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Atlas mostra a história, a agricultura e o turismo em Monte Alegre do Sul

Conhecido pela produção de morangos e pelas fontes que o inserem no Circuito da Águas Paulista, o município de Monte Alegre do Sul (SP) tem, agora, sua agricultura, o turismo e os aspectos de sua formação territorial retratados em um Atlas Escolar. A publicação é fruto de uma parceria entre a Embrapa Territorial (Campinas, SP), a Prefeitura Municipal e a antiga Associação Pró-Memória, iniciada em 2017. Clique aqui para baixar o Atlas Uma versão digital do Atlas foi entregue à Prefeitura no final de maio e apresentada a professores de Ensino Fundamental da rede municipal de ensino, em 16 de setembro, pela editora-técnica, a pesquisadora Cristina Criscuolo, da Embrapa Territorial. A coordenadora-pedagógica do Ensino Fundamental II da Escola Municipal Esther Silva Valente, Adriana Oliveira Silva, é uma das autoras do livro e o apresentou ao lado de Criscuolo. Ela destacou que a construção do conteúdo envolveu professores, alunos, muitas conversas com moradores e visitas a diversos locais de Monte Alegre do Sul. “Para o município, é um ganho muito grande ter um material feito por nós”, avaliou. História, natureza e agricultura Três capítulos compõem o Atlas: Aspectos da formação territorial; Agricultura e Turismo na paisagem; Monte Alegre do Sul no Circuito das Águas Paulista. Passar as páginas do Atlas ao lado de Criscuolo é perceber o cuidado nos detalhes. O azul da capa não é qualquer azul; é o azul de construções muito típicas ainda presentes no local. A foto de página dupla, logo após a capa, poderia ter sido do portal construído para a cidade, em alvenaria, com a mensagem de boas-vindas em Português, Inglês e Italiano. Em vez dele, a imagem estampada ali é de um trecho de estrada, ladeado de verde e pontos coloridos de flores, com morros à frente (imagem abaixo). “Para muitos montealegrenses, o portal é aqui, onde eles olham essa formação de relevo”, explica a pesquisadora. O atlas é essencialmente para os moradores, em especial para as crianças, estudantes, perceberem o valor de seu local, sua história e sua cultura, tão permeada pelas características naturais e pela agricultura. Ao lado do Sumário, a foto de um sino na porteira de uma propriedade rural anuncia o conteúdo. Criscuolo continua a passar as páginas, a contar como foi produzido o conteúdo e três nomes começam a se repetir nas histórias: Lima, Marcelo e Zaga. É como ela chama Roberto Pastana Teixeira Lima, Marcelo Martins Reis e Luís Gonzaga Truzzi, membros da Associação Pró-Memória de Monte Alegre do Sul (extinta após a pandemia de Covid-19), que trabalharam lado a lado com a equipe da Embrapa Territorial. Monte Alegre do Sul é um município jovem, foi emancipado em 1948. Havia pouco material bibliográfico que pudesse ser utilizado na produção do Atlas. Então, o conhecimento deles, assim como alguns trabalhos que haviam feito, foram sistematizados e organizados para compor a publicação. É o caso de um levantamento dos sobrenomes das famílias de imigrantes, majoritariamente italianos, que vieram trabalhar nas lavouras e formar o município. Ele está agora disponível para todos, com a indicação das regiões da Itália de onde vieram e dos bairros que ocuparam em Monte Alegre do Sul (imagem abaixo). A publicação ainda deixa um convite para leitores que saibam de outras famílias imigrantes não listadas ali registrarem a informação em um formulário, disponível com o simples apontar da câmera do celular para um QR Code. São 16 QR Codes ao longo da publicação, que permitem ao leitor contribuir com mais informações sobre o município ou navegar por outros materiais. Ocupação da terras O capítulo sobre agricultura e turismo mostra como a produção agrícola e a ocupação das terras mudou ao longo do tempo. A mancha urbana cresceu, áreas de pastagens perderam espaço para cafezais e a silvicultura. Ao mesmo tempo, os espaços ocupados por matas aumentaram. Esses dados puderam ser apresentados a partir da análise de uso e cobertura das terras feita com fotografias aéreas e imagens de satélite de 1972 e 2018, pela Embrapa Territorial (imagem abaixo). A equipe do centro de pesquisa também foi a campo para validar os dados. O Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a experiência da Embrapa Territorial