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Mapa mostra expansão da raça Canchim

Dez Estados brasileiros já contam com criadores da raça Canchim registrados pela ABCCAN (Associação Brasileira de Criadores de Canchim). Inicialmente criado no interior de São Paulo, em Minas Gerais e no Paraná, esse gado se expandiu para Maranhão, Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Pará e Rio de Janeiro. “Para a pesquisa, o mapa desmistifica a ideia de que a raça Canchim era um nicho”, afirma Cíntia Marcondes, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP).

Segundo ela, visualizar a distribuição é importante porque permite acompanhar o mercado potencial da raça e os ambientes desafiadores para onde ela está se expandindo. “O número de associados está crescendo aos poucos e é importante que eles saibam onde podem comercializar os touros, que têm sido usados a campo”, afirmou. No primeiro semestre deste ano, Cíntia foi eleita presidente do Conselho Deliberativo Técnico (CDT) da ABCCAN.

O mapa mostra ainda a fronteira usuária de touros, que se espalha pelos Estados de Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Pará (incluindo a Ilha de Marajó), Acre e Pernambuco, além de Paraguai, Colômbia e Equador – locais com temperaturas elevadas. Nesses locais há sócios-cruzadores certificados.

Segundo Cíntia, o treinamento de novos técnicos para lidar com a raça – oferecido pela associação em parceria com a Embrapa Pecuária Sudeste – contribui para essa a expansão na medida em que os produtores podem ter acesso mais fácil e com menores custos aos técnicos credenciados em suas próprias regiões.

Para Adriano Lopes, presidente da ABCCAN, o mapa facilita visualizar o potencial de adaptação da raça em sistemas pecuários mais extensivos e regiões mais quentes. “Nessas áreas, os touros Canchim têm que fazer caminhadas mais longas para acompanhar a vacada”, explicou.

Segundo ele, a capacidade de adaptação do Canchim sempre foi conhecida, especialmente em São Paulo, onde a raça vai muito bem. A expansão para áreas mais quentes era esperada e a procura por produtores de outros países tem aumentado. “O Paraguai já tem produtor formando rebanho e técnicos estão acompanhando. A Colômbia comprou sêmen e embrião. O Equador comprou sêmen. Vai ter Canchim nesses países”, afirmou.

A adaptação da raça à Ilha de Marajó entusiasma a associação. “Se o Canchim já existe no Chaco paraguaio e na ilha de Marajó, vai para a Colômbia”, explicou Adriano, referindo-se às condições semelhantes de clima. De acordo com o presidente da ABCCAN, naquele país técnicos estão tentando criar uma raça parecida com a Canchim, a Charbray, que também utiliza o Charolês na sua formação.

“Mas eles reconhecem a dificuldade de adaptação do Charolês no país. Estamos mostrando que já temos uma raça com 65 anos de seleção, e com uma empresa de pesquisa de excelência na retaguarda, que é a Embrapa”, falou. O argumento de Lopes parece ter convencido os colombianos, que pretendem estar no Brasil em novembro para acompanhar provas de desempenho e “importar” a genética.

Valentin Suchek, diretor de marketing da ABCCAN e criador do mapa, conta que o processo de desenvolvimento da raça começou na década de 1940 e o primeiro Canchim nasceu em 1953. Hoje são 50 associados na ABCCAN, espalhados por dez Estados brasileiros – o que enche de orgulho a associação, que é pequena e tem feito a divulgação da raça “na raça”.

Suchek chama de “fronteira usuária” as áreas para onde o gado Canchim tem oportunidade de crescer. “Estamos mostrando que ele vai bem não apenas em São Paulo. Foi criado neste Estado, a partir de um trabalho gigantesco da Embrapa, e hoje serve a vários Estados do Brasil”, afirmou.

Segundo ele, o uso de touros Canchim traz precocidade ao abate em animais de corte, reduzindo o período de quatro para dois anos. “O Canchim reúne a precocidade de uma raça europeia, a Charolês, com a rusticidade do Nelore”, explica. Touros europeus puros não mostraram boa adaptação em áreas quentes do Brasil.

