A combinação entre o desmatamento no planalto, a redução das chuvas, aumento das temperaturas e a presença de matéria orgânica seca são as condições perfeitas para aumento do número de queimadas no Pantanal. Dados obtidos por diferentes fontes de pesquisa mostram o cenário desafiador e instigam ações de prevenção e mitigação dos danos. Este contexto foi discutido no terceiro e último dia do 8º Simpósio de Geotecnologias do Pantanal (GeoPantanal), realizado em Poconé-MT. Com foco no uso das ferramentas de geotecnologia, o evento permitiu a troca de experiências e informações entre órgãos públicos de defesa ambiental, instituições de pesquisa, universidades e organizações não-governamentais. Dados do MapBiomas, por exemplo, atestam que no período entre 1985 e 2023, houve perda de 41% da vegetação nativa no planalto, onde nascem o rio Paraguai e seus afluentes. No mesmo período, na planície, a perda foi de 12%. Nos últimos cinco anos, a média de chuvas vem reduzindo e com isso a área inundada tem sido menor. “Quando o rio Paraguai sobe acima de 4 metros, ele sai do seu leito. Com isso, afluentes que vêm do leste acabam inundando também. Se o rio Paraguai não transborda, os demais desaguam nele sem alagar a planície”, explica Eduardo Rosa, do MapBiomas. De acordo com o MapBiomas, a área inundada no Pantanal teve redução de 61% desde 1985, primeiro ano com imagens de satélite da série. Sem inundação, a vegetação fica mais seca e suscetível ao fogo. A alta quantidade de matéria orgânica acaba sendo um combustível que dificulta o combate, assim como as condições de calor e vento. “Antes víamos o fogo mais a leste do Pantanal, nas áreas de formação campestre e campo alagado. O padrão do fogo mudou. Agora os incêndios se concentram no entorno do rio Paraguai, em áreas de savana e floresta, que eram permanentemente alagadas e que são menos adaptadas ao fogo”, explica Eduardo Rosa. Somente em 2024 a área queimada no Pantanal foi de 1,8 milhão de hectares. Os meses de agosto, com mais de 3.600 focos, e de setembro, com mais de 2.700 focos, foram os piores. “Fogo em terrenos como esse, com aumento das temperaturas, seca extrema e muita matéria orgânica fica uma situação caótica, um cenário de guerra”, disse Bruno Blanco, do Prevfogo/Ibama. Ele destaca que um dos fatores que mais assustam é o comportamento do fogo, que dificulta o combate. Dessa forma, o uso das geotecnologias vem auxiliando as equipes de campo e brigadistas ao municiá-los com informações estratégicas para o combate. Bruno ressalta também o papel importante do trabalho conjunto com outras instituições e com a sociedade, já que 90% dos registros de ocorrência de incêndio se originam em denúncias. “Sem as geotecnologias em união com o trabalho que nós temos em campo não haveria condições de combater vários incêndios”, afirmou Bruno Blanco que enumerou as ferramentas utilizadas pelo Prevfogo. Outros exemplos de como as geotecnologias podem contribuir com o combate ao fogo foram demonstrados em apresentações de trabalhos durante o simpósio. Uma delas é o estudo sobre a interferência das condições meteorológicas no comportamento dos incêndios em Portugal. Adaptando o conhecimento para o Pantanal e usando modelagens, seria possível prever e tomar medidas de combate mais assertivas. Da mesma forma, o monitoramento das inundações e do regime de chuvas contribui para gerar alertas de risco de incêndios. Simpósio Geopantanal O GeoPantanal teve início em 2006 e chegou a sua 8ª edição em 2024. O pesquisador da Embrapa Agricultura Digital João Vila lembra que a motivação para criação do simpósio foi estimular o uso das geotecnologias no estudo do bioma Pantanal. Hoje ele vê que o objetivo foi cumprido, com o uso destas ferramentas disseminado não só nas instituições de pesquisa e universidades, como também nos órgãos públicos que fazem monitoramento e proteção. Durante o simpósio experiências do Ibama, Secretaria de Meio Ambiente, IBGE, Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, entre outras foram apresentadas. “Nesses anos a tecnologia evoluiu muito, temos mais satélites e a internet facilitou o processamento de um grande volume de dados. Mas precisamos evoluir ainda mais nas pesquisas e ter novas pessoas se dedicando a estudar o bioma para enfrentar os desafios que se apresentam”, convoca João Vila. Esta edição do GeoPantanal foi realizada pela Embrapa, por meio das Unidades Agricultura Digital e Pantanal, pelo Instituo Nacional e Pesquisas Espaciais (Inpe) e Universidades Estaduais de Mato Grosso (Unemat) e de São Paulo (Unesp). Ao longo de três dias, 130 participantes acompanharam uma programação com 17 palestras e apresentação de 93 trabalhos técnico-científicos. O simpósio também promoveu um curso com oito módulos e atividades de campo abordando o uso das geotecnologias para diferentes demandas no Pantanal.
