A soja é cultivada na China há mais de 4 mil anos. No Brasil, os primeiros plantios comerciais foram em 1924, no Rio Grande do Sul. Para contar a trajetória desse grão no Brasil, a Embrapa Soja selecionou 16 cultivares ícônicas, de diferentes épocas, para estar em exposição na Vitrine de Tecnologias da Embrapa no Show Rural Coopavel, a ser realizado de 10 a 14 de fevereiro, em Cascavel (PR). “O objetivo é mostrar a evolução deste grão, cujo início do plantio comercial no Brasil foi há 100 anos e também celebrar os 50 anos da Embrapa Soja, em 2025”, explica o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno. Há quatro mil anos, a soja era uma planta selvagem, que crescia na costa leste da Ásia. Nesse período, a leguminosa foi domesticada pelos chineses, o que a torna uma das culturas agrícolas mais antigas do mundo. “A soja semeada atualmente tem a constituição genética da ancestral chinesa, mas ela é diferente tanto em aparência quanto em características morfológicas e de produção”, explica Nepomuceno. De acordo com a publicação A saga da soja: de 1050 a.C. a 2050 d.C, editada pela Embrapa Soja, a soja chegou ao Brasil pela Bahia, em 1882, quando foram realizados os primeiros testes com cultivares introduzidas dos Estados Unidos, mas não houve sucesso. Somente após chegar ao RS, em 1914, para testes, e a partir de 1924, em plantios comerciais, é que a soja apresentou adaptação. Porém, a soja obteve importância econômica somente na década de 1960. Até o final da década de 1970, os plantios comerciais de soja no mundo restringiam-se a regiões de climas temperados e sub-tropicais, cujas latitudes estavam próximas ou superiores aos 30º. “O produtor brasileiro tinha que usar as cultivares importadas dos Estados Unidos que eram adaptadas apenas para a região Sul do Brasil”, explica o pesquisador Carlos Arrabal Arias. “Com as pesquisas da Embrapa, conseguimos romper essa barreira, desenvolvendo variedades adaptadas às condições tropicais com baixas latitudes, permitindo o cultivo da oleaginosa em todo o território brasileiro”, conta Arias. Segundo o pesquisador, a primeira cultivar brasileira para o Brasil Central foi a Doko, lançada em 1980. “Depois desse lançamento, o programa de melhoramento genético de soja continuou gerando novas cultivares com alto rendimento, com sanidade elevada e adaptadas às regiões do Brasil”, explica Arias. Desde a introdução experimental da soja no Brasil, foram desenvolvidas diversas cultivares, sempre buscando incremento de produtividade, adaptabilidade e resistência a doenças. A Embrapa Soja teve participação ativa nessa evolução, tanto que em 50 anos a instituição desenvolveu cerca de 440 cultivares de soja. A Embrapa vem desenvolvendo cultivares de diferentes plataformas tecnológicas: tanto soja convencional com resistência a várias pragas e doenças, quanto soja geneticamente modificada resistente a insetos e herbicidas. Para tornar o Brasil o maior produtor mundial de soja – com 147,35 milhões de toneladas, na safra 2023/2024 – foi preciso muita ciência e dedicação para adaptar esse grão para o cultivo em região tropical. “A soja é a alavanca do agronegócio e da economia brasileira e isso foi possível, graças aos diversos atores que compõe a cadeia produtiva da soja – cientistas, técnicos e produtores – e que fizeram um trabalho de excelência”, destaca Nepomuceno. Linha do tempo da soja – Logo na entrada da Vitrine, o visitante poderá ver a soja selvagem (que é perene), e a ancestral “mais próxima” da soja (Glycine soja), cujo ciclo é anual. Além destas, também estarão em exposição algumas cultivares de Glycine max (soja cultivada). Dentre elas, a cultivar Amarela Comum (introduzida dos Estados Unidos, e também conhecida como Amarela do Rio Grande). “Essa soja foi semeada a partir do início dos anos 1920 até o início da década de 1960, e foi fundamental para o estabelecimento e a expansão do cultivo da soja”, explica a pesquisadora Mônica Zavaglia. Outro exemplar em demonstração é a cultivar Pelicano, introduzida dos Estados Unidos na década de 1950, que se adaptou no Brasil e foi semeada até meados de 1960. Ainda na década de 1960, Monica cita a Bragg, uma das cultivares que mais contribuiu para a produção de soja nos estados do Sul e em São Paulo. E também a cultivar Davis, que devido à resistência às doenças mancha-olho-de-rã e podridão parda da