Nos próximos três anos a Embrapa deverá digitalizar e disponibilizar mais de 5 mil obras atualmente acessíveis apenas em formato impresso. O projeto, intitulado “Estratégias integradas para preservação e acesso aos acervos de memória técnica e obras raras da Embrapa”, foi aprovado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pretende garantir a preservação e ampliar o acesso ao acervo histórico e cultural da Empresa, incluindo a memória técnica e obras raras. Com um investimento de mais de R$ 1,3 milhão, proveniente da chamada pública MCTI/Finep/FNDCT/Identidade Brasil – Recuperação e Preservação de Acervos 2024, a iniciativa reforça o compromisso da Embrapa com a valorização da memória técnica e científica do setor agropecuário brasileiro. A gerente-adjunta de Dados e Informação, Alessandra Silva, esclarece que a elaboração e aprovação da proposta só foi possível devido à atuação histórica da Embrapa sobre o tema, o esforço dos diversos profissionais que atuam nas bibliotecas da Empresa e a longa parceria da área de informação com a Embrapa Agricultura Digital. O conteúdo foi elaborado por várias mãos, envolve representantes de diversas Unidades Descentralizadas e conta com a colaboração de colegas que atuam no Sistema Embrapa de Bibliotecas (SEB). As frentes de atuação incluem a digitalização de obras raras nas bibliotecas da Embrapa; a restauração de obras raras; a digitalização da produção técnico-científica histórica produzida pela Embrapa; e a modernização da infraestrutura dos repositórios de acesso aberto Alice e Infoteca-e. As obras digitalizadas serão disponibilizadas nos repositórios hoje existentes. A execução será liderada pela Embrapa Agricultura Digital, com a participação de profissionais de diversas UDs e do SEB. Ampliação do acesso ao acervo De acordo com Marcos Visoli (foto à direita), pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, são dois os principais avanços: a preservação do acervo histórico da Embrapa e a democratização do acesso ao conteúdo digitalizado, permitindo que pesquisadores, produtores e o público geral possam consultar esses materiais de qualquer lugar. Visoli explica que o projeto conta com a participação ativa do SEB e seus bibliotecários, já envolvidos na iniciativa. Destaca também que a digitalização será realizada de tal forma que o material produzido possa também ser processado por máquina, permitindo buscas eficientes, facilitando a recuperação da informação, e viabilizando o uso por mecanismos de inteligência artificial. Os serviços de digitalização serão contratados de forma terceirizada, garantindo a realização com tecnologias modernas. A expectativa é que, em um ano, os primeiros conteúdos digitalizados já estejam disponíveis ao público. Além do resgate e organização do acervo, o projeto representa um avanço na manutenção da infraestrutura de informação da Embrapa, permitindo que a produção científica da instituição seja preservada e acessível a longo prazo. O chefe-geral da Embrapa Agricultural Digital, Stanley Oliveira, diz que a iniciativa do projeto “reafirma o compromisso da Embrapa em apoiar, por meio de pessoas, tecnologias e processos, a infraestrutura computacional em prol da ciência aberta e da preservação da memória técnico-científica agropecuária produzida e mantida pela Embrapa.” Alderi Araújo, diretor de Governança e Informação, avalia a importância do projeto: “A preservação da memória técnica e científica da agropecuária brasileira é essencial para compreendermos nossa trajetória e projetarmos o futuro. A digitalização do acervo da Embrapa é um marco na democratização do acesso ao conhecimento, permitindo que pesquisadores, produtores e a sociedade em geral possam usufruir de um patrimônio histórico inestimável. Além de garantir a perenidade dessas informações, o projeto reforça o compromisso da Embrapa com a inovação e a transparência, alinhando-se às melhores práticas de gestão do conhecimento. Estamos não apenas resguardando a história, mas potencializando seu impacto para novas gerações e fortalecendo a base científica do setor agropecuário brasileiro.” As próximas etapas do projeto envolvem a formalização administrativa e a incorporação ao