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Embrapa Territorial lança o SITE do Vale do Rio Cuiabá e Entorno

A Embrapa Territorial, em parceria com a Fundação André e Lucia Maggi (Falm) e o Governo do Estado de Mato Grosso, desenvolveu o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica do Vale do Rio Cuiabá e Entorno, uma plataforma digital que confere uma visão detalhada sobre a produção agrícola e os produtores da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, popularmente conhecido como Baixada Cuiabana. O sistema integra os dados oficiais sobre a região em cinco dimensões: agrário, agrícola, socioeconômico, natural e infraestrutura. Ele inclui ainda um quadro que mostra o compromisso dos produtores locais com a preservação ambiental. A tecnologia foi apresentada oficialmente pelo analista da Embrapa Territorial Rafael Mingoti, no dia 11 de novembro, durante o 8º GeoPantanal, em Poconé, no Mato Grosso. O SITE não apenas oferece uma visão detalhada sobre a produção agrícola da região, mas também destaca o papel fundamental da agricultura familiar nos 14 municípios componentes do Vale do Rio Cuiabá e de seu entorno. A análise dos dados demonstra que a produção local abastece não apenas os mercados municipais do Estado, mas também muitas comunidades rurais que dependem da agricultura para sua sobrevivência. Além disso, a região apresenta um grande potencial para o desenvolvimento sustentável da agricultura, com investimentos em assistência técnica e maior acesso a mercados, especialmente para produtos locais. Embora seja fundamental para as famílias rurais, a comercialização desses produtos ainda enfrenta desafios, como aponta Fabrício Ramos, pesquisador da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer). “A insuficiência de investimentos, de orientação técnica dedicada e do planejamento produtivo conectado ao mercado tem conduzido as propriedades ao fracasso produtivo”, avaliou. Nesse sentido, ele acredita que o SITE pode ajudar a identificar gargalos e melhorar a comercialização ao integrar dados e otimizar o planejamento da produção. “Uma plataforma digital com dados integrados, do ponto vista econômico, social, ambiental e geográfico, permitirá uma melhor compreensão da realidade”, comentou. Para Lucíola Magalhães, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial, a agricultura e a preservação ambiental na região podem avançar por meio de ações que considerem as vocações agrícolas e ambientais e o perfil dos produtores que ali residem. Nesse contexto, ela acredita que a divulgação desses dados pode não só orientar o mercado de compras diretas da agricultura familiar local, mas também identificar lacunas na produção de alimentos demandados por grandes grupos de fazendas. Essa produção, ela acrescenta, poderia ser estimulada nos municípios mais carentes, com um grande número de agricultores, tanto dentro como fora dos assentamentos rurais, e com potencial para serem incluídos nessa rede de compras garantidas. Em termos ambientais, a gestora acredita que esses dados podem impulsionar programas de pagamento por serviços ambientais, especialmente, como forma alternativa de renda para famílias que não conseguem se integrar ao sistema produtivo, mas que desempenham um papel essencial no binômio produção e preservação. Caracterização da agricultura local A caracterização da produção e dos produtores rurais do Vale do Rio Cuiabá e Entorno foi feita a partir da adoção da metodologia da Inteligência Territorial Estratégica (ITE), que estrutura os dados oficiais sobre a região em cinco quadros: agrário, agrícola, natural, socioeconômico e de infraestrutura. As informações de cada uma dessas dimensões podem ser consultadas por municípios, auxiliando os tomadores de decisão. “A seleção e união dessas informações em uma mesma base, disponibilizadas on-line, de forma aberta e interativa, permite que todos os interessados, mas especialmente os gestores ou tomadores de decisão, possam se debruçar sobre bases de dados oficiais, de diferentes fontes, de forma bastante facilitada, agilizando o processo de reconhecimento do território e usando essas informações na proposição de planos e ações direcionados aos municípios conforme os seus potenciais”, explica Magalhães. Para facilitar a compreensão do contexto que envolve a produção agrícola na região, o SITE do Vale do Rio Cuiabá e Entorno disponibiliza painéis interativos, que permitem aplicar filtros e gerar gráficos. A ferramenta também fornece informações detalhadas sobre o território