haste perdurou por vários anos e deu origem a outras cultivares. “Finalmente, em 1966, temos o lançamento da primeira cultivar de soja genuinamente brasileira de importância comercial, que é a cultivar Santa Rosa. Ela é considerada uma das cultivares mais importantes de todos os tempos, destacando-se em várias décadas”, relata a pesquisadora. Na década de 1970, Monica destaca além da cultivar Santa Rosa, a cultivar Paraná, em virtude da sua arquitetura de plantas e precocidade para a época. Na década de 1980, a Embrapa Soja desenvolve a BR-16, cujos cruzamentos realizados no campo experimental em Londrina (PR), tem em sua genealogia a cultivar Davis. “A BR-16 foi um sucesso desde seu lançamento até início dos anos 2000, devido à boa resistência às doenças podridão parda da haste e ao cancro-da-haste e à ampla adaptação, sendo recomendada do RS até MG”, conta Mônica. De acordo com a pesquisadora, a década de 1990 foi marcada pela busca por qualidade fisiológica de sementes, resistência à doenças e precocidade. Com estas características, destacaram-se as cultivares Embrapa 48 e BRS 133. “Essas cultivares contribuíram muito para a sojicultura nacional, por possuírem resistência à pústula bacteriana, mancha olho-de-rã e cancro-da-haste. O cancro foi identificado pela primeira vez no Brasil, em 1989, causando perdas de 80% a 100%. A doença foi responsável por retirar do mercado diversas cultivares suscetíveis”, relembra. A partir dos anos 2000, tem início uma nova geração de cultivares, com a introdução dos transgênicos (soja com resistência a herbicidas), e ainda pela busca de ciclo e porte de planta que viabilizassem a semeadura do milho 2ª safra e qualidade nutricional. “Nesta fase, destacamos a cultivar BRS 232, com resistência ao nematoide de galhas, alto teor de proteína e elevado potencial de rendimento. Também ressaltamos a cultivar BRS 284, de tipo de crescimento indeterminado (novidade para a época), arquitetura diferenciada de plantas, ampla adaptação (recomendada para os estados de SC, PR, SP, MS, MT, GO e MG), semeada até os dias atuais” conta. Na década de 2010, a pesquisadora diz que características como resistência à ferrugem asiática da soja, a tolerância a percevejos, a precocidade, o tipo de crescimento indeterminado e a introdução da “segunda geração” de transgênicos (combinação de resistência a herbicidas e tolerância a lagartas) são destaque nas cultivares. Para compor essa década, está em demonstração a cultivar convencional BRS 511 com a tecnologia Shield® (resistência à ferrugem asiática da soja). E ainda a cultivar transgênica BRS 1003IPRO com resistência a herbicidas e tolerância a lagartas e também tolerância a percevejos (tecnologia Block®). Nos anos 2020, o destaque é a BRS 1064IPRO, uma cultivar da “segunda geração” de transgênicos, com ampla adaptação (RS, SC, PR, SP, MS, GO e MG). “Esta cultivar tem ainda estabilidade de produção, o que permite semeadura antecipada e encaixa no sistema em sucessão/rotação da 2ª safra, além de moderada resistência ao nematoide de galhas (M. javanica) e resistente à raça 3 de nematoiide de cisto, tipo de crescimento indeterminado e elevado potencial de produção”, ressalta Mônica. Coleção com 65 mil tipos soja – As sementes das 16 cultivares de soja, selecionados para compor a Vitrine da Embrapa no Show Rural, fazem parte do Banco Ativo de Germoplasma (BAG), uma coleção de aproximadamente 65 mil acessos (tipos de soja) introduzidos da coleção dos Estados Unidos e de outros países da África, Europa, Ásia, Oriente Médio e Oceania. “O BAG, mantido pela Embrapa, é responsável por guardar a variabilidade genética da soja. Quanto mais acessos diferentes e caracterizados, melhor é a utilização nos programas de melhoramento para desenvolvimento de novas variedades,” esclarece o pesquisador Marcelo Fernandes. O BAG conta com 21 tipos de soja selvagem (a maioria originária da Austrália) e com cerca de 3 mil acessos de Glycine soja – ancestral da soja cultivada – proveniente da China, e que foi domesticada há mais de quatro mil anos. A evolução da soja se deu, por meio, da Glycine soja que foi domesticada e melhorada na China antiga. Tambem compõe o BAG uma coleção com quase todas as cultivares já lançadas comercialmente no Brasil. Ao contrário da soja semeada atualmente, que é originária da China, a soja selvagem ainda é pouco conhecida, mas