Notícias

Manejo e conservação do solo e da água representam principais oportunidades de recuperação rural do RS

Um painel sobre sobre “Recuperação e preservação dos solos” deu início à programação técnica do estande da Embrapa na manhã desta terça-feira (18), durante a 35ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, realizada na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS). Representantes da Embrapa e da Emater/RS-Ascar apresentaram diagnósticos e ações para recuperação e resiliência dos sistemas produtivos gaúchos após a crise climática de maio de 2024. A chefe-adjunta de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Embrapa Clima Temperado (RS), Rosane Martinazzo, apresentou o trabalho da Plataforma Colaborativa Sul para Mitigação de Efeitos Climáticos Adversos na Agropecuária da Região Sul do Brasil e do programa Recupera Rural RS. Segundo a pesquisadora, as principais oportunidades de melhoria observadas nas propriedades estão ligadas ao manejo e conservação do solo e da água. O trabalho, que teve início em 2023 para fortalecer a resiliência dos sistemas produtivos da região sul e minimizar os impactos socioeconômicos de eventos extremos, como granizo, geada, seca e variações de temperatura, foi redirecionado à construção de um plano conjunto ao estado após os eventos climáticos. A proposta contempla nove eixos e mais de cem atividades, incluindo diagnósticos de custos de recuperação de solo e matas ciliares, da potabilidade da água subterrânea e da condição sanitária dos rebanhos, que ainda poderão indicar novas necessidades de pesquisa e servir como base de apoio à tomada de decisão. As ações, de curto, médio e longo prazo, foram definidas a partir de diagnósticos junto às áreas afetadas, em parceria com a Emater/RS-Ascar, Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Serviço Geológico do Brasil e Universidades, além de acompanhamento às comitivas do Gabinete Itinerante do Mapa. O plano de recuperação foi socializado e qualificado durante oficina que reuniu cerca de 25 instituições em Porto Alegre, no fim de outubro. “A Embrapa não faz nada sozinha e precisa dos parceiros para unir expertises e evitar sobreposições”, disse. Unidades de Referência Tecnológicas (URTs) Ao todo, serão instaladas em torno de dez Unidades de Referência Tecnológica (URTs), em regiões priorizadas de acordo com as bacias hidrográficas do Estado. A primeira URT está sendo implantada no município de Sinimbu (RS), em Parceria com a Emater/RS-Ascar e a Unisc, com levantamentos do território por meio de drones em alta resolução para a proposição do melhor ordenamento da propriedade e definição de Boas Práticas Agropecuárias (BPAs). Esses espaços-modelo abordarão práticas conservacionistas e servirão de unidades de aprendizagem coletiva, sendo voltados a ações de capacitação e transferência das melhores tecnologias geradas pela Embrapa e parceiros para tornar os sistemas produtivos mais resilientes. “Há muitos bons exemplos e é isso que precisamos replicar”, completa Rosane. Principais tipologias de danos Na sequência, o pesquisador Adilson Bamberg abordou os principais “Impactos observados e as estratégias para recuperação do solo”. Nas regiões mais altas, os diagnósticos indicam efeitos como erosão e movimentos de massa (deslizamentos totais e deslocamentos parciais). Já nas partes planas, o principal impacto foram os transbordamentos de rios, os soterramentos de áreas agrícolas, com obstruções ou mudanças de leitos. Ao todo, foram registradas 15 mil cicatrizes de deslizamentos no estado – até então, o maior volume registrado na literatura era de pouco mais de 4 mil. De acordo com os levantamentos, as principais causas para o fenômeno, além do volume extremo de chuvas, cujos acumulados superaram de 15 a 20% a precipitação da cheia histórica de 1941, são as condições naturais do Rio Grande do Sul, que interferem sobre os tipos de danos, como relevo, hidrografia e geologia, somadas às ações antrópicas (humanas), como a ocupação das margens dos afluentes. “Esse é o momento do reordenamento, do repensar. Em muitas delas o custo será elevado e em algumas delas fica a pergunta: será que vale a pena investir na recuperação dessas áreas?”, questiona. Em termos de relevo, o pesquisador apontou desafios quanto à drenagem do excesso de águas para o oceano. Segundo Adilson, diversas bacias escoam na Laguna dos Patos e Lagoa Mirim, que servem de amortecimento, mas desaguam no mar por um espaço estreito, de menos de mil metros de largura. No caso de áreas íngremes, as linhas naturais do relevo onde ocorre o escoamento superficial podem se tornar mais sensíveis a eventos extremos quando utilizadas para fins agrícolas. O mapeamento realizado pelos pesquisadores considera quatro contextos diferentes, considerando diferentes tipologias de danos, bem como sugestões de intervenções para cada um deles: encostas da Serra Geral, vales de rios em trechos sinuosos, vales de rios em trechos retilíneos, planícies inundáveis de rios. De modo geral, foi verificada baixa resiliência dos sistemas fluviais e baixo nível de adoção de práticas conservacionistas do solo, com alto impacto ao solo pelo longo período de encharcamento, no caso das áreas alagadas. O painel teve fim com a palestra de Ronaldo Maciel, gerente regional do escritório da Emater/RS em Pelotas, que abordou “A ocorrência dos Fenômenos El Niño/La Niña e os Reflexos na Região Sul do Rio Grande do Sul”.

