Os 14 mais citados na carreira e em 2023
Johanna Döbereiner (Embrapa Agrobiologia in memoriam)
Foi pioneira no desenvolvimento da fixação biológica do nitrogênio (FBN) a partir de bactérias capazes de realizar esse processo. Seus estudos avançaram a tal modo que contribuíram definitivamente para possibilitar o avanço do programa Pró-Álcool e também para colocar o Brasil como segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos Estados Unidos. A FBN possibilita a substituição de adubos químicos nitrogenados, oferecendo, assim, vantagens econômicas, sociais e ambientais. Estima-se que a FBN tenha uma contribuição global para os diferentes ecossistemas da ordem de 258 milhões de toneladas de nitrogênio (N) por ano, sendo que a contribuição na agricultura é estimada em 60 milhões de toneladas.
Henriette Azeredo (Embrapa Instrumentação)
Atua em pesquisas focadas em filmes e revestimentos produzidos a partir de compostos renováveis e biodegradáveis (preferencialmente oriundos de coprodutos de alimentos, dentro do conceito de biorrefinaria). Esses materiais podem ter diferentes aplicações, mas a pesquisadora tem focado naquelas relacionadas ao aumento da estabilidade de alimentos, como por exemplo, embalagens ativas, filmes e revestimentos comestíveis. Ela tem trabalhado ainda com aplicações de celulose bacteriana em alimentos. Segundo a pesquisadora, fazer ciência no Brasil tem sido uma corrida de obstáculos. As dificuldades para obter recursos e a burocracia desviam tempo e foco dos objetivos principais para atender a demandas improdutivas.
Jayme Barbedo (Embrapa Agricultura Digital)
Dedica-se à aplicação de tecnologias de processamento de imagens e aprendizado de máquina (machine learning) no desenvolvimento de soluções para o setor agropecuário. Entre as linhas de pesquisa, destacam-se o reconhecimento automático de doenças em plantas usando imagens digitais, o desenvolvimento de um equipamento para identificar doenças em culturas agrícolas em estágio inicial a partir da leitura de sinais neurais e a detecção e contagem de bovinos em campo utilizando imagens capturadas por drones. “É uma satisfação grande ver o resultado do nosso trabalho ganhando projeção e influenciando outros pesquisadores ao redor do mundo”, comemora.
George Brown (Embrapa Florestas)
Trabalha com diversos aspectos da relação entre a fauna edáfica (especialmente as minhocas), e o solo. Além disso, estuda o efeito de contaminantes ambientais sobre estes animais, e atua também na identificação de espécies. Suas publicações sobre minhocas são bem conhecidas por aqueles que trabalham na área, em nível internacional. O pesquisador já publicou artigos na Science e na Scientific Reports (Nature), mostrando a importância das minhocas como bioindicadoras da qualidade ambiental e para a produtividade vegetal, devido aos efeitos benéficos das mesmas sobre as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
Dario Grattapaglia (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia)
Grattapaglia é responsável pelo sequenciamento do genoma do eucalipto, um dos resultados de grande impacto da sua produção científica à sociedade, além de outros trabalhos com reconhecimento nacional e internacional. Na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia desde 1994, ele atua nos campos da genética, genômica e melhoramento de plantas, com particular ênfase em espécies perenes florestais e frutíferas. Além disso, trabalha no desenvolvimento e aplicações de tecnologias genômicas na solução de problemas no melhoramento e conservação de recursos genéticos de plantas e animais.
Cristiane Farinas (Embrapa Instrumentação)
Trabalhando na Embrapa Instrumentação há 14 anos, a engenheira química estuda processos bioquímicos, com ênfase em bioprocessos, bioenergia, biorrefinarias, enzimas, nanocelulose e biofertilizantes. Recentemente, tem trabalhado em projetos com a equipe da Rede de Pesquisa em Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio (AgroNano). Farinas também faz parte do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade Federal de São Carlos (PPG-EQ/UFSCar) e do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da mesma universidade (PPG-Biotec/UFSCar), onde concluiu a graduação; seu mestrado e doutorado foram obtidos na Universidade Estadual de Campinas.Biotec/UFSCar) – universidade na qual ela fez a graduação; mestrado e doutorado foram realizados na Unicamp.
Mariangela Hungria (Embrapa Soja)
Sua trajetória é marcada por pesquisas sobre biodiversidade microbiana, microbiologia do solo e fixação biológica do nitrogênio (FBN). Vale ressaltar sua contribuição para os avanços da cultura da soja, em especial, pelo desenvolvimento de tecnologias relacionadas à FBN. Mariangela também coordenou pesquisas que culminaram com o lançamento de outras tecnologias: autorização/recomendação de bactérias (rizóbios) para a cultura do feijoeiro, Azospirillum para as culturas do milho e do trigo e de pastagens com braquiárias e coinoculação de rizóbios e Azospirillum para as culturas da soja e do feijoeiro e pastagens. “Compor a lista é certamente um grande esforço pessoal dos pesquisadores, considerando as dificuldades de financiamento para a pesquisa pública brasileira”, destaca.
