor produção de forragem (39%) na sombra e também menor produção (10%) de leite do sistema. A menor produção de leite do sistema se justifica pela menor taxa de lotação na área de sombra. Já a produção individual de leite foi maior (5%), na sombra, nos meses mais quentes (setembro-outubro).
A influência da sombra é notada pelo comportamento dos animais. As vacas que estão na sombra ficam em pé nos piquetes e ruminam por mais tempo, com isso, elas têm menos gasto energético que é direcionado para a produção de leite. Já as que estão no sol passam a maior parte do tempo deitadas em ócio. Outra observação é a de que as vacas com pelagem escura procuram mais a sombra.
A metodologia para avaliar a viabilidade econômica de sistemas ILPF, de acordo com o pesquisador Júlio César dos Reis, foi aplicada inicialmente em experimentos no Mato Grosso e do Projeto Eco, que envolve 17 unidades da Embrapa. Atualmente, a avaliação está sendo feita em fazendas comerciais que adotam os sistemas integrados.
Como exemplo, Reis citou os dados da Fazenda Platina, que adota a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) em seus 2.678 hectares na região médio-norte do Mato Grosso. Em 2017, a produtividade da fazenda, que cultiva soja e faz confinamento animal, foi superior a média regional. A produção animal foi de 18,38 arrobas por hectare, quando a média da região é 5,50 arrobas por hectare. A produção de soja foi de 64 sacos por hectares, superando a média regional de 55 sacos por hectare.
Cerca de 250 produtores, estudantes e técnicos participaram, na última sexta-feira (18), durante a Agrobrasília 2018 – Feira Internacional dos Cerrados, do 8º Dia de Campo sobre Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O evento foi promovido pela Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) e realizado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), Embrapa, Secretaria de Agricultura do DF e Emater-DF.
Na abertura, o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados (Planaltina- DF), Sebastião Pedro Neto, destacou a relevância do tema do Dia de Campo e sua contribuição para o fortalecimento da sustentabilidade na agricultura brasileira. Para o coordenador de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos do Mapa, Elvison Ramos, o evento foi uma oportunidade para troca de conhecimento entre os participantes. Já o vice-presidente da AgroBrasília e gerente do escritório da Emater no PAD-DF, Marconi Borges, ressaltou que a Unidade de Referência Tecnológica (URT), onde foi realizado o Dia de Campo, é um dos maiores espaços disponíveis em feira brasileira para visitação dos interessados em adotar a ILPF.
Plantas de cobertura em sistemas integrados – o tema “Plantas de cobertura” foi apresentado pelo pesquisador aposentado do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Ademir Calegari. Antes de indicar as plantas de cobertura para o plantio direto, ele destacou a importância de um bom diagnóstico da área a ser cultivada. O diagnóstico tem como base o regime pluviométrico, a temperatura e o sistema de produção. “A escolha da planta de cobertura é feita de acordo com o resultado do diagnóstico. Cada planta de cobertura tem suas potencialidades. Primeiro é preciso saber o que eu quero das plantas e o que elas podem me oferecer”, afirmou.
Por considerar que nenhuma planta de cobertura é completa, o pesquisador defende o uso de “coquetel” para aumentar o leque de microrganismos no solo. Calegari apresentou resultados de pesquisa que comparou oito tratamentos com plantas de cobertura para definir as melhores opções para a região do Cerrado. Foram testadas, isoladamente, as seguintes plantas de cobertura: milheto, crotalária spectabilis, crotalária ochroleuca e trigo mourisco.
Os testes com duas ou mais plantas de cobertura foram feitos em três áreas. Na primeira com milheto e crotalária (spectabilis e ochroleuca). A segunda com milheto, crotalária (spectabilis e ochroleuca), trigo mourisco e pé de galinha. A outra área foi com aveia preta e nabo forrageiro. As maiores produções de massa seca ocorreram no cultivo de aveia preta e nabo forrageiro (14,33 toneladas/hectare) e na área com maior quantidade de plantas de cobertura (milheto, crotalária (spectabilis e ochroleuca), trigo mourisco e pé de galinha), com produção de 14,32 toneladas/hectare.
