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Monotonia Agroalimentar: desafios e soluções para uma dieta mais variada

No cenário atual da alimentação global, a monotonia agroalimentar desponta como um dos grandes desafios. Esse fenômeno é caracterizado pela repetição de poucos alimentos na dieta, resultando em uma alimentação pobre em diversidade, mesmo em países como o Brasil, conhecido por sua vasta biodiversidade e rica cultura alimentar. O podcast Terra & Alimento retorna com o tema “Monotonia Agroalimentar”, trazendo dois especialistas de peso para discutir o assunto: Gustavo Porpino, pesquisador de comportamento do consumidor e analista da Embrapa Alimentos e Territórios, e Juliana Tângari, diretora do Instituto Comida do Amanhã e especialista em políticas alimentares e sistemas urbanos. Juntos, eles exploram os caminhos para superar a monotonia alimentar e apontam soluções que promovam uma dieta mais variada e sustentável. O que é a monotonia agroalimentar e quais os seus impactos? Segundo Juliana Tângari, um dos grandes problemas dessa falta de variedade é o domínio de um número restrito de alimentos na dieta global. “Embora existam mais de 7 mil plantas comestíveis conhecidas, apenas 15 delas compõem 90% da alimentação mundial, sendo que arroz, soja, milho e trigo respondem por cerca de 60% do que comemos”, explica. “Esses dados são o resultado de uma mudança de hábitos alimentares que vêm sendo consolidada há décadas. Desde a segunda metade do século XX, a média das dietas têm convergido a uma equivalência. É como se estivéssemos pouco a pouco apagando uma riquíssima diversidade alimentar e comendo muito igual uns aos outros”, explica Juliana. Essa homogeneidade alimentar não só limita a saúde dos indivíduos, como também afeta o meio ambiente. A dependência de poucas culturas provoca o avanço de monoculturas, contribuindo para a perda de biodiversidade. Além disso, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, que tentam simular variedade com aditivos, está diretamente ligado ao aumento de problemas de saúde, como obesidade e doenças cardiovasculares. De acordo com Tângari, “os custos com a saúde pública e os impactos ambientais de uma dieta pobre em diversidade são estimados em trilhões de dólares”. Para reverter esse cenário, ela sugere uma combinação de políticas públicas que promovam tanto uma alimentação mais diversificada quanto a produção sustentável de alimentos. A necessidade de mais “brasilidade” no prato Para Gustavo Porpino, diversificar a produção agrícola no campo é um passo essencial. Ele destaca a importância de explorar as espécies nativas e locais dos biomas brasileiros, incentivando sistemas agroflorestais e práticas de agroecologia. “Temos uma enorme oportunidade de fortalecer esses sistemas e alinhar nossa biodiversidade com a cultura alimentar das cidades”, afirma. Porpino também chama a atenção para a necessidade de transferir mais tecnologia para os pequenos produtores, permitindo que eles organizem cooperativas e acessem mercados urbanos. Segundo ele, “a cultura e a biodiversidade precisam ser valorizadas no prato, e isso só acontece quando esses alimentos são consumidos”. Exemplos inspiradores no Brasil e na Europa Iniciativas locais no Brasil já demonstram o potencial de soluções práticas. Porpino liderou o projeto Cidades e Alimentação, que estudou cinco cidades brasileiras e mostrou como ações locais podem diversificar a oferta de alimentos. Ele menciona o exemplo do Pará, onde cooperativas de várzea conectadas ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) ajudaram a ampliar o acesso dos estudantes a alimentos locais, além de gerar renda para as famílias produtoras. Além das experiências nacionais, Porpino compartilhou aprendizados de cidades europeias, como a estratégia “Quilômetro Zero” em Turim, Itália, que valoriza alimentos locais e apoia cooperativas de produtores. “Observamos mercados públicos, festivais gastronômicos e o fortalecimento de indicações geográficas que promovem a biodiversidade e cultura locais”, comenta. Políticas públicas e educação nutricional Por fim, tanto Tângari quanto Porpino destacam a importância de políticas públicas que incentivem a diversidade alimentar e promovam a educação nutricional. Eles ressaltam que apenas com a conscientização e ações concretas será possível enfrentar a monotonia agroalimentar e garantir um futuro mais saudável e sustentável. Para mais informações sobre o tema, visite o site da Embrapa Alimentos e Territórios e ouça este e outros episódios do podcast Terra & Alimento no Spotify.

