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Sisteminha Comunidades é tema de painel da COP29

No último dia 14, durante a 29ª Conferência das Partes (COP29) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), em Baku, no Azerbaijão, o Sisteminha foi tema do painel “Tecnologia social promotora da soberania e segurança alimentar, da resiliência climática e da macroeconomia dos povos e comunidades tradicionais”, apresentado pelo pesquisador da Embrapa Cocais Luiz Carlos Guilheme, responsável pelo desenvolvimento da solução tecnológica. A diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia, Ana Euler, representou a presidente Silvia Massruhá. Participaram do painel Carlos Ansarah, da Secretaria de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); Joenia Wapichana, presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai); Lúcia Alberta, diretora de Desenvolvimento Sustentável da Funai; Ronaldo dos Santos, do Ministério da Igualdade Racial (MIR); Luiz Fernando Delazari, diretor jurídico da Itaipu Binacional; e a líder quilombola Milena Martins, da Comunidade São Martins, em Paulistana (PI). O objetivo foi mostrar o Sisteminha, com foco na sua diversidade e flexibilidade e alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, como erradicação da pobreza, fome zero, saúde e bem-estar, igualdade de gênero, água limpa e saneamento, redução das desigualdades e consumo e produção responsáveis, além de aderir aos critérios ESG, que reúne políticas de meio ambiente, responsabilidade social e governança. A partir do termo de execução descentralizada (TED) firmado entre Embrapa e MDA para implantação de mil Sisteminhas no Brasil, foi formada uma rede de multiplicadores, aberta para agregação de novas parcerias de caráter técnico, financeiro, institucional ou social. Mais recentemente, estão sendo realizadas tratativas para parceria entre Embrapa e MDS para levar mais 300 unidades do Sisteminha a regiões de maior vulnerabilidade, a partir da ação de multiplicadores capacitados e credenciados tecnicamente. A diretora Ana Euler reforçou o potencial de transformação de realidades sociais do Sisteminha Comunidades. “Sabemos do impacto social da tecnologia e vamos trabalhar junto com os ministérios para implementar a pesquisa em políticas públicas em benefício do povo”. O pesquisador Luiz Guilherme, criador da tecnologia social, mostrou como o Sisteminha Comunidades é uma abordagem inovadora na produção de alimentos, que busca integrar técnicas sustentáveis de cultivo para a segurança alimentar e nutricional e a geração de renda, com preservação ambiental. Ele explicou que a tecnologia consiste na interação de pequenos módulos de produção animal, vegetal (milho, mandioca, batata doce, abóbora, feijão, melancia e inhame) e atividade microbiológica, dimensionados em escala familiar e comunitária com o máximo de aproveitamento de resíduos e o mínimo de desperdício de recursos naturais. “Ao todo, o Sisteminha abarca 15 módulos produtivos distintos (piscicultura, ave de postura, ave de corte, codornas, horta biodiversa, frutíferas, chás, temperos, suinocultura, minhocário, composteira, porquinhos da índia, larvas de mosca, meliponicultora e outros). O módulo central é o tanque de piscicultura com recirculação de água. Os resíduos dos peixes são usados para fertirrigação das hortas”, detalhou. Segundo o criador da tecnologia, o Sisteminha Comunidades também foi dimensionado para prover oferta de alimentos de forma contínua durante o ano, graças ao plantio escalonado. “Embora não vise gerar excedentes, com frequência gera, induzindo dinâmicas econômicas internas e externas. Além disso, não é uma tecnologia engessada, mas altamente adaptável aos mais diversos biomas e hábitos alimentares”. Ansarah destacou o trabalho que está sendo realizado em parceria com a Embrapa para levar mil Sisteminhas a povos e comunidades tradicionais localizados em todas as regiões do Brasil e a importância da rede com diversos parceiros para viabilizar a expansão e o papel social da tecnologia. Ronaldo dos Santos enfatizou que falar sobre o Sisteminha em um evento que trata das mudanças climáticas é fundamental. “As comunidades e povos tradicionais cumprem seu papel na preservação da natureza, mas são os primeiros a serem afetados pela crise climática. O Sisteminha é elemento essencial para fortalecer a defesa dos territórios e de sua população”. A presidente da Funai disse que a instituição tem abraçado a tecnologia social como estratégia para segurança alimentar e nutricional dos povos indígenas, especialmente diante da crise climática, e que os resultados vêm muito rapidamente. A urgência em atacar, de forma prática, a fome e a pobreza também foi percebida pela líder quilombola Milena Martins. “Saimos, rapidamente, de um cenário de alto índice de mortalidade infantil, desnutrição e ausência de perspectiva para o cenário de mesa farta e crianças, jovens, adultos e idosos bem alimentados e nutridos. Hoje nós escolhemos o que vamos comer, tamanha fartura. A ‘água temperada’ do tanque de peixes faz toda a diferença no desenvolvimento das plantas, sem uso do fogo e defensivos, ou seja, sem agredir o meio ambiente e as pessoas. Tudo é reaproveitado: os resíduos viram ração e adubo. Somos 108 famílias no quilombo, 25 delas envolvidas diretamente no Sisteminha Comunidades e o que produzimos sobra para comercialização, com destaque especial para o trabalho das mulheres em todo o processo”. Espera-se que a participação no evento COP29 desdobre-se em diversos avanços estratégicos para o Sisteminha Comunidades. O painel possibilitou a ampliação de parcerias internacionais e nacionais, fortalecendo a Rede de Multiplicadores e garantindo a expansão da tecnologia em comunidades vulneráveis; o reconhecimento global como Tecnologia Social Sustentável ao posicionar a tecnologia como um modelo replicável e adaptável de agricultura sustentável alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o que pode facilitar sua adoção como referência para programas internacionais de segurança alimentar em regiões vulneráveis a mudanças climáticas; a incorporação em políticas públicas territórios indígenas, quilombolas e periurbanos; a expansão do TED para outras regiões; a replicação em outros países e biomas, especialmente de países da América Latina e África, locais onde a tecnologia tem alto potencial de adaptação devido às condições climáticas e à realidade socioeconômica similares às das comunidades atendidas no Brasil; o estímulo à Pesquisa e Desenvolvimento, permitindo a criação de novos módulos produtivos e melhorias nos já existentes, como o uso de tecnologias digitais para monitoramento e manejo, potencializando o impacto do Sisteminha Comunidades; o fortalecimento do papel das mulheres a partir de políticas específicas para a capacitação de multiplicadoras; o planejamento para a COP30, incluindo estudos de impacto, casos de sucesso e a ampliação das unidades do Sisteminha. “A intenção é demonstrar, em um ano, avanços na segurança alimentar, na geração de renda e na mitigação dos impactos climáticos em comunidades vulneráveis. Com a participação no evento, o Sisteminha Comunidades não apenas ganha reconhecimento, mas também fortalece seu papel como uma solução prática, inovadora e escalável para os desafios da fome e das mudanças climáticas, inspirando ações globais e mobilizando novos parceiros para um impacto ainda maior.

