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Do sul do Brasil ao Ártico: guardiões de sementes de Ibarama (RS) fazem envio inédito ao banco global na Noruega

Associação dos Guardiões de Ibarama (RS) realizou o primeiro envio brasileiro de variedades tradicionais por uma associação de agricultores ao Banco Global de Sementes de Svalbard, na Noruega. As sementes de 59 variedades tradicionais fizeram parte de um depósito de três mil amostras de coleções da Embrapa O envio do material foi viabilizado graças a um projeto da Embrapa financiado pelo programa BOLD, da Crop Trust, que financia iniciativas para a preservação da biodiversidade agrícola em nível global. Localizado na Noruega, o cofre global de sementes de Svalbard funciona como uma reserva de segurança para a biodiversidade agrícola, protegendo variedades contra ameaças como mudança climática e desastres naturais. No município gaúcho de Ibarama, a 250 quilômetros de Porto Alegre, um grupo de agricultores familiares se dedica à conservação da agrobiodiversidade local. Entre plantios, colheitas e feiras de troca, os integrantes da Associação dos Guardiões das Sementes Crioulas da cidade cultivam não apenas variedades tradicionais, mas também um legado de conservação da agrobiodiversidade da região. Agora, essas sementes ultrapassam fronteiras e chegam ao extremo norte do planeta. Na terça-feira (25/02), 59 amostras de variedades cultivadas na região foram armazenadas no Banco Global de Sementes de Svalbard, na Noruega, projetado para garantir a segurança da diversidade agrícola mundial. Esse é o primeiro envio realizado por uma associação de guardiões do Brasil ao banco. Entre as sementes enviadas estão variedades de milho, feijão-comum, trigo, couve, salsa, alface, tomate, ervilha, coentro, feijão-fava, melancia, amendoim, arroz, abóbora, radiche, gergelim, amaranto, linhaça, girassol e quiabo. A entrega das sementes à Embrapa, que também manterá o material no Banco Genético da instituição, em Brasília, foi marcada por uma missa em ação de graças, reunindo a comunidade local. Para o presidente da Associação dos Guardiões de Ibarama, Mário Raminelli, esse momento representa um reconhecimento ao trabalho de anos das famílias agricultoras. “Ter as sementes da região guardadas em uma casa-forte de sementes, tanto em Brasília quanto na Noruega, é um reconhecimento pelo nosso esforço. As famílias de guardiões vêm mantendo esse patrimônio há gerações, e agora sabemos que ele estará preservado para o futuro”, afirmou. Seleção e envio das sementes para a Embrapa A pesquisadora Aluana Gonçalves de Abreu, supervisora da Curadoria de Germoplasma Vegetal da Embrapa, explica que, embora já tenham sido enviadas outras variedades tradicionais para Svalbard, essa é a primeira vez que uma associação de agricultores multiplica suas sementes exclusivamente para a conservação de cópias de segurança no Brasil e na Noruega. A produção e seleção das sementes contaram com o apoio da Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS), da Universidade Federal de Santa Maria e da Emater-RS. Esse trabalho integrou um acordo de cooperação técnica para conectar a conservação das variedades nos locais de origem (in situ/on farm) com a conservação em coleções (ex situ). Antes do envio, todas as amostras passaram por testes de germinação realizados na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, garantindo que apenas sementes de alta qualidade fossem armazenadas. Segundo a pesquisadora Rosa Lía Barbieri, a parceria entre a Embrapa Clima Temperado e a Associação dos Guardiões de Ibarama começou há 15 anos, durante um projeto voltado à identificação e ao fortalecimento dos guardiões de variedades tradicionais no Rio Grande do Sul. “O trabalho desses agricultores é fundamental para a conservação da agrobiodiversidade, garantindo a preservação de variedades em risco de extinção e mantendo a diversidade genética dos cultivos, o que é essencial para a adaptação às mudanças climáticas”, destaca. Envio das sementes para Svalbard Além das 59 variedades dos guardiões de Ibarama, foram depositadas 2.944 amostras de arroz, feijão-comum, milho, pinus e trevo das coleções da Embrapa. O envio foi viabilizado pelo projeto internacional Biodiversidade para Oportunidades, Meios de Vida e Desenvolvimento (BOLD), da Crop Trust, organização