possui características que poderão influenciar o futuro dos programas de melhoramento, avalia Fernandes. De acordo com o pesquisador, muitas das sementes selvagens são similares a grãos de mostarda. As plantas são trepadeiras como o feijão e têm folhas redondas e estreitas, ou seja, muito diferentes da soja cultivada atualmente. Criado em 1976, o BAG da Embrapa passou por diversas ampliações e hoje é o segundo maior banco de sementes de soja do mundo. No caso da Embrapa, o acesso a essas características foi determinante para modernizar completamente a genética das cultivares BRS. “A Embrapa vem trabalhando em diferentes plataformas tecnológicas para atender às diferentes necessidades do produtor como precocidade, tipo de crescimento indeterminado, reação a novas doenças, alto potencial produtivo da soja, entre outras características”, conta. Papel da pesquisa A Embrapa Soja foi criada, em 1975, com o propósito de desenvolver tecnologias que viabilizassem a produção de soja no Brasil. Foi além, tornou-se referência mundial em pesquisa dessa oleaginosa para regiões tropicais. Os pesquisadores desenvolveram tecnologias customizadas para as condições de solo e clima do Cerrado e de outras regiões brasileiras. Além do desenvolvimento de novas cultivares, a Embrapa e seus parceiros criaram um sistema de produção de soja tropical. Isso inclui recuperação/manutenção da fertilidade do solo, técnicas de manejo da cultura, controle de plantas daninhas e pragas e doenças, melhoria da qualidade das sementes, entre outras. Esse conjunto de tecnologias tem permitido a sustentabilidade agrícola da cultura da soja no Brasil. Para demonstrar a evolução das cultivares de soja no Brasil, a Embrapa criou uma linha do tempo com diferentes cultivares de soja que contam a história do grão em sua Vitrine de Tecnologias no Show Rural. No quadro abaixo, estão as cultivares da Embrapa que fizeram e fazem a história da soja na região Centro-Sul do Brasil. Soja: da semente ancestral às cultivares modernas Região Centro Sul Descrição Soja Primeiro ancestral de Glycine no mundo encontrada no continente australiano Soja selvagem 2838 aC: Soja selvagem nativa da China Glycine soja/ancestral de Glycine Max (soja semeada atualmente 1924 à 1950 lntrodução comercial de soja Amarela Comum Pelicano 1960 Adaptação da cultura com cultivares introduzidas dos EUA Bragg Davis 1970 Expansão no Centro-Sul e primeiras cultivares genuinamente brasileiras Paraná Santa Rosa 1980 Ampla adaptação (RS até MG) BR 16 1990 Foco no aprimoramento da sanidade Embrapa 48 BRS 133 2000 Características como tipo de crescimento indeterminado e possibilidade de 2ª safra BRS 232 BRS 284 2010 Tecnologias Shield® e Block® BRS 511 BRS 1003IPRO 2020 Incremento permanente de qualidade, precocidade e competitividade BRS 1064IPRO
A soja é cultivada na China há mais de 4 mil anos. No Brasil, os primeiros plantios comerciais foram em 1924, no Rio Grande do Sul. Para contar a trajetória desse grão no Brasil, a Embrapa Soja selecionou 16 cultivares ícônicas, de diferentes épocas, para estar em exposição na Vitrine de Tecnologias da Embrapa no Show Rural Coopavel, a ser realizado de 10 a 14 de fevereiro, em Cascavel (PR). “O objetivo é mostrar a evolução deste grão, cujo início do plantio comercial no Brasil foi há 100 anos e também celebrar os 50 anos da Embrapa Soja, em 2025”, explica o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno.
Há quatro mil anos, a soja era uma planta selvagem, que crescia na costa leste da Ásia. Nesse período, a leguminosa foi domesticada pelos chineses, o que a torna uma das culturas agrícolas mais antigas do mundo. “A soja semeada atualmente tem a constituição genética da ancestral chinesa, mas ela é diferente tanto em aparência quanto em características morfológicas e de produção”, explica Nepomuceno.
“Com as pesquisas da Embrapa, conseguimos romper essa barreira, desenvolvendo variedades adaptadas às condições tropicais com baixas latitudes, permitindo o cultivo da oleaginosa em todo o território brasileiro”, conta Arias. Segundo o pesquisador, a primeira cultivar brasileira para o Brasil Central foi a Doko, lançada em 1980. “Depois desse lançamento, o programa de melhoramento genético de soja continuou gerando novas cultivares com alto rendimento, com sanidade elevada e adaptadas às regiões do Brasil”, explica Arias.
