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Pesquisa mostra prevalência da paratuberculose em 55% de rebanhos de ovinos no planeta

Um estudo desenvolvido por equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Embrapa mostra uma prevalência da paratuberculose em 55,51%% dos rebanhos de ovinos no planeta, sendo a América do Sul o subcontinente onde a prevalência foi mais alta (24,45%). Os resultados estão descritos no artigo “Global prevalence of Mycobacterium avium subsp. paratuberculosis in sheep: Systematic review and meta-analysis”, publicado em janeiro deste ano na revista científica Small Ruminant Research e evidenciam desafios em escala global para diagnóstico e controle da doença, que causa perdas produtivas para os rebanhos. O trabalho de levantamento de dados foi conduzido pela médica-veterinária Nathália Magalhães, como parte de sua pesquisa para o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Saúde Animal pela UFCG, sob orientação do professor Clebert Alves e co-orientação do pesquisador Selmo Alves, da Embrapa Caprinos e Ovinos. A partir da revisão de artigos sobre a doença em bases de dados internacionais, foi possível chegar a estatísticas sobre a paratuberculose no mundo, para compreender melhor a sua distribuição e suas implicações para a saúde animal e a produção pecuária a nível mundial. Causada por infecção pelo microrganismo Mycobacterium avium subespécie paratuberculosis (MAP), a doença pode ocasionar, nos ovinos, a redução do ganho de peso e da produção de lã e leite, além de elevar a mortalidade precoce e provocar comprometimentos reprodutivos, como maior ocorrência de abortos. Nos sistemas de produção, a paratuberculose também eleva os custos operacionais e provoca prejuízos econômicos. Por conta desses fatores, os pesquisadores reforçam o alerta para medidas integradas de manejo sanitário, como o isolamento e o descarte de animais infectados, para interromper a disseminação do agente causador. “A higienização das instalações, com limpeza frequente e eliminação adequada de fezes, é essencial para minimizar a contaminação ambiental. Além disso, a proteção de neonatos, por meio do fornecimento de colostro e leite de animais livres de MAP e da prevenção de contato com fezes contaminadas e produtos de aborto, é crucial”, reforça Nathália, acrescentando que a aquisição de novos animais deve observar se o rebanho de origem está certificado como livre da paratuberculose. Outro fator de alerta, segundo a pesquisa, é a possibilidade de uma associação entre a paratuberculose e a doença de Crohn, uma inflamação intestinal crônica em seres humanos. A Organização Internacional de Saúde Animal não considera a paratuberculose uma zoonose (doença transmissível do animal ao ser humano), mas o agente causador tem sido encontrado ocasionalmente pessoas acometidas com a doença de Crohn, que causa dor abdominal, diarreia, vômito e perda de peso. Estudos sugerem que a transmissão do agente causador para humanos pode acontecer por meio do contato com animais ou do consumo de leite contaminado, configurando potencial risco para saúde pública. “Entre as principais estratégias para minimizar o risco de transmissão para humanos, destaca-se a garantia do consumo de alimentos seguros e com certificados de qualidade, assegurando a pasteurização do leite e evitando a ingestão de produtos de origem animal crus ou mal processados. Além da educação sanitária pública, que desempenha um papel fundamental, promovendo a conscientização de técnicos, produtores e consumidores sobre os riscos associados ao consumo de alimentos contaminados”, afirma Nathália. Desafios para o controle Presente em todos os continentes e considerada uma doença transmissível com importância socioeconômica pela Organização Mundial da Saúde Animal, a paratuberculose se mostra, na pesquisa, mais presente nos rebanhos da América do Sul (prevalência de 24,45%) e da Ásia (de 14,66%). De acordo com o artigo, essa maior prevalência pode ser explicada por fatores de manejo, comercialização e carência de programas de controle mais eficazes. “A elevada prevalência nessas regiões pode ser atribuída ao sistema de manejo semi-intensivo, caracterizado por altas densidades populacionais de animais e pela ausência de programas eficazes de controle e manejo da doença. Ademais, o comércio de animais sem regulamentação adequada favorece a disseminação da infecção entre os rebanhos”, alerta Nathália. A pesquisa também menciona questões fatores de risco a introdução de novos animais em rebanhos sem implementação de quarentena e as deficiências nas condições de higiene e saneamento, que permite a sobrevivência prolongada da MAP em solo, água e alimentos contaminados, aumentando a exposição de animais aos riscos de infecção. Outro desafio apontado pelos pesquisadores é a dificuldade de identificação da doença, especialmente pela possibilidade de alguns animais infectados ficarem assintomáticos, o que reforça a necessidade de realização periódica de testes de diagnósticos e de atenção no manejo para observar indicadores que podem sugerir a presença da MAP. “A identificação de portadores assintomáticos representa um desafio significativo no controle da MAP, exigindo a adoção de estratégias específicas para sua detecção. A escrituração zootécnica auxilia no rastreamento de padrões produtivos, incluindo quedas na produtividade, ocorrência de abortos e outras alterações, pode servir como um indicador precoce para investigações mais detalhadas”, observa Nathália. O artigo também ressalta a importância da adoção de protocolos padronizados de diagnósticos em escala global, inclusive para se ter indicadores mais precisos da doença ao redor do planeta. Uma ideia apontada pelos pesquisadores é de se combinar métodos de diagnóstico, como os de ELISA e de PCR. Enquanto o primeiro detecta a presença de anticorpos, sendo mais útil em estágios avançados da infecção, o de PCR identifica o DNA do patógeno, possibilitando a detecção de animais portadores em fases iniciais. A combinação tem o potencial de fornecer um panorama mais abrangente da infecção no rebanho”. A equipe responsável pelo artigo contou também com os pesquisadores Clécio Limeira, Rafael Costa, Roseane Portela e Sérgio Azevedo, todos eles vinculados à Universidade Federal de Campina Grande. Para saber mais sobre a paratuberculose e como adotar medidas de prevenção, acesse o boletim do CIM Zoossanitário: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1136466/1/CNPC-2021-Art-81.pdf

