A Embrapa Agropecuária Oeste realizou a Visita Técnica “30ª Safra de Soja – Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e Sistema Plantio Direto (SPD)”. O evento aconteceu na terça-feira, 4 de fevereiro, e teve como objetivo apresentar os principais resultados dos 30 anos do experimento de longa duração em SPD e ILP, conduzidos pela equipe da Unidade e parceiros.
Além de celebrar as três décadas de pesquisa, a visita também destacou resultados significativos obtidos ao longo desse período. Com a presença de 120 participantes, incluindo produtores rurais, técnicos, pesquisadores e acadêmicos, o evento evidenciou o interesse e a relevância das práticas discutidas.
Os pesquisadores Júlio Cesar Salton e Michely Tomazi compartilharam um panorama histórico do experimento que começou na safra 1995/1996. Ao longo desses 30 anos, a pesquisa tem sido fundamental para responder questões essenciais para os agricultores e propor estratégias de manejo inovadoras em SPD e ILP.
O foco central da pesquisa é monitorar sistemas de produção, quantificar mudanças nos atributos físicos, químicos e biológicos do solo, além de desempenho das culturas e animais ao longo do tempo. “Foi possível identificar estratégias que garantem maior estabilidade produtiva das lavouras, pois quanto mais estável for a produtividade, mais seguro o produtor fica”, disse Salton.
Com uma área de 20 hectares, subdividida para incluir mais variações de manejo, totalizando 21 talhões, o experimento possibilita a análise simultânea de diferentes arranjos de cultivos, criação de animais e operações mecanizadas. Inicialmente, a área contava com 7 talhões (até 2021). Ao longo desses anos de pesquisa, os resultados obtidos demonstram o perfil multidisciplinar dos estudos desenvolvidos no experimento. “Nossas pesquisas revelaram transformações significativas em vários aspectos, relacionadas à degradação de pesticidas, acúmulo de carbono, indicadores biológicos, emissões de gases de efeito estufa e infiltração de água no solo”, informa Salton.
Além de contextualizar a evolução histórica do experimento, os pesquisadores enfatizaram a importância da existência e disponibilidade do experimento para suportar a realização de outros estudos e validação de novas tecnologias, pois o experimento oferece em um mesmo ambiente situações contrastantes de uso contínuo do solo, tendo servido para desenvolvimento do DRES – Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo, validação do BioAS, ZARC Níveis de Manejo, por exemplo, entre outros.
Salton enfatizou que os dados coletados foram especialmente relevantes durante os períodos de estiagem no Mato Grosso do Sul. Ele explicou que “o tipo de manejo do solo adotado alterou tanto a infiltração da água da chuva quanto a conservação dessa água no solo, impactando diretamente na produtividade das culturas em anos com ocorrência de veranicos. Essas informações podem ser cruciais para aumentar a tolerância dos cultivos às oscilações climáticas”.
O produtor rural de Maracaju, Ake Van Der Vinne, um dos pioneiros na adoção do SPD e ILP na região, participou do evento e destacou os benefícios conquistados em sua propriedade ao longo de 36 anos. “Melhoramos os aspectos físicos do solo, com aumento da matéria orgânica e redução na das emissões de carbono para atmosfera, liberando apenas 5% da emissão da minha propriedade”, contou. Ele também ressaltou os bons resultados na pecuária: “A qualidade do pasto e a disponibilidade de alimentos para os animais com a rotação de culturas, mesmo na estiagem, fazem muita diferença”, concluiu.
Para a pesquisadora Michely Tomazi, o experimento de longa duração comprova que os sistemas mais diversificados como o SPD e ILP proporcionam um maior produção por área, redução do tempo de abate dos animais e portanto menor emissão de gases de efeito estufa, além do um melhor eficácia no aproveitamento dos nutrientes e água do solo, resultando em maior sustentabilidade.