Os sistemas produtivos para o cultivo do sisal foram alvos de diversas atualizações tecnológicas, do ponto de vista agronômico, nos últimos anos. Para fazer um upgrade no estoque de conhecimento dos agricultores é que o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) realizaram nos dias 14 e 15 um treinamento em Conceição do Coité (BA).
A capacitação, que teve o apoio também do Sindicato dos Produtores Rurais de Conceição do Coité, de produtores da região e da Secretaria de Agricultura do município, abordou aspectos gerais da cadeia produtiva dessa fibrosa, desde o planejamento da lavoura até aspectos gerenciais, como os custos de produção e a viabilidade econômica desse investimento agrícola.
Waltemilton Cartaxo, analista da área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Algodão (Campina Grande – PB), e um dos ministrantes do curso, disse que a ideia da capacitação é oferecer informações atualizadas para que os produtores possam fazer uma boa escolha e conheça as características da área escolhida para a implantação do cultivo na região semiárida baiana.
Os agricultores participantes da capacitação receberam também informações mais detalhadas sobre o tipo, produção e seleção de mudas e sobre a instalação de viveiros. Aspectos sobre o manejo de solo e adubação, fertilidade do solo, preparo para plantio, calagem e adubação, plantio, adubação orgânica, tratos culturais, controle de pragas, doenças e ervas daninhas também contaram da grade da programação do treinamento, que ocorreu nas fazendas Vitória, Cajazeiras e Morrinhos.
Outro momento importante foi no módulo sobre integração sisal-caatinga. Os especialistas da Embrapa também demonstraram novidades nas áreas de mecanização, aproveitamento de resíduos (cobertura morta), colheita e pós-colheita, mucilagem (alimentação animal), suco como bioinseticida. Os agricultores também receberam orientações importantes sobre o transporte e armazenamento da fibra.
A capacitação foi apoiada ainda pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb). “No total, o treinamento teve duração de 16 horas e compreende as principais recomendações técnicas para produzir uma maior quantidade de folhas de sisal, com produtividade, qualidade, percorrendo todo o processo produtivo, desde o planejamento, produção, beneficiamento até a comercialização. Para esse primeiro momento mobilizamos nossos técnicos que atuam aqui na região sisaleira”, informou o assessor técnico da Diretoria de ATeG do Senar, Mauro Faria.
Ele destacou que os técnicos capacitados já atuam como multiplicadores e que cada um deles ficará responsável por acompanhar 30 produtores locais. “Estamos apenas iniciando os trabalhos com a capacitação desses técnicos que já atuam na região, transformando a vida dos produtores rurais. A nossa ideia é implantar em pouco tempo um projeto maior, aumentando o número de atendimentos de produtores e, com isso, fortalecer o desenvolvimento da cadeia produtiva do sisal na região”, disse Faria.
Para o pesquisador Alderi Emídio Araújo, chefe-geral da Embrapa Algodão, que também esteve no evento e deu palestra sobre o problema da podridão vermelha do tronco do sisal, o projeto, iniciado em novembro do ano passado, tem como ideia principal promover melhorias no sistema de produção do sisal, agregando mais tecnologia, para que a cultura seja mais produtiva e rentável ao produtor e motor de desenvolvimento social na região. Araújo lembra que essa iniciativa se coaduna com o compromisso da Embrapa em contribuir efetivamente par ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU, principalmente o 01, 02, 08, 10, 12 e o 17.
Além de Waltemilton e de Alderi, a Embrapa Algodão designou para o treinamento os pesquisadores Gilvan Barbosa Ferreira e Tarcísio Marcos De Souza Gondim, que abordaram questões relacionadas a vários aspectos sobre o manejo da planta.