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Silagem para suprir a escassez de pasto

Com a finalização da colheita, os produtores começam os trabalhos na elaboração da silagem de verão (safrinha) e o planejamento da silagem de inverno no Rio Grande do Sul. Garantir forragem conservada em volume e qualidade exige alguns cuidados da colheita à conservação do alimento.

As pastagens são a base da alimentação animal na produção pecuária do Sul do país. Na época de escassez de pasto, a alternativa é suprir o cocho com forragens armazenadas em forma de silagem, evitando o uso de grãos e outros suplementos que podem aumentar o custo de produção em até quatro vezes.

Silagens são forragens úmidas, conservadas em ambiente anaeróbio (sem oxigênio), que formam um alimento energético para suplementação alimentar de ruminantes domésticos, como bovinos e ovinos.  A silagem pode ser feita com qualquer planta forrageira, sendo as espécies de verão mais utilizadas milho, sorgo, girassol, soja, alfafa, papuã, capins em geral (tiftons, elefante, cana). No inverno, as opções são azevém, aveia, cevada, trigo, centeio e triticale.

Silagem de verão

O milho e o sorgo têm sido os alimentos mais utilizados para produção de silagem devido à facilidade de cultivo e alta qualidade da silagem, que dispensa o uso de aditivos para fermentação. A cultura do milho tem maior prevalência na bovinocultura leiteira, pois conta com sistema de produção já definido, produção adequada de matéria seca, alto valor energético e consumo voluntário elevado. Entretanto, o sorgo para silagem pode apresentar alto teor de matéria seca quando comparado ao milho, principalmente nas regiões de baixa fertilidade do solo e em locais com ocorrências de estresse hídrico.

Em geral, o milho é o preferido na produção de volumoso ensilado pelo potencial produtivo e qualidade da silagem, além da tradição no cultivo, a ampla oferta de híbridos, a boa aceitação dos animais e a possibilidade de automação de várias etapas na silagem. O milho também atende os requisitos agronômicos para a confecção de uma boa silagem: teor de matéria seca entre 30% a 35%, no mínimo 3% de carboidratos solúveis na matéria original e baixo poder tampão, que facilita o abaixamento do pH da massa ensilada e consequente estabilização da forragem decorrente da boa fermentação microbiana.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Jane Machado, no Brasil existem poucas cultivares de milho indicadas somente para produção de silagem, desta forma, alguns produtores direcionam para a colheita de grãos a lavoura inicialmente implantada com o propósito de silagem, em virtude das oscilações dos preços ou da disponibilidade de alimento. “Para produzir silagem de boa qualidade, com alto valor nutritivo, o produtor deve plantar cultivares boas produtoras de massa, associada com alta produção de grãos. Dentre os vários híbridos adaptados para a região, a preferência deve ser para aqueles de grãos mais macios e com maior produção de grãos. Ainda, a população de plantas de milho para silagem não deve ser maior do que 10 a 15% do recomendado pelo obtentor para produzir grãos”, recomenda Jane.

O principal cuidado na silagem de milho é acertar o ponto de colheita. A planta deve ser colhida entre 32% a 35% de matéria seca, momento que pode ser visualizado no campo quando o grão estiver em massa firme, logo após o ponto de milho verde. Se o teor de matéria seca (MS) estiver abaixo de 30%, a silagem terá baixa qualidade nutricional, pois ocorrem perdas por escorrimento de nutrientes junto com o excesso de água (choro da silagem); por outro lado, se a MS estiver acima de 35%, dificulta a compactação e ocorrem perdas respiratórias devido ao maior tempo para fermentar, oportunizando o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis como fungos produtores de micotoxinas.

O milho permite produzir três tipos de silagem: de planta inteira, da espiga e do grão úmido. A forma mais utilizada é a silagem de planta inteira, quando a planta é triturada em fragmentos de 1 a 2 centímetros e armazenada em local seco, livre da entrada de ar. Em muitos casos, a colheita e armazenagem da silagem é terceirizada.

As planilhas de custo mais recentes feitas pela Embrapa Gado de Leite demonstram que, nos sistemas a pasto e confinados, a silagem de milho corresponde de 4,7% a 16,7% do custo de produção do leite. O custo da silagem de milho pode ser reduzido com a adoção de tecnologias apropriadas no cultivo das lavouras, na confecção da silagem e em sua utilização. Entretanto, esta redução pode ser ainda maior pela utilização de cultivares que apresentam alta produtividade e bom valor nutritivo, com elevada digestibilidade.

