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Pesquisa aprimora reprodução bovina no Pantanal

A utilização de biotecnologias como desmama precoce, suplementação alimentar com progesterona e os bastões marcadores na inseminação artificial em tempo fixo (IATF) – todas investigadas pelos pesquisadores da Embrapa Pantanal – elevaram significativamente as taxas de prenhez em fazendas pecuárias da região pantaneira do Brasil: em alguns casos, o índice chegou a 96%. Para compartilhar essas informações com os produtores rurais de Mato Grosso, uma equipe de representantes da unidade de pesquisa e parceiros realizaram em abril um ciclo de palestras voltado ao desenvolvimento produtivo e sustentável da atividade no bioma.

“A escolha da biotecnologia a ser aplicada para melhorar a reprodução bovina é sempre feita em função das condições da fazenda e do produtor. Temos custos e benefícios”, diz a pesquisadora Juliana Borges, da Embrapa Pantanal, que abordou as biotecnologias durante palestras ministradas no ciclo. Conheça algumas das principais:

Desmama precoce

A prática foi adaptada para as condições da região pantaneira, diz Juliana Borges. Desmamar precocemente os bezerros é uma alternativa para melhorar o score corporal das fêmeas e, assim, ajudar no retorno dos animais à ciclicidade, permitindo que tenham as condições físicas necessárias para emprenhar novamente, mais cedo. Uma mudança como essa aumenta também os custos de produção, lembra a pesquisadora, já que será necessário investir em rações para suplementar a alimentação dos bezerros desmamados.

“Vimos que é preciso fazer a desmama precoce em taxas de prenhez acima de 90% para a prática ser economicamente justificável e pagar os custos de produção”, descreve. Durante experimentos realizados entre os anos de 2015 e 2016 no Pantanal, a IATF (prática que programa a inseminação de várias fêmeas ao mesmo tempo) foi realizada com fêmeas recém paridas, todas com bezerros. Depois, as vacas iam para o repasse com os touros no final da estação de montas. Nessas condições, as taxas de prenhez ficaram em torno de 75% nos animais que não passaram pela desmama. Com a desmama precoce, a prenhez ficou em 96%.

Bastões marcadores

Outra atividade que pode ser incorporada à IATF na fazenda é o uso de bastões marcadores para a avaliação do cio dos animais. Esses bastões marcam com tinta a região sacro-caudal das vacas, logo acima da cauda. Eles devem ser passados duas vezes, sempre aplicados a favor do pelo dos animais. Após alguns dias, o desgaste da tinta mostra a intensidade do cio do animal: aquelas cuja marca desaparece em função da alta quantidade de montas são classificadas como score 3, com cio forte. Aquelas cuja marca teve pouco desgaste são as de score 2, com cio fraco. Já as fêmeas cuja marca de tinta não foi alterada e não apresentaram cio e são consideradas como score 1.

“O que o produtor pode fazer no caso das vacas identificadas em cio forte é usar um sêmen mais caro ou sexado porque a chance que elas têm de emprenhar é mais alta”, complementa Juliana. Nas fêmeas de cio baixo ou inexistente, a pesquisadora recomenda a aplicação do hormônio GNRH – um progestágeno que aumenta as chances de prenhez (e que não precisa ser aplicado nos animais de cio forte). “Com isso, foi possível aumentar as chances de prenhez em torno de 28,5% no escore 1, que não manifestou o cio, e 9,8% no escore 2, que manifestou pouco cio”. As taxas de prenhez nesses dois scores, que estavam em 23,5% e 39,5% respectivamente, passaram para 52% e 39,5% com o uso do GNRH.

Blocos com progesterona

Outra alternativa para aprimorar os índices da reprodução bovina é o fornecimento de progesterona oral misturada a blocos de sal proteinado. O objetivo é utilizar essa suplementação alimentar para melhorar as condições hormonais das fêmeas. “6 dias depois da IATF, colocamos o bloco de MGA – um progestágeno com a função de manter o corpo lúteo, que é o que mantém a prenhez, e dar um suporte intrauterino para manter essa gestação”, afirma Juliana. Com o uso do MGA na suplementação nutricional do 13º ao 18º dia após a IATF (quando o corpo lúteo está mais responsivo), a pesquisadora conta que foi possível registrar um aumento de 10% nas taxas de prenhez, passando de 48% a 58%, aproximadamente.

O 2º Ciclo de Palestras Bioma Pantanal, no qual Juliana abordou as informações acima, foi realizado pela Embrapa Pantanal, Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e Senar-MT com o apoio da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e dos sindicatos rurais de Cáceres, Poconé, Rondonópolis e Cuiabá, Mato Grosso. Na ocasião, a pesquisadora também abordou os resultados do uso de sêmen refrigerado na IATF, uma outra biotécnicas que pode ser associada às mencionadas neste texto. Saiba mais no endereço https://bit.ly/2qOhROM .

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