O fortalecimento da bioeconomia na Amazônia está no foco do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A ministra Marina Silva esteve, na tarde desta quinta-feira (13), na sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém-PA, para conhecer tecnologias, produtos e projetos da instituição relacionados ao tema.
“Precisamos direcionar o crédito para apoiar o desenvolvimento de produtos da nova economia florestal”, afirmou a ministra que ainda hoje deve assinar um termo de cooperação com o Banco da Amazônia para o financiamento de ações em bioeconomia na região. Ela veio acompanhada da secretária de Povos e Comunidades Tradicional e Desenvolvimento Rural Sustentável, Edel Moraes.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima tem trabalhado em diferentes eixos, como a inovação tecnológica, a transição energética, bioeconomia, economia circular e infraestrutura sustentável e resiliente, segundo a ministra. Ela destacou o papel da ciência no desenvolvimento de políticas. “Política pública tem que ser feita com base em evidências, com o conhecimento científico aliado aos saberes tradicionais”, ressaltou.
O chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Walkymário Lemos, apresentou as linhas de pesquisa e os ativos gerados pela instituição, em especial os relacionados à sociobioeconomia. Ele pontou que um dos grandes desafios da pesquisa na Amazônia é contribuir para a redução da pobreza e da fome na região. “Dos dez piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, nove estão na Amazônia”, lamentou o gestor.
A Embrapa, segundo Lemos, tem buscado um modelo de bioeconomia inclusiva na Amazônia baseada em inovação, sustentabilidade e agregação de valor aos produtos da sociobiodiversidade da região com ênfase no conhecimento local. “Vemos a biodiversidade amazônica como uma grande oportunidade de promover a inovação, o desenvolvimento social e econômico, mas sobretudo de inclusão com as comunidades tradicionais e os povos da floresta no centro desse debate e dessa transformação”, ressaltou.
Com nove centro de pesquisa na Amazônia Legal, a Embrapa já desenvolveu mais de 100 soluções para cerca de 50 cadeias produtivas da região. Exemplos dessas tecnologias são cultivares de fruteiras nativas da região, como o kit clonal Cupuaçu 5.0; bioinseticidas para o controle de pragas; barrinhas multifuncionais de açaí e castanha-do-pará; sucos mistos de frutas amazônicas; o manejo de abelhas nativas sem ferrão (meliponicultura); Sistemas Agroflorestais (SAFs); entre outros.
“Dados de 2021 nos mostram que as tecnologias desenvolvidas pela instituição relacionadas à bioeconomia estão sendo utilizadas em 141 mil hectares, gerando cerca de 3 mil empregos e com impacto econômico de 166 milhões de reais”, destacou Lemos.
COP na Amazônia
Sobre a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), que será realizada em novembro deste ano, em Belém-PA, a ministra Marina Silva ressaltou: “É uma COP na Amazônia e que envolve 196 países. Se o mundo não parar de emitir carbono, as florestas vão desaparecer do mesmo jeito, uma vez que a maior parte das emissões vem da queima de combustíveis fósseis. Todo mundo tem que fazer a sua parte”.
Walkymário Lemos apresentou à ministra a “Jornada pelo Clima” por meio da qual a Embrapa vai apresentar modelos de produção agropecuária de baixa emissão de carbono nos diferentes biomas brasileiros durante a Conferência. “A sede da Embrapa no Pará será a casa da agricultura brasileira”, destacou o gestor.
Para a ministra Marina Silva a base de conhecimentos e tecnologias desenvolvidas pela Embrapa é fundamental para apoiar programas do governo federal que envolvem restauração florestal, florestas produtivas, bioeconomia e outras linhas de créditos para as novas economias. “Na Amazônia tem espaço para todos, para o produtor rural, para o extrativista, o indígena. Assim como a floresta é diversificada, a economia na região também deve ser”, finalizou a ministra.