Luiz Henrique Mattoso (Embrapa Instrumentação)
Pioneiro em nanotecnologia na Embrapa, Mattoso atua nas áreas de polímeros condutores, biopolímeros, bionanocompósitos, sensores, biomateriais, nanofibras, nanocelulose, borracha natural até o desenvolvimento de materiais poliméricos de fonte renovável. O legado de sua participação no Labex entre 2005 e 2007 se reflete nos resultados da Rede de Nanotecnologia, com mais de 150 pesquisadores de 53 instituições parceiras (públicas e privadas), e no Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA) – multiusuários – localizado em São Carlos. “É o trabalho em equipe que faz a diferença e pode gerar novos resultados e soluções tecnológicas de impacto. O compartilhamento do conhecimento científico é fundamental para formar novas gerações de profissionais dedicados à nanotecnologia e ao agronegócio”, comenta.
Antônio Panizzi (Embrapa Trigo)
Desenvolve pesquisas em bioecologia, danos em diversas culturas e Manejo Integrado de Pragas há 49 anos na Embrapa. Panizzi conta com 622 publicações, incluindo artigos, notas científicas, livros, capítulos de livros, artigos em anais de eventos e publicações técnicas. Em um trabalho pioneiro, estudou o desempenho dos percevejos na sequência de plantas hospedeiras cultivadas e não-cultivadas, antecipando a questão de biodiversidade e conservação ainda nos anos 80, o que lhe rendeu convite para o seleto grupo de autores do Annual Review of Entomology em 1997, periódico com o maior fator de impacto em Entomologia.
Caue Ribeiro (Embrapa Instrumentação)
O engenheiro de materiais e doutor em Química é coordenador da Rede de Nanotecnologia para o Agronegócio (Rede AgroNano), do Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA) e coordenador do Portfolio de Projetos em Nanotecnologia da Embrapa. Desde 2007 atua na Embrapa Instrumentação em pesquisas nas áreas de síntese de nanomateriais, estudos de crescimento de cristais em colóides de nanopartículas, atividade catalítica de nanopartículas e sistemas nanoestruturados de liberação lenta e controlada de insumos agrícolas. “Fiquei impressionado com a notícia. Me sinto muito agradecido à Embrapa por saber que esse reconhecimento não é meu, mas da instituição na qual fiz praticamente toda a minha carreira científica após o doutorado. Os desafios e oportunidades proporcionados pela Embrapa é que embasam esse reconhecimento”.
Seu foco é em pesquisas voltadas à sanidade e parasitologia de peixes amazônicos, direcionados aos problemas sanitários na produção e tratamento de doenças. Também desenvolve estudos em ecologia de populações de peixes nativos de importância para a pesca e produção. Esses temas são amplos, mas o pesquisador tem focado os problemas sanitários no cultivo de peixes do estado do Amapá e tratamento antiparasitários químicos, principalmente contra monogeneas, um parasito que acomete peixes cultivados, bem como o uso de óleos essenciais e óleos fixos (fitoterápicos) amazônicos e cultivados no Brasil. Ele tem trabalhado ainda na descrição de novas espécies de parasitos em peixes amazônicos com estudantes de Mestrado e Doutorado.
Robert Boddey (Embrapa Agrobiologia)- aposentado
O inglês Robert Boddey está no Brasil desde o final da década de 1970, tendo vindo para a Embrapa a convite da pesquisadora Johanna Döbereiner. Graduado em Química Agrícola, com doutorado em Agricultura e larga experiência nas áreas de ciências do solo e microbiologia do solo, o pesquisador atuou na área de ciclagem de nutrientes em agroecossistemas, na análise do impacto da agricultura e da pecuária na produção de gases de efeito estufa, no consórcio de pastagens com leguminosas para aumentar o sequestro de Carbono no solo e nos estudos para quantificação da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) em gramíneas e leguminosas.
Rosires Deliza (Embrapa Agroindústria de Alimentos)
Trabalha na área de análise sensorial e estudos do consumidor, buscando contribuir para a melhoria da saúde da população. Nesse sentido, investiga duas estratégias: a reformulação de alimentos por meio da redução de sódio e açúcar e a rotulagem nutricional. “Fiquei muito feliz com a notícia. É sempre uma grande alegria ver nosso trabalho reconhecido pelos nossos pares. Minha contribuição para a ciência brasileira começou após meu retorno do doutorado, realizado na Inglaterra, onde investiguei tema bastante inovador: o efeito da expectativa na aceitação do consumidor e nas características sensoriais do produto, mais especificamente o papel da embalagem na percepção do produto. Já na Embrapa Agroindústria de Alimentos destaco a linha de pesquisa com foco na percepção do consumidor em relação às novas tecnologias, essencial para o seu sucesso da inovação tecnológica”, relata.
Nand Kumar Fageria (Embrapa Arroz e Feijão in memoriam)
Graduado em Agronomia pela Universidade de Udaipur (1965), mestrado em Agronomia – Agriculture University of Udaipur, Rajasthan (1967), doutorado em Agronomia – Universite Catholique de Louvain (1973) e pós-doutorado USDA-ARS, Beckley/Beltsville. Atuou como pesquisador da Embrapa na área de Agronomia, com ênfase em Fertilidade do Solo e Adubação. Suas principais linhas de pesquisa foram: arroz de terras altas, solos do Cerrado, acidez do solo, arroz irrigado e feijão. Foi autor de mais de 320 publicações, incluindo 14 livros. Proferiu palestras nos Estados Unidos, Canadá, Japão, China, Índia, Portugal, Austrália, Sri Lanka e Bélgica.