“O potencial do milho na região do Alto Paranaíba” e “Fisiologia e manejo da água” foram os temas apresentados durante a manhã de 8 de maio, no simpósio realizado durante a Semana Agronômica de Tecnologias do Centro Universitário de Patos de Minas. O evento, intitulado “O cultivo do milho no Alto Paranaíba”, foi promovido pela Embrapa, pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Patos de Minas e pelo Unipam. Participaram como palestrantes pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo e professores do curso de Agronomia do Unipam.
O pesquisador Camilo de Lelis Teixeira de Andrade explanou sobre o potencial produtivo do cultivo do milho na região do Alto Paranaíba. Segundo ele, de acordo com os modelos matemáticos, o milho tem potencial teórico para produção de 300 sacas por hectare, sem estresse. Porém, limitações ambientais e de manejo tornam a produção mais baixa do que o potencial.
Simulações com um modelo de crescimento de culturas indicam que a região do Alto Paranaíba apresenta uma média de rendimento, em regime de sequeiro, de 150 sacas por hectare. Dados do IBGE mostram que a produtividade média da região não ultrapassa 113 sacas por hectare. Essa diferença entre a produtividade média de sequeiro, indicada pela modelagem, e o rendimento médio obtido pelos produtores se deve ao estresse hídrico (57%) e ao manejo cultural (43%).
“O potencial de produção deve considerar a interação que existe entre a cultivar, em que a genética é o ponto mais relevante, com o ambiente. E o ambiente deve ser entendido não só como clima, mas como o solo também. Fazer crescer ou adensar o sistema radicular do milho e manter palhada na superfície do solo são duas estratégicas que têm o potencial de mitigar o efeito do estresse hídrico, especialmente na segunda safra”, disse Andrade.
Em seguida, o pesquisador Rubens Augusto de Miranda, da área de economia agrícola, ministrou a palestra “O mercado do milho em 2018 para o Brasil, Minas Gerais e Alto Paranaíba”. Ele iniciou a apresentação falando do histórico da produção de milho no Brasil, enfatizando o grande aumento recente. Segundo ele, a mudança da produção de milho no verão para o inverno, no que se convencionou chamar de safrinha, foi o grande impulsionador desse crescimento. “Entretanto, essas mudanças não seriam possíveis se o País não conseguisse escoar a produção. Nesse sentido, o aumento das exportações ao longo da última década foi fundamental para viabilizar o aumento da produção”, disse.
Neste quadro, Minas Gerais merece destaque por manter a tradição de grande produtor no verão; atualmente o estado é o principal produtor na primeira safra. A região do Vale do Paranaíba merece destaque por produzir mais de 20% do milho estadual, com a microrregião de Araxá respondendo por quase metade da safra na região. Segundo dados do IBGE, em 2016, o Valor Bruto da Produção de milho no Vale do Paranaíba se aproximou de 1 bilhão de reais, riqueza que é multiplicada se analisarmos a cadeia produtiva como um todo.
Segundo Rubens Miranda, vem sendo difícil fazer previsões de preços de milho em 2018. Para ele, alguns indicadores utilizados para tais previsões advertiam para uma queda nas cotações de milho no início do ano, o que de fato não aconteceu. “Novos fatos na verdade (tais como problemas climáticos, guerra comercial Estados Unidos x China, etc.) indicam até uma reversão dessas expectativas de queda, e os próximos meses serão cruciais”, considerou.
Fisiologia e manejo da água
No painel, intitulado “Fisiologia e manejo da água”, o professor Evandro Binotto Fagan, falou sobre a fisiologia da cultura do milho e sua importância no cultivo em safrinha. Ele explicou que potencial produtivo de uma cultura é sempre superior ao que ela apresenta no campo. Isto porque ao longo do ciclo a lavoura terá vários fatores de estresses, tais como problemas de competição com plantas daninhas, pragas, doenças, compactação do solo, deficiências nutricionais e veranicos.
“Para o milho safrinha, o que o produtor precisar fazer é minimizar os estresses, em cada período de desenvolvimento da planta, sendo o déficit hídrico um dos mais relevantes. Sendo assim, é preciso preparar a planta para tolerar esse estresse com maior eficiência. Para isso, no primeiro momento, é preciso estimular o desenvolvimento do sistema radicular para que a planta apresente uma maior área de captação de água no solo. Nesse sentido, o estímulo da síntese do hormônio auxina pelas raízes é de suma importância para estimular a formação de raízes laterais”, disse Fagan.
No segundo momento, na fase vegetativa, é necessário aumentar a produção fotossintética, ou seja, produzir açúcar e energia para armazenamento no caule e em outros órgãos. “Para isso, é importante que as plantas estejam sofrendo o menor nível de estresse possível. Neste caso, a aplicação dos micronutrientes zinco, manganês e níquel, e também de alguns macronutrientes tais como potássio, fósforo e magnésio, é fundamental para aumentar a tolerância das plantas”, acrescentou.