Por ser um volumoso nobre e caro, só deve ser fornecida a animais de bom padrão genético, com boa produtividade, que possam responder economicamente à qualidade do alimento recebido. A silagem é a melhor indicação em plantel com produção média a partir de 15 kg por vaca/dia. O consumo médio de silagem de milho varia de 1,2 a 1,7% do peso vivo de um ruminante em matéria seca, ou seja, uma vaca de leite de 400 kg poderá consumir até 15 a 25 kg de silagem fresca por dia.

Silagem de Inverno

O inverno é a época de produzir alimento a menor custo, quando muitas áreas estão ociosas, mas com boa fertilidade e disponibilidade de água. Assim, é também o melhor momento para armazenar alimento conservado.

Existem diversas opções para fazer silagem de inverno, porém deve ser evitada a mistura de espécies, devido às diferenças na fermentação, mas é comum o produtor fazer silagem pré-secada de aveia preta e azevém anual.

É importante ficar atento para a qualidade na elaboração da silagem, onde o tamanho da planta nem sempre serve de indicativo. As plantas mais altas podem garantir mais volume de silagem, mas nem sempre resultam na silagem de melhor qualidade. A maior concentração de nutrientes digestíveis, como proteína e energia, está nos grãos e nas folhas e não nos caules, assim, plantas menores, mas com maior proporção de grãos vão resultar em melhor valor nutritivo. “Quando consideramos o volume de forragem, a espécie mais produtiva é o centeio, seguida por triticale, aveia branca, trigo e por último a cevada. Entretanto, o melhor valor nutritivo pode ser relacionado com a quantidade de grãos em relação a biomassa total, o que destaca as cevadas e os trigos de baixo porte e sem aristas, além de algumas cultivares de aveia branca”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo Renato Fontaneli.

Os cereais podem ser ensilados de três formas: a partir de planta inteira, com planta pré-secada ou emurchecida, ou ainda com grãos úmidos. A colheita da silagem é mecânica, e pode ser feita com máquinas tracionadas por trator que cortam a planta, trituram em pedaços menores que 5 cm. No silo a forragem é compactada para reduzir o oxigênio e vedada com lonas plásticas criando um ambiente anaeróbio para ocorrer a fermentação. O processo de fermentação cessa quando a massa de forragem acidificar atingindo pH próximo a 4.

Em comparação com o milho, a silagem de cereais de inverno geralmente resulta em maior concentração de proteína bruta – maior que 10% – mas com valor energético entre 10 a 15% menor. Contudo, o uso de cereais de inverno na produção de silagem combina produtividade na pecuária com qualidade de forragem, além de preservar o solo e contribuir para a viabilidade socioeconômica dos sistemas de integração lavoura-pecuária.

Conservação

Como a silagem consiste na conservação de forragem úmida em ambiente anaeróbio, o tipo de armazenagem deve estar adequado à propriedade, considerando o tempo de conservação, o tipo de silagem e a infraestrutura para proteger o alimento de intempéries.

Para armazenagem existem diversos silos, os mais comuns são o silo trincheira e o silo de superfície ou silo torta. Mais recentemente têm sido utilizados cilindros ou bolas, e os túneis de plástico ou salsicha. É preciso observar que o silo de superfície não tem paredes, o que pode diminuir a eficiência de compactação e isolamento, geralmente aumentando as perdas.

Os silos devem construídos ou depositados em locais protegidos para evitar perfuração da lona plástica por animais, como bovinos e roedores, deixando entrar água e oxigênio que resultará no apodrecimento da silagem. A silagem preparada corretamente está pronta para uso dentro de algumas semanas e pode ser conservada por mais de um ano. 

Cuidados com o solo

Apesar de todas as vantagens da silagem na alimentação do rebanho, é importante destacar que os cultivos destinados à produção de silagem precisam de uma adubação diferente da exigida para áreas em que se produz grãos devido à total retirada das plantas da área de produção, o que empobrece o solo. Como a palhada não é incorporada, a remoção de nutrientes do solo é bem maior, assim, estas glebas exigem também dosagens de nutrientes bem superiores àquelas em que se produz grãos, especialmente de nitrogênio e de potássio.

Cultivares

A Embrapa dispõe de diversas cultivares indicadas para a produção de silagem no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina: milho BRS 1002; sorgos BRS 658 e BRS 610; trigos BRS Tarumã e BRS Pastoreio; centeio BRS Serrano; cevadas BRS Quaranta, BRS Cauê, BRS Brau e BRS Korbel; e triticale BRS Saturno.

