Representações de 17 países, tomadores de decisão, especialistas, instituições de pesquisa e lideranças de organizações nacionais e internacionais participaram na terça-feira (22) do primeiro dia do Workshop Perdas e Desperdício de Alimentos – América Latina e Caribe 2024, realizado na Sede. O objetivo do encontro de dois dias, promovido no âmbito do MACS-G20, foi o compartilhamento de experiências e o debate de estratégias efetivas que contribuam com a redução pela metade do desperdício alimentar e das perdas de alimentos, previstas pela Meta 12.3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU). Na abertura, a presidente Silvia Massruhá destacou a urgência de soluções para o problema e a necessidade de o Brasil assumir o protagonismo em ações que redirecionem o contexto atual, que tem impactado não só na insegurança alimentar e na fome de milhões de pessoas, quanto nas mudanças do clima e nas emissões de gases de efeito estufa. Para ela, o aprimoramento de parcerias é uma das mais importantes iniciativas a serem fortalecidas, associado ao desenvolvimento de tecnologias que auxiliem a redução de riscos à sociedade sobre os cenários futuros. “É necessário a colaboração internacional e o alinhamento às estratégias brasileiras”, comentou. “Nos Estados Unidos, estima-se que 58% das emissões de metano em aterros vêm de alimentos desperdiçados, por isso precisamos integrar soluções que envolvam toda a cadeia produtiva, desde os produtores até o consumidor final, promovendo a sustentabilidade”, concluiu. Para a presidente, a inteligência artificial e as soluções digitais são aliadas nesse processo, assim como a economia circular, no reaproveitamento de recursos e na redução de resíduos. “Temos as ferramentas, o conhecimento e as parcerias necessárias. A revisão das perdas e do desperdício de alimentos não são apenas uma necessidade ambiental e social, mas uma oportunidade econômica”, afirmou, ao defender o incentivo à inovação, à geração de renda, acima de tudo, ao combate à fome. “O Brasil pode se tornar um exemplo global na luta contra o desperdício de alimentos”, completou. Segundo o diretor do Instituto Thunen (Alemanha), Martin Banse, “o momento é fundamental para que as oportunidades sejam aproveitadas”. A organização foi a responsável pelo convite para que a Embrapa participasse como coorganizadora do worskshop anual de cooperação, no momento em que as duas instituições estão em fase final de formalização de um memorando de entendimento, entregue à presidente durante o evento. A necessidade de dados e métricas sobre a dimensão da realidade de perdas e desperdício no mundo foi um dos principais destaques da apresentação da coordenadora regional de sistemas alimentares do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Beatriz Carneiro. “As estimativas são divergentes e as fontes são poucas”, disse ela, ressaltando a urgência de os países focarem na questão para que as estratégias sejam mais eficientes na reversão ou pelo menos no controle do quadro. Entre as autoridades estiveram presentes Osmar Ribeiro, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Social, Eduardo Rocha, do Ministério do Meio Ambiente, Jorge Meza, representante da FAO no Brasil, e Chanjief Chandrakumar, da Global Research Alliance (GRA). Temas prioritários Durante os dois dias de evento, foram realizados painéis e debates, com a participação de especialistas de vários países, que apresentaram experiências de sucesso no monitoramento e na adoção de estratégicas de controle de perdas e desperdícios. Do primeiro painel, cuja moderação ficou a cargo do analista Gustavo Porpino, da Embrapa Alimentos e Territórios, participaram Priscila Bocchi, do Ministério do Desenvolvimento Social, Laura Brenes, professora do Tecnológico da Costa Rica (TEC), e Mariana Brkic, da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina. Entre os principais temas abordados, o balanço das mudanças e expectativas de futuro a partir das linhas de ação brasileiras para o setor, sob a coordenação do MDS e colaboração da Embrapa. O trabalho foi desenvolvido a partir das formação de grupos de trabalho, com definição de metas envolvendo cenários das mudanças climáticas, do combate à fome e da efetiva medição de perdas. Os cases costa-riquenho e argentino abordaram as estratégicas de adotadas pelos países, considerando-se a transversalidade do tema na implantação de políticas públicas. “A articulação é a chave para os avanços”, defendeu Laura Brenes, referindo-se ainda ao desenvolvimento de metodologias e instrumentos de aplicação direta, como incentivo a boas práticas, programas de gestão ambiental e certificação na indústria de alimentos. Na Argentina, foi apresentado o que tem sido feito em prol do fortalecimento de pequenas e médias empresas, com a participação de grupos de trabalho, governos locais, universidades e até a promoção de cursos de combate ao desperdício na web. Mariana Brkic apresentou o Plano Nacional de Redução de Perdas e Desperdícios de Alimentos, os planos de ação que vão envolver supermercados e empresas alimentares até 2026, a quantificação do descarte e a destinação de alimentos. Inovações sociais e disruptivas para a redução de perdas e desperdício de alimentos, o cumprimento do ODS 12.3 nas cidades, políticas orientadas à redução das perdas e do desperdício e mudanças climáticas estiveram na pauta dos painéis dos dois dias de workshop, que termina com visita ao banco de alimentos