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União Europeia destaca os resultados do projeto Sustenta e Inova

De 80 projetos financiados pela União Europeia em 65 países, 12 experiências foram selecionadas para compor a recém-lançada publicação internacional “Activating agricultural transitions to sustainability through participatory research and co-innovation” (Ativando transições agrícolas sustentáveis por meio da pesquisa participativa e da coinovação). Uma delas é a experiência do projeto Sustenta e Inova, na Ilha do Marajó, estado do Pará, fruto da parceria entre Embrapa e Sebrae.  

A publicação apresenta como a pesquisa e a inovação estão presentes nas comunidades e territórios nos processos de transição produtiva de sistemas agroalimentares e transformação social para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Os projetos selecionados fazem parte da Iniciativa DeSIRA, que é um portfólio de 80 projetos de pesquisa e inovação (P&I) executado em mais de 65 países em três continentes entre 2019 e 2026, e apoiado por uma contribuição da União Europeia de 340 milhões de euros.

Acesse aqui a publicação:

 

O projeto Sustenta e Inova, que iniciou em 2022 e vai até 2025, dá continuidade à trajetória do Bem Diverso, que atua na região do Marajó desde 2016. O trabalho envolve capacitações em Manejo de Mínimo de Açaizais Nativos, manejo de produtos florestais não-madeireiros, meliponicultura, piscicultura, beneficiamento de produtos da sociobiodiversidade, produção de alimentos, sistemas agroflorestais, saneamento rural, uso de ferramentas digitais, além de organização social. Por meio de práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras para as cadeias produtivas locais, o projeto contribui para o fortalecimento das comunidades e para a transformação social no território.

As histórias narradas no livro mostram como as equipes de pesquisa e desenvolvimento das instituições atuaram como facilitadoras, estabeleceram conexões e também aprenderam no processo de mudança e desenvolvimento local. 

Jeito “Bem Diverso” de ver e fazer

O pesquisador da Embrapa, Anderson Sevilha, coordenador do projeto, atribui os resultados positivos do trabalho a três aspectos fundamentais: o comprometimento das comunidades na busca por novas habilidades e multiplicação das ações; o engajamento de mulheres e jovens; e a atuação em rede com as instituições e parceiros técnicos locais.

“Temos na prática o que a inclusão socioprodutiva pode fazer em termos de mudanças quando a oportunidade de formação e de desenvolvimento de capacidades locais é oferecida para essas populações, ou seja, quando se oferece a oportunidade para a realização pessoal e profissional para essas populações, em seus ambientes, em suas comunidades. Hoje essas comunidades estão multiplicando, por conta própria, os centros de referência, criando assim oportunidades para outras comunidades”, afirma Sevilha.

Prova disso é a replicação do Manejaí, centro de referência em manejo, conservação e restauração de agroecossistemas, implantado inicialmente em Portel e replicado em mais três municípios do Marajó (Muaná, Salvaterra e Breves).  A iniciativa, que é fruto da articulação entre pesquisa, extensão rural e comunidades, já formou 131 agentes facilitadores, entre técnicos e agroextrativistas, que levam o Manejo de Mínimo Impacto às populações ribeirinhas da região.

A inclusão de grupos vulneráveis no processo também merece destaque, segundo o pesquisador. “Temos mulheres assumindo a direção de cooperativas e associações, além de jovens responsáveis pela execução e monitoramento de atividades. Temos até uma cooperativa mirim formada no âmbito do projeto no território do Marajó, que dentre outras ações, está ainda imbuída de consolidar a implantação do turismo ecológico científico. Isso é ciência cidadã”, enfatiza Sevilha.

Para Cesar Augusto Andrade, coordenador do escritório da Embrapa Amazônia Oriental no Marajó (PA), a atuação coordenada de diferentes instituições locais foi fundamental no processo de mudança. “Os diferentes atores no território, cada um com sua habilidade, expertise e capacidade técnica, atuaram de forma coordenada, seja no aspecto da produção agroextrativista, da agroindustrialização, comercialização ou organizacional”, acrescenta.

Sevilha destaca ainda que é preciso criar bases de atuação e comprometimento em longo prazo para se construir mudanças estruturais. “Esse jeito Bem Diverso da Embrapa de ver e fazer é que fez e faz a diferença”, finaliza.

Sustenta e Inova

Financiado pela União Europeia, o projeto Sustenta e Inova é coordenado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e conta com a parceria da Embrapa, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), e Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento Internacional (Cirad).

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