Em um mundo onde as escolhas alimentares impactam diretamente a sociedade, o podcast Terra & Alimento, da Embrapa Alimentos e Territórios, trouxe à tona uma reflexão essencial: comer e cozinhar são atos políticos. Apresentado pela jornalista Irene Lôbo, o episódio contou com a presença de Vanessa Moreira, antropóoga, pesquisadora da cultura alimentar brasileira e coordenadora de Cultura Alimentar e Pesquisa da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (Fortaleza – CE), e Max Jaques, Chef de cozinha com formação em Patrimônio, Memória e Gestão Cultural, ex-Pesquisador do Instituto Brasil a Gosto e autor do livro “Comida no Cotidiano”, lançado pela editora Contexto. O ato político de se alimentar Inspirado pelas palavras do antropólogo Luís da Câmara Cascudo, que descreveu o comer como um ato político, social e afetivo, o episódio explorou como as escolhas alimentares refletem os valores e posicionamentos de cada indivíduo. Vanessa Moreira destacou que o crescimento simultâneo da fome e da obesidade é um paradoxo da industrialização dos alimentos. De acordo com Vanessa, quando pensamos em cultura alimentar, gastronomia e em toda essa transformação do alimento, é importante entender que isso perpassa escolhas e que essas escolhas são relacionadas a quem pode escolher o que comer. “A gente vive num mundo em que essas escolhas não são relacionadas diretamente ao indivíduo. O que a gente come é relacionado ao acesso ao recurso, a formações, onde comprar e todo esse conjunto complexo faz com que a gente tenha uma indústria a alimentação que consegue permear a nossa paisagem gastronômica de uma forma que a gente nem se dá conta”, afirmou. Vanessa também apresentou o trabalho pioneiro da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, localizada no Ceará. A instituição recebeu o Prêmio Pacto Contra a Fome em 2024, reconhecendo sua contribuição para a cultura alimentar e a segurança alimentar no Brasil. “Nosso foco é fomentar uma gastronomia que respeite as tradições locais e promova a inclusão social”, explicou. A relação entre comida e desigualdade Max Jaques trouxe uma perspectiva histórica e social para a discussão. Segundo ele, o acesso à comida é mediado por fatores como classe social, gênero e raça. “No Brasil, há uma divisão clara entre a chamada ‘comida de rico’ e ‘comida de pobre’. Essa diferença não está apenas nos ingredientes, mas também no status que eles carregam”, destacou. O chef também abordou o distanciamento entre quem produz e quem consome. “Mais de 80% da população brasileira vive em áreas urbanas, o que amplia a desconexão com o campo. Valorizar os agricultores familiares e os saberes tradicionais é fundamental para reduzir essa distância”, defendeu Max. Como agir para transformar? Ambos os convidados ofereceram dicas práticas para os ouvintes: priorizar alimentos de produtores locais, reduzir o desperdício e buscar informações sobre a origem do que consumimos. “Cada escolha à mesa é uma oportunidade de contribuir para um sistema alimentar mais justo e sustentável”, concluiu Vanessa. Max enfatizou a importância de uma cozinha mais justa. “Devemos pensar na cadeia como um todo: desde quem planta até quem prepara e serve os alimentos. Isso inclui melhores condições de trabalho para os profissionais da área”, reforçou. Reflexão e ação O episódio do podcast Terra & Alimento deixou uma mensagem clara: comer e cozinhar são atos que vão muito além do prazer ou da sobrevivência. São oportunidades de promover mudanças sociais, culturais e econômicas. Para mais informações sobre o tema, visite o site da Embrapa Alimentos e Territórios e ouça este e outros episódios do podcast Terra & Alimento no Spotify.
Em um mundo onde as escolhas alimentares impactam diretamente a sociedade, o podcast Terra & Alimento, da Embrapa Alimentos e Territórios, trouxe à tona uma reflexão essencial: comer e cozinhar são atos políticos. Apresentado pela jornalista Irene Lôbo, o episódio contou com a presença de Vanessa Moreira, antropóoga, pesquisadora da cultura alimentar brasileira e coordenadora de Cultura Alimentar e Pesquisa da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (Fortaleza – CE), e Max Jaques, Chef de cozinha com formação em Patrimônio, Memória e Gestão Cultural, ex-Pesquisador do Instituto Brasil a Gosto e autor do livro “Comida no Cotidiano”, lançado pela editora Contexto.
O ato político de se alimentar
Inspirado pelas palavras do antropólogo Luís da Câmara Cascudo, que descreveu o comer como um ato político, social e afetivo, o episódio explorou como as escolhas alimentares refletem os valores e posicionamentos de cada indivíduo. Vanessa Moreira destacou que o crescimento simultâneo da fome e da obesidade é um paradoxo da industrialização dos alimentos. De acordo com Vanessa, quando pensamos em cultura alimentar, gastronomia e em toda essa transformação do alimento, é importante entender que isso perpassa escolhas e que essas escolhas são relacionadas a quem pode escolher o que comer.
“A gente vive num mundo em que essas escolhas não são relacionadas diretamente ao indivíduo. O que a gente come é relacionado ao acesso ao recurso, a formações, onde comprar e todo esse conjunto complexo faz com que a gente tenha uma indústria a alimentação que consegue permear a nossa paisagem gastronômica de uma forma que a gente nem se dá conta”, afirmou.
Vanessa também apresentou o trabalho pioneiro da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, localizada no Ceará. A instituição recebeu o Prêmio Pacto Contra a Fome em 2024, reconhecendo sua contribuição para a cultura alimentar e a segurança alimentar no Brasil. “Nosso foco é fomentar uma gastronomia que respeite as tradições locais e promova a inclusão social”, explicou.
A relação entre comida e desigualdade
Max Jaques trouxe uma perspectiva histórica e social para a discussão. Segundo ele, o acesso à comida é mediado por fatores como classe social, gênero e raça. “No Brasil, há uma divisão clara entre a chamada ‘comida de rico’ e ‘comida de pobre’. Essa diferença não está apenas nos ingredientes, mas também no status que eles carregam”, destacou.
O chef também abordou o distanciamento entre quem produz e quem consome. “Mais de 80% da população brasileira vive em áreas urbanas, o que amplia a desconexão com o campo. Valorizar os agricultores familiares e os saberes tradicionais é fundamental para reduzir essa distância”, defendeu Max.
Como agir para transformar?
Ambos os convidados ofereceram dicas práticas para os ouvintes: priorizar alimentos de produtores locais, reduzir o desperdício e buscar informações sobre a origem do que consumimos. “Cada escolha à mesa é uma oportunidade de contribuir para um sistema alimentar mais justo e sustentável”, concluiu Vanessa.
Max enfatizou a importância de uma cozinha mais justa. “Devemos pensar na cadeia como um todo: desde quem planta até quem prepara e serve os alimentos. Isso inclui melhores condições de trabalho para os profissionais da área”, reforçou.
Reflexão e ação
O episódio do podcast Terra & Alimento deixou uma mensagem clara: comer e cozinhar são atos que vão muito além do prazer ou da sobrevivência. São oportunidades de promover mudanças sociais, culturais e econômicas.
Para mais informações sobre o tema, visite o site da Embrapa Alimentos e Territórios e ouça este e outros episódios do podcast Terra & Alimento no Spotify.