em cada uma das cinco dimensões. No Quadro Agrário, por exemplo, revela-se que a estrutura agrária do Vale do Rio Cuiabá e Entorno conta com 96 áreas legalmente atribuídas – números até 2023 -, incluindo Unidades de Conservação (UCs), Terras Indígenas, Assentamentos de Reforma Agrária e Comunidades Quilombolas. Essa faixa territorial compreende cerca de 18% da região, com as Unidades de Conservação (70%) na categoria mais prevalente. O Quadro Natural traz a representação do relevo e do clima, com informações detalhadas sobre precipitação, temperatura, altimetria e declividade, permitindo uma análise precisa das condições ambientais que afetam a produção agrícola local. O Vale do Rio Cuiabá e Entorno possui uma faixa de transição entre as planícies e pantanais mato-grossenses e a Chapada dos Guimarães. Essa variação altimétrica influencia diretamente os índices de precipitação e a disponibilidade de água, que são essenciais para a agricultura. Na região, o período chuvoso se concentra entre outubro e março, com precipitações superiores a 150 mm. Já o período seco, de cinco meses, impõe um déficit hídrico. Em áreas mais altas, próximas à Chapada dos Guimarães, a temperatura é mais amena, enquanto nas planícies do Pantanal, as temperaturas tendem a ser mais altas, criando condições ambientais distintas que exigem adaptações nas práticas agrícolas. Mercado interno Uma visão abrangente da diversidade de cultivos do Vale do Rio Cuiabá é apresentada no Quadro Agrícola, destacando a agricultura familiar. A região é responsável pela produção de 96 diferentes produtos agropecuários, que incluem grãos, hortaliças, pecuária e extrativismo. Embora a agricultura da região represente uma pequena parcela da balança comercial do Estado (cerca de 5%, de acordo com o Censo Agropecuário de 2017), ela desempenha um papel fundamental para a segurança alimentar e sustento das famílias locais. A prevalência da agricultura familiar na região é confirmada no Quadro Socioeconômico. De acordo com os dados apresentados no sistema, ela ocorre em 65% dos estabelecimentos agropecuários, com 41% ocupando entre 10 e 50 hectares. Em relação ao perfil dos produtores, o sistema revela que 79% são homens, com a maioria (79%) acima dos 45 anos. A escolaridade se apresenta como um desafio significativo, já que 54% dos produtores têm apenas o Ensino Fundamental, e 11% nunca frequentaram a escola. Esses números apontam a necessidade de políticas públicas para capacitação técnica e geração de oportunidades para a juventude rural. Fabrício Ramos, pesquisador da Empaer, destaca que a agricultura da região está envelhecendo devido ao êxodo da juventude rural em busca de melhores oportunidades nas cidades. “A permanência dos jovens no campo é um grande desafio. A solução envolve aprimorar o sistema produtivo, melhorar a logística e comercialização, além de integrar dados rurais para aumentar a eficiência”, afirmou o pesquisador, destacando que essa mudança exigirá esforço coletivo, envolvendo políticas públicas, empresas e a sociedade. O último quadro (Infraestrutura) apresenta as condições materiais essenciais para o desenvolvimento das atividades produtivas, como a conectividade à internet e os sistemas de irrigação. Nesta dimensão também estão disponíveis dados da distância dos estabelecimentos em relação às vias de escoamento. Preservação ambiental A distribuição territorial dos imóveis rurais e suas áreas de vegetação nativa também demonstradas no SITE. Até 2023, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) registrava 14.545 imóveis rurais na região, ocupando uma área de 5.750.502 ha (73,3% da área regional). Desse total, 3.378.925 ha estavam dedicados à preservação da vegetação nativa, correspondendo a uma média de 58,8% da área das propriedades. A região abrange o Cerrado da Amazônia Legal (onde é exigido 35% de preservação) e o Pantanal (exigência de 20%), com a média dos imóveis rurais superando esses requisitos. No Vale do Rio Cuiabá, 77,4% dos imóveis são pequenos (até quatro módulos fiscais), mas correspondem a apenas 12,6% da área total. Já os grandes imóveis, que representam 9,4% do total, ocupam 70% da área. Esse diagnóstico, com a quantificação dos imóveis e suas áreas de preservação, permite avaliar o compromisso dos produtores com o meio ambiente e abre possibilidades para a formulação de políticas públicas voltadas ao apoio dos pequenos produtores, focadas no desenvolvimento social, econômico e ambiental da região. Navegue pela plataforma e explore os seus recursos.