dedicada à conservação e disponibilização da diversidade agrícola global. “O projeto BOLD financiou as atividades de multiplicação de amostras de arroz, feijão-comum e milho da Embrapa, além de cobrir os custos do envio para a Noruega”, explica o pesquisador Juliano Pádua, supervisor do Banco Genético da Embrapa. Todas as amostras enviadas para Svalbard também foram depositadas na Coleção de Base (Colbase) do Banco Genético da Embrapa, onde são mantidas a -18°C, sob as mesmas condições do banco mundial de sementes. O envio é resultado do esforço conjunto das seguintes Unidades Descentralizadas: Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO), Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Embrapa Clima Temperado, Embrapa Florestas (Colombo-PR) e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, além da área de Importação e Exportação da Empresa. De acordo com a pesquisadora Flávia França Teixeira, da Embrapa Milho e Sorgo, o projeto BOLD viabilizou a multiplicação de mais de 250 acessos do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Milho. Segundo ela, o envio priorizou variedades de milho pipoca e de grãos coletados no estado de Minas Gerais. “Todos os acessos enviados foram levados a campo, suas sementes foram multiplicadas e suas espigas foram fotografadas. Inclusive foram anotados os dados de caracteres morfológicos denominados descritores da cultura do milho. As fotografias foram inseridas na plataforma ALELO”, informou França. Sobre o Banco Genético da Embrapa Localizado em Brasília, o Banco Genético da Embrapa é uma das maiores infraestruturas mundiais dedicadas à conservação de recursos genéticos importantes para a agricultura e a alimentação. Com capacidade para armazenar até 750 mil amostras de sementes a uma temperatura de -18ºC, ele desempenha um papel essencial na conservação da biodiversidade agrícola do Brasil. Além das sementes, o banco mantém uma coleção in vitro, e tem capacidade para até 10 mil amostras de tecidos vegetais, garantindo a conservação de espécies que não podem ser mantidas por meio de sementes e de variedades clonais, como mandioca, batata, banana, uva e cana-de-açúcar. Outra frente de atuação do banco é a criopreservação, onde mais de 200 mil amostras de material genético vegetal, animal e microbiano são armazenadas em temperaturas extremamente baixas, chegando a -196°C. Esse processo assegura a viabilidade dos recursos genéticos por tempo indeterminado. O Banco Genético funciona como um repositório central, que mantém cópias de segurança das diversas coleções de sementes e outros materiais genéticos conservados pelas Unidades da Embrapa em todo o Brasil. Isso garante que, em caso de perdas locais, os materiais possam ser recuperados e utilizados para pesquisa. Foto: Cláudio Bezerra Sobre o Banco Global de Sementes Localizado no arquipélago de Svalbard, na Noruega, a cerca de 1.300 km do Polo Norte, o Banco Global de Sementes foi inaugurado em 2008 como uma iniciativa internacional para preservar a diversidade genética de cultivos agrícolas. O banco funciona como um cofre de segurança para coleções de sementes do mundo todo, armazenando duplicatas de variedades essenciais para a alimentação e a agricultura, protegendo-as contra catástrofes globais como guerras, mudança climática e desastres naturais. As sementes são mantidas em câmaras subterrâneas dentro de uma montanha, a mais de 100 metros de profundidade, sob temperatura controlada de -18°C. Atualmente, o local abriga mais de 1,3 milhão de amostras de sementes, representando 6.297 espécies de plantas. O Brasil estabeleceu sua cooperação com o Banco Global de Sementes de Svalbard em 2008, com a primeira remessa de sementes enviada em 2012. Desde então, a Embrapa já realizou cinco depósitos, somando mais de 8 mil amostras de espécies essenciais para a agricultura e alimentação. Para saber mais Banco Global de Sementes de Svalbard (site em inglês) Crop trust (site em inglês) – https://www.croptrust.org/ Projeto BOLD/Crop Trust (site em inglês) – https://bold.croptrust.org/ Reportagem: Backing Up Brazil’s Future Food and Nutrition Security (texto em inglês) Banco Genético da Embrapa

Foto: Foto: Letícia Cremonese/Emater-RS

Foto: Letícia Cremonese/Emater-RS - Sementes dos guardiões de Ibarama estão conservadas em bancos em Brasília e na Noruega.

