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Laticínio da Paraíba conquista premiações com queijos de leite de cabra

Um laticínio de Sumé (PB) que trabalha juntos a agricultores familiares tem conquistado premiações nos últimos dois anos, com sua produção de queijos de leite de cabra. Em 2023 e 2024, a Associação Gestora de Beneficiamento de Lácteos (Agubel), que trabalha em parceria com 150 criadores de caprinos na região do Cariri Paraibano, obteve premiações nacionais e internacionais, sendo as mais recentes as conquistas de duas medalhas de ouro e uma de prata no XVIII Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados (ENEL), realizado de 1º a 4 de setembro em São Luís (MA). Estas premiações se somam a uma medalha de bronze obtida na edição de 2023 do ENEL e uma medalha de ouro no 3º Mundial do Queijo do Brasil ocorrido em abril de 2024, em São Paulo (SP). Com isso, o laticínio da Associação, que recebe leite de agricultores de sete diferentes municípios para beneficiamento, distribuição e produção de queijos, espera incrementar a renda dos criadores e a qualidade dos produtos. “Consideramos que o reconhecimento é resultado de um trabalho em parceria com produtores de leite de cabra e instituição parceiras há alguns anos, com foco no padrão de qualidade e segurança alimentar. Só é possível produzir queijos com qualidade se o leite for também de qualidade. Para atingir esse objetivo realizamos capacitações e estamos em constante comunicação com os produtores, prestando orientações a respeito de manejo dos animais e higienização de ordenha”, destaca Auricélia Araújo, responsável pela produção dos queijos e controle de qualidade na Agubel. Uma dessas instituições parceiras é a Embrapa, que tem trabalhado junto a cooperativas, laticínios e produtores rurais da região da divisa entre os estados da Paraíba e Pernambuco [maior bacia de leite caprino do país, com produção anual de 7,3 milhões de litros, cerca de 28% da produção nacional] em projetos de pesquisa para a validação de novas tecnologias de produção e agregação de valor aos produtos baseados no leite. Na região, a empresa mantém uma rede com agricultores, técnicos e professores que movimenta a troca de conhecimentos e a busca de soluções para os desafios de produção. “São realizadas oficinas para identificação de demandas e cursos que permitem a divulgação do portfólio dos derivados lácteos caprinos, que atualmente dispõe de mais de 30 práticas e processos tecnológicos como queijos de origem nacional e internacional, doces, sorvetes, iogurtes. Também promovemos ajustes em processos, bem como palestras que orientam sobre qualidade do leite e meios de monitorá-la”, ressalta Nívea Felisberto, pesquisadora do Núcleo Nordeste da Embrapa Caprinos e Ovinos, sediado na Embrapa Algodão em Campina Grande (PB). A cooperação entre Embrapa e Agubel já possibilitou a validação de cinco tipos de queijos de leite de cabra (Coalho padrão, Coalho adicionado de alecrim, canela, orégano e pimenta calabresa) no laticínio da Associação, com registro no Sistema de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura e Pecuária, que permite oferta desses produtos para mercados regionais e nacionais. A equipe da Agubel, assim como outras cooperativas e associações da região, também já foi capacitada pela Embrapa em boas práticas de produção e de ordenha, importantes para assegurar a qualidade dos produtos. “A parceria com a Embrapa tem uma importância fundamental, pois é através dessa parceria que estamos fazendo a seleção de produtores para o fornecimento do leite para a produção dos queijos, com a realização de análises individuais do leite, que são realizadas mensamente no laboratório da Embrapa, assim como através das capacitações realizadas pelo corpo técnico da Embrapa, tanto para os produtores, como para a equipe da AGUBEL”, reforça Auricélia Araújo. Atualmente, a atuação da Embrapa na região se dá por meio de projetos junto a diferentes financiadores, como Fundação Banco do Brasil (FBB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco do Nordeste (BNB) e as colaborações da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq). Esta conexão entre setor produtivo e as instituições tem como objetivo criar ambiente para a inovação. “Os projetos realizados na região visam contribuir com aumento da autonomia sobre os processos de produção, com diferentes atividades produtivas interligadas. Quanto mais harmônico seu funcionamento, melhores serão os resultados, mensurados por indicadores econômicos, ambientais e sociais”, detalha o analista Leandro Oliveira, do Núcleo Nordeste da Embrapa Caprinos e Ovinos Diversificação de produtos de mercados para futuro A produção do laticínio da Agubel, que hoje tem média diária de 2.500 litros de leite caprino, é voltada principalmente para atendimento ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo Federal, com o beneficiamento e a distribuição do leite. Mas existem oportunidades de conquista de novos mercados, especialmente com a produção de derivados lácteos como os queijos. “Há um grande caminho a ser pavimentado para proporcionar menor dependência dos laticínios de cooperativas ou associações de produtores ao PAA, que é o mercado privado. Este, cada vez mais, se apresenta como uma oportunidade real e acessível, entretanto desafiadora, pois há neste mercado maiores exigências de qualidades e diversidade de produtos”, frisa Antônio Egito, pesquisador do Núcleo Nordeste da Embrapa Caprinos e Ovinos. Para a conquista destes novos mercados, Egito identifica caminhos como a agregação de valor aos derivados lácteos caprinos, como a disponibilização de novos produtos, entre eles bebidas lácteas, iogurtes, queijos maturados e derivados com potencial probiótico (queijos, iogurtes etc.) que estão em crescimento no mercado nacional. “Alimenta-se a possibilidade de ampliação de diferentes canais de comercialização, principalmente os curtos, com maior possibilidade de interação com os consumidores e valorização dos produtos por meio de sinais distintivos que remetam a qualidade e identidade territorial”, ressalta o pesquisador. Segundo Auricélia Araújo, da Agubel, a perspectiva é buscar, de forma permanente, a qualificação para assegurar a qualidade do leite e dos produtos derivados. “Com investimento financeiro, estamos melhorando nossa infraestrutura e capacidade de produção dos produtores parceiro, com o propósito de melhorar o marketing da Agubel e expandir nossas vendas”, afirma ela. Queijo da Agubel premiado no 3º Mundial do Queijo do Brasil (foto: divulgação Instagram)

