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Município mineiro recebe projeto de inclusão digital da Embrapa e parceiros

Ingaí (MG) é o menor dos dez municípios atendidos pelo Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital (Semear Digital), liderado pela Embrapa Agricultura Digital e com financiamento da Fapesp. A equipe do projeto detectou que o setor passa por transição e busca soluções conjuntas com a comunidade desde a visita técnica realizada em março em propriedades rurais. São 2.500 habitantes para cerca de 300 km² e quase 240 estabelecimentos agropecuários de perfil heterogêneo. O município ainda se constitui numa bacia leiteira do Estado. Em 2017, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) computava 16 mil cabeças de bovinos e dois mil hectares de área plantada de milho. A conectividade via rádio ou fibra ótica é deficiente, assim como o letramento digital. A atividade exigente em mão-de-obra tem dado lugar ao arrendamento de terras para produção de grãos. A decisão tem sido motivada pela idade dos proprietários e pela ausência de sucessão familiar, aponta o pesquisador Celso Vegro, do Instituto de Economia Agrícola (IEA) – responsável pela caracterização socioeconômica do Distrito Agrotecnológico (DAT). DATs são os ambientes de produção onde as atividades colaborativas de pesquisa, desenvolvimento e inovação em tecnologias emergentes são realizadas. “Identificamos que muitos produtores vêm buscando novas opções para a conversão da produção leiteira. O uso compartilhado de maquinário agrícola também foi notado, inclusive a presença de produtores que prestam esse tipo de serviço”, diz Vegro. Para fazer frente às limitações que a falta de força de trabalho representa ao incremento de cultivos e criações, o investimento em genética dos rebanhos pode ser indicado.“Também as tecnologias digitais, se bem dosadas, poderão trazer vantagens econômicas, especialmente se mobilizar os mais jovens que permanecem exercendo a atividade rural”, completa o especialista. O ponto focal do Semear Digital para Ingaí é o professor Paulo Henrique Leme, da Universidade Federal de Lavras (Ufla), parceira do projeto. Segundo ele, a adoção de tecnologias digitais por pequenos e médios agricultores é uma demanda importante, pois pode aumentar a qualidade de vida e consequentemente os lucros dos produtores rurais. “Por outro lado, o aspecto mais importante de um projeto como esse é a governança, pois será ela a responsável por prover a conectividade e manter o seu custo de manutenção ao longo do tempo. Sem conectividade, de forma abrangente no campo, estamos falando de limitar a efetividade das tecnologias digitais”, completa. Marco Aurélio Serafim Santos, técnico da Emater-MG, foi indicado para representar a comunidade rural e tem a expectativa de que o projeto leve inovações que ajudem os produtores a gerir melhor as suas atividades com o uso de aplicativos desenvolvidos pela Embrapa. “Esta adoção de inovações e tecnologias será um trabalho apoiado pela Emater-MG. São ferramentas que vão agregar valor à atuação da extensão rural no município de Ingaí, proporcionando o desenvolvimento sustentável dos agricultores familiares”, avalia Santos. O município conta com a atuação de instituições como Sebrae, Senar e Cooperativa de Crédito. Desafios – Pesquisadores e especialistas atuam com quatro perfis de agricultores familiares no DAT mineiro: capitalizados, em vias de capitalização, em transição e na faixa de exclusão, com diferentes rendas agrícolas. Durante as visitas às propriedades rurais, foi observado o emprego de ordenhadeiras e a adoção de tecnologia de inseminação artificial entre agricultores capitalizados. A maioria da população de Ingaí reside na zona rural do município em que toda a renda decorre da atividade agropecuária. Apesar disso, não há uma cooperativa de produtores rurais presente e atuante, situação que representa desafio adicional à tarefa de promover a adesão da comunidade ao projeto. A idade dos produtores rurais é apontada também como fator inibidor da expansão da digitalização da agricultura, embora não impeditivo. A falta de letramento digital dos produtores para atividades como a emissão de notas fiscais e preenchimento dos aplicativos para compra do leite é uma das maiores dificuldades do laticínio local. A internet – via rádio ou fibra ótica chega à população a partir da cidade vizinha Lavras -, sendo utilizada para comunicação, mas sem uso de ferramentas de agricultura digital, no caso de pequenas propriedades visitadas. Segundo observou a equipe do projeto, os grandes produtores de grãos já utilizam maquinário com essa capacidade. A capacitação em tecnologias digitais está entre os pilares de atuação do Semear Digital e visa ampliar a digitalização no campo por meio da atração de jovens para a atividade agropecuária, colaborando com a fixação das novas gerações no setor, avalia Luciana Romani, coordenadora de parcerias do projeto Mulheres: renda e bem-estar familiar Nos quintais e terreiros dos estabelecimentos rurais de Ingaí, a presença feminina assume relevância para o bem-estar da comunidade, que também figura entre os objetivos do projeto. Por isso, segundo avalia a equipe do Semear Digital, enfatizar a revitalização dos pomares e hortas pode se juntar ao esforço de fortalecimento do autoconsumo com venda do excedente para aumento da renda familiar. A produção de ovos, carne de frango e suína além da fabricação de produtos derivados do leite são componentes do chamado quintal/cozinha das propriedades que, em geral, cabe ao gênero feminino, explica Celso Vegro. “Além disso, as mulheres também atuam na extração leiteira e na alimentação dos animais, sendo portanto cruciais na manutenção do bem-estar familiar e funcionamento dos sistemas de produção”, diz o especialista. Os municípios que recebem os DATs foram selecionados com metodologia que utilizou 34 indicadores socioeconômicos, (densidade demográfica, educação, infraestrutura, uso de internet e de computadores). O critério técnico permitiu caracterizar os municípios nas diferentes regiões do País, sintonizando a escolha com os objetivos do projeto. São parceiros do Centro Semear Digital: a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) também integra o consórcio ao lado do Instituto Agronômico (IAC/SP), do Instituto de Economia Agrícola (IEA/SP), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), além do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).