Com a finalização da colheita, os produtores começam os trabalhos na elaboração da silagem de verão (safrinha) e o planejamento da silagem de inverno no Rio Grande do Sul. Garantir forragem conservada em volume e qualidade exige alguns cuidados da colheita à conservação do alimento.

As pastagens são a base da alimentação animal na produção pecuária do Sul do país. Na época de escassez de pasto, a alternativa é suprir o cocho com forragens armazenadas em forma de silagem, evitando o uso de grãos e outros suplementos que podem aumentar o custo de produção em até quatro vezes.

Silagens são forragens úmidas, conservadas em ambiente anaeróbio (sem oxigênio), que formam um alimento energético para suplementação alimentar de ruminantes domésticos, como bovinos e ovinos.  A silagem pode ser feita com qualquer planta forrageira, sendo as espécies de verão mais utilizadas milho, sorgo, girassol, soja, alfafa, papuã, capins em geral (tiftons, elefante, cana). No inverno, as opções são azevém, aveia, cevada, trigo, centeio e triticale.

Silagem de verão

O milho e o sorgo têm sido os alimentos mais utilizados para produção de silagem devido à facilidade de cultivo e alta qualidade da silagem, que dispensa o uso de aditivos para fermentação. A cultura do milho tem maior prevalência na bovinocultura leiteira, pois conta com sistema de produção já definido, produção adequada de matéria seca, alto valor energético e consumo voluntário elevado. Entretanto, o sorgo para silagem pode apresentar alto teor de matéria seca quando comparado ao milho, principalmente nas regiões de baixa fertilidade do solo e em locais com ocorrências de estresse hídrico.

Em geral, o milho é o preferido na produção de volumoso ensilado pelo potencial produtivo e qualidade da silagem, além da tradição no cultivo, a ampla oferta de híbridos, a boa aceitação dos animais e a possibilidade de automação de várias etapas na silagem. O milho também atende os requisitos agronômicos para a confecção de uma boa silagem: teor de matéria seca entre 30% a 35%, no mínimo 3% de carboidratos solúveis na matéria original e baixo poder tampão, que facilita o abaixamento do pH da massa ensilada e consequente estabilização da forragem decorrente da boa fermentação microbiana.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Jane Machado, no Brasil existem poucas cultivares de milho indicadas somente para produção de silagem, desta forma, alguns produtores direcionam para a colheita de grãos a lavoura inicialmente implantada com o propósito de silagem, em virtude das oscilações dos preços ou da disponibilidade de alimento. “Para produzir silagem de boa qualidade, com alto valor nutritivo, o produtor deve plantar cultivares boas produtoras de massa, associada com alta produção de grãos. Dentre os vários híbridos adaptados para a região, a preferência deve ser para aqueles de grãos mais macios e com maior produção de grãos. Ainda, a população de plantas de milho para silagem não deve ser maior do que 10 a 15% do recomendado pelo obtentor para produzir grãos”, recomenda Jane.

O principal cuidado na silagem de milho é acertar o ponto de colheita. A planta deve ser colhida entre 32% a 35% de matéria seca, momento que pode ser visualizado no campo quando o grão estiver em massa firme, logo após o ponto de milho verde. Se o teor de matéria seca (MS) estiver abaixo de 30%, a silagem terá baixa qualidade nutricional, pois ocorrem perdas por escorrimento de nutrientes junto com o excesso de água (choro da silagem); por outro lado, se a MS estiver acima de 35%, dificulta a compactação e ocorrem perdas respiratórias devido ao maior tempo para fermentar, oportunizando o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis como fungos produtores de micotoxinas.

O milho permite produzir três tipos de silagem: de planta inteira, da espiga e do grão úmido. A forma mais utilizada é a silagem de planta inteira, quando a planta é triturada em fragmentos de 1 a 2 centímetros e armazenada em local seco, livre da entrada de ar. Em muitos casos, a colheita e armazenagem da silagem é terceirizada.

As planilhas de custo mais recentes feitas pela Embrapa Gado de Leite demonstram que, nos sistemas a pasto e confinados, a silagem de milho corresponde de 4,7% a 16,7% do custo de produção do leite. O custo da silagem de milho pode ser reduzido com a adoção de tecnologias apropriadas no cultivo das lavouras, na confecção da silagem e em sua utilização. Entretanto, esta redução pode ser ainda maior pela utilização de cultivares que apresentam alta produtividade e bom valor nutritivo, com elevada digestibilidade.