Sementes dos guardiões de Ibarama estão conservadas em bancos em Brasília e na Noruega.

No município gaúcho de Ibarama, a 250 quilômetros de Porto Alegre, um grupo de agricultores familiares se dedica à conservação da agrobiodiversidade local. Entre plantios, colheitas e feiras de troca, os integrantes da Associação dos Guardiões das Sementes Crioulas da cidade cultivam não apenas variedades tradicionais, mas também um legado de  conservação da agrobiodiversidade da região.

Agora, essas sementes ultrapassam fronteiras e chegam ao extremo norte do planeta. Na terça-feira (25/02), 59 amostras de variedades cultivadas na região foram armazenadas no Banco Global de Sementes de Svalbard, na Noruega, projetado para garantir a segurança da diversidade agrícola mundial. Esse é o primeiro envio realizado por uma associação de guardiões do Brasil ao banco. Entre as sementes enviadas estão variedades de milho, feijão-comum, trigo, couve, salsa, alface, tomate, ervilha, coentro, feijão-fava, melancia, amendoim, arroz, abóbora, radiche, gergelim, amaranto, linhaça, girassol e quiabo.

A entrega das sementes à Embrapa, que também manterá o material no Banco Genético da instituição, em Brasília, foi marcada por uma missa em ação de graças, reunindo a comunidade local. Para o presidente da Associação dos Guardiões de Ibarama, Mário Raminelli, esse momento representa um reconhecimento ao trabalho de anos das famílias agricultoras. “Ter as sementes da região guardadas em uma casa-forte de sementes, tanto em Brasília quanto na Noruega, é um reconhecimento pelo nosso esforço. As famílias de guardiões vêm mantendo esse patrimônio há gerações, e agora sabemos que ele estará preservado para o futuro”, afirmou.

Seleção e envio das sementes para a Embrapa

A pesquisadora Aluana Gonçalves de Abreu, supervisora da Curadoria de Germoplasma Vegetal da Embrapa, explica que, embora já tenham sido enviadas outras variedades tradicionais para Svalbard, essa é a primeira vez que uma associação de agricultores multiplica suas sementes exclusivamente para a conservação de cópias de segurança no Brasil e na Noruega. 

A produção e seleção das sementes contaram com o apoio da Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS), da Universidade Federal de Santa Maria e da Emater-RS. Esse trabalho integrou um acordo de cooperação técnica para conectar a conservação das variedades nos locais de origem (in situ/on farm) com a conservação em coleções (ex situ). 

Antes do envio, todas as amostras passaram por testes de germinação realizados na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, garantindo que apenas sementes de alta qualidade fossem armazenadas.

Segundo a pesquisadora Rosa Lía Barbieri, a parceria entre a Embrapa Clima Temperado e a Associação dos Guardiões de Ibarama começou há 15 anos, durante um projeto voltado à identificação e ao fortalecimento dos guardiões de variedades tradicionais no Rio Grande do Sul. “O trabalho desses agricultores é fundamental para a conservação da agrobiodiversidade, garantindo a preservação de variedades em risco de extinção e mantendo a diversidade genética dos cultivos, o que é essencial para a adaptação às mudanças climáticas”, destaca.

Envio das sementes para Svalbard

Além das 59 variedades dos guardiões de  Ibarama, foram depositadas  2.944 amostras de arroz, feijão-comum, milho, pinus e trevo das coleções da Embrapa. O envio foi viabilizado pelo projeto internacional Biodiversidade para Oportunidades, Meios de Vida e Desenvolvimento (BOLD), da Crop Trust, organização dedicada à conservação e disponibilização da diversidade agrícola global.

“O projeto BOLD financiou as atividades de multiplicação de amostras de arroz, feijão-comum e milho da Embrapa, além de cobrir os custos do envio para a Noruega”, explica o pesquisador Juliano Pádua, supervisor do Banco Genético da Embrapa.

