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Cavalos típicos da Ilha do Marajó são tema de publicação da Embrapa

A Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) acaba de lançar a publicação Núcleo de Conservação Animal do Cavalo Marajoara e do Minicavalo Puruca, traçando um panorama abrangente das ações de pesquisa e manejo desses equinos, importantes para a pecuária e a cultura da Ilha do Marajó. O documento aprofunda detalhes sobre características genéticas, aspectos de criação, práticas sanitárias, reprodução e a relevância socioeconômica dos cavalos na região – um conhecimento que oferece benefícios aos criadores. “Por suas características e história, consideramos o Puruca e o Marajoara um patrimônio amazônico”, conta o pesquisador José Ribamar Felipe Marques, autor da obra (disponível aqui, download gratuito). Para ele, nunca é demais destacar que o Puruca é o único minicavalo do Brasil: “não é um pônei, como muitos denominam por desconhecimento de suas características, mas sim um cavalo de pequeno porte”. Com origem histórica ligada aos primeiros equinos trazidos pelos colonizadores portugueses ao Brasil ainda no século XVI, principalmente o cavalo Lusitano e o Alter, o Marajoara desenvolveu-se em condições ambientais desafiadoras, como os extensos campos alagados e secas intensas na Ilha do Marajó. Por conta disso, “tornou-se um animal rústico, resistente e fundamental para a rotina de trabalho nas fazendas marajoaras, especialmente na lida com búfalos e na tração de carroças”, relata Marques. Já o minicavalo Puruca, menor e também muito resistente, de acordo com estudos genéticos é uma variedade da raça Marajoara. Ao comparar os dois, o pesquisador afirma que o Puruca, “selecionado para ter no máximo 1,18 m de altura, mantém inúmeras características funcionais e de temperamento similares às da variedade Marajoara, mas é mais adequado a crianças e a trabalhos leves”. Regime de conservação on farm O Banco de Germoplasma Animal (Bagam) da Embrapa Amazônia Oriental está implantado no Campo Experimental “Ermerson Salimos” da instituição, no município de Salvaterra, na Ilha do Marajó, no estado do Pará. O Núcleo de Conservação Animal (NCA), conforme detalhado na publicação, abriga dois grupos vivos de animais: um de cavalos Marajoara e outro de minicavalos Puruca. Os dois grupos são criados em regime de conservação on farm, pelo qual são mantidos em condições próximas às de seu habitat natural, possibilitando, ao mesmo tempo, estudos genéticos aprofundados para garantir a diversidade e a saúde do plantel. “A criação extensiva, com a devida assistência técnica e uso de biotecnologias reprodutivas, permite a manutenção saudável dessas populações equinas, que se adaptaram à Ilha do Marajó ao longo de séculos”, salienta o pesquisador Marques. Segundo ele, o objetivo da conservação é manter as características únicas de rusticidade, força e docilidade, ao mesmo tempo em que se garante a troca de material genético e o intercâmbio de dados com instituições parceiras. Manejo e resultados práticos “Estamos falando de manter o equilíbrio entre a tradição da criação extensiva e a aplicação de métodos modernos de conservação e melhoramento genético”, explica o pesquisador. “Dessa forma, busca-se não apenas manter a herança histórica e cultural desses animais, mas também oferecer benefícios aos criadores locais”, completa. As boas práticas de manejo adotadas no Núcleo de Conservação Animal, descritas no trabalho publicado, incluem calendário sanitário, casqueamento regular, vermifugação e monitoramento da alimentação – aspectos essenciais para manter a produtividade e a sanidade dos rebanhos. Além disso, aborda-se a importância do registro zootécnico dos animais e do uso de ferramentas como o microchip, que auxiliam no controle genealógico e na geração de informações confiáveis. De acordo com o pesquisador, o suporte institucional e técnico-científico da Embrapa sustenta avanços, como a coleta de dados fenotípicos e genotípicos, a realização de estudos de diversidade genética e o intercâmbio de germoplasma. Impacto social e econômico na região Os animais Puruca que se encontram no Bagam são oriundos de criadores conservacionistas da região de Retiro Grande, Cachoeira do Arari, Soure, Salvaterra e Chaves, que selecionam essa raça há anos. Além de fornecer cavalos adequados ao trabalho diário de campo, as raças Marajoara e Puruca também têm potencial para atividades turísticas e de lazer, como cavalgadas e provas de resistência, gerando renda adicional para os moradores da ilha. “A conservação das duas populações, portanto, não se resume ao aspecto científico, pois fortalece a economia familiar e ajuda a divulgar a identidade cultural do Marajó”, avalia o autor. A iniciativa dialoga, ainda, com metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), sobretudo ao promover ações que garantem segurança alimentar, inclusão social e proteção da biodiversidade. A expectativa, comenta Marques, é que o estudo seja referência tanto para especialistas em melhoramento genético quanto para criadores, agentes públicos e a sociedade em geral, que poderão compreender melhor a importância dos cavalos e minicavalos para o desenvolvimento sustentável do arquipélago do Marajó.

A Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) acaba de lançar a publicação Núcleo de Conservação Animal do Cavalo Marajoara e do Minicavalo Puruca, traçando um panorama abrangente das ações de pesquisa e manejo desses equinos, importantes para a pecuária e a cultura da Ilha do Marajó. O documento aprofunda detalhes sobre características genéticas, aspectos de criação, práticas sanitárias, reprodução e a relevância socioeconômica dos cavalos na região – um conhecimento que oferece benefícios aos criadores.

“Por suas características e história, consideramos o Puruca e o Marajoara um patrimônio amazônico”, conta o pesquisador José Ribamar Felipe Marques, autor da obra (disponível aqui, download gratuito). Para ele, nunca é demais destacar que o Puruca é o único minicavalo do Brasil: “não é um pônei, como muitos denominam por desconhecimento de suas características, mas sim um cavalo de pequeno porte”.

Com origem histórica ligada aos primeiros equinos trazidos pelos colonizadores portugueses ao Brasil ainda no século XVI, principalmente o cavalo Lusitano e o Alter, o Marajoara desenvolveu-se em condições ambientais desafiadoras, como os extensos campos alagados e secas intensas na Ilha do Marajó. Por conta disso, “tornou-se um animal rústico, resistente e fundamental para a rotina de trabalho nas fazendas marajoaras, especialmente na lida com búfalos e na tração de carroças”, relata Marques.

Já o minicavalo Puruca, menor e também muito resistente, de acordo com estudos genéticos é uma variedade da raça Marajoara. Ao comparar os dois, o pesquisador afirma que o Puruca, “selecionado para ter no máximo 1,18 m de altura, mantém inúmeras características funcionais e de temperamento similares às da variedade Marajoara, mas é mais adequado a crianças e a trabalhos leves”.

Regime de conservação on farm

O Banco de Germoplasma Animal (Bagam) da Embrapa Amazônia Oriental está implantado no Campo Experimental “Ermerson Salimos” da instituição, no município de Salvaterra, na Ilha do Marajó, no estado do Pará. O Núcleo de Conservação Animal (NCA), conforme detalhado na publicação, abriga dois grupos vivos de animais: um de cavalos Marajoara e outro de minicavalos Puruca.

Os dois grupos são criados em regime de conservação on farm, pelo qual são mantidos em condições próximas às de seu habitat natural, possibilitando, ao mesmo tempo, estudos genéticos aprofundados para garantir a diversidade e a saúde do plantel.

“A criação extensiva, com a devida assistência técnica e uso de biotecnologias reprodutivas, permite a manutenção saudável dessas populações equinas, que se adaptaram à Ilha do Marajó ao longo de séculos”, salienta o pesquisador Marques. Segundo ele, o objetivo da conservação é manter as características únicas de rusticidade, força e docilidade, ao mesmo tempo em que se garante a troca de material genético e o intercâmbio de dados com instituições parceiras.

Manejo e resultados práticos

“Estamos falando de manter o equilíbrio entre a tradição da criação extensiva e a aplicação de métodos modernos de conservação e melhoramento genético”, explica o pesquisador. “Dessa forma, busca-se não apenas manter a herança histórica e cultural desses animais, mas também oferecer benefícios aos criadores locais”, completa.

As boas práticas de manejo adotadas no Núcleo de Conservação Animal, descritas no trabalho publicado, incluem calendário sanitário, casqueamento regular, vermifugação e monitoramento da alimentação – aspectos essenciais para manter a produtividade e a sanidade dos rebanhos. Além disso, aborda-se a importância do registro zootécnico dos animais e do uso de ferramentas como o microchip, que auxiliam no controle genealógico e na geração de informações confiáveis.

De acordo com o pesquisador, o suporte institucional e técnico-científico da Embrapa sustenta avanços, como a coleta de dados fenotípicos e genotípicos, a realização de estudos de diversidade genética e o intercâmbio de germoplasma.

Impacto social e econômico na região

Os animais Puruca que se encontram no Bagam são oriundos de criadores conservacionistas da região de Retiro Grande, Cachoeira do Arari, Soure, Salvaterra e Chaves, que selecionam essa raça há anos.

Além de fornecer cavalos adequados ao trabalho diário de campo, as raças Marajoara e Puruca também têm potencial para atividades turísticas e de lazer, como cavalgadas e provas de resistência, gerando renda adicional para os moradores da ilha. “A conservação das duas populações, portanto, não se resume ao aspecto científico, pois fortalece a economia familiar e ajuda a divulgar a identidade cultural do Marajó”, avalia o autor.

A iniciativa dialoga, ainda, com metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), sobretudo ao promover ações que garantem segurança alimentar, inclusão social e proteção da biodiversidade. A expectativa, comenta Marques, é que o estudo seja referência tanto para especialistas em melhoramento genético quanto para criadores, agentes públicos e a sociedade em geral, que poderão compreender melhor a importância dos cavalos e minicavalos para o desenvolvimento sustentável do arquipélago do Marajó. 

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