A Embrapa Territorial, em parceria com a Fundação André e Lucia Maggi (Falm) e o Governo do Estado de Mato Grosso, desenvolveu o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica do Vale do Rio Cuiabá e Entorno, uma plataforma digital que confere uma visão detalhada sobre a produção agrícola e os produtores da  Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, popularmente conhecido como Baixada Cuiabana. O sistema integra os dados oficiais sobre a região em cinco dimensões: agrário, agrícola, socioeconômico, natural e infraestrutura. Ele inclui ainda um quadro que mostra o compromisso dos produtores locais com a preservação ambiental. A tecnologia foi apresentada oficialmente pelo analista da Embrapa Territorial Rafael Mingoti, no dia 11 de novembro, durante o 8º GeoPantanal, em Poconé, no Mato Grosso. 

O SITE não apenas oferece uma visão detalhada sobre a produção agrícola da região, mas também destaca o papel fundamental da agricultura familiar nos 14 municípios componentes do Vale do Rio Cuiabá e de seu entorno. A análise dos dados demonstra que a produção local abastece não apenas os mercados municipais do Estado, mas também muitas comunidades rurais que dependem da agricultura para sua sobrevivência. Além disso, a região apresenta um grande potencial para o desenvolvimento sustentável da agricultura, com investimentos em assistência técnica e maior acesso a mercados, especialmente para produtos locais.

Embora seja fundamental para as famílias rurais, a comercialização desses produtos ainda enfrenta desafios, como aponta Fabrício Ramos, pesquisador da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer). “A insuficiência de investimentos, de orientação técnica dedicada e do planejamento produtivo conectado ao mercado tem conduzido as propriedades ao fracasso produtivo”, avaliou. Nesse sentido, ele acredita que o SITE pode ajudar a identificar gargalos e melhorar a comercialização ao integrar dados e otimizar o planejamento da produção. “Uma plataforma digital com dados integrados, do ponto vista econômico, social, ambiental e geográfico, permitirá uma melhor compreensão da realidade”, comentou. 

Para Lucíola Magalhães, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial, a agricultura e a preservação ambiental na região podem avançar por meio de ações que considerem as vocações agrícolas e ambientais e o perfil dos produtores que ali residem. Nesse contexto, ela acredita que a divulgação desses dados pode não só orientar o mercado de compras diretas da agricultura familiar local, mas também identificar lacunas na produção de alimentos demandados por grandes grupos de fazendas. Essa produção, ela acrescenta, poderia ser estimulada nos municípios mais carentes, com um grande número de agricultores, tanto dentro como fora dos assentamentos rurais, e com potencial para serem incluídos nessa rede de compras garantidas.

Em termos ambientais, a gestora acredita que esses dados podem impulsionar programas de pagamento por serviços ambientais, especialmente, como forma alternativa de renda para famílias que não conseguem se integrar ao sistema produtivo, mas que desempenham um papel essencial no binômio produção e preservação.

Caracterização da agricultura local

A caracterização da produção e dos produtores rurais do Vale do Rio Cuiabá e Entorno foi feita a partir da adoção da metodologia da Inteligência Territorial Estratégica (ITE), que estrutura os dados oficiais sobre a região em cinco quadros: agrário, agrícola, natural, socioeconômico e de infraestrutura. As informações de cada uma dessas dimensões podem ser consultadas por municípios, auxiliando os tomadores de decisão.

“A seleção e união dessas informações em uma mesma base, disponibilizadas on-line, de forma aberta e interativa, permite que todos os interessados, mas especialmente os gestores ou tomadores de decisão, possam se debruçar sobre bases de dados oficiais, de diferentes fontes, de forma bastante facilitada, agilizando o processo de reconhecimento do território e usando essas informações na proposição de planos e ações direcionados aos municípios conforme os seus potenciais”, explica Magalhães. 

Para facilitar a compreensão do contexto que envolve a produção agrícola na região, o SITE do Vale do Rio Cuiabá e Entorno disponibiliza painéis interativos, que permitem aplicar filtros e gerar gráficos. A ferramenta também fornece informações detalhadas sobre o território em cada uma das cinco dimensões.