em processar seus dados também foi utilizada no Atlas, para apresentar aos alunos um mapa com as nascentes e bacias hidrográficas do município, numa página sobre a riqueza hídrica. “Isso é educação ambiental! É fundamental ter esse tipo de material, que é a educação ambiental voltada para tudo, para a agricultura, para a natureza, para a conservação dos recursos naturais”, observa a pesquisadora Cristina Rodrigues, do centro de pesquisa, também autora do Atlas. O terceiro capítulo explora o Circuito das Águas, região turística do estado de São Paulo em que Monte Alegre do Sul está inserida. Aqui são apresentados dados informações que abrangem também os outros oito municípios do circuito: Amparo, Serra Negra, Socorro, Pedreira, Águas de Lindóia, Jaguariúna, Lindoia e Holambra. Roteiros para conhecer e aprender O Atlas também apresenta três roteiros que os professores podem fazer com os estudantes. O primeiro explora a região central da cidade; o segundo, o Distrito de Mostardas e a produção rural; o terceiro tem os recursos hídricos como atração principal, haja vista a inserção de Monte Alegre do Sul no Circuito das Águas Paulista. “Nós fomos para o campo, registramos as coordenadas e fomos fazendo esses roteiros, discutindo o que os professores poderiam explorar em cada ponto”, lembra Criscuolo. A equipe transpôs os roteiros para o Google Maps, reproduzindo na ferramenta as informações sobre cada ponto de visitação sugerido no Atlas. A coordenadora-pedagógica de Monte Alegre do Sul chamou a atenção para a viabilidade de levar os alunos para estudos do meio com os roteiros, especialmente o primeiro, que pode ser feito a pé. Durante a apresentação para os professores, Silva ressaltou que o material pode ser usado em diferentes disciplinas e conteúdos: “Sei da criatividade de vocês para pensar: como isso cabe na minha aula”? A professora Cláudia Maria Borella Leite começou logo a visualizar o uso do Atlas com as turmas em que está discutindo os biomas brasileiros, quando ouviu Criscuolo mencionar o conteúdo sobre a presença da Mata Atlântica e do Cerrado no município. “Eles (os estudantes) estão muito interessados nesse assunto e na fauna”, contou. A professora viu com bons olhos o fato de a publicação ter sido construída com muitas imagens. Ela diz que esse tipo de conteúdo chama a atenção dos alunos e que tem exercitado com eles a análise crítica de fotos e materiais semelhantes. O professor Mateus Roncada Nardini já começou a utilizar o mapa de sobrenomes com os alunos antes mesmo da apresentação do Atlas. As escolas municipais têm aulas de Italiano na grade curricular, a partir do 5º ano. Com os mapas presentes no Atlas e levando globos para a sala de aula, Mateus conversou com os alunos sobre os 150 anos da imigração italiana no Brasil e a razão de o idioma ser ensinado na escola. O Atlas de Campinas e o Atlas de Monte Alegre do Sul As discussões para a parceria da Embrapa Territorial com a Prefeitura Municipal de Monte Alegre do Sul e a Associação Pró-Memória começaram em 2016. O centro de pesquisa tinha na bagagem a experiência da construção do Atlas da Região Metropolitana de Campinas, que está no segundo volume. Ele inspirou a criação do Programa Pesquisa e Conhecimento na Escola (PESCO), que estimula a produção de trabalhos de investigação científica entre alunos do Ensino Fundamental e, mais recentemente, do Ensino Infantil. Anualmente, um fórum reúne milhares de estudantes em um evento para apresentar o que produziram. “A experiência de Campinas foi essencial porque foi nosso ponto de partida, foi nossa referência”, conta Criscuolo. Mas foi preciso fazer adaptações, ressalva. “Diferente de Campinas, Monte Alegre do Sul é um município pequeno, que tem a agricultura como uma das suas principais atividades. Então, em Campinas, precisamos sensibilizar muito sobre o que é a agricultura e a sua importância. Em Monte Alegre do Sul, a agricultura é mais evidente. A preocupação, nesse caso, foi valorizar essa característica de ser rural, mostrar como algo que seja um ativo para eles”, explica. Criscuolo também fala sobre a importância de conhecer e valorizar o local onde se vive: “É importante as pessoas se sentirem bem no lugar onde elas estão. Porque é nesse local onde elas fazem a diferença, onde elas contribuem para um mundo melhor. É no lugar onde elas estão, não é longe”.

