O 3º Seminário Erva-mate XXI reuniu cerca de 300 participantes de toda cadeia produtiva e um dos painéis, moderado pelo gerente de políticas públicas do IDR Paraná, Amauri Ferreira Pinto, discutiu o tema “Inovação na produção de erva-mate nas propriedades rurais”. O analista e supervisor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Florestas, Ives Goulart, destacou os avanços nos sistemas de produção, com uma retrospectiva da adoção do sistema Erva 20, que tem como foco a aplicação de tecnologias e boas práticas na condução dos ervais para aumento da produtividade e qualidade. Lançado em 2019, o Erva 20 mostra resultados promissores após cinco anos de implementação. A iniciativa já impactou mais de 23 mil produtores rurais, com a distribuição de manuais e realização de cursos e dias de campo. Estima-se que 4.900 hectares de ervais já adotam o Erva 20, demonstrando o interesse dos produtores por práticas tecnicamente recomendadas. “Considerando que a erva-mate é um cultivo de propriedades familiares, é uma área significativa, mas com potencial de aumento de adoção”, explicou. Apesar do avanço, a pesquisa revela que a adoção de novas tecnologias ainda é um processo lento no campo. “Há uma grande demanda por boas práticas de produção, mas é preciso ajustar o manejo à realidade dos produtores, com foco na individualidade de cada propriedade e nas necessidades de investimento”, alertou Goulart. “Um dos aprendizados chave é a importância de se investir em extensão rural e pesquisa. A pesquisa sobre adoção de tecnologias apontou que onde há extensão rural robusta, o uso de tecnologias e consequente aumento de produtividade é mais efetivo”, refletiu. Goulart ressaltou práticas importantes e que podem passar por processos de melhoria contínua, como adoção de cultivares selecionadas ou melhoradas, poda, adubação, manejo de pragas, cobertura de solo e sombreamento. A produção de mudas de erva-mate também teve espaço no painel, com a palestra de Carlos Stuepp, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, quando abordou materiais genéticos existentes tanto seminais quanto clonais e fez um alerta para a pouca quantidade de cultivares disponíveis comercialmente. O engenheiro florestal alertou para questões legais, genéticas, silviculturais e de transferência de tecnologia na produção de mudas. “O Brasil enfrenta desafios significativos na produção de mudas, especialmente em relação à baixa tecnologia empregada, resultando em ervais menos produtivos e insustentáveis. A adoção de novas tecnologias, como o plantio de clones, pode revolucionar essa realidade. Clones geneticamente superiores podem aumentar a produtividade, melhorar a qualidade das folhas e promover práticas mais sustentáveis, desde que os produtores estejam aptos a usarem as tecnologias silviculturais recomendadas. Além disso, essa abordagem pode impulsionar a rentabilidade dos produtores e contribuir para a conservação ambiental, ao promover um uso mais eficiente dos recursos. Investir em pesquisa e capacitação é fundamental para implementar essas inovações de forma ampla”, concluiu Stuepp. Por sua vez, o produtor de erva-mate e consultor Delmar Santin abordou os problemas e potenciais dos sistemas produtivos de erva-mate no Brasil, que enfrenta desafios importantes que impactam a produtividade e a rentabilidade do setor. Santin destacou a disponibilidade e a qualificação da mão de obra como um dos fatores. Além disso, a falta de planejamento nos ervais, com áreas impraticáveis para colheita (58%) e baixa mecanização (30%), impacta diretamente a produção. A escassez de assistência técnica e o baixo uso de tecnologias também contribuem para a baixa produtividade média nacional, que se situa em 7,3 toneladas por hectare, sendo que apenas 5% dos produtores atingem alta produtividade (21,1 toneladas/hectare). Santin destacou a falta de planejamento na formação dos ervais como outro agravante que complica a atividade produtiva, principalmente no aumento da necessidade de mão de obra e no valor onerado para a manutenção do cultivo. “Os sistemas de poda empregados impactam diretamente na produtividade do erval e, acima de tudo, podem danificar a estrutura da planta causando estresse indesejado quando essa prática for mal conduzida”, alertou o palestrante. “No entanto”, pontuou, “o setor apresenta grande potencial de crescimento, como por exemplo plantios com composição química de interesse conhecida, com variação significativa no teor de cafeína, teobromina e fenóis totais, por exemplo, que abrem portas para a produção de produtos com características específicas”. Santin destacou também o sistema CEVAD campo, que demonstra viabilidade para a produção de matéria-prima para chá ou outros produtos; e a utilização de mudas propagadas vegetativamente, como as clonais, que tem apresentado resultados promissores, com aumento de produtividade de até 119%. Fechando o painel, Ilvandro Barreto de Melo, Coordenador da Câmara Estadual da Erva-Mate e Extensionista Rural da Emater-RS/Ascar fez uma ampla reflexão sobre os rumos da cadeia produtiva, com questionamentos e análises sobre a organização e o futuro do setor, tais como a real dimensão da grandeza e do poder total do mate, as relações setoriais dentro de cada estado e entre os estados, a forma de comunicar o mate, a linha sucessória dos elos na cadeia ervateira, os técnicos e os sistemas de cultivo, o comportamento e a organização setorial, as inovações, o mercado, a mão-de-obra, os preceitos da legislação e a confiabilidade dos dados estatísticos. Traçou também um paralelo entre a regionalidade do chimarrão e a universalidade do mate. Para Melo, é urgente e necessária a construção de um plano estratégico para a cadeia da erva-mate: “apesar de ser um símbolo da cultura brasileira, precisa de um plano estratégico para garantir seu futuro. Mas, como uma cultura tradicional, o setor enfrenta desafios como a baixa produtividade, a falta de mão-de-obra qualificada e a escassez de investimentos. Um plano estratégico para a erva-mate é essencial para identificar e analisar os desafios, definir prioridades, fortalecer a competitividade e agregar valor ao produto. A união de esforços entre produtores, pesquisadores, indústrias e governo é fundamental para traçar um rumo claro e garantir um crescimento sustentável de longo prazo para a erva-mate brasileira”, avaliou.
O 3º Seminário Erva-mate XXI reuniu cerca de 300 participantes de toda cadeia produtiva e um dos painéis, moderado pelo gerente de políticas públicas do IDR Paraná, Amauri Ferreira Pinto, discutiu o tema “Inovação na produção de erva-mate nas propriedades rurais”.
O analista e supervisor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Florestas, Ives Goulart, destacou os avanços nos sistemas de produção, com uma retrospectiva da adoção do sistema Erva 20, que tem como foco a aplicação de tecnologias e boas práticas na condução dos ervais para aumento da produtividade e qualidade. Lançado em 2019, o Erva 20 mostra resultados promissores após cinco anos de implementação. A iniciativa já impactou mais de 23 mil produtores rurais, com a distribuição de manuais e realização de cursos e dias de campo. Estima-se que 4.900 hectares de ervais já adotam o Erva 20, demonstrando o interesse dos produtores por práticas tecnicamente recomendadas. “Considerando que a erva-mate é um cultivo de propriedades familiares, é uma área significativa, mas com potencial de aumento de adoção”, explicou.
Apesar do avanço, a pesquisa revela que a adoção de novas tecnologias ainda é um processo lento no campo. “Há uma grande demanda por boas práticas de produção, mas é preciso ajustar o manejo à realidade dos produtores, com foco na individualidade de cada propriedade e nas necessidades de investimento”, alertou Goulart. “Um dos aprendizados chave é a importância de se investir em extensão rural e pesquisa. A pesquisa sobre adoção de tecnologias apontou que onde há extensão rural robusta, o uso de tecnologias e consequente aumento de produtividade é mais efetivo”, refletiu.
Goulart ressaltou práticas importantes e que podem passar por processos de melhoria contínua, como adoção de cultivares selecionadas ou melhoradas, poda, adubação, manejo de pragas, cobertura de solo e sombreamento.
A produção de mudas de erva-mate também teve espaço no painel, com a palestra de Carlos Stuepp, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, quando abordou materiais genéticos existentes tanto seminais quanto clonais e fez um alerta para a pouca quantidade de cultivares disponíveis comercialmente. O engenheiro florestal alertou para questões legais, genéticas, silviculturais e de transferência de tecnologia na produção de mudas.
“O Brasil enfrenta desafios significativos na produção de mudas, especialmente em relação à baixa tecnologia empregada, resultando em ervais menos produtivos e insustentáveis. A adoção de novas tecnologias, como o plantio de clones, pode revolucionar essa realidade. Clones geneticamente superiores podem aumentar a produtividade, melhorar a qualidade das folhas e promover práticas mais sustentáveis, desde que os produtores estejam aptos a usarem as tecnologias silviculturais recomendadas. Além disso, essa abordagem pode impulsionar a rentabilidade dos produtores e contribuir para a conservação ambiental, ao promover um uso mais eficiente dos recursos. Investir em pesquisa e capacitação é fundamental para implementar essas inovações de forma ampla”, concluiu Stuepp.
Por sua vez, o produtor de erva-mate e consultor Delmar Santin abordou os problemas e potenciais dos sistemas produtivos de erva-mate no Brasil, que enfrenta desafios importantes que impactam a produtividade e a rentabilidade do setor. Santin destacou a disponibilidade e a qualificação da mão de obra como um dos fatores. Além disso, a falta de planejamento nos ervais, com áreas impraticáveis para colheita (58%) e baixa mecanização (30%), impacta diretamente a produção. A escassez de assistência técnica e o baixo uso de tecnologias também contribuem para a baixa produtividade média nacional, que se situa em 7,3 toneladas por hectare, sendo que apenas 5% dos produtores atingem alta produtividade (21,1 toneladas/hectare).
Santin destacou a falta de planejamento na formação dos ervais como outro agravante que complica a atividade produtiva, principalmente no aumento da necessidade de mão de obra e no valor onerado para a manutenção do cultivo. “Os sistemas de poda empregados impactam diretamente na produtividade do erval e, acima de tudo, podem danificar a estrutura da planta causando estresse indesejado quando essa prática for mal conduzida”, alertou o palestrante.
“No entanto”, pontuou, “o setor apresenta grande potencial de crescimento, como por exemplo plantios com composição química de interesse conhecida, com variação significativa no teor de cafeína, teobromina e fenóis totais, por exemplo, que abrem portas para a produção de produtos com características específicas”. Santin destacou também o sistema CEVAD campo, que demonstra viabilidade para a produção de matéria-prima para chá ou outros produtos; e a utilização de mudas propagadas vegetativamente, como as clonais, que tem apresentado resultados promissores, com aumento de produtividade de até 119%.
Fechando o painel, Ilvandro Barreto de Melo, Coordenador da Câmara Estadual da Erva-Mate e Extensionista Rural da Emater-RS/Ascar fez uma ampla reflexão sobre os rumos da cadeia produtiva, com questionamentos e análises sobre a organização e o futuro do setor, tais como a real dimensão da grandeza e do poder total do mate, as relações setoriais dentro de cada estado e entre os estados, a forma de comunicar o mate, a linha sucessória dos elos na cadeia ervateira, os técnicos e os sistemas de cultivo, o comportamento e a organização setorial, as inovações, o mercado, a mão-de-obra, os preceitos da legislação e a confiabilidade dos dados estatísticos. Traçou também um paralelo entre a regionalidade do chimarrão e a universalidade do mate. Para Melo, é urgente e necessária a construção de um plano estratégico para a cadeia da erva-mate: “apesar de ser um símbolo da cultura brasileira, precisa de um plano estratégico para garantir seu futuro. Mas, como uma cultura tradicional, o setor enfrenta desafios como a baixa produtividade, a falta de mão-de-obra qualificada e a escassez de investimentos. Um plano estratégico para a erva-mate é essencial para identificar e analisar os desafios, definir prioridades, fortalecer a competitividade e agregar valor ao produto. A união de esforços entre produtores, pesquisadores, indústrias e governo é fundamental para traçar um rumo claro e garantir um crescimento sustentável de longo prazo para a erva-mate brasileira”, avaliou.
Alex Silva – Rádio do Mate
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