Um laticínio de Sumé (PB) que trabalha juntos a agricultores familiares tem conquistado premiações nos últimos dois anos, com sua produção de queijos de leite de cabra. Em 2023 e 2024, a Associação Gestora de Beneficiamento de Lácteos (Agubel), que trabalha em parceria com 150 criadores de caprinos na região do Cariri Paraibano, obteve premiações nacionais e internacionais, sendo as mais recentes as conquistas de duas medalhas de ouro e uma de prata no XVIII Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados (ENEL), realizado de 1º a 4 de setembro em São Luís (MA).

Estas premiações se somam a uma medalha de bronze obtida na edição de 2023 do ENEL e uma medalha de ouro no 3º Mundial do Queijo do Brasil ocorrido em abril de 2024, em São Paulo (SP). Com isso, o laticínio da Associação, que recebe leite de agricultores de sete diferentes municípios para beneficiamento, distribuição e produção de queijos, espera incrementar a renda dos criadores e a qualidade dos produtos.  

“Consideramos que o reconhecimento é resultado de um trabalho em parceria com produtores de leite de cabra e instituição parceiras há alguns anos, com foco no padrão de qualidade e segurança alimentar. Só é possível produzir queijos com qualidade se o leite for também de qualidade. Para atingir esse objetivo realizamos capacitações e estamos em constante comunicação com os produtores, prestando orientações a respeito de manejo dos animais e higienização de ordenha”, destaca Auricélia Araújo, responsável pela produção dos queijos e controle de qualidade na Agubel.

Uma dessas instituições parceiras é a Embrapa, que tem trabalhado junto a cooperativas, laticínios e produtores rurais da região da divisa entre os estados da Paraíba e Pernambuco [maior bacia de leite caprino do país, com produção anual de 7,3 milhões de litros, cerca de 28% da produção nacional] em projetos de pesquisa para a validação de novas tecnologias de produção e agregação de valor aos produtos baseados no leite. Na região, a empresa mantém uma rede com agricultores, técnicos e professores que movimenta a troca de conhecimentos e a busca de soluções para os desafios de produção.