Foto: Eline Lohana, Ascom Funai

Eline Lohana, Ascom Funai -

No último dia 14, durante a 29ª Conferência das Partes (COP29) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), em Baku, no Azerbaijão, o Sisteminha foi tema do painel “Tecnologia social promotora da soberania e segurança alimentar, da resiliência climática e da macroeconomia dos povos e comunidades tradicionais”, apresentado pelo pesquisador da Embrapa Cocais Luiz Carlos Guilheme, responsável pelo desenvolvimento da solução tecnológica.

A diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia, Ana Euler, representou a presidente Silvia Massruhá. Participaram do painel Carlos Ansarah, da Secretaria de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); Joenia Wapichana, presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai); Lúcia Alberta, diretora de Desenvolvimento Sustentável da Funai; Ronaldo dos Santos, do Ministério da Igualdade Racial (MIR); Luiz Fernando Delazari, diretor jurídico da Itaipu Binacional; e a líder quilombola Milena Martins, da Comunidade São Martins, em Paulistana (PI).

O objetivo foi mostrar o Sisteminha, com foco na sua diversidade e flexibilidade e alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, como erradicação da pobreza, fome zero, saúde e bem-estar, igualdade de gênero, água limpa e saneamento, redução das desigualdades e consumo e produção responsáveis, além de aderir aos critérios ESG, que reúne políticas de meio ambiente, responsabilidade social e governança.

A partir do termo de execução descentralizada (TED) firmado entre Embrapa e MDA para implantação de mil Sisteminhas no Brasil, foi formada uma rede de multiplicadores, aberta para agregação de novas parcerias de caráter técnico, financeiro, institucional ou social. Mais recentemente, estão sendo realizadas tratativas para parceria entre Embrapa e MDS para levar mais 300 unidades do Sisteminha a regiões de maior vulnerabilidade, a partir da ação de multiplicadores capacitados e credenciados tecnicamente.

A diretora Ana Euler reforçou o potencial de transformação de realidades sociais do Sisteminha Comunidades. “Sabemos do impacto social da tecnologia e vamos trabalhar junto com os ministérios para implementar a pesquisa em políticas públicas em benefício do povo”. O pesquisador Luiz Guilherme, criador da tecnologia social, mostrou como o Sisteminha Comunidades é uma abordagem inovadora na produção de alimentos, que busca integrar técnicas sustentáveis de cultivo para a segurança alimentar e nutricional e a geração de renda, com preservação ambiental.  Ele explicou que a tecnologia consiste na interação de pequenos módulos de produção animal, vegetal (milho, mandioca, batata doce, abóbora, feijão, melancia e inhame) e atividade microbiológica, dimensionados em escala familiar e comunitária com o máximo de aproveitamento de resíduos e o mínimo de desperdício de recursos naturais.