No Quadro Agrário, por exemplo, revela-se que a estrutura agrária do Vale do Rio Cuiabá e Entorno conta com 96 áreas legalmente atribuídas – números até 2023 -, incluindo Unidades de Conservação (UCs), Terras Indígenas, Assentamentos de Reforma Agrária e Comunidades Quilombolas. Essa faixa territorial compreende cerca de 18% da região, com as Unidades de Conservação (70%) na categoria mais prevalente. 

O Quadro Natural traz a representação do relevo e do clima, com informações detalhadas sobre precipitação, temperatura, altimetria e declividade, permitindo uma análise precisa das condições ambientais que afetam a produção agrícola local. O Vale do Rio Cuiabá e Entorno possui uma faixa de transição entre as planícies e pantanais mato-grossenses e a Chapada dos Guimarães. Essa variação altimétrica influencia diretamente os índices de precipitação e a disponibilidade de água, que são essenciais para a agricultura. 

Na região, o período chuvoso se concentra entre outubro e março, com precipitações superiores a 150 mm. Já o período seco, de cinco meses, impõe um déficit hídrico. Em áreas mais altas, próximas à Chapada dos Guimarães, a temperatura é mais amena, enquanto nas planícies do Pantanal, as temperaturas tendem a ser mais altas, criando condições ambientais distintas que exigem adaptações nas práticas agrícolas.

Mercado interno
 

Uma visão abrangente da diversidade de cultivos do Vale do Rio Cuiabá é apresentada no Quadro Agrícola, destacando a agricultura familiar. A região é responsável pela produção de 96 diferentes produtos agropecuários, que incluem grãos, hortaliças, pecuária e extrativismo. Embora a agricultura da região represente uma pequena parcela da balança comercial do Estado (cerca de 5%, de acordo com o Censo Agropecuário de 2017), ela desempenha um papel fundamental para a segurança alimentar e sustento das famílias locais. 

A prevalência da agricultura familiar na região é confirmada no Quadro Socioeconômico. De acordo com os dados apresentados no sistema, ela ocorre em 65% dos estabelecimentos agropecuários, com 41% ocupando entre 10 e 50 hectares. Em relação ao perfil dos produtores, o sistema revela que 79% são homens, com a maioria (79%) acima dos 45 anos. A escolaridade se apresenta como um desafio significativo, já que 54% dos produtores têm apenas o Ensino Fundamental, e 11% nunca frequentaram a escola. Esses números apontam a necessidade de políticas públicas para capacitação técnica e geração de oportunidades para a juventude rural.

Fabrício Ramos, pesquisador da Empaer, destaca que a agricultura da região está envelhecendo devido ao êxodo da juventude rural em busca de melhores oportunidades nas cidades. “A permanência dos jovens no campo é um grande desafio. A solução envolve aprimorar o sistema produtivo, melhorar a logística e comercialização, além de integrar dados rurais para aumentar a eficiência”, afirmou o pesquisador, destacando que essa mudança exigirá esforço coletivo, envolvendo políticas públicas, empresas e a sociedade.

O último quadro (Infraestrutura) apresenta as condições materiais essenciais para o desenvolvimento das atividades produtivas, como a conectividade à internet e os sistemas de irrigação. Nesta dimensão também estão disponíveis dados da distância dos estabelecimentos em relação às vias de escoamento.

 

Preservação ambiental

A distribuição territorial dos imóveis rurais e suas áreas de vegetação nativa também demonstradas no SITE. Até 2023, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) registrava 14.545 imóveis rurais na região, ocupando uma área de 5.750.502 ha (73,3% da área regional). Desse total, 3.378.925 ha estavam dedicados à preservação da vegetação nativa, correspondendo a uma média de 58,8% da área das propriedades. 

A região abrange o Cerrado da Amazônia Legal (onde é exigido 35% de preservação) e o Pantanal (exigência de 20%), com a média dos imóveis rurais superando esses requisitos. No Vale do Rio Cuiabá, 77,4% dos imóveis são pequenos (até quatro módulos fiscais), mas correspondem a apenas 12,6% da área total. Já os grandes imóveis, que representam 9,4% do total, ocupam 70% da área. Esse diagnóstico, com a quantificação dos imóveis e suas áreas de preservação, permite avaliar o compromisso dos produtores com o meio ambiente e abre possibilidades para a formulação de políticas públicas voltadas ao apoio dos pequenos produtores, focadas no desenvolvimento social, econômico e ambiental da região.

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