RAÇA

O nome Canchim vem de uma árvore encontrada nos campos e cerrados da região paulista de São Carlos. Ela contém um suco leitoso e possui ramagem profundamente marcada por cicatrizes, folhas de talos curtos e espessados, medindo cerca de 20 cm de comprimento. As flores masculinas nascem em espigas dotadas de haste longa. A árvore deu nome à Fazenda Experimental de Canchim, onde hoje funciona o centro de pesquisa da Embrapa, e, posteriormente, à raça bovina brasileira de corte que se formou nessa propriedade.

A raça é formada por 3/8 de sangue zebu, que tem como características a rusticidade, fertilidade, pelo curto e liso, boa adaptação ao clima, pastagens e parasitas, além de nascer pequeno. Os outros 5/8 são Charolês, que imprimem precocidade, ganho de peso, peso de carcaça acabada, maciez da carne, libido e docilidade.

Recentemente, a Embrapa Pecuária Sudeste tem estudado o temperamento da raça. Segundo Cíntia, existem animais Canchim mais reativos, mas a maior parte apresenta temperamento menos reativo ou não reativo. Conhecer as reações dos bovinos é importante para que a raça seja melhorada e os extremos, descartados.

Animais muito reativos e não reativos podem não ser interessantes para o desenvolvimento da raça. “Eles não devem ser agressivos, mas precisam ser curiosos ou se sentir minimamente incomodados para expressar reação.” Até o momento, as pesquisas indicam que o padrão da raça está no caminho certo.

O acompanhamento deve ser feito ao longo do tempo, para que se possa observar a variabilidade e até se obter uma DEP (Diferença Esperada na Progênie) de docilidade no futuro. As DEPs são ferramentas essenciais para se conhecer o rebanho geneticamente. Este ano, o parâmetro “temperamento” foi incluído na prova de desempenho e avaliação da raça, chamada PCAD (Prova Canchim de Avaliação de Desempenho), o que a pesquisadora considera um grande avanço.

Dez Estados brasileiros já contam com criadores da raça Canchim registrados pela ABCCAN (Associação Brasileira de Criadores de Canchim). Inicialmente criado no interior de São Paulo, em Minas Gerais e no Paraná, esse gado se expandiu para Maranhão, Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Pará e Rio de Janeiro. “Para a pesquisa, o mapa desmistifica a ideia de que a raça Canchim era um nicho”, afirma Cíntia Marcondes, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP).

Segundo ela, visualizar a distribuição é importante porque permite acompanhar o mercado potencial da raça e os ambientes desafiadores para onde ela está se expandindo. “O número de associados está crescendo aos poucos e é importante que eles saibam onde podem comercializar os touros, que têm sido usados a campo”, afirmou. No primeiro semestre deste ano, Cíntia foi eleita presidente do Conselho Deliberativo Técnico (CDT) da ABCCAN.

O mapa mostra ainda a fronteira usuária de touros, que se espalha pelos Estados de Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Pará (incluindo a Ilha de Marajó), Acre e Pernambuco, além de Paraguai, Colômbia e Equador – locais com temperaturas elevadas. Nesses locais há sócios-cruzadores certificados.

Segundo Cíntia, o treinamento de novos técnicos para lidar com a raça – oferecido pela associação em parceria com a Embrapa Pecuária Sudeste – contribui para essa a expansão na medida em que os produtores podem ter acesso mais fácil e com menores custos aos técnicos credenciados em suas próprias regiões.

Para Adriano Lopes, presidente da ABCCAN, o mapa facilita visualizar o potencial de adaptação da raça em sistemas pecuários mais extensivos e regiões mais quentes. “Nessas áreas, os touros Canchim têm que fazer caminhadas mais longas para acompanhar a vacada”, explicou.

