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Coleta de sementes em Cristalina (GO) é tema de reportagem

A grande perda de vegetação nativa para agricultura nos últimos 20 anos e as queimadas que atingiram o município de Cristalina (GO) este ano fizeram com que uma espécie ameaçada de extinção, endêmica da região – a Jacaranda intricata, pertencente à família dos ipês –, desaparecesse antes mesmo que os pesquisadores pudessem coletar sementes para conservá-la ex situ. No entanto, tendo em vista a resiliência do Cerrado, há a expectativa de que os poucos indivíduos localizados dessa espécie no município ainda voltem a brotar. O assunto foi tema de uma reportagem publicada pelo Correio Braziliense em 31 de outubro, que ouviu o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Marcelo Simon. O pesquisador explica que a coleta de sementes na região de Cristalina faz parte do Plano de Ação Territorial (PAT) Veredas Goyaz-Geraes, do Projeto Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (Pró-Espécies), que tem como objetivo principal proteger pelo menos 290 espécies nativas do Brasil que estão oficialmente classificadas como criticamente ameaçadas de extinção. O pesquisador do Cenargen Bruno Walter é o coordenador da iniciativa. Para alcançar seu objetivo, o projeto conta com uma equipe de especialistas coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). A implementação do projeto é promovida pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a execução pelo WWF-Brasil. A elaboração e implementação de Planos de Ação Territoriais para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PATs) é apoiada pelo Pró-Espécies. Para alcançar esse objetivo, o projeto conta com a colaboração de outras instituições e órgãos estaduais de meio ambiente, além de atores locais. Grande Sertão O nome do PAT Veredas Goyaz-Geraes foi inspirado na obra literária Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. O Plano de Ação abrange 33 municípios – 18 em Goiás e 15 em Minas Gerais – cuja ocupação socioeconômica inclui áreas agrícolas, urbanas e assentamentos. Sua área de governança tem 64.423.82 km2 e se estende por 490 km de norte a sul e 410 km de leste a oeste, todo inserido no bioma Cerrado. A coordenação do PAT é feita pelos órgãos estaduais de meio ambiente dos dois estados. Sua formulação foi realizada por meio de oficinas virtuais participativas entre março e setembro de 2022, com a participação de representantes dos órgãos de meio ambiente, instituições de ensino e pesquisa, empresas do setor privado e organizações da sociedade civil. O foco de conservação do PAT é formado por nove espécies-alvo criticamente em perigo de extinção, distribuídas pelos grupos biológicos: quatro plantas, três peixes, um invertebrado de água doce e um mamífero. Em entrevista ao Correio Braziliense, Marcelo Simon alertou sobre a urgência de preservar a vegetação do Cerrado que ainda permanece intacta, pois a recuperação de áreas devastadas deve ser feita com plantas nativas, e as espécies cerratenses levam mais tempo para crescer e dependem das condições peculiares de solo e clima. Nesse sentido, uma das ações essenciais para a conservação do bioma é a conscientização da população acerca da sua biodiversidade. “Se pedimos para uma pessoa pensar em uma área natural de grande biodiversidade vão pensar na floresta, e as savanas ficam em segundo plano – ou nem é considerada. Porém, no Cerrado, onde predominam campos e savanas, temos uma quantidade de espécies muito grande. No Brasil, há mais de 14 mil espécies cerratenses, e é essencialmente empatado com a Amazônia”, afirmou Marcelo. De acordo com ele, considerando somente a soma de plantas com flores, as angiospermas, mais gimnospermas (o grupo dos pinheiros) e as samambaias, o bioma Cerrado, com 14.376 espécies, possui a mesma riqueza florística da Amazônia, com 14.385 espécies, e que possui o dobro da área do Cerrado. Portanto, a Amazônia brasileira possui somente nove espécies a mais que o Cerrado, que tem proteção em unidades de conservação muito inferiores às daquele bioma. “Geralmente, as pessoas não sabem que há espécies raras e endêmicas por aqui. O Cerrado é uma das áreas de alto valor para conservação, e quem quiser pensar em conservação não pode excluir o Cerrado”, avaliou Marcelo na reportagem, acrescentando que o Cerrado e Mata Atlântica são os dois hotspots para conservação do país. Os hotspots representam as áreas naturais do planeta Terra que possuem uma grande diversidade ecológica e que estão em risco de extinção. Uma das medidas adotadas pelos pesquisadores no trabalho com espécies ameaçadas de extinção é a coleta de sementes. Depois, esses elementos fundamentais para a reprodução das plantas são armazenados no Banco Genético da Embrapa, em câmaras frias para a conservação ou germinados e cultivados in vitro, de acordo com a resistência da semente ao congelamento. Estas são as técnicas da mencionada conservação ex situ.