Todas as amostras enviadas para Svalbard também foram depositadas na Coleção de Base (Colbase) do Banco Genético da Embrapa, onde são mantidas a -18°C, sob as mesmas condições do banco mundial de sementes. O envio é resultado do esforço conjunto das seguintes Unidades Descentralizadas: Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO), Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Embrapa Clima Temperado, Embrapa Florestas (Colombo-PR) e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, além da área de Importação e Exportação da Empresa.

De acordo com a pesquisadora Flávia França Teixeira, da Embrapa Milho e Sorgo, o projeto BOLD viabilizou a multiplicação de mais de 250 acessos do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Milho. Segundo ela, o envio priorizou variedades de milho pipoca e de grãos coletados no estado de Minas Gerais. “Todos os acessos enviados foram levados a campo, suas sementes foram multiplicadas e suas espigas foram fotografadas. Inclusive foram anotados os dados de caracteres morfológicos denominados descritores da cultura do milho. As fotografias foram inseridas na plataforma ALELO”, informou França. 

Sobre o Banco Genético da Embrapa

Localizado em Brasília, o Banco Genético da Embrapa é uma das maiores infraestruturas mundiais dedicadas à conservação de recursos genéticos importantes para a agricultura e a alimentação. Com capacidade para armazenar até 750 mil amostras de sementes a uma temperatura de -18ºC, ele desempenha um papel essencial na conservação da biodiversidade agrícola do Brasil.

Além das sementes, o banco mantém uma coleção in vitro, e tem capacidade para até 10 mil amostras de tecidos vegetais, garantindo a conservação de espécies que não podem ser mantidas por meio de sementes e de variedades clonais, como mandioca, batata, banana, uva e cana-de-açúcar.

Outra frente de atuação do banco é a criopreservação, onde mais de 200 mil amostras de material genético vegetal, animal e microbiano são armazenadas em temperaturas extremamente baixas, chegando a -196°C. Esse processo assegura a viabilidade dos recursos genéticos por tempo indeterminado.

O Banco Genético funciona como um repositório central, que mantém cópias de segurança das diversas coleções de sementes e outros materiais genéticos conservados pelas Unidades da Embrapa em todo o Brasil. Isso garante que, em caso de perdas locais, os materiais possam ser recuperados e utilizados para pesquisa.

Foto: Cláudio Bezerra

Sobre o Banco Global de Sementes

Localizado no arquipélago de Svalbard, na Noruega, a cerca de 1.300 km do Polo Norte, o Banco Global de Sementes foi inaugurado em 2008 como uma iniciativa internacional para preservar a diversidade genética de cultivos agrícolas. O banco funciona como um cofre de segurança para coleções de sementes do mundo todo, armazenando duplicatas de variedades essenciais para a alimentação e a agricultura, protegendo-as contra catástrofes globais como guerras, mudança climática e desastres naturais.

As sementes são mantidas em câmaras subterrâneas dentro de uma montanha, a mais de 100 metros de profundidade, sob temperatura controlada de -18°C. Atualmente, o local abriga mais de 1,3 milhão de amostras de sementes, representando 6.297 espécies de plantas.

O Brasil estabeleceu sua cooperação com o Banco Global de Sementes de Svalbard em 2008, com a primeira remessa de sementes enviada em 2012. Desde então, a Embrapa já realizou cinco depósitos, somando mais de 8 mil amostras de espécies essenciais para a agricultura e alimentação.

Para saber mais

Banco Global de Sementes de Svalbard (site em inglês)

Crop trust (site em inglês) – https://www.croptrust.org/

Projeto BOLD/Crop Trust (site em inglês) – https://bold.croptrust.org/

Reportagem: Backing Up Brazil’s Future Food and Nutrition Security (texto em inglês)

Banco Genético da Embrapa

Marcos Esteves (4505/14/45v/DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

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Telefone: (61) 3448-4770

Sandra Brito (MTb 06230/MG)
Embrapa Milho e Sorgo

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Embrapa Clima Temperado

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