do Sesc/Mesa Brasil e a produtores agroecológicos. Desperdício de alimentos no Brasil é de 75 quilos por pessoa ao ano, apontam dados preliminares Na tarde do dia 22, foram apresentados exemplos de inovações sociais e disruptivas para redução das perdas e do desperdício. Marco Perlman, da startup Aravita, mostrou como tem utilizado a inteligência artificial para reduzir as perdas dos supermercados com alimentos, especialmente frutas, verduras e legumes, mas sem reduzir a lucratividade. A empresa desenvolveu uma solução que já está em uso por alguns supermercados brasileiros. Alicia Guevara, do Banco de Alimentos de Quito (Equador), explicou a rotina da instituição, que tem 21 anos e começou por uma iniciativa de professores da Escola Politécnica Nacional. Mais de 90 mil pessoas recebem as doações de mais de 400 mil toneladas de alimentos por dia. São alimentos aptos para o consumo humano mas que seriam desperdiçadas por distintas fontes. Claudia Sánchez, do Pacto pela Comida, falou sobre a campanha “En México la comida no tira”, o que quer dizer, no México a comida não é jogada fora. Presentes em redes sociais como Tiktok e Instagram, as peças tiveram audiência de mais de 4 milhões de pessoas em 2023. Um bilhão de toneladas de alimentos perdidas em 2022 O segundo painel da tarde abordou o cumprimento do ODS 12.3 nas cidades. Clementine O’Connor, do PNUMA, apresentou os principais pontos do documento Food Waste Index Report, divulgado em março. O relatório aponta que 1,05 bilhão de toneladas de alimentos foram perdidos no mundo em 2022. O desperdício do alimento disponível para consumo foi de 19%, o que equivale a 1 bilhão de refeições por dia. De acordo com Clementine, os dados mostram que o desperdício é um problema global que não se limita aos países ricos – a diferença para os países pobres é pequena. Japão, Holanda e Reino Unido foram apontados como exemplos de países que conseguiram reduzir significativamente o desperdício de alimentos. Carlos Silva Filho, que coordenou o estudo do PNUMA no Brasil, mostrou dados preliminares da pesquisa sobre desperdício domiciliar em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. A amostra foi de 466 domicílios, e resultou em 75 quilos por pessoa ao ano de desperdício de alimentos, sendo 40,3% de itens comestíveis. A pesquisa aponta ainda que quase 80% das pessoas dizem não fazer compostagem de seus resíduos. Apenas pouco mais de 7% responderam que sim.
Representações de 17 países, tomadores de decisão, especialistas, instituições de pesquisa e lideranças de organizações nacionais e internacionais participaram na terça-feira (22) do primeiro dia do Workshop Perdas e Desperdício de Alimentos – América Latina e Caribe 2024, realizado na Sede. O objetivo do encontro de dois dias, promovido no âmbito do MACS-G20, foi o compartilhamento de experiências e o debate de estratégias efetivas que contribuam com a redução pela metade do desperdício alimentar e das perdas de alimentos, previstas pela Meta 12.3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Na abertura, a presidente Silvia Massruhá destacou a urgência de soluções para o problema e a necessidade de o Brasil assumir o protagonismo em ações que redirecionem o contexto atual, que tem impactado não só na insegurança alimentar e na fome de milhões de pessoas, quanto nas mudanças do clima e nas emissões de gases de efeito estufa. Para ela, o aprimoramento de parcerias é uma das mais importantes iniciativas a serem fortalecidas, associado ao desenvolvimento de tecnologias que auxiliem a redução de riscos à sociedade sobre os cenários futuros.
“É necessário a colaboração internacional e o alinhamento às estratégias brasileiras”, comentou. “Nos Estados Unidos, estima-se que 58% das emissões de metano em aterros vêm de alimentos desperdiçados, por isso precisamos integrar soluções que envolvam toda a cadeia produtiva, desde os produtores até o consumidor final, promovendo a sustentabilidade”, concluiu.
Para a presidente, a inteligência artificial e as soluções digitais são aliadas nesse processo, assim como a economia circular, no reaproveitamento de recursos e na redução de resíduos. “Temos as ferramentas, o conhecimento e as parcerias necessárias. A revisão das perdas e do desperdício de alimentos não são apenas uma necessidade ambiental e social, mas uma oportunidade econômica”, afirmou, ao defender o incentivo à inovação, à geração de renda, acima de tudo, ao combate à fome. “O Brasil pode se tornar um exemplo global na luta contra o desperdício de alimentos”, completou.
Segundo o diretor do Instituto Thunen (Alemanha), Martin Banse, “o momento é fundamental para que as oportunidades sejam aproveitadas”. A organização foi a responsável pelo convite para que a Embrapa participasse como coorganizadora do worskshop anual de cooperação, no momento em que as duas instituições estão em fase final de formalização de um memorando de entendimento, entregue à presidente durante o evento.
A necessidade de dados e métricas sobre a dimensão da realidade de perdas e desperdício no mundo foi um dos principais destaques da apresentação da coordenadora regional de sistemas alimentares do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Beatriz Carneiro. “As estimativas são divergentes e as fontes são poucas”, disse ela, ressaltando a urgência de os países focarem na questão para que as estratégias sejam mais eficientes na reversão ou pelo menos no controle do quadro.