Um estudo desenvolvido por equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Embrapa mostra uma prevalência da paratuberculose em 55,51%% dos rebanhos de ovinos no planeta, sendo a América do Sul o subcontinente onde a prevalência foi mais alta (24,45%). Os resultados estão descritos no artigo “Global prevalence of Mycobacterium avium subsp. paratuberculosis in sheep: Systematic review and meta-analysis”, publicado em janeiro deste ano na revista científica Small Ruminant Research e evidenciam desafios em escala global para diagnóstico e controle da doença, que causa perdas produtivas para os rebanhos.

O trabalho de levantamento de dados foi conduzido pela médica-veterinária Nathália Magalhães, como parte de sua pesquisa para o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Saúde Animal pela UFCG, sob orientação do professor Clebert Alves e co-orientação do pesquisador Selmo Alves, da Embrapa Caprinos e Ovinos. A partir da revisão de artigos sobre a doença em bases de dados internacionais, foi possível chegar a estatísticas sobre a paratuberculose no mundo, para compreender melhor a sua distribuição  e suas implicações para a saúde animal e a produção pecuária a nível mundial.

Causada por infecção pelo microrganismo Mycobacterium avium subespécie paratuberculosis (MAP), a doença pode ocasionar, nos ovinos, a redução do ganho de peso e da produção de lã e leite, além de elevar a mortalidade precoce e provocar comprometimentos reprodutivos, como maior ocorrência de abortos. Nos sistemas de produção, a paratuberculose também eleva os custos operacionais e provoca prejuízos econômicos. 

Por conta desses fatores, os pesquisadores reforçam o alerta para medidas integradas de manejo sanitário, como o isolamento e o descarte de animais infectados, para interromper a disseminação do agente causador. “A higienização das instalações, com limpeza frequente e eliminação adequada de fezes, é essencial para minimizar a contaminação ambiental. Além disso, a proteção de neonatos, por meio do fornecimento de colostro e leite de animais livres de MAP e da prevenção de contato com fezes contaminadas e produtos de aborto, é crucial”, reforça Nathália, acrescentando que a aquisição de novos animais deve observar se o rebanho de origem está certificado como livre da paratuberculose.