Sistema Embrapa de Gestão (SEG) para o início da execução. História viva da agricultura A bibliotecária Gislene Gama (foto à direita), da Embrapa Semiárido, acredita que esse projeto vai caminhar para formar, possivelmente, uma biblioteca rara de agricultura e ciências afins. Ela destaca que, somente na Unidade, já haviam sido mapeadas mais de cem obras, entre raras e antigas, que estão sendo tratadas especialmente porque fazem parte do contexto do desenvolvimento da agricultura e das culturas tradicionais cultivadas no Nordeste. “São obras raras ou especiais que vêm de 1800 até 1913, assim como obra considerada especial de 1949”. Gislene explica que, como o catálogo está disponível on-line, a Biblioteca da Unidade atende muitas demandas de consulta a obras raras e antigas, que até o momento só podem ser realizadas de forma presencial. Ela conta que “A Mamoeira e o Óleo de Rícino”, de 1918, é uma das que já foram solicitadas diversas vezes por historiadores e pesquisadores. A bibliotecária ressalta que hoje se estuda muito a história do desenvolvimento da agricultura até chegar no grande boom que o agronegócio alcançou no Brasil. Da mesma forma, para entender hoje processos como desertificação, uso dos recursos hídricos, da cobertura vegetal do Bioma Caatinga, também é importante saber o que acontecia antes, qual o recorte que se tinha. “Para você acompanhar o que está acontecendo hoje é de fundamental importância ter essas obras para fazer um resgate histórico e mapear o avanço, inclusive”, ressalta. “Esse projeto é de grande importância para garantir que as obras antigas continuem preservadas nos acervos das Bibliotecas, para atender a demandas dos historiadores, e para que a sociedade tenha acesso a essas obras, totalmente desconhecidas, que foram oriundas de outros institutos brasileiros, que começaram a ser catalogadas somente no século passado ou no final do século XIX”. Conhecimento histórico preservado Um exemplo da importância do projeto é a Biblioteca “Eng. Agrônomo Milton de Albuquerque”, da Embrapa Amazônia Oriental. Ela foi fundada em 1942, como suporte às atividades de pesquisa do Instituto Agronômico do Norte (IAN), instituição que antecedeu a Embrapa no estado do Pará. Especializada em ciências agrícolas e considerada uma das mais completas da América Latina, a biblioteca completará 83 anos em 2025. O acervo físico da biblioteca possui 225.705 itens. A biblioteca conta ainda com 325 títulos de obras raras e 446 obras especiais. Entre as raridades, encontram-se os livros “Relation historique et geographique de la grande riviere des amazones dans l’amerique”, de 1655 (foto à direita); “Phytografia da botânica brasileira”, de 1881, e “Traité de chimie organique appliquée”, de 1896. Para a bibliotecária Luiza de Marillac, analista da Embrapa Amazônia Oriental, a digitalização desse acervo permite deixar para a posteridade não só o conhecimento e a informação nele presente, mas também a história da ciência agropecuária na região e no Brasil. “É um acervo diversificado com um grande conhecimento contido nele e com uma grande importância para a ciência e para a humanidade. Mesmo antes da descoberta da escrita, a humanidade buscou meios de registrar o conhecimento, então é fundamental não somente digitalizar e registrar esse conhecimento, como também preservar essas obras para a posteridade”, afirmou. Memória e inovação O legado histórico e memorialístico também está disponível na Biblioteca Edmundo da Fontoura Gastal ou Biblioteca da Sede, como é conhecida. Ela tem recebido, ao longo dos anos, obras raras e especiais de unidades descentralizadas que não possuem condições adequadas de mantê-las. A sede tem garantido a preservação física e o acesso digital aos conteúdos, processo que agora deverá ser ampliado e qualificado. Sem a preservação adequada desse tipo de acervo, sobretudo, em um órgão público, pode-se perder informações valiosas sobre políticas públicas, avanços tecnológicos, e processos administrativos que, embora antigos, podem oferecer insights relevantes para a compreensão do passado e para o planejamento de ações futuras, além de contribuírem para o fortalecimento da identidade e cultura organizacionais.
