A experiência de uma pesquisa participativa com produtores do DF relacionada ao sistema agrossilvipastoril orgânico foi compartilhada pelo pesquisador da Embrapa Cerrados, João Paulo Guimarães, no Seminário Nacional de Pecuária Orgânica em Base Agroecológica realizado pelo Instituto Federal de Brasília (IFB), na última semana em Brasília (DF). O evento buscou promover uma discussão entre técnicos, pesquisadores, alunos e produtores dos principais aspectos de uma criação animal que respeite o meio ambiente e os animais e, também, considere as questões sociais. O pesquisador relatou que, antes de as atividades serem iniciadas junto com os produtores, durante três anos foram realizados experimentos nos campos da Embrapa onde o manejo orgânico da pastagem foi comparado ao convencional com uso de fertilizantes químicos. Foram implantados dois experimentos, um com e outro sem cultivo prévio de adubo verde. “A incorporação de crotalária antes da implementação da pastagem aumentou a produtividade ao longo dos anos, principalmente no tratamento orgânico. Também observou-se aumento significativo nos teores de fósforo e potássio extraíveis do solo”, relatou. De acordo com o pesquisador, na ocasião foram avaliadas fertilidade do solo, produção de matéria seca e a percentagem da leguminosa na pastagem. A maior percentagem de leguminosa no pasto foi no tratamento sem adubação; em segundo lugar, no orgânico e, por último, a leguminosa cultivada no pasto onde se jogou adubo convencional. “Ora, se a leguminosa tem a capacidade natural de fixação biológica de nitrogênio para ela e para a companheira, o que vocês acreditam que aconteceu? ” Questionou a plateia. E deu em seguida a resposta: “você aplicou no solo o nitrogênio pelo fornecimento de ureia para adubação de uma leguminosa que faz fixação biológica de nitrogênio, o que as inibe de realizar a fixação naturalmente”, explicou. Ele detalhou em sua palestra alguns dos resultados obtidos no estudo (acesse aqui). “O que posso dizer é que o manejo orgânico funcionou. Conseguimos mostrar que podemos fazer o consórcio da leguminosa com a gramínea e fazer adubação verde antes de plantar como fonte de nitrogênio, além de utilizar o termopotássio e o termofosfato como fontes naturais de potássio e fósforo. Tudo o que a gente propôs funcionou”, afirmou. Após a obtenção desses resultados, o pesquisador contou que era o momento de fazer o trabalho junto aos produtores e utilizar todas as tecnologias identificadas no experimento controlado dentro da Embrapa validando-as junto aos produtores. E assim foi feito. O trabalho de pesquisa participativa foi implantado numa área de 1,2 ha localizada no PAD-DF e cedida pela Coopa-DF. A coleta de dados foi realizada entre 2012 e 2015. “Nesse momento, levamos muito em consideração o conhecimento dos produtores”, contou o pesquisador. Segundo ele, a utilização do sistema silvipastoril foi um pedido deles, que queriam ter árvores no sistema para usufruir dos benefícios do sombreamento e para aumentar a renda com a venda da madeira. “Eles também pediram que fossem utilizadas plantas nativas, exóticas e frutíferas. Tudo foi montado de forma participativa”, afirmou. João Paulo Guimarães explicou que o sistema foi composto por três partes (arbórea, agrícola e pastoril): uma parte arbórea, com faixas de eucalipto (primeiro eucalipto orgânico do DF) e árvores nativas; a parte agrícola, composta pelo plantio de milho, mandioca e batata doce, nas entre faixas e, no perímetro externo, banana; na parte pastoril foi instalada uma pastagem de braquiária e de capim elefante. Segundo o pesquisador, no período foram registradas ótimas produtividades tanto da banana (800 quilos de cachos), quanto da mandioca, a maior do DF, e da batata doce (3,4 e 1,3 t, respectivamente). A produtividade da pastagem, da silagem de milho e do capim elefante (53 toneladas por ha) também foi positiva e proporcionou um ganho médio de peso das novilhas de 600 gramas por dia. “Não existe recria de novilha no sistema convencional em que os animais tenham esse desempenho”, ressaltou o pesquisador. Os animais foram cedidos pelos produtores, que eram devolvidos com idade e peso adequado para serem inseminadas na propriedade. De acordo com os estudos, o sistema mostrou-se viável economicamente. “A cada real investido nessa unidade, 4,24 retornaram para o produtor. Isso não existe no sistema convencional, por conta dos valores agregados que os produtos orgânicos possuem”, explicou. “O que buscamos com nosso trabalho é a ecologização dos sistemas de produção, ou seja, uma maior conscientização para a importância dos princípios ecológicos, além do bem estar animal, da redução dos impactos ambientais e do desenvolvimento de processos práticos e viáveis economicamente”, explicou o especialista. Segundo ele, é importante empoderar os produtores nesse sentido. “É preciso que fique cada vez mais claro que os animais e as pastagens não são os vilões do aquecimento global. Animais alimentados com dietas de qualidade e pastagens bem manejadas não emitem gases de efeito estufa. É possível adotar práticas que respeitem o meio ambiente, os animais e que sejam economicamente viáveis”, enfatizou. Acesse aqui os resultados da pesquisa participativa: Desempenho produtivo e econômico do sistema agrossilvipastoril orgânico no Cerrado.