“São realizadas oficinas para identificação de demandas e cursos que permitem a divulgação do portfólio dos derivados lácteos caprinos, que atualmente dispõe de mais de 30 práticas e processos tecnológicos como queijos de origem nacional e internacional, doces, sorvetes, iogurtes. Também promovemos ajustes em processos, bem como palestras que orientam sobre qualidade do leite e meios de monitorá-la”, ressalta Nívea Felisberto, pesquisadora do Núcleo Nordeste da Embrapa Caprinos e Ovinos, sediado na Embrapa Algodão em Campina Grande (PB). 

A cooperação entre Embrapa e Agubel já possibilitou a validação de cinco tipos de queijos de leite de cabra (Coalho padrão, Coalho adicionado de alecrim, canela, orégano e pimenta calabresa) no laticínio da Associação, com registro no Sistema de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura e Pecuária, que permite oferta desses produtos para mercados regionais e nacionais. A equipe da Agubel, assim como outras cooperativas e associações da região, também já foi capacitada pela Embrapa em boas práticas de produção e de ordenha, importantes para assegurar a qualidade dos produtos.

“A parceria com a Embrapa tem uma importância fundamental, pois é através dessa parceria que estamos fazendo a seleção de produtores para o fornecimento do leite para a produção dos queijos, com a realização de análises individuais do leite, que são realizadas mensamente no laboratório da Embrapa, assim como através das capacitações realizadas pelo corpo técnico da Embrapa, tanto para os produtores, como para a equipe da AGUBEL”, reforça Auricélia Araújo. 

Atualmente, a atuação da Embrapa na região se dá por meio de projetos junto a diferentes financiadores, como Fundação Banco do Brasil (FBB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco do Nordeste (BNB) e as colaborações da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq). Esta conexão entre setor produtivo e as instituições tem como objetivo criar ambiente para a inovação. 

“Os projetos realizados na região visam contribuir com aumento da autonomia sobre os processos de produção, com diferentes atividades produtivas interligadas. Quanto mais harmônico seu funcionamento, melhores serão os resultados, mensurados por indicadores econômicos, ambientais e sociais”, detalha o analista Leandro Oliveira, do Núcleo Nordeste da Embrapa Caprinos e Ovinos

Diversificação de produtos de mercados para futuro

A produção do laticínio da Agubel, que hoje tem média diária de 2.500 litros de leite caprino, é voltada principalmente para atendimento ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo Federal, com o beneficiamento e a distribuição do leite. Mas existem oportunidades de conquista de novos mercados, especialmente com a produção de derivados lácteos como os queijos.

“Há um grande caminho a ser pavimentado para proporcionar menor dependência dos laticínios de cooperativas ou associações de produtores ao PAA, que é o mercado privado. Este, cada vez mais, se apresenta como uma oportunidade real e acessível, entretanto desafiadora, pois há neste mercado maiores exigências de qualidades e diversidade de produtos”, frisa Antônio Egito, pesquisador do Núcleo Nordeste da Embrapa Caprinos e Ovinos. 

Para a conquista destes novos mercados, Egito identifica caminhos como a agregação de valor aos derivados lácteos caprinos, como a disponibilização de novos produtos, entre eles bebidas lácteas, iogurtes, queijos maturados e derivados com potencial probiótico (queijos, iogurtes etc.) que estão em crescimento no mercado nacional. “Alimenta-se a possibilidade de ampliação de diferentes canais de comercialização, principalmente os curtos, com maior possibilidade de interação com os consumidores e valorização dos produtos por meio de sinais distintivos que remetam a qualidade e identidade territorial”, ressalta o pesquisador.

Segundo Auricélia Araújo, da Agubel, a perspectiva é buscar, de forma permanente, a qualificação para assegurar a qualidade do leite e dos produtos derivados. “Com investimento financeiro, estamos melhorando nossa infraestrutura e capacidade de produção dos produtores parceiro, com o propósito de melhorar o marketing da Agubel e expandir nossas vendas”, afirma ela.

Queijo da Agubel premiado no 3º Mundial do Queijo do Brasil (foto: divulgação Instagram)

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