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Estudo aponta oportunidades de crescimento à piscicultura familiar em Capitão Poço (PA)

Localização geográfica estratégica, boa rede viária e disponibilidade de água são fatores que favorecem a piscicultura familiar em Capitão Poço (PA). Porém, fatores como difícil acesso ao crédito rural e poucas ações coletivas para atender canais de comercialização dificultam o fortalecimento da atividade no município, considerado pioneiro na piscicultura na mesorregião Nordeste Paraense. Esse panorama é analisado na publicação recém-lançada Aspectos da Piscicultura Familiar no Município de Capitão Poço, Microrregião do Guamá, PA, com destaque para as ameaças ao setor e oportunidades de crescimento. Disponível para download no Portal Embrapa (acesse aqui), o boletim é de autoria das pesquisadoras da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), Roselany de Oliveira Corrêa e Dalva Maria da Motta, e do professor Bruno da Silveira Prudente, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Ao contextualizar as primeiras experiências em piscicultura em Capitão Poço, os autores lembram que “o consumo de peixes na Amazônia é um hábito alimentar e cultural, embora alterações ambientais provocadas por ações antrópicas estejam reduzindo a oferta do pescado”. Em vista disso, apontam a piscicultura familiar como alternativa para manter o acesso de comunidades da região ao pescado, permitindo também a venda do excedente da produção. Estratégias de crescimento A pesquisa traça uma linha do tempo, mostrando que no início dos anos 2000, com maior abertura de crédito, apoio governamental e a organização associativa dos produtores, houve a disseminação de estruturas de piscicultura no Nordeste Paraense. Na época, Capitão Poço surge como importante polo da atividade na microrregião do Guamá. No entanto, passados 20 e poucos anos, a piscicultura familiar não cresceu no município como esperado. “É possível retomar o crescimento da atividade”, afirma a pesquisadora Roselany Corrêa, com base nos resultados do estudo. Ela enfatiza que o acesso à assistência técnica pública, contínua e presencial, e o estímulo a estratégias coletivas para o escoamento da produção são ações estratégicas que podem diminuir a vulnerabilidade dos produtores, permitindo à piscicultura familiar local produzir peixes com preços competitivos e no volume necessário para atender os canais de comercialização existentes. Foto: Ronaldo Rosa Diagnóstico e soluções O levantamento contempla aspectos socioeconômicos e indicadores do desenvolvimento sustentável da microrregião do Guamá, mesorregião Nordeste Paraense, área que compõe o chamado “arco do desmatamento da Amazônia”, onde há grande concentração de atividades econômicas, alto grau de urbanização e enormes diferenças sociais. Os dados primários foram coletados em 64 estabelecimentos de Capitão Poço que exerciam a criação de peixes. A microrregião do Guamá é a maior produtora de pescado de piscicultura, com destaque para os municípios de Capitão Poço, responsável por 30% da produção de 2021, e Garrafão do Norte, por 27,2% no mesmo período. Embora Capitão Poço seja responsável pela maior parte da produção de peixe dentre os municípios de Guamá, a produção local ainda se mostra predominantemente voltada à venda do peixe vivo, independentemente da escala, se familiar ou empresarial, e carente de iniciativas para agregar valor ao peixe criado. Apesar de fatores positivos, como conhecimento sobre os ciclos de produção e qualidade da água disponível, os dados levantados indicam que os piscicultores familiares de Capitão Poço seguem sujeitos ao crédito rural escasso e à falta de uma maior mobilização coletiva por parte dos próprios produtores. Uma outra alternativa possível ao fortalecimento da atividade, de acordo com o estudo, é a tecnificação das criações, com a implementação de sistemas para bombeamento e aeração da água dos viveiros.

Localização geográfica estratégica, boa rede viária e disponibilidade de água são fatores que  favorecem a piscicultura familiar em Capitão Poço (PA). Porém, fatores como difícil acesso ao  crédito rural e poucas ações coletivas para atender canais de comercialização dificultam o  fortalecimento da atividade no município, considerado pioneiro na piscicultura na mesorregião  Nordeste Paraense.  

Esse panorama é analisado na publicação recém-lançada Aspectos da Piscicultura Familiar no  Município de Capitão Poço, Microrregião do Guamá, PA, com destaque para as ameaças ao setor  e oportunidades de crescimento. Disponível para download no Portal Embrapa (acesse aqui), o  boletim é de autoria das pesquisadoras da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), Roselany  de Oliveira Corrêa e Dalva Maria da Motta, e do professor Bruno da Silveira Prudente, da  Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). 

Ao contextualizar as primeiras experiências em piscicultura em Capitão Poço, os autores  lembram que “o consumo de peixes na Amazônia é um hábito alimentar e cultural, embora  alterações ambientais provocadas por ações antrópicas estejam reduzindo a oferta do pescado”.  Em vista disso, apontam a piscicultura familiar como alternativa para manter o acesso de  comunidades da região ao pescado, permitindo também a venda do excedente da produção. 

Estratégias de crescimento 

A pesquisa traça uma linha do tempo, mostrando que no início dos anos 2000, com maior  abertura de crédito, apoio governamental e a organização associativa dos produtores, houve a  disseminação de estruturas de piscicultura no Nordeste Paraense. Na época, Capitão Poço surge  como importante polo da atividade na microrregião do Guamá. No entanto, passados 20 e  poucos anos, a piscicultura familiar não cresceu no município como esperado.  

“É possível retomar o crescimento da atividade”, afirma a pesquisadora Roselany Corrêa, com  base nos resultados do estudo. Ela enfatiza que o acesso à assistência técnica pública, contínua  e presencial, e o estímulo a estratégias coletivas para o escoamento da produção são ações  estratégicas que podem diminuir a vulnerabilidade dos produtores, permitindo à piscicultura  familiar local produzir peixes com preços competitivos e no volume necessário para atender os  canais de comercialização existentes. 

Foto: Ronaldo Rosa

Diagnóstico e soluções 

O levantamento contempla aspectos socioeconômicos e indicadores do desenvolvimento  sustentável da microrregião do Guamá, mesorregião Nordeste Paraense, área que compõe o  chamado “arco do desmatamento da Amazônia”, onde há grande concentração de atividades  econômicas, alto grau de urbanização e enormes diferenças sociais. Os dados primários foram  coletados em 64 estabelecimentos de Capitão Poço que exerciam a criação de peixes. 

A microrregião do Guamá é a maior produtora de pescado de piscicultura, com destaque para  os municípios de Capitão Poço, responsável por 30% da produção de 2021, e Garrafão do Norte, 

por 27,2% no mesmo período. Embora Capitão Poço seja responsável pela maior parte da  produção de peixe dentre os municípios de Guamá, a produção local ainda se mostra  predominantemente voltada à venda do peixe vivo, independentemente da escala, se familiar  ou empresarial, e carente de iniciativas para agregar valor ao peixe criado. 

Apesar de fatores positivos, como conhecimento sobre os ciclos de produção e qualidade da  água disponível, os dados levantados indicam que os piscicultores familiares de Capitão Poço  seguem sujeitos ao crédito rural escasso e à falta de uma maior mobilização coletiva por parte  dos próprios produtores. Uma outra alternativa possível ao fortalecimento da atividade, de  acordo com o estudo, é a tecnificação das criações, com a implementação de sistemas para bombeamento e aeração da água dos viveiros.

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