A experiência de uma pesquisa participativa com produtores do DF relacionada ao sistema agrossilvipastoril orgânico foi compartilhada pelo pesquisador da Embrapa Cerrados, João Paulo Guimarães, no Seminário Nacional de Pecuária Orgânica em Base Agroecológica realizado pelo Instituto Federal de Brasília (IFB), na última semana em Brasília (DF). O evento buscou promover uma discussão entre técnicos, pesquisadores, alunos e produtores dos principais aspectos de uma criação animal que respeite o meio ambiente e os animais e, também, considere as questões sociais.
O pesquisador relatou que, antes de as atividades serem iniciadas junto com os produtores, durante três anos foram realizados experimentos nos campos da Embrapa onde o manejo orgânico da pastagem foi comparado ao convencional com uso de fertilizantes químicos. Foram implantados dois experimentos, um com e outro sem cultivo prévio de adubo verde. “A incorporação de crotalária antes da implementação da pastagem aumentou a produtividade ao longo dos anos, principalmente no tratamento orgânico. Também observou-se aumento significativo nos teores de fósforo e potássio extraíveis do solo”, relatou.
De acordo com o pesquisador, na ocasião foram avaliadas fertilidade do solo, produção de matéria seca e a percentagem da leguminosa na pastagem. A maior percentagem de leguminosa no pasto foi no tratamento sem adubação; em segundo lugar, no orgânico e, por último, a leguminosa cultivada no pasto onde se jogou adubo convencional. “Ora, se a leguminosa tem a capacidade natural de fixação biológica de nitrogênio para ela e para a companheira, o que vocês acreditam que aconteceu? ” Questionou a plateia. E deu em seguida a resposta: “você aplicou no solo o nitrogênio pelo fornecimento de ureia para adubação de uma leguminosa que faz fixação biológica de nitrogênio, o que as inibe de realizar a fixação naturalmente”, explicou.
Ele detalhou em sua palestra alguns dos resultados obtidos no estudo (acesse aqui). “O que posso dizer é que o manejo orgânico funcionou. Conseguimos mostrar que podemos fazer o consórcio da leguminosa com a gramínea e fazer adubação verde antes de plantar como fonte de nitrogênio, além de utilizar o termopotássio e o termofosfato como fontes naturais de potássio e fósforo. Tudo o que a gente propôs funcionou”, afirmou. Após a obtenção desses resultados, o pesquisador contou que era o momento de fazer o trabalho junto aos produtores e utilizar todas as tecnologias identificadas no experimento controlado dentro da Embrapa validando-as junto aos produtores. E assim foi feito.
O trabalho de pesquisa participativa foi implantado numa área de 1,2 ha localizada no PAD-DF e cedida pela Coopa-DF. A coleta de dados foi realizada entre 2012 e 2015. “Nesse momento, levamos muito em consideração o conhecimento dos produtores”, contou o pesquisador. Segundo ele, a utilização do sistema silvipastoril foi um pedido deles, que queriam ter árvores no sistema para usufruir dos benefícios do sombreamento e para aumentar a renda com a venda da madeira. “Eles também pediram que fossem utilizadas plantas nativas, exóticas e frutíferas. Tudo foi montado de forma participativa”, afirmou.
João Paulo Guimarães explicou que o sistema foi composto por três partes (arbórea, agrícola e pastoril): uma parte arbórea, com faixas de eucalipto (primeiro eucalipto orgânico do DF) e árvores nativas; a parte agrícola, composta pelo plantio de milho, mandioca e batata doce, nas entre faixas e, no perímetro externo, banana; na parte pastoril foi instalada uma pastagem de braquiária e de capim elefante. Segundo o pesquisador, no período foram registradas ótimas produtividades tanto da banana (800 quilos de cachos), quanto da mandioca, a maior do DF, e da batata doce (3,4 e 1,3 t, respectivamente).
A produtividade da pastagem, da silagem de milho e do capim elefante (53 toneladas por ha) também foi positiva e proporcionou um ganho médio de peso das novilhas de 600 gramas por dia. “Não existe recria de novilha no sistema convencional em que os animais tenham esse desempenho”, ressaltou o pesquisador. Os animais foram cedidos pelos produtores, que eram devolvidos com idade e peso adequado para serem inseminadas na propriedade. De acordo com os estudos, o sistema mostrou-se viável economicamente. “A cada real investido nessa unidade, 4,24 retornaram para o produtor. Isso não existe no sistema convencional, por conta dos valores agregados que os produtos orgânicos possuem”, explicou.
“O que buscamos com nosso trabalho é a ecologização dos sistemas de produção, ou seja, uma maior conscientização para a importância dos princípios ecológicos, além do bem estar animal, da redução dos impactos ambientais e do desenvolvimento de processos práticos e viáveis economicamente”, explicou o especialista. Segundo ele, é importante empoderar os produtores nesse sentido. “É preciso que fique cada vez mais claro que os animais e as pastagens não são os vilões do aquecimento global. Animais alimentados com dietas de qualidade e pastagens bem manejadas não emitem gases de efeito estufa. É possível adotar práticas que respeitem o meio ambiente, os animais e que sejam economicamente viáveis”, enfatizou.
Acesse aqui os resultados da pesquisa participativa:
Desempenho produtivo e econômico do sistema agrossilvipastoril orgânico no Cerrado.