Por ser um volumoso nobre e caro, só deve ser fornecida a animais de bom padrão genético, com boa produtividade, que possam responder economicamente à qualidade do alimento recebido. A silagem é a melhor indicação em plantel com produção média a partir de 15 kg por vaca/dia. O consumo médio de silagem de milho varia de 1,2 a 1,7% do peso vivo de um ruminante em matéria seca, ou seja, uma vaca de leite de 400 kg poderá consumir até 15 a 25 kg de silagem fresca por dia.

Silagem de Inverno

O inverno é a época de produzir alimento a menor custo, quando muitas áreas estão ociosas, mas com boa fertilidade e disponibilidade de água. Assim, é também o melhor momento para armazenar alimento conservado.

Existem diversas opções para fazer silagem de inverno, porém deve ser evitada a mistura de espécies, devido às diferenças na fermentação, mas é comum o produtor fazer silagem pré-secada de aveia preta e azevém anual.

É importante ficar atento para a qualidade na elaboração da silagem, onde o tamanho da planta nem sempre serve de indicativo. As plantas mais altas podem garantir mais volume de silagem, mas nem sempre resultam na silagem de melhor qualidade. A maior concentração de nutrientes digestíveis, como proteína e energia, está nos grãos e nas folhas e não nos caules, assim, plantas menores, mas com maior proporção de grãos vão resultar em melhor valor nutritivo. “Quando consideramos o volume de forragem, a espécie mais produtiva é o centeio, seguida por triticale, aveia branca, trigo e por último a cevada. Entretanto, o melhor valor nutritivo pode ser relacionado com a quantidade de grãos em relação a biomassa total, o que destaca as cevadas e os trigos de baixo porte e sem aristas, além de algumas cultivares de aveia branca”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo Renato Fontaneli.

Os cereais podem ser ensilados de três formas: a partir de planta inteira, com planta pré-secada ou emurchecida, ou ainda com grãos úmidos. A colheita da silagem é mecânica, e pode ser feita com máquinas tracionadas por trator que cortam a planta, trituram em pedaços menores que 5 cm. No silo a forragem é compactada para reduzir o oxigênio e vedada com lonas plásticas criando um ambiente anaeróbio para ocorrer a fermentação. O processo de fermentação cessa quando a massa de forragem acidificar atingindo pH próximo a 4.

Em comparação com o milho, a silagem de cereais de inverno geralmente resulta em maior concentração de proteína bruta – maior que 10% – mas com valor energético entre 10 a 15% menor. Contudo, o uso de cereais de inverno na produção de silagem combina produtividade na pecuária com qualidade de forragem, além de preservar o solo e contribuir para a viabilidade socioeconômica dos sistemas de integração lavoura-pecuária.

Conservação

Como a silagem consiste na conservação de forragem úmida em ambiente anaeróbio, o tipo de armazenagem deve estar adequado à propriedade, considerando o tempo de conservação, o tipo de silagem e a infraestrutura para proteger o alimento de intempéries.

Para armazenagem existem diversos silos, os mais comuns são o silo trincheira e o silo de superfície ou silo torta. Mais recentemente têm sido utilizados cilindros ou bolas, e os túneis de plástico ou salsicha. É preciso observar que o silo de superfície não tem paredes, o que pode diminuir a eficiência de compactação e isolamento, geralmente aumentando as perdas.

Os silos devem construídos ou depositados em locais protegidos para evitar perfuração da lona plástica por animais, como bovinos e roedores, deixando entrar água e oxigênio que resultará no apodrecimento da silagem. A silagem preparada corretamente está pronta para uso dentro de algumas semanas e pode ser conservada por mais de um ano. 

Cuidados com o solo

Apesar de todas as vantagens da silagem na alimentação do rebanho, é importante destacar que os cultivos destinados à produção de silagem precisam de uma adubação diferente da exigida para áreas em que se produz grãos devido à total retirada das plantas da área de produção, o que empobrece o solo. Como a palhada não é incorporada, a remoção de nutrientes do solo é bem maior, assim, estas glebas exigem também dosagens de nutrientes bem superiores àquelas em que se produz grãos, especialmente de nitrogênio e de potássio.

Cultivares

A Embrapa dispõe de diversas cultivares indicadas para a produção de silagem no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina: milho BRS 1002; sorgos BRS 658 e BRS 610; trigos BRS Tarumã e BRS Pastoreio; centeio BRS Serrano; cevadas BRS Quaranta, BRS Cauê, BRS Brau e BRS Korbel; e triticale BRS Saturno.

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