Entre as autoridades estiveram presentes Osmar Ribeiro, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Social, Eduardo Rocha, do Ministério do Meio Ambiente, Jorge Meza, representante da FAO no Brasil, e Chanjief Chandrakumar, da Global Research Alliance (GRA).
Temas prioritários
Durante os dois dias de evento, foram realizados painéis e debates, com a participação de especialistas de vários países, que apresentaram experiências de sucesso no monitoramento e na adoção de estratégicas de controle de perdas e desperdícios.
Do primeiro painel, cuja moderação ficou a cargo do analista Gustavo Porpino, da Embrapa Alimentos e Territórios, participaram Priscila Bocchi, do Ministério do Desenvolvimento Social, Laura Brenes, professora do Tecnológico da Costa Rica (TEC), e Mariana Brkic, da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina. Entre os principais temas abordados, o balanço das mudanças e expectativas de futuro a partir das linhas de ação brasileiras para o setor, sob a coordenação do MDS e colaboração da Embrapa. O trabalho foi desenvolvido a partir das formação de grupos de trabalho, com definição de metas envolvendo cenários das mudanças climáticas, do combate à fome e da efetiva medição de perdas.
Os cases costa-riquenho e argentino abordaram as estratégicas de adotadas pelos países, considerando-se a transversalidade do tema na implantação de políticas públicas. “A articulação é a chave para os avanços”, defendeu Laura Brenes, referindo-se ainda ao desenvolvimento de metodologias e instrumentos de aplicação direta, como incentivo a boas práticas, programas de gestão ambiental e certificação na indústria de alimentos.
Na Argentina, foi apresentado o que tem sido feito em prol do fortalecimento de pequenas e médias empresas, com a participação de grupos de trabalho, governos locais, universidades e até a promoção de cursos de combate ao desperdício na web. Mariana Brkic apresentou o Plano Nacional de Redução de Perdas e Desperdícios de Alimentos, os planos de ação que vão envolver supermercados e empresas alimentares até 2026, a quantificação do descarte e a destinação de alimentos.
Inovações sociais e disruptivas para a redução de perdas e desperdício de alimentos, o cumprimento do ODS 12.3 nas cidades, políticas orientadas à redução das perdas e do desperdício e mudanças climáticas estiveram na pauta dos painéis dos dois dias de workshop, que termina com visita ao banco de alimentos do Sesc/Mesa Brasil e a produtores agroecológicos.
Desperdício de alimentos no Brasil é de 75 quilos por pessoa ao ano, apontam dados preliminaresNa tarde do dia 22, foram apresentados exemplos de inovações sociais e disruptivas para redução das perdas e do desperdício. Marco Perlman, da startup Aravita, mostrou como tem utilizado a inteligência artificial para reduzir as perdas dos supermercados com alimentos, especialmente frutas, verduras e legumes, mas sem reduzir a lucratividade. A empresa desenvolveu uma solução que já está em uso por alguns supermercados brasileiros. Alicia Guevara, do Banco de Alimentos de Quito (Equador), explicou a rotina da instituição, que tem 21 anos e começou por uma iniciativa de professores da Escola Politécnica Nacional. Mais de 90 mil pessoas recebem as doações de mais de 400 mil toneladas de alimentos por dia. São alimentos aptos para o consumo humano mas que seriam desperdiçadas por distintas fontes. Claudia Sánchez, do Pacto pela Comida, falou sobre a campanha “En México la comida no tira”, o que quer dizer, no México a comida não é jogada fora. Presentes em redes sociais como Tiktok e Instagram, as peças tiveram audiência de mais de 4 milhões de pessoas em 2023. Um bilhão de toneladas de alimentos perdidas em 2022 O segundo painel da tarde abordou o cumprimento do ODS 12.3 nas cidades. Clementine O’Connor, do PNUMA, apresentou os principais pontos do documento Food Waste Index Report, divulgado em março. O relatório aponta que 1,05 bilhão de toneladas de alimentos foram perdidos no mundo em 2022. O desperdício do alimento disponível para consumo foi de 19%, o que equivale a 1 bilhão de refeições por dia. De acordo com Clementine, os dados mostram que o desperdício é um problema global que não se limita aos países ricos – a diferença para os países pobres é pequena. Japão, Holanda e Reino Unido foram apontados como exemplos de países que conseguiram reduzir significativamente o desperdício de alimentos. Carlos Silva Filho, que coordenou o estudo do PNUMA no Brasil, mostrou dados preliminares da pesquisa sobre desperdício domiciliar em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. A amostra foi de 466 domicílios, e resultou em 75 quilos por pessoa ao ano de desperdício de alimentos, sendo 40,3% de itens comestíveis. A pesquisa aponta ainda que quase 80% das pessoas dizem não fazer compostagem de seus resíduos. Apenas pouco mais de 7% responderam que sim. |
Kátia Marsicano (MTb DF 3645)
Assessoria de Comunicação (Ascom)
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