Um painel sobre sobre “Recuperação e preservação dos solos” deu início à programação técnica do estande da Embrapa na manhã desta terça-feira (18), durante a 35ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, realizada na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS). Representantes da Embrapa e da Emater/RS-Ascar apresentaram diagnósticos e ações para recuperação e resiliência dos sistemas produtivos gaúchos após a crise climática de maio de 2024.

A chefe-adjunta de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Embrapa Clima Temperado (RS), Rosane Martinazzo, apresentou o trabalho da Plataforma Colaborativa Sul para Mitigação de Efeitos Climáticos Adversos na Agropecuária da Região Sul do Brasil e do programa Recupera Rural RS. Segundo a pesquisadora, as principais oportunidades de melhoria observadas nas propriedades estão ligadas ao manejo e conservação do solo e da água.

O trabalho, que teve início em 2023 para fortalecer a resiliência dos sistemas produtivos da região sul e minimizar os impactos socioeconômicos de eventos extremos, como granizo, geada, seca e variações de temperatura, foi redirecionado à construção de um plano conjunto ao estado após os eventos climáticos. A proposta contempla nove eixos e mais de cem atividades, incluindo diagnósticos de custos de recuperação de solo e matas ciliares, da potabilidade da água subterrânea e da condição sanitária dos rebanhos, que ainda poderão indicar novas necessidades de pesquisa e servir como base de apoio à tomada de decisão.

As ações, de curto, médio e longo prazo, foram definidas a partir de diagnósticos junto às áreas afetadas, em parceria com a Emater/RS-Ascar, Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Serviço Geológico do Brasil e Universidades, além de acompanhamento às comitivas do Gabinete Itinerante do Mapa. O plano de recuperação foi socializado e qualificado durante oficina que reuniu cerca de 25 instituições em Porto Alegre, no fim de outubro. “A Embrapa não faz nada sozinha e precisa dos parceiros para unir expertises e evitar sobreposições”, disse.

Unidades de Referência Tecnológicas (URTs)

Ao todo, serão instaladas em torno de dez Unidades de Referência Tecnológica (URTs), em regiões priorizadas de acordo com as bacias hidrográficas do Estado. A primeira URT está sendo implantada no município de Sinimbu (RS), em Parceria com a Emater/RS-Ascar e a Unisc, com levantamentos do território por meio de drones em alta resolução para a proposição do melhor ordenamento da propriedade e definição de Boas Práticas Agropecuárias (BPAs).

Esses espaços-modelo abordarão práticas conservacionistas e servirão de unidades de aprendizagem coletiva, sendo voltados a ações de capacitação e transferência das melhores tecnologias geradas pela Embrapa e parceiros para tornar os sistemas produtivos mais resilientes. “Há muitos bons exemplos e é isso que precisamos replicar”, completa Rosane.

Principais tipologias de danos

Na sequência, o pesquisador Adilson Bamberg abordou os principais “Impactos observados e as estratégias para recuperação do solo”. Nas regiões mais altas, os diagnósticos indicam efeitos como erosão e movimentos de massa (deslizamentos totais e deslocamentos parciais). Já nas partes planas, o principal impacto foram os transbordamentos de rios, os soterramentos de áreas agrícolas, com obstruções ou mudanças de leitos. Ao todo, foram registradas 15 mil cicatrizes de deslizamentos no estado – até então, o maior volume registrado na literatura era de pouco mais de 4 mil.

De acordo com os levantamentos, as principais causas para o fenômeno, além do volume extremo de chuvas, cujos acumulados superaram de 15 a 20% a precipitação da cheia histórica de 1941, são as condições naturais do Rio Grande do Sul, que interferem sobre os tipos de danos, como relevo, hidrografia e geologia, somadas às ações antrópicas (humanas), como a ocupação das margens dos afluentes. “Esse é o momento do reordenamento, do repensar. Em muitas delas o custo será elevado e em algumas delas fica a pergunta: será que vale a pena investir na recuperação dessas áreas?”, questiona.

Em termos de relevo, o pesquisador apontou desafios quanto à drenagem do excesso de águas para o oceano. Segundo Adilson, diversas bacias escoam na Laguna dos Patos e Lagoa Mirim, que servem de amortecimento, mas desaguam no mar por um espaço estreito, de menos de mil metros de largura. No caso de áreas íngremes, as linhas naturais do relevo onde ocorre o escoamento superficial podem se tornar mais sensíveis a eventos extremos quando utilizadas para fins agrícolas.

O mapeamento realizado pelos pesquisadores considera quatro contextos diferentes, considerando diferentes tipologias de danos, bem como sugestões de intervenções para cada um deles: encostas da Serra Geral, vales de rios em trechos sinuosos, vales de rios em trechos retilíneos, planícies inundáveis de rios. De modo geral, foi verificada baixa resiliência dos sistemas fluviais e baixo nível de adoção de práticas conservacionistas do solo, com alto impacto ao solo pelo longo período de encharcamento, no caso das áreas alagadas.

O painel teve fim com a palestra de Ronaldo Maciel, gerente regional do escritório da Emater/RS em Pelotas, que abordou “A ocorrência dos Fenômenos El Niño/La Niña e os Reflexos na Região Sul do Rio Grande do Sul”.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *