Num barracão, batizado de Espaço Diálogos, agroextrativistas de cinco comunidades do município de Bagre, no Marajó-PA, dialogam com técnicos sobre a sustentabilidade da produção nos açaizais de várzea. O local, construído pela própria comunidade com o apoio do projeto Sustenta e Inova, financiado pela União Europeia, é um dos espaços que compõem o Centro de Referência Manejaí e sediou a primeira oficina de formação de facilitadores em tecnologias sustentáveis para a cadeia do açaí, de 12 a 14/11, na região.
“A gente sempre viveu da extração de madeira e de uns anos para cá despertou dentro de nós a vontade de trabalhar em harmonia com a natureza. Visitamos a experiência do Manejaí em Portel e resolvemos trazer para cá e mudar a nossa realidade”, conta Rubinei Pantoja, agroextrativista da comunidade Livramento (Bagre-PA).
O Manejaí é um centro de referência em manejo, conservação e restauração de agroecossistemas. A iniciativa, fruto da articulação entre pesquisa, extensão rural e comunidades, impulsionada pelo projeto Bem Diverso (2016-2019), está presente em quatro municípios no Marajó (Portel, Muaná, Salvaterra e Breves) e já formou 131 agentes facilitadores, entre técnicos e agroextrativistas, que levam o Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos e outras tecnologias sustentáveis às populações ribeirinhas da região. |
Durante a capacitação, os comunitários conheceram as técnicas do Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos e a meliponicultura (criação de abelhas nativas sem ferrão) como atividades que se integram e promovem a sustentabilidade das florestas de várzea. “O açaí tem um mercado promissor e é o principal produto das famílias ribeirinhas da região. Temos grandes áreas com açaizais aqui que ainda são improdutivas e com as técnicas do manejo queremos melhorar essa produção de forma sustentável”, declarou Marcelo Teixeira, agroextrativista e presidente da cooperativa local (Bagre-PA).
O grupo realizou na prática todas as etapas do manejo, desde a demarcação da parcela, o inventário até a intervenção na área; utilizou o aplicativo Manejatech-açaí, desenvolvido para otimizar essas etapas; e instalou um meliponário na área.
“Tanto a área manejada coletivamente quanto a área da criação de abelhas passam a ser Unidades de Referência Tecnológica, que junto o Espaço Diálogos e, futuramente, a fossa séptica biodigestora compõem o Centro de Referência Manejaí de Bagre”, relata Augusto Cesar Andrade, supervisor da Embrapa no Marajó.
“Um dos grandes desafios das famílias locais é romper a barreira do extrativismo tradicional e aderir às técnicas de manejo sustentável. Essas técnicas são simples, plenamente viáveis, não exigem alta tecnologia e vêm para somar com o conhecimento que as comunidades já têm”, afirmou a agrônoma Lorena Loureiro, contratada da Secretaria Municipal de Agricultura de Bagre e em atuação no escritório local da Emater.
Ela destacou ainda a facilidade do aplicativo Manejatech-açaí utilizado no treinamento para automatizar as etapas do manejo. “A ferramenta é muito prática, fácil e em pouco tempo indica qual a intervenção a ser realizada na área”, completa.
Sobre o projeto Sustenta e Inova
O projeto busca desenvolver e implementar práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras, além de promover o desenvolvimento das cadeias de valor na Amazônia brasileira. Com atuação na região do Marajó, a Embrapa participa do projeto a partir de capacitações em Manejo de Mínimo de Açaizais Nativos, manejo de produtos florestais não-madeireiros, meliponicultura, piscicultura, beneficiamento de produtos da sociobiodiversidade, produção de alimentos, sistemas agroflorestais, saneamento rural e uso de ferramentas digitais.
Financiado pela União Europeia, Sustenta e Inova é coordenado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e conta com a parceria da Embrapa, do IPAM, e Cirad (Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento Internacional).
O Manejaí é um centro de referência em manejo, conservação e restauração de agroecossistemas. A iniciativa, fruto da articulação entre pesquisa, extensão rural e comunidades, impulsionada pelo projeto Bem Diverso (2016-2019), está presente em quatro municípios no Marajó (Portel, Muaná, Salvaterra e Breves) e já formou 131 agentes facilitadores, entre técnicos e agroextrativistas, que levam o Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos e outras tecnologias sustentáveis às populações ribeirinhas da região.