Desde a introdução experimental da soja no Brasil, foram desenvolvidas diversas cultivares, sempre buscando incremento de produtividade, adaptabilidade e resistência a doenças. A Embrapa Soja teve participação ativa nessa evolução, tanto que em 50 anos a instituição desenvolveu cerca de 440 cultivares de soja. A Embrapa vem desenvolvendo cultivares de diferentes plataformas tecnológicas: tanto soja convencional com resistência a várias pragas e doenças, quanto soja geneticamente modificada resistente a insetos e herbicidas.
Para tornar o Brasil o maior produtor mundial de soja – com 147,35 milhões de toneladas, na safra 2023/2024 – foi preciso muita ciência e dedicação para adaptar esse grão para o cultivo em região tropical. “A soja é a alavanca do agronegócio e da economia brasileira e isso foi possível, graças aos diversos atores que compõe a cadeia produtiva da soja – cientistas, técnicos e produtores – e que fizeram um trabalho de excelência”, destaca Nepomuceno.
Linha do tempo da soja – Logo na entrada da Vitrine, o visitante poderá ver a soja selvagem (que é perene), e a ancestral “mais próxima” da soja (Glycine soja), cujo ciclo é anual. Além destas, também estarão em exposição algumas cultivares de Glycine max (soja cultivada). Dentre elas, a cultivar Amarela Comum (introduzida dos Estados Unidos, e também conhecida como Amarela do Rio Grande). “Essa soja foi semeada a partir do início dos anos 1920 até o início da década de 1960, e foi fundamental para o estabelecimento e a expansão do cultivo da soja”, explica a pesquisadora Mônica Zavaglia.
Outro exemplar em demonstração é a cultivar Pelicano, introduzida dos Estados Unidos na década de 1950, que se adaptou no Brasil e foi semeada até meados de 1960. Ainda na década de 1960, Monica cita a Bragg, uma das cultivares que mais contribuiu para a produção de soja nos estados do Sul e em São Paulo. E também a cultivar Davis, que devido à resistência às doenças mancha-olho-de-rã e podridão parda da haste perdurou por vários anos e deu origem a outras cultivares. “Finalmente, em 1966, temos o lançamento da primeira cultivar de soja genuinamente brasileira de importância comercial, que é a cultivar Santa Rosa. Ela é considerada uma das cultivares mais importantes de todos os tempos, destacando-se em várias décadas”, relata a pesquisadora.
Na década de 1970, Monica destaca além da cultivar Santa Rosa, a cultivar Paraná, em virtude da sua arquitetura de plantas e precocidade para a época. Na década de 1980, a Embrapa Soja desenvolve a BR-16, cujos cruzamentos realizados no campo experimental em Londrina (PR), tem em sua genealogia a cultivar Davis. “A BR-16 foi um sucesso desde seu lançamento até início dos anos 2000, devido à boa resistência às doenças podridão parda da haste e ao cancro-da-haste e à ampla adaptação, sendo recomendada do RS até MG”, conta Mônica.
De acordo com a pesquisadora, a década de 1990 foi marcada pela busca por qualidade fisiológica de sementes, resistência à doenças e precocidade. Com estas características, destacaram-se as cultivares Embrapa 48 e BRS 133. “Essas cultivares contribuíram muito para a sojicultura nacional, por possuírem resistência à pústula bacteriana, mancha olho-de-rã e cancro-da-haste. O cancro foi identificado pela primeira vez no Brasil, em 1989, causando perdas de 80% a 100%. A doença foi responsável por retirar do mercado diversas cultivares suscetíveis”, relembra.
A partir dos anos 2000, tem início uma nova geração de cultivares, com a introdução dos transgênicos (soja com resistência a herbicidas), e ainda pela busca de ciclo e porte de planta que viabilizassem a semeadura do milho 2ª safra e qualidade nutricional. “Nesta fase, destacamos a cultivar BRS 232, com resistência ao nematoide de galhas, alto teor de proteína e elevado potencial de rendimento. Também ressaltamos a cultivar BRS 284, de tipo de crescimento indeterminado (novidade para a época), arquitetura diferenciada de plantas, ampla adaptação (recomendada para os estados de SC, PR, SP, MS, MT, GO e MG), semeada até os dias atuais” conta.
Na década de 2010, a pesquisadora diz que características como resistência à ferrugem asiática da soja, a tolerância a percevejos, a precocidade, o tipo de crescimento indeterminado e a introdução da “segunda geração” de transgênicos (combinação de resistência a herbicidas e tolerância a lagartas) são destaque nas cultivares. Para compor essa década, está em demonstração a cultivar convencional BRS 511 com a tecnologia Shield® (resistência à ferrugem asiática da soja). E ainda a cultivar transgênica BRS 1003IPRO com resistência a herbicidas e tolerância a lagartas e também tolerância a percevejos (tecnologia Block®).