“Ao todo, o Sisteminha abarca 15 módulos produtivos distintos (piscicultura, ave de postura, ave de corte, codornas, horta biodiversa, frutíferas, chás, temperos, suinocultura, minhocário, composteira, porquinhos da índia, larvas de mosca, meliponicultora e outros). O módulo central é o tanque de piscicultura com recirculação de água. Os resíduos dos peixes são usados para fertirrigação das hortas”, detalhou. Segundo o criador da tecnologia, o Sisteminha Comunidades também foi dimensionado para prover oferta de alimentos de forma contínua durante o ano, graças ao plantio escalonado. “Embora não vise gerar excedentes, com frequência gera, induzindo dinâmicas econômicas internas e externas. Além disso, não é uma tecnologia engessada, mas altamente adaptável aos mais diversos biomas e hábitos alimentares”.

Ansarah destacou o trabalho que está sendo realizado em parceria com a Embrapa para levar mil Sisteminhas a povos e comunidades tradicionais localizados em todas as regiões do Brasil e a importância da rede com diversos parceiros para viabilizar a expansão e o papel social da tecnologia. Ronaldo dos Santos enfatizou que falar sobre o Sisteminha em um evento que trata das mudanças climáticas é fundamental. “As comunidades e povos tradicionais cumprem seu papel na preservação da natureza, mas são os primeiros a serem afetados pela crise climática. O Sisteminha é elemento essencial para fortalecer a defesa dos territórios e de sua população”.  A presidente da Funai disse que a instituição tem abraçado a tecnologia social como estratégia para segurança alimentar e nutricional dos povos indígenas, especialmente diante da crise climática, e que os resultados vêm muito rapidamente. A urgência em atacar, de forma prática, a fome e a pobreza também foi percebida pela líder quilombola Milena Martins. “Saimos, rapidamente, de um cenário de alto índice de mortalidade infantil, desnutrição e ausência de perspectiva para o cenário de mesa farta e crianças, jovens, adultos e idosos bem alimentados e nutridos. Hoje nós escolhemos o que vamos comer, tamanha fartura. A ‘água temperada’ do tanque de peixes faz toda a diferença no desenvolvimento das plantas, sem uso do fogo e defensivos, ou seja, sem agredir o meio ambiente e as pessoas. Tudo é reaproveitado: os resíduos viram ração e adubo. Somos 108 famílias no quilombo, 25 delas envolvidas diretamente no Sisteminha Comunidades e o que produzimos sobra para comercialização, com destaque especial para o trabalho das mulheres em todo o processo”.

Espera-se que a participação no evento COP29 desdobre-se em diversos avanços estratégicos para o Sisteminha Comunidades. O painel possibilitou  a ampliação de parcerias internacionais e nacionais, fortalecendo a Rede de Multiplicadores e garantindo a expansão da tecnologia em comunidades vulneráveis; o reconhecimento global como Tecnologia Social Sustentável ao posicionar a tecnologia como um modelo replicável e adaptável de agricultura sustentável alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o que pode facilitar sua adoção como referência para programas internacionais de segurança alimentar em regiões vulneráveis a mudanças climáticas; a incorporação em políticas públicas territórios indígenas, quilombolas e periurbanos; a expansão do TED para outras regiões; a replicação em outros países e biomas, especialmente de países da América Latina e África, locais onde a tecnologia tem alto potencial de adaptação devido às condições climáticas e à realidade socioeconômica similares às das comunidades atendidas no Brasil; o estímulo à Pesquisa e Desenvolvimento, permitindo a criação de novos módulos produtivos e melhorias nos já existentes, como o uso de tecnologias digitais para monitoramento e manejo, potencializando o impacto do Sisteminha Comunidades; o fortalecimento do papel das mulheres a partir de  políticas específicas para a capacitação de multiplicadoras; o planejamento para a COP30, incluindo estudos de impacto, casos de sucesso e a ampliação das unidades do Sisteminha.

“A intenção é demonstrar, em um ano, avanços na segurança alimentar, na geração de renda e na mitigação dos impactos climáticos em comunidades vulneráveis. Com a participação no evento, o Sisteminha Comunidades não apenas ganha reconhecimento, mas também fortalece seu papel como uma solução prática, inovadora e escalável para os desafios da fome e das mudanças climáticas, inspirando ações globais e mobilizando novos parceiros para um impacto ainda maior.

Flávia Bessa (MTb 4469/DF)
Embrapa Cocais

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Telefone: (61) 99221-9484

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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