As gramíneas forrageiras também são consideradas excelentes plantas de cobertura, principalmente quando usadas na Integração Lavoura-Pecuária (ILP). O pesquisador Robélio Marchão, da Embrapa Cerrados, explicou como as forrageiras podem melhorar a qualidade do solo e reduzir os impactos provocados por pragas. Ele citou o exemplo da Fazenda Triunfo, no oeste da Bahia, que na safra 2009/2010 teve sua safra comprometida devido à alta infestação de nematoides e a partir de então começou a utilizar as braquiárias (BRS Piatã e Ruziziensis) na rotação com a soja através do consórcio com milho na ILP. O monitoramento realizado na fazenda demonstrou que mesmo com a presença de nematoides nas áreas a rotação da lavoura com as forrageiras melhorou a qualidade do solo e minimizou os danos causados pelo nematoide das lesões radiculares (Prathylenchus brachyurus).
Na safra 2017/2018, a produção de soja num dos talhões com histórico de infestação foi de 86 sacos por hectare e o rebanho aumentou 550% de 2010 a 2015, exemplificou Marchão. “As braquiárias são excelentes plantas de cobertura para se melhorar a qualidade do solo e tornar o ambiente mais equilibrado e resiliente, o fator reprodutivo não pode ser utilizado isoladamente, a qualidade do solo depende de vários fatores. No Cerrado, resultados de pesquisa mostram que em média, se tem 10% a mais na produção de soja após a braquiária. A integração significa economia e produtividade”, afirmou Marchão, complementando que as raízes das forrageiras têm importante papel na estocagem de carbono no perfil do solo.
O pesquisador também alertou para os riscos do monocultivo de uma espécie como planta de cobertura, seja ela gramínea ou leguminosa. “O uso apenas de um tipo de planta pode trazer problemas, mesmo sendo de cobertura. A braquiária ruzizienses é a mais utilizada, mas existem outras opções, como as cultivares de braquiária BRS Piatã, BRS Paiaguás e BRS Ipyporã, e as cultivares de Panicum maximum BRS Tamani e BRS Zuri”, exemplificou Marchão.
Sistemas ILPF– O conforto animal na ILPF e a viabilidade econômica do sistema foram apresentados, respectivamente, pelos pesquisadores Isabel Ferreira, da Embrapa Cerrados, e Júlio César dos Reis, da Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop- MT). A pesquisadora Isabel Ferreira destacou alguns resultados do experimento que avalia, desde ano passado, a produtividade e conforto térmico dos animais em sistema ILPF, no Centro de Transferência de Tecnologias de Raças Zebuínas com Aptidão Leiteira (CTZL), unidade da Embrapa Cerrados, localizada no Gama (DF).
As medições, feitas no período de janeiro a junho de 2017, indicaram menor produção de forragem (39%) na sombra e também menor produção (10%) de leite do sistema. A menor produção de leite do sistema se justifica pela menor taxa de lotação na área de sombra. Já a produção individual de leite foi maior (5%), na sombra, nos meses mais quentes (setembro-outubro).
A influência da sombra é notada pelo comportamento dos animais. As vacas que estão na sombra ficam em pé nos piquetes e ruminam por mais tempo, com isso, elas têm menos gasto energético que é direcionado para a produção de leite. Já as que estão no sol passam a maior parte do tempo deitadas em ócio. Outra observação é a de que as vacas com pelagem escura procuram mais a sombra.
A metodologia para avaliar a viabilidade econômica de sistemas ILPF, de acordo com o pesquisador Júlio César dos Reis, foi aplicada inicialmente em experimentos no Mato Grosso e do Projeto Eco, que envolve 17 unidades da Embrapa. Atualmente, a avaliação está sendo feita em fazendas comerciais que adotam os sistemas integrados.
Como exemplo, Reis citou os dados da Fazenda Platina, que adota a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) em seus 2.678 hectares na região médio-norte do Mato Grosso. Em 2017, a produtividade da fazenda, que cultiva soja e faz confinamento animal, foi superior a média regional. A produção animal foi de 18,38 arrobas por hectare, quando a média da região é 5,50 arrobas por hectare. A produção de soja foi de 64 sacos por hectares, superando a média regional de 55 sacos por hectare.