No cenário atual da alimentação global, a monotonia agroalimentar desponta como um dos grandes desafios. Esse fenômeno é caracterizado pela repetição de poucos alimentos na dieta, resultando em uma alimentação pobre em diversidade, mesmo em países como o Brasil, conhecido por sua vasta biodiversidade e rica cultura alimentar. O podcast Terra & Alimento retorna com o tema “Monotonia Agroalimentar”, trazendo dois especialistas de peso para discutir o assunto: Gustavo Porpino, pesquisador de comportamento do consumidor e analista da Embrapa Alimentos e Territórios, e Juliana Tângari, diretora do Instituto Comida do Amanhã e especialista em políticas alimentares e sistemas urbanos. Juntos, eles exploram os caminhos para superar a monotonia alimentar e apontam soluções que promovam uma dieta mais variada e sustentável.

O que é a monotonia agroalimentar e quais os seus impactos?

Segundo Juliana Tângari, um dos grandes problemas dessa falta de variedade é o domínio de um número restrito de alimentos na dieta global. “Embora existam mais de 7 mil plantas comestíveis conhecidas, apenas 15 delas compõem 90% da alimentação mundial, sendo que arroz, soja, milho e trigo respondem por cerca de 60% do que comemos”, explica.

“Esses dados são o resultado de uma mudança de hábitos alimentares que vêm sendo consolidada há décadas. Desde a segunda metade do século XX, a média das dietas têm convergido a uma equivalência. É como se estivéssemos pouco a pouco apagando uma riquíssima diversidade alimentar e comendo muito igual uns aos outros”, explica Juliana. 

Essa homogeneidade alimentar não só limita a saúde dos indivíduos, como também afeta o meio ambiente. A dependência de poucas culturas provoca o avanço de monoculturas, contribuindo para a perda de biodiversidade. Além disso, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, que tentam simular variedade com aditivos, está diretamente ligado ao aumento de problemas de saúde, como obesidade e doenças cardiovasculares.

De acordo com Tângari, “os custos com a saúde pública e os impactos ambientais de uma dieta pobre em diversidade são estimados em trilhões de dólares”. Para reverter esse cenário, ela sugere uma combinação de políticas públicas que promovam tanto uma alimentação mais diversificada quanto a produção sustentável de alimentos.

A necessidade de mais “brasilidade” no prato

Para Gustavo Porpino, diversificar a produção agrícola no campo é um passo essencial. Ele destaca a importância de explorar as espécies nativas e locais dos biomas brasileiros, incentivando sistemas agroflorestais e práticas de agroecologia. “Temos uma enorme oportunidade de fortalecer esses sistemas e alinhar nossa biodiversidade com a cultura alimentar das cidades”, afirma.

Porpino também chama a atenção para a necessidade de transferir mais tecnologia para os pequenos produtores, permitindo que eles organizem cooperativas e acessem mercados urbanos. Segundo ele, “a cultura e a biodiversidade precisam ser valorizadas no prato, e isso só acontece quando esses alimentos são consumidos”.

Exemplos inspiradores no Brasil e na Europa

Iniciativas locais no Brasil já demonstram o potencial de soluções práticas. Porpino liderou o projeto Cidades e Alimentação, que estudou cinco cidades brasileiras e mostrou como ações locais podem diversificar a oferta de alimentos. Ele menciona o exemplo do Pará, onde cooperativas de várzea conectadas ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) ajudaram a ampliar o acesso dos estudantes a alimentos locais, além de gerar renda para as famílias produtoras.

Além das experiências nacionais, Porpino compartilhou aprendizados de cidades europeias, como a estratégia “Quilômetro Zero” em Turim, Itália, que valoriza alimentos locais e apoia cooperativas de produtores. “Observamos mercados públicos, festivais gastronômicos e o fortalecimento de indicações geográficas que promovem a biodiversidade e cultura locais”, comenta.

Políticas públicas e educação nutricional

Por fim, tanto Tângari quanto Porpino destacam a importância de políticas públicas que incentivem a diversidade alimentar e promovam a educação nutricional. Eles ressaltam que apenas com a conscientização e ações concretas será possível enfrentar a monotonia agroalimentar e garantir um futuro mais saudável e sustentável.

Para mais informações sobre o tema, visite o site da Embrapa Alimentos e Territórios e ouça este e outros episódios do podcast Terra & Alimento no Spotify.

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