A combinação entre o desmatamento no planalto, a redução das chuvas, aumento das temperaturas e a presença de matéria orgânica seca são as condições perfeitas para aumento do número de queimadas no Pantanal. Dados obtidos por diferentes fontes de pesquisa mostram o cenário desafiador e instigam ações de prevenção e mitigação dos danos. Este contexto foi discutido no terceiro e último dia do 8º Simpósio de Geotecnologias do Pantanal (GeoPantanal), realizado em Poconé-MT.
Com foco no uso das ferramentas de geotecnologia, o evento permitiu a troca de experiências e informações entre órgãos públicos de defesa ambiental, instituições de pesquisa, universidades e organizações não-governamentais.
Dados do MapBiomas, por exemplo, atestam que no período entre 1985 e 2023, houve perda de 41% da vegetação nativa no planalto, onde nascem o rio Paraguai e seus afluentes. No mesmo período, na planície, a perda foi de 12%. Nos últimos cinco anos, a média de chuvas vem reduzindo e com isso a área inundada tem sido menor.
“Quando o rio Paraguai sobe acima de 4 metros, ele sai do seu leito. Com isso, afluentes que vêm do leste acabam inundando também. Se o rio Paraguai não transborda, os demais desaguam nele sem alagar a planície”, explica Eduardo Rosa, do MapBiomas.
De acordo com o MapBiomas, a área inundada no Pantanal teve redução de 61% desde 1985, primeiro ano com imagens de satélite da série. Sem inundação, a vegetação fica mais seca e suscetível ao fogo. A alta quantidade de matéria orgânica acaba sendo um combustível que dificulta o combate, assim como as condições de calor e vento.
“Antes víamos o fogo mais a leste do Pantanal, nas áreas de formação campestre e campo alagado. O padrão do fogo mudou. Agora os incêndios se concentram no entorno do rio Paraguai, em áreas de savana e floresta, que eram permanentemente alagadas e que são menos adaptadas ao fogo”, explica Eduardo Rosa.
Somente em 2024 a área queimada no Pantanal foi de 1,8 milhão de hectares. Os meses de agosto, com mais de 3.600 focos, e de setembro, com mais de 2.700 focos, foram os piores.
“Fogo em terrenos como esse, com aumento das temperaturas, seca extrema e muita matéria orgânica fica uma situação caótica, um cenário de guerra”, disse Bruno Blanco, do Prevfogo/Ibama.
Ele destaca que um dos fatores que mais assustam é o comportamento do fogo, que dificulta o combate. Dessa forma, o uso das geotecnologias vem auxiliando as equipes de campo e brigadistas ao municiá-los com informações estratégicas para o combate. Bruno ressalta também o papel importante do trabalho conjunto com outras instituições e com a sociedade, já que 90% dos registros de ocorrência de incêndio se originam em denúncias.
“Sem as geotecnologias em união com o trabalho que nós temos em campo não haveria condições de combater vários incêndios”, afirmou Bruno Blanco que enumerou as ferramentas utilizadas pelo Prevfogo.
Outros exemplos de como as geotecnologias podem contribuir com o combate ao fogo foram demonstrados em apresentações de trabalhos durante o simpósio. Uma delas é o estudo sobre a interferência das condições meteorológicas no comportamento dos incêndios em Portugal. Adaptando o conhecimento para o Pantanal e usando modelagens, seria possível prever e tomar medidas de combate mais assertivas.
Da mesma forma, o monitoramento das inundações e do regime de chuvas contribui para gerar alertas de risco de incêndios.
Simpósio Geopantanal
O GeoPantanal teve início em 2006 e chegou a sua 8ª edição em 2024. O pesquisador da Embrapa Agricultura Digital João Vila lembra que a motivação para criação do simpósio foi estimular o uso das geotecnologias no estudo do bioma Pantanal. Hoje ele vê que o objetivo foi cumprido, com o uso destas ferramentas disseminado não só nas instituições de pesquisa e universidades, como também nos órgãos públicos que fazem monitoramento e proteção.
Durante o simpósio experiências do Ibama, Secretaria de Meio Ambiente, IBGE, Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, entre outras foram apresentadas.
“Nesses anos a tecnologia evoluiu muito, temos mais satélites e a internet facilitou o processamento de um grande volume de dados. Mas precisamos evoluir ainda mais nas pesquisas e ter novas pessoas se dedicando a estudar o bioma para enfrentar os desafios que se apresentam”, convoca João Vila.
Esta edição do GeoPantanal foi realizada pela Embrapa, por meio das Unidades Agricultura Digital e Pantanal, pelo Instituo Nacional e Pesquisas Espaciais (Inpe) e Universidades Estaduais de Mato Grosso (Unemat) e de São Paulo (Unesp).
Ao longo de três dias, 130 participantes acompanharam uma programação com 17 palestras e apresentação de 93 trabalhos técnico-científicos. O simpósio também promoveu um curso com oito módulos e atividades de campo abordando o uso das geotecnologias para diferentes demandas no Pantanal.