A grande perda de vegetação nativa para agricultura nos últimos 20 anos e as queimadas que atingiram o município de Cristalina (GO) este ano fizeram com que uma espécie ameaçada de extinção, endêmica da região – a Jacaranda intricata, pertencente à família dos ipês –, desaparecesse antes mesmo que os pesquisadores pudessem coletar sementes para conservá-la ex situ. No entanto, tendo em vista a resiliência do Cerrado, há a expectativa de que os poucos indivíduos localizados dessa espécie no município ainda voltem a brotar.

O assunto foi tema de uma reportagem publicada pelo Correio Braziliense em 31 de outubro, que ouviu o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Marcelo Simon. O pesquisador explica que a coleta de sementes na região de Cristalina faz parte do Plano de Ação Territorial (PAT) Veredas Goyaz-Geraes, do Projeto Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (Pró-Espécies), que tem como objetivo principal proteger pelo menos 290 espécies nativas do Brasil que estão oficialmente classificadas como criticamente ameaçadas de extinção.   

O pesquisador do Cenargen Bruno Walter é o coordenador da iniciativa. Para alcançar seu objetivo, o projeto conta com uma equipe de especialistas coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). A implementação do projeto é promovida pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a execução pelo WWF-Brasil.

A elaboração e implementação de Planos de Ação Territoriais para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PATs) é apoiada pelo Pró-Espécies. Para alcançar esse objetivo, o projeto conta com a colaboração de outras instituições e órgãos estaduais de meio ambiente, além de atores locais.

Grande Sertão

O nome do PAT Veredas Goyaz-Geraes foi inspirado na obra literária Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. O Plano de Ação abrange 33 municípios – 18 em Goiás e 15 em Minas Gerais – cuja ocupação socioeconômica inclui áreas agrícolas, urbanas e assentamentos. Sua área de governança tem 64.423.82 km2 e se estende por 490 km de norte a sul e 410 km de leste a oeste, todo inserido no bioma Cerrado.

A coordenação do PAT é feita pelos órgãos estaduais de meio ambiente dos dois estados. Sua formulação foi realizada por meio de oficinas virtuais participativas entre março e setembro de 2022, com a participação de representantes dos órgãos de meio ambiente, instituições de ensino e pesquisa, empresas do setor privado e organizações da sociedade civil. O foco de conservação do PAT é formado por nove espécies-alvo criticamente em perigo de extinção, distribuídas pelos grupos biológicos: quatro plantas, três peixes, um invertebrado de água doce e um mamífero.

Em entrevista ao Correio Braziliense, Marcelo Simon alertou sobre a urgência de preservar a vegetação do Cerrado que ainda permanece intacta, pois a recuperação de áreas devastadas deve ser feita com plantas nativas, e as espécies cerratenses levam mais tempo para crescer e dependem das condições peculiares de solo e clima. Nesse sentido, uma das ações essenciais para a conservação do bioma é a conscientização da população acerca da sua biodiversidade.

“Se pedimos para uma pessoa pensar em uma área natural de grande biodiversidade vão pensar na floresta, e as savanas ficam em segundo plano – ou nem é considerada. Porém, no Cerrado, onde predominam campos e savanas, temos uma quantidade de espécies muito grande. No Brasil, há mais de 14 mil espécies cerratenses, e é essencialmente empatado com a Amazônia”, afirmou Marcelo.

De acordo com ele, considerando somente a soma de plantas com flores, as angiospermas, mais gimnospermas (o grupo dos pinheiros) e as samambaias, o bioma Cerrado, com 14.376 espécies, possui a mesma riqueza florística da Amazônia, com 14.385 espécies, e que possui o dobro da área do Cerrado. Portanto, a Amazônia brasileira possui somente nove espécies a mais que o Cerrado, que tem proteção em unidades de conservação muito inferiores às daquele bioma.

“Geralmente, as pessoas não sabem que há espécies raras e endêmicas por aqui. O Cerrado é uma das áreas de alto valor para conservação, e quem quiser pensar em conservação não pode excluir o Cerrado”, avaliou Marcelo na reportagem, acrescentando que o Cerrado e Mata Atlântica são os dois hotspots para conservação do país. Os hotspots representam as áreas naturais do planeta Terra que possuem uma grande diversidade ecológica e que estão em risco de extinção.

Uma das medidas adotadas pelos pesquisadores no trabalho com espécies ameaçadas de extinção é a coleta de sementes. Depois, esses elementos fundamentais para a reprodução das plantas são armazenados no Banco Genético da Embrapa, em câmaras frias para a conservação ou germinados e cultivados in vitro, de acordo com a resistência da semente ao congelamento. Estas são as técnicas da mencionada conservação ex situ.

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