E por fim, a fase mais crítica da cultura, a reprodutiva. “Esse é o terceiro momento, quando a planta desenvolve as flores masculinas e femininas de forma sincronizada. Déficit hídrico causa “dessincronismo” do desenvolvimento dessas estruturas, repercutindo em perdas expressivas de produtividade. Ainda nessa fase é de suma importância que a planta se mantenha em elevada atividade fotossintética e haja aumento de sua capacidade de exportação de açúcar para os grãos. Plantas bem nutridas e com elevado crescimento radicular são capazes de apresentar maior tolerância a estresse nesse momento. Portanto, para se construir uma planta, em altos níveis de produção, é necessário que cada etapa seja atendida na sua plenitude. Lembrando que a redução de estresse é fundamental para que ela possa expressar de forma mais adequada sua produtividade. E os estresses em condições de safrinha são mais intensos”, ressaltou Fagan.
Em seguida, o pesquisador Paulo Emílio Pereira de Albuquerque explanou sobre a demanda de água e manejo de irrigação na cultura do milho.
Segundo ele, o principal método de irrigação da cultura do milho, no Brasil, é o pivô central, utilizado pelos médios e grandes produtores. Já os pequenos produtores usam mais a aspersão convencional. “Para viabilizar a irrigação do milho, o produtor tem que procurar cultivares que respondam melhor ao sistema de produção irrigado, além de potencializar a utilização dos insumos de forma a obter produtividades mais altas, para compensar o maior custo de produção do sistema irrigado em relação ao de sequeiro. Outra recomendação é utilizar a irrigação como sistema suplementar, em áreas tradicionalmente produtoras em regime de sequeiro, onde há maior frequência de veranicos e seca”.
Albuquerque explicou que para fazer o manejo de irrigação de forma racional é preciso aplicar a água no momento correto e na quantidade requerida pela cultura. “Para isso é necessário conhecer a dinâmica da água no sistema solo, planta e atmosfera, além de todos os fatores que interagem nesse sistema, destacando-se a evapotranspiração da cultura”.
“Ainda se irriga pouco no Brasil, por causa do elevado custo da energia elétrica e do elevado consumo de água, ainda por questões que envolvem conflitos pelo uso da água entre o mesmo setor (rural/rural) e distintos setores (rural/industrial/doméstico). Outro fator relevante é a dificuldade na obtenção de financiamento e de outorga de uso da água. “Uma política de transferência de tecnologia específica permitiria aumentar a capacidade e a organização dos agricultores para gerenciar os sistemas de produção irrigados”, ressaltou Paulo Albuquerque.
“O potencial do milho na região do Alto Paranaíba” e “Fisiologia e manejo da água” foram os temas apresentados durante a manhã de 8 de maio, no simpósio realizado durante a Semana Agronômica de Tecnologias do Centro Universitário de Patos de Minas. O evento, intitulado “O cultivo do milho no Alto Paranaíba”, foi promovido pela Embrapa, pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Patos de Minas e pelo Unipam. Participaram como palestrantes pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo e professores do curso de Agronomia do Unipam.
O pesquisador Camilo de Lelis Teixeira de Andrade explanou sobre o potencial produtivo do cultivo do milho na região do Alto Paranaíba. Segundo ele, de acordo com os modelos matemáticos, o milho tem potencial teórico para produção de 300 sacas por hectare, sem estresse. Porém, limitações ambientais e de manejo tornam a produção mais baixa do que o potencial.
Simulações com um modelo de crescimento de culturas indicam que a região do Alto Paranaíba apresenta uma média de rendimento, em regime de sequeiro, de 150 sacas por hectare. Dados do IBGE mostram que a produtividade média da região não ultrapassa 113 sacas por hectare. Essa diferença entre a produtividade média de sequeiro, indicada pela modelagem, e o rendimento médio obtido pelos produtores se deve ao estresse hídrico (57%) e ao manejo cultural (43%).
“O potencial de produção deve considerar a interação que existe entre a cultivar, em que a genética é o ponto mais relevante, com o ambiente. E o ambiente deve ser entendido não só como clima, mas como o solo também. Fazer crescer ou adensar o sistema radicular do milho e manter palhada na superfície do solo são duas estratégicas que têm o potencial de mitigar o efeito do estresse hídrico, especialmente na segunda safra”, disse Andrade.
Em seguida, o pesquisador Rubens Augusto de Miranda, da área de economia agrícola, ministrou a palestra “O mercado do milho em 2018 para o Brasil, Minas Gerais e Alto Paranaíba”. Ele iniciou a apresentação falando do histórico da produção de milho no Brasil, enfatizando o grande aumento recente. Segundo ele, a mudança da produção de milho no verão para o inverno, no que se convencionou chamar de safrinha, foi o grande impulsionador desse crescimento. “Entretanto, essas mudanças não seriam possíveis se o País não conseguisse escoar a produção. Nesse sentido, o aumento das exportações ao longo da última década foi fundamental para viabilizar o aumento da produção”, disse.
Neste quadro, Minas Gerais merece destaque por manter a tradição de grande produtor no verão; atualmente o estado é o principal produtor na primeira safra. A região do Vale do Paranaíba merece destaque por produzir mais de 20% do milho estadual, com a microrregião de Araxá respondendo por quase metade da safra na região. Segundo dados do IBGE, em 2016, o Valor Bruto da Produção de milho no Vale do Paranaíba se aproximou de 1 bilhão de reais, riqueza que é multiplicada se analisarmos a cadeia produtiva como um todo.
Segundo Rubens Miranda, vem sendo difícil fazer previsões de preços de milho em 2018. Para ele, alguns indicadores utilizados para tais previsões advertiam para uma queda nas cotações de milho no início do ano, o que de fato não aconteceu. “Novos fatos na verdade (tais como problemas climáticos, guerra comercial Estados Unidos x China, etc.) indicam até uma reversão dessas expectativas de queda, e os próximos meses serão cruciais”, considerou.
Fisiologia e manejo da água
No painel, intitulado “Fisiologia e manejo da água”, o professor Evandro Binotto Fagan, falou sobre a fisiologia da cultura do milho e sua importância no cultivo em safrinha. Ele explicou que potencial produtivo de uma cultura é sempre superior ao que ela apresenta no campo. Isto porque ao longo do ciclo a lavoura terá vários fatores de estresses, tais como problemas de competição com plantas daninhas, pragas, doenças, compactação do solo, deficiências nutricionais e veranicos.
“Para o milho safrinha, o que o produtor precisar fazer é minimizar os estresses, em cada período de desenvolvimento da planta, sendo o déficit hídrico um dos mais relevantes. Sendo assim, é preciso preparar a planta para tolerar esse estresse com maior eficiência. Para isso, no primeiro momento, é preciso estimular o desenvolvimento do sistema radicular para que a planta apresente uma maior área de captação de água no solo. Nesse sentido, o estímulo da síntese do hormônio auxina pelas raízes é de suma importância para estimular a formação de raízes laterais”, disse Fagan.
No segundo momento, na fase vegetativa, é necessário aumentar a produção fotossintética, ou seja, produzir açúcar e energia para armazenamento no caule e em outros órgãos. “Para isso, é importante que as plantas estejam sofrendo o menor nível de estresse possível. Neste caso, a aplicação dos micronutrientes zinco, manganês e níquel, e também de alguns macronutrientes tais como potássio, fósforo e magnésio, é fundamental para aumentar a tolerância das plantas”, acrescentou.
E por fim, a fase mais crítica da cultura, a reprodutiva. “Esse é o terceiro momento, quando a planta desenvolve as flores masculinas e femininas de forma sincronizada. Déficit hídrico causa “dessincronismo” do desenvolvimento dessas estruturas, repercutindo em perdas expressivas de produtividade. Ainda nessa fase é de suma importância que a planta se mantenha em elevada atividade fotossintética e haja aumento de sua capacidade de exportação de açúcar para os grãos. Plantas bem nutridas e com elevado crescimento radicular são capazes de apresentar maior tolerância a estresse nesse momento. Portanto, para se construir uma planta, em altos níveis de produção, é necessário que cada etapa seja atendida na sua plenitude. Lembrando que a redução de estresse é fundamental para que ela possa expressar de forma mais adequada sua produtividade. E os estresses em condições de safrinha são mais intensos”, ressaltou Fagan.
Em seguida, o pesquisador Paulo Emílio Pereira de Albuquerque explanou sobre a demanda de água e manejo de irrigação na cultura do milho.
Segundo ele, o principal método de irrigação da cultura do milho, no Brasil, é o pivô central, utilizado pelos médios e grandes produtores. Já os pequenos produtores usam mais a aspersão convencional. “Para viabilizar a irrigação do milho, o produtor tem que procurar cultivares que respondam melhor ao sistema de produção irrigado, além de potencializar a utilização dos insumos de forma a obter produtividades mais altas, para compensar o maior custo de produção do sistema irrigado em relação ao de sequeiro. Outra recomendação é utilizar a irrigação como sistema suplementar, em áreas tradicionalmente produtoras em regime de sequeiro, onde há maior frequência de veranicos e seca”.
Albuquerque explicou que para fazer o manejo de irrigação de forma racional é preciso aplicar a água no momento correto e na quantidade requerida pela cultura. “Para isso é necessário conhecer a dinâmica da água no sistema solo, planta e atmosfera, além de todos os fatores que interagem nesse sistema, destacando-se a evapotranspiração da cultura”.
“Ainda se irriga pouco no Brasil, por causa do elevado custo da energia elétrica e do elevado consumo de água, ainda por questões que envolvem conflitos pelo uso da água entre o mesmo setor (rural/rural) e distintos setores (rural/industrial/doméstico). Outro fator relevante é a dificuldade na obtenção de financiamento e de outorga de uso da água. “Uma política de transferência de tecnologia específica permitiria aumentar a capacidade e a organização dos agricultores para gerenciar os sistemas de produção irrigados”, ressaltou Paulo Albuquerque.