Nos próximos três anos a Embrapa deverá digitalizar e disponibilizar mais de 5 mil obras atualmente acessíveis apenas em formato impresso. O projeto, intitulado “Estratégias integradas para preservação e acesso aos acervos de memória técnica e obras raras da Embrapa”, foi aprovado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pretende garantir a preservação e ampliar o acesso ao acervo histórico e cultural da Empresa, incluindo a memória técnica e obras raras.
Com um investimento de mais de R$ 1,3 milhão, proveniente da chamada pública MCTI/Finep/FNDCT/Identidade Brasil – Recuperação e Preservação de Acervos 2024, a iniciativa reforça o compromisso da Embrapa com a valorização da memória técnica e científica do setor agropecuário brasileiro.
A gerente-adjunta de Dados e Informação, Alessandra Silva, esclarece que a elaboração e aprovação da proposta só foi possível devido à atuação histórica da Embrapa sobre o tema, o esforço dos diversos profissionais que atuam nas bibliotecas da Empresa e a longa parceria da área de informação com a Embrapa Agricultura Digital. O conteúdo foi elaborado por várias mãos, envolve representantes de diversas Unidades Descentralizadas e conta com a colaboração de colegas que atuam no Sistema Embrapa de Bibliotecas (SEB).
As frentes de atuação incluem a digitalização de obras raras nas bibliotecas da Embrapa; a restauração de obras raras; a digitalização da produção técnico-científica histórica produzida pela Embrapa; e a modernização da infraestrutura dos repositórios de acesso aberto Alice e Infoteca-e. As obras digitalizadas serão disponibilizadas nos repositórios hoje existentes. A execução será liderada pela Embrapa Agricultura Digital, com a participação de profissionais de diversas UDs e do SEB.
Ampliação do acesso ao acervo
De acordo com Marcos Visoli (foto à direita), pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, são dois os principais avanços: a preservação do acervo histórico da Embrapa e a democratização do acesso ao conteúdo digitalizado, permitindo que pesquisadores, produtores e o público geral possam consultar esses materiais de qualquer lugar.
Visoli explica que o projeto conta com a participação ativa do SEB e seus bibliotecários, já envolvidos na iniciativa. Destaca também que a digitalização será realizada de tal forma que o material produzido possa também ser processado por máquina, permitindo buscas eficientes, facilitando a recuperação da informação, e viabilizando o uso por mecanismos de inteligência artificial.
Os serviços de digitalização serão contratados de forma terceirizada, garantindo a realização com tecnologias modernas. A expectativa é que, em um ano, os primeiros conteúdos digitalizados já estejam disponíveis ao público. Além do resgate e organização do acervo, o projeto representa um avanço na manutenção da infraestrutura de informação da Embrapa, permitindo que a produção científica da instituição seja preservada e acessível a longo prazo.
O chefe-geral da Embrapa Agricultural Digital, Stanley Oliveira, diz que a iniciativa do projeto “reafirma o compromisso da Embrapa em apoiar, por meio de pessoas, tecnologias e processos, a infraestrutura computacional em prol da ciência aberta e da preservação da memória técnico-científica agropecuária produzida e mantida pela Embrapa.”
Alderi Araújo, diretor de Governança e Informação, avalia a importância do projeto: “A preservação da memória técnica e científica da agropecuária brasileira é essencial para compreendermos nossa trajetória e projetarmos o futuro. A digitalização do acervo da Embrapa é um marco na democratização do acesso ao conhecimento, permitindo que pesquisadores, produtores e a sociedade em geral possam usufruir de um patrimônio histórico inestimável. Além de garantir a perenidade dessas informações, o projeto reforça o compromisso da Embrapa com a inovação e a transparência, alinhando-se às melhores práticas de gestão do conhecimento. Estamos não apenas resguardando a história, mas potencializando seu impacto para novas gerações e fortalecendo a base científica do setor agropecuário brasileiro.”
As próximas etapas do projeto envolvem a formalização administrativa e a incorporação ao Sistema Embrapa de Gestão (SEG) para o início da execução.
História viva da agricultura
Gislene explica que, como o catálogo está disponível on-line, a Biblioteca da Unidade atende muitas demandas de consulta a obras raras e antigas, que até o momento só podem ser realizadas de forma presencial. Ela conta que “A Mamoeira e o Óleo de Rícino”, de 1918, é uma das que já foram solicitadas diversas vezes por historiadores e pesquisadores. A bibliotecária ressalta que hoje se estuda muito a história do desenvolvimento da agricultura até chegar no grande boom que o agronegócio alcançou no Brasil. Da mesma forma, para entender hoje processos como desertificação, uso dos recursos hídricos, da cobertura vegetal do Bioma Caatinga, também é importante saber o que acontecia antes, qual o recorte que se tinha. “Para você acompanhar o que está acontecendo hoje é de fundamental importância ter essas obras para fazer um resgate histórico e mapear o avanço, inclusive”, ressalta. “Esse projeto é de grande importância para garantir que as obras antigas continuem preservadas nos acervos das Bibliotecas, para atender a demandas dos historiadores, e para que a sociedade tenha acesso a essas obras, totalmente desconhecidas, que foram oriundas de outros institutos brasileiros, que começaram a ser catalogadas somente no século passado ou no final do século XIX”. |
Conhecimento histórico preservado
Um exemplo da importância do projeto é a Biblioteca “Eng. Agrônomo Milton de Albuquerque”, da Embrapa Amazônia Oriental. Ela foi fundada em 1942, como suporte às atividades de pesquisa do Instituto Agronômico do Norte (IAN), instituição que antecedeu a Embrapa no estado do Pará. Especializada em ciências agrícolas e considerada uma das mais completas da América Latina, a biblioteca completará 83 anos em 2025.
O acervo físico da biblioteca possui 225.705 itens. A biblioteca conta ainda com 325 títulos de obras raras e 446 obras especiais. Entre as raridades, encontram-se os livros “Relation historique et geographique de la grande riviere des amazones dans l’amerique”, de 1655 (foto à direita); “Phytografia da botânica brasileira”, de 1881, e “Traité de chimie organique appliquée”, de 1896.
Para a bibliotecária Luiza de Marillac, analista da Embrapa Amazônia Oriental, a digitalização desse acervo permite deixar para a posteridade não só o conhecimento e a informação nele presente, mas também a história da ciência agropecuária na região e no Brasil. “É um acervo diversificado com um grande conhecimento contido nele e com uma grande importância para a ciência e para a humanidade. Mesmo antes da descoberta da escrita, a humanidade buscou meios de registrar o conhecimento, então é fundamental não somente digitalizar e registrar esse conhecimento, como também preservar essas obras para a posteridade”, afirmou.
Memória e inovaçãoO legado histórico e memorialístico também está disponível na Biblioteca Edmundo da Fontoura Gastal ou Biblioteca da Sede, como é conhecida. Ela tem recebido, ao longo dos anos, obras raras e especiais de unidades descentralizadas que não possuem condições adequadas de mantê-las. A sede tem garantido a preservação física e o acesso digital aos conteúdos, processo que agora deverá ser ampliado e qualificado. Sem a preservação adequada desse tipo de acervo, sobretudo, em um órgão público, pode-se perder informações valiosas sobre políticas públicas, avanços tecnológicos, e processos administrativos que, embora antigos, podem oferecer insights relevantes para a compreensão do passado e para o planejamento de ações futuras, além de contribuírem para o fortalecimento da identidade e cultura organizacionais. |
Jorge Duarte (MTb 2.914 DF)
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