Segundo ele, a capacidade de adaptação do Canchim sempre foi conhecida, especialmente em São Paulo, onde a raça vai muito bem. A expansão para áreas mais quentes era esperada e a procura por produtores de outros países tem aumentado. “O Paraguai já tem produtor formando rebanho e técnicos estão acompanhando. A Colômbia comprou sêmen e embrião. O Equador comprou sêmen. Vai ter Canchim nesses países”, afirmou.

A adaptação da raça à Ilha de Marajó entusiasma a associação. “Se o Canchim já existe no Chaco paraguaio e na ilha de Marajó, vai para a Colômbia”, explicou Adriano, referindo-se às condições semelhantes de clima. De acordo com o presidente da ABCCAN, naquele país técnicos estão tentando criar uma raça parecida com a Canchim, a Charbray, que também utiliza o Charolês na sua formação.

“Mas eles reconhecem a dificuldade de adaptação do Charolês no país. Estamos mostrando que já temos uma raça com 65 anos de seleção, e com uma empresa de pesquisa de excelência na retaguarda, que é a Embrapa”, falou. O argumento de Lopes parece ter convencido os colombianos, que pretendem estar no Brasil em novembro para acompanhar provas de desempenho e “importar” a genética.

Valentin Suchek, diretor de marketing da ABCCAN e criador do mapa, conta que o processo de desenvolvimento da raça começou na década de 1940 e o primeiro Canchim nasceu em 1953. Hoje são 50 associados na ABCCAN, espalhados por dez Estados brasileiros – o que enche de orgulho a associação, que é pequena e tem feito a divulgação da raça “na raça”.

Suchek chama de “fronteira usuária” as áreas para onde o gado Canchim tem oportunidade de crescer. “Estamos mostrando que ele vai bem não apenas em São Paulo. Foi criado neste Estado, a partir de um trabalho gigantesco da Embrapa, e hoje serve a vários Estados do Brasil”, afirmou.

Segundo ele, o uso de touros Canchim traz precocidade ao abate em animais de corte, reduzindo o período de quatro para dois anos. “O Canchim reúne a precocidade de uma raça europeia, a Charolês, com a rusticidade do Nelore”, explica. Touros europeus puros não mostraram boa adaptação em áreas quentes do Brasil.

RAÇA

O nome Canchim vem de uma árvore encontrada nos campos e cerrados da região paulista de São Carlos. Ela contém um suco leitoso e possui ramagem profundamente marcada por cicatrizes, folhas de talos curtos e espessados, medindo cerca de 20 cm de comprimento. As flores masculinas nascem em espigas dotadas de haste longa. A árvore deu nome à Fazenda Experimental de Canchim, onde hoje funciona o centro de pesquisa da Embrapa, e, posteriormente, à raça bovina brasileira de corte que se formou nessa propriedade.

A raça é formada por 3/8 de sangue zebu, que tem como características a rusticidade, fertilidade, pelo curto e liso, boa adaptação ao clima, pastagens e parasitas, além de nascer pequeno. Os outros 5/8 são Charolês, que imprimem precocidade, ganho de peso, peso de carcaça acabada, maciez da carne, libido e docilidade.

Recentemente, a Embrapa Pecuária Sudeste tem estudado o temperamento da raça. Segundo Cíntia, existem animais Canchim mais reativos, mas a maior parte apresenta temperamento menos reativo ou não reativo. Conhecer as reações dos bovinos é importante para que a raça seja melhorada e os extremos, descartados.

Animais muito reativos e não reativos podem não ser interessantes para o desenvolvimento da raça. “Eles não devem ser agressivos, mas precisam ser curiosos ou se sentir minimamente incomodados para expressar reação.” Até o momento, as pesquisas indicam que o padrão da raça está no caminho certo.

O acompanhamento deve ser feito ao longo do tempo, para que se possa observar a variabilidade e até se obter uma DEP (Diferença Esperada na Progênie) de docilidade no futuro. As DEPs são ferramentas essenciais para se conhecer o rebanho geneticamente. Este ano, o parâmetro “temperamento” foi incluído na prova de desempenho e avaliação da raça, chamada PCAD (Prova Canchim de Avaliação de Desempenho), o que a pesquisadora considera um grande avanço.

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