Nos anos 2020, o destaque é a BRS 1064IPRO, uma cultivar da “segunda geração” de transgênicos, com ampla adaptação (RS, SC, PR, SP, MS, GO e MG). “Esta cultivar tem ainda estabilidade de produção, o que permite semeadura antecipada e encaixa no sistema em sucessão/rotação da 2ª safra, além de moderada resistência ao nematoide de galhas (M. javanica) e resistente à raça 3 de nematoiide de cisto, tipo de crescimento indeterminado e elevado potencial de produção”, ressalta Mônica.
Coleção com 65 mil tipos soja – As sementes das 16 cultivares de soja, selecionados para compor a Vitrine da Embrapa no Show Rural, fazem parte do Banco Ativo de Germoplasma (BAG), uma coleção de aproximadamente 65 mil acessos (tipos de soja) introduzidos da coleção dos Estados Unidos e de outros países da África, Europa, Ásia, Oriente Médio e Oceania. “O BAG, mantido pela Embrapa, é responsável por guardar a variabilidade genética da soja. Quanto mais acessos diferentes e caracterizados, melhor é a utilização nos programas de melhoramento para desenvolvimento de novas variedades,” esclarece o pesquisador Marcelo Fernandes.
O BAG conta com 21 tipos de soja selvagem (a maioria originária da Austrália) e com cerca de 3 mil acessos de Glycine soja – ancestral da soja cultivada – proveniente da China, e que foi domesticada há mais de quatro mil anos. A evolução da soja se deu, por meio, da Glycine soja que foi domesticada e melhorada na China antiga. Tambem compõe o BAG uma coleção com quase todas as cultivares já lançadas comercialmente no Brasil. Ao contrário da soja semeada atualmente, que é originária da China, a soja selvagem ainda é pouco conhecida, mas possui características que poderão influenciar o futuro dos programas de melhoramento, avalia Fernandes. De acordo com o pesquisador, muitas das sementes selvagens são similares a grãos de mostarda. As plantas são trepadeiras como o feijão e têm folhas redondas e estreitas, ou seja, muito diferentes da soja cultivada atualmente.
Criado em 1976, o BAG da Embrapa passou por diversas ampliações e hoje é o segundo maior banco de sementes de soja do mundo. No caso da Embrapa, o acesso a essas características foi determinante para modernizar completamente a genética das cultivares BRS. “A Embrapa vem trabalhando em diferentes plataformas tecnológicas para atender às diferentes necessidades do produtor como precocidade, tipo de crescimento indeterminado, reação a novas doenças, alto potencial produtivo da soja, entre outras características”, conta.
Papel da pesquisa
A Embrapa Soja foi criada, em 1975, com o propósito de desenvolver tecnologias que viabilizassem a produção de soja no Brasil. Foi além, tornou-se referência mundial em pesquisa dessa oleaginosa para regiões tropicais. Os pesquisadores desenvolveram tecnologias customizadas para as condições de solo e clima do Cerrado e de outras regiões brasileiras. Além do desenvolvimento de novas cultivares, a Embrapa e seus parceiros criaram um sistema de produção de soja tropical. Isso inclui recuperação/manutenção da fertilidade do solo, técnicas de manejo da cultura, controle de plantas daninhas e pragas e doenças, melhoria da qualidade das sementes, entre outras. Esse conjunto de tecnologias tem permitido a sustentabilidade agrícola da cultura da soja no Brasil.
Para demonstrar a evolução das cultivares de soja no Brasil, a Embrapa criou uma linha do tempo com diferentes cultivares de soja que contam a história do grão em sua Vitrine de Tecnologias no Show Rural. No quadro abaixo, estão as cultivares da Embrapa que fizeram e fazem a história da soja na região Centro-Sul do Brasil.
Soja: da semente ancestral às cultivares modernas
Região Centro Sul |
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Descrição |
Soja |
Primeiro ancestral de Glycine no mundo encontrada no continente australiano |
Soja selvagem |
2838 aC: |
Glycine soja/ancestral de Glycine Max (soja semeada atualmente |
1924 à 1950 |
Amarela Comum Pelicano |
1960 |
Bragg Davis |
1970 |
Paraná Santa Rosa |
1980 |
BR 16 |
1990 |
Embrapa 48 BRS 133 |
2000 |
BRS 232 BRS 284 |
2010 |
BRS 511 BRS 1003IPRO |
2020 Incremento permanente de qualidade, precocidade e competitividade |
BRS 1064IPRO |
Lebna Landgraf (MTb 2903 – PR)
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