Outro fator de alerta, segundo a pesquisa, é a possibilidade de uma associação entre a paratuberculose e a doença de Crohn, uma inflamação intestinal crônica em seres humanos. A Organização Internacional de Saúde Animal não considera a paratuberculose uma zoonose (doença transmissível do animal ao ser humano), mas o agente causador tem sido encontrado ocasionalmente pessoas acometidas com a doença de Crohn, que causa dor abdominal, diarreia, vômito e perda de peso. Estudos sugerem que a transmissão do agente causador para humanos pode acontecer por meio do contato com animais ou do consumo de leite contaminado, configurando potencial risco para saúde pública.

“Entre as principais estratégias para minimizar o risco de transmissão para humanos, destaca-se a garantia do consumo de alimentos seguros e com certificados de qualidade, assegurando a pasteurização do leite e evitando a ingestão de produtos de origem animal crus ou mal processados. Além da educação sanitária pública, que desempenha um papel fundamental, promovendo a conscientização de técnicos, produtores e consumidores sobre os riscos associados ao consumo de alimentos contaminados”, afirma Nathália. 

Desafios para o controle

Presente em todos os continentes e considerada uma doença transmissível com importância socioeconômica pela Organização Mundial da Saúde Animal, a paratuberculose se mostra, na pesquisa, mais presente nos rebanhos da América do Sul (prevalência de 24,45%) e da Ásia (de 14,66%). De acordo com o artigo, essa maior prevalência pode ser explicada por fatores de manejo, comercialização e carência de programas de controle mais eficazes.

“A elevada prevalência nessas regiões pode ser atribuída ao sistema de manejo semi-intensivo, caracterizado por altas densidades populacionais de animais e pela ausência de programas eficazes de controle e manejo da doença. Ademais, o comércio de animais sem regulamentação adequada favorece a disseminação da infecção entre os rebanhos”, alerta Nathália. A pesquisa também menciona questões fatores de risco a introdução de novos animais em rebanhos sem implementação de quarentena e as deficiências nas condições de higiene e saneamento, que permite a sobrevivência prolongada da MAP em solo, água e alimentos contaminados, aumentando a exposição de animais aos riscos de infecção.

Outro desafio apontado pelos pesquisadores é a dificuldade de identificação da doença, especialmente pela possibilidade de alguns animais infectados ficarem assintomáticos, o que reforça a necessidade de realização periódica de testes de diagnósticos e de atenção no manejo para observar indicadores que podem sugerir a presença da MAP.

“A identificação de portadores assintomáticos representa um desafio significativo no controle da MAP, exigindo a adoção de estratégias específicas para sua detecção. A escrituração zootécnica auxilia no rastreamento de padrões produtivos, incluindo quedas na produtividade, ocorrência de abortos e outras alterações, pode servir como um indicador precoce para investigações mais detalhadas”, observa Nathália.

O artigo também ressalta a importância da adoção de protocolos padronizados de diagnósticos em escala global, inclusive para se ter indicadores mais precisos da doença ao redor do planeta. Uma ideia apontada pelos pesquisadores é de se combinar métodos de diagnóstico, como os de ELISA e de PCR. Enquanto o primeiro detecta a presença de anticorpos, sendo mais útil em estágios avançados da infecção, o de PCR identifica o DNA do patógeno, possibilitando a detecção de animais portadores em fases iniciais. A combinação tem o potencial de fornecer um panorama mais abrangente da infecção no rebanho”.

A equipe responsável pelo artigo contou também com os pesquisadores Clécio Limeira, Rafael Costa, Roseane Portela e Sérgio Azevedo, todos eles vinculados à Universidade Federal de Campina Grande. Para saber mais sobre a paratuberculose e como adotar medidas de prevenção, acesse o boletim do CIM Zoossanitário: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1136466/1/CNPC-2021-Art-81.pdf

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