Conhecido pela produção de morangos e pelas fontes que o inserem no Circuito da Águas Paulista, o município de Monte Alegre do Sul (SP) tem, agora, sua agricultura, o turismo e os aspectos de sua formação territorial retratados em um Atlas Escolar. A publicação é fruto de uma parceria entre a Embrapa Territorial (Campinas, SP), a Prefeitura Municipal e a antiga Associação Pró-Memória, iniciada em 2017.

Clique aqui para baixar o Atlas

Uma versão digital do Atlas foi entregue à Prefeitura no final de maio e apresentada a professores de Ensino Fundamental da rede municipal de ensino, em 16 de setembro, pela editora-técnica, a pesquisadora Cristina Criscuolo, da Embrapa Territorial. A coordenadora-pedagógica do Ensino Fundamental II da Escola Municipal Esther Silva Valente, Adriana Oliveira Silva, é uma das autoras do livro e o apresentou ao lado de Criscuolo. Ela destacou que a construção do conteúdo envolveu professores, alunos, muitas conversas com moradores e visitas a diversos locais de Monte Alegre do Sul. “Para o município, é um ganho muito grande ter um material feito por nós”, avaliou.

História, natureza e agricultura
 
Três capítulos compõem o Atlas: Aspectos da formação territorial; Agricultura e Turismo na paisagem; Monte Alegre do Sul no Circuito das Águas Paulista. Passar as páginas do Atlas ao lado de Criscuolo é perceber o cuidado nos detalhes. O azul da capa não é qualquer azul; é o azul de construções muito típicas ainda presentes no local. A foto de página dupla, logo após a capa, poderia ter sido do portal construído para a cidade, em alvenaria, com a mensagem de boas-vindas em Português, Inglês e Italiano. Em vez dele, a imagem estampada ali é de um trecho de estrada, ladeado de verde e pontos coloridos de flores, com morros à frente (imagem abaixo). “Para muitos montealegrenses, o portal é aqui, onde eles olham essa formação de relevo”, explica a pesquisadora. O atlas é essencialmente para os moradores, em especial para as crianças, estudantes, perceberem o valor de seu local, sua história e sua cultura, tão permeada pelas características naturais e pela agricultura.

Ao lado do Sumário, a foto de um sino na porteira de uma propriedade rural anuncia o conteúdo. Criscuolo continua a passar as páginas, a contar como foi produzido o conteúdo e três nomes começam a se repetir nas histórias: Lima, Marcelo e Zaga. É como ela chama Roberto Pastana Teixeira Lima, Marcelo Martins Reis e Luís Gonzaga Truzzi, membros da Associação Pró-Memória de Monte Alegre do Sul (extinta após a pandemia de Covid-19), que trabalharam lado a lado com a equipe da Embrapa Territorial.

Monte Alegre do Sul é um município jovem, foi emancipado em 1948. Havia pouco material bibliográfico que pudesse ser utilizado na produção do Atlas. Então, o conhecimento deles, assim como alguns trabalhos que haviam feito, foram sistematizados e organizados para compor a publicação. É o caso de um levantamento dos sobrenomes das famílias de imigrantes, majoritariamente italianos, que vieram trabalhar nas lavouras e formar o município. Ele está agora disponível para todos, com a indicação das regiões da Itália de onde vieram e dos bairros que ocuparam em Monte Alegre do Sul (imagem abaixo). A publicação ainda deixa um convite para leitores que saibam de outras famílias imigrantes não listadas ali registrarem a informação em um formulário, disponível com o simples apontar da câmera do celular para um QR Code. São 16 QR Codes ao longo da publicação, que permitem ao leitor contribuir com mais informações sobre o município ou navegar por outros materiais.

Ocupação da terras

O capítulo sobre agricultura e turismo mostra como a produção agrícola e a ocupação das terras mudou ao longo do tempo. A mancha urbana cresceu, áreas de pastagens perderam espaço para cafezais e a silvicultura. Ao mesmo tempo, os espaços ocupados por matas aumentaram. Esses dados puderam ser apresentados a partir da análise de uso e cobertura das terras feita com fotografias aéreas e imagens de satélite de 1972 e 2018, pela Embrapa Territorial (imagem abaixo). A equipe do centro de pesquisa também foi a campo para validar os dados. 

O Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a experiência da Embrapa Territorial em processar seus dados também foi  utilizada no Atlas, para apresentar aos alunos um mapa com as nascentes e bacias hidrográficas do município, numa página sobre a riqueza hídrica. “Isso é educação ambiental! É fundamental ter esse tipo de material, que é a educação ambiental voltada para tudo, para a agricultura, para a natureza, para a conservação dos recursos naturais”, observa a pesquisadora Cristina Rodrigues, do centro de pesquisa, também autora do Atlas.

O terceiro capítulo explora o Circuito das Águas, região turística do estado de São Paulo em que Monte Alegre do Sul está inserida. Aqui são apresentados dados informações que abrangem também os outros oito municípios do circuito: Amparo, Serra Negra, Socorro, Pedreira, Águas de Lindóia, Jaguariúna, Lindoia e Holambra.

Roteiros para conhecer e aprender

O Atlas também apresenta três roteiros que os professores podem fazer com os estudantes. O primeiro explora a região central da cidade; o segundo, o Distrito de Mostardas e a produção rural; o terceiro tem os recursos hídricos como atração principal, haja vista a inserção de Monte Alegre do Sul no Circuito das Águas Paulista. “Nós fomos para o campo, registramos as coordenadas e fomos fazendo esses roteiros, discutindo o que os professores poderiam explorar em cada ponto”, lembra Criscuolo. A equipe transpôs os roteiros para o Google Maps, reproduzindo na ferramenta as informações sobre cada ponto de visitação sugerido no Atlas. A coordenadora-pedagógica de Monte Alegre do Sul chamou a atenção para a viabilidade de levar os alunos para estudos do meio com os roteiros, especialmente o primeiro, que pode ser feito a pé.

Durante a apresentação para os professores, Silva ressaltou que o material pode ser usado em diferentes disciplinas e conteúdos: “Sei da criatividade de vocês para pensar: como isso cabe na minha aula”? A professora Cláudia Maria Borella Leite começou logo a visualizar o uso do Atlas com as turmas em que está discutindo os biomas brasileiros, quando ouviu Criscuolo mencionar o conteúdo sobre a presença da Mata Atlântica e do Cerrado no município. “Eles (os estudantes) estão muito interessados nesse assunto e na fauna”, contou. A professora viu com bons olhos o fato de a publicação ter sido construída com muitas imagens. Ela diz que esse tipo de conteúdo chama a atenção dos alunos e que tem exercitado com eles a análise crítica de fotos e materiais semelhantes.

O professor Mateus Roncada Nardini já começou a utilizar o mapa de sobrenomes com os alunos antes mesmo da apresentação do Atlas. As escolas municipais têm aulas de Italiano na grade curricular, a partir do 5º ano. Com os mapas presentes no Atlas e levando globos para a sala de aula, Mateus conversou com os alunos sobre os 150 anos da imigração italiana no Brasil e a razão de o idioma ser ensinado na escola.
 
O Atlas de Campinas e o Atlas de Monte Alegre do Sul

As discussões para a parceria da Embrapa Territorial com a Prefeitura Municipal de Monte Alegre do Sul e a Associação Pró-Memória começaram em 2016. O centro de pesquisa tinha na bagagem a experiência da construção do Atlas da Região Metropolitana de Campinas, que está no segundo volume. Ele inspirou a criação do Programa Pesquisa e Conhecimento na Escola (PESCO), que estimula a produção de trabalhos de investigação científica entre alunos do Ensino Fundamental e, mais recentemente, do Ensino Infantil. Anualmente, um fórum reúne milhares de estudantes em um evento para apresentar o que produziram.

“A experiência de Campinas foi essencial porque foi nosso ponto de partida, foi nossa referência”, conta Criscuolo. Mas foi preciso fazer adaptações, ressalva. “Diferente de Campinas, Monte Alegre do Sul é um município pequeno, que tem a agricultura como uma das suas principais atividades. Então, em Campinas, precisamos sensibilizar muito sobre o que é a agricultura e a sua importância. Em Monte Alegre do Sul, a agricultura é mais evidente. A preocupação, nesse caso, foi valorizar essa característica de ser rural, mostrar como algo que seja um ativo para eles”, explica.

Criscuolo também fala sobre a importância de conhecer e valorizar o local onde se vive: “É importante as pessoas se sentirem bem no lugar onde elas estão. Porque é nesse local onde elas fazem a diferença, onde elas contribuem para um mundo melhor. É no lugar onde elas estão, não é longe”.

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