Ingaí (MG) é o menor dos dez municípios atendidos pelo Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital (Semear Digital), liderado pela Embrapa Agricultura Digital e com financiamento da Fapesp. A equipe do projeto detectou que o setor passa por transição e busca soluções conjuntas com a comunidade desde a visita técnica realizada em março em propriedades rurais.

São 2.500 habitantes para cerca de 300 km² e quase 240 estabelecimentos agropecuários de perfil heterogêneo. O município ainda se constitui numa bacia leiteira do Estado. Em 2017, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) computava 16 mil cabeças de bovinos e dois mil hectares de área plantada de milho. A conectividade via rádio ou fibra ótica é deficiente, assim como o letramento digital.

A atividade exigente em mão-de-obra tem dado lugar ao arrendamento de terras para produção de grãos. A decisão tem sido motivada pela idade dos proprietários e pela ausência de sucessão familiar, aponta o pesquisador Celso Vegro, do Instituto de Economia Agrícola (IEA) – responsável pela caracterização socioeconômica do Distrito Agrotecnológico (DAT).

DATs são os ambientes de produção onde as atividades colaborativas de pesquisa, desenvolvimento e inovação em tecnologias emergentes são realizadas. “Identificamos que muitos produtores vêm buscando novas opções para a conversão da produção leiteira. O uso compartilhado de maquinário agrícola também foi notado, inclusive a presença de produtores que prestam esse tipo de serviço”, diz Vegro. 

Para fazer frente às limitações que a falta de força de trabalho representa ao incremento de cultivos e criações, o investimento em genética dos rebanhos pode ser indicado.“Também as tecnologias digitais, se bem dosadas, poderão trazer vantagens econômicas, especialmente se mobilizar os mais jovens que permanecem exercendo a atividade rural”, completa o especialista. 

O ponto focal do Semear Digital para Ingaí é o professor Paulo Henrique Leme, da Universidade Federal de Lavras (Ufla), parceira do projeto. Segundo ele, a adoção de tecnologias digitais por pequenos e médios agricultores é uma demanda importante, pois pode aumentar a qualidade de vida e consequentemente os lucros dos produtores rurais. 

“Por outro lado, o aspecto mais importante de um projeto como esse é a governança, pois será ela a responsável por prover a conectividade e manter o seu custo de manutenção ao longo do tempo. Sem conectividade, de forma abrangente no campo, estamos falando de limitar a efetividade das tecnologias digitais”, completa.

Marco Aurélio Serafim Santos, técnico da Emater-MG, foi indicado para representar a comunidade rural e tem a expectativa de que o projeto leve inovações que ajudem os produtores a gerir melhor as suas atividades com o uso de aplicativos desenvolvidos pela Embrapa. 

“Esta adoção de inovações e tecnologias será um trabalho apoiado pela Emater-MG. São ferramentas que vão agregar valor à atuação da extensão rural no município de Ingaí, proporcionando o desenvolvimento sustentável dos agricultores familiares”, avalia Santos. O município conta com a atuação de instituições como Sebrae, Senar e Cooperativa de Crédito.

Desafios – Pesquisadores e especialistas atuam com quatro perfis de agricultores familiares no DAT mineiro: capitalizados, em vias de capitalização, em transição e na faixa de exclusão, com diferentes rendas agrícolas. Durante as visitas às propriedades rurais, foi observado o emprego de ordenhadeiras e a adoção de tecnologia de inseminação artificial entre agricultores capitalizados. 

A maioria da população de Ingaí reside na zona rural do município em que toda a renda decorre da atividade agropecuária. Apesar disso, não há uma cooperativa de produtores rurais presente e atuante, situação que representa desafio adicional à tarefa de promover a adesão da comunidade ao projeto. 

A idade dos produtores rurais é apontada também como fator inibidor da expansão da digitalização da agricultura, embora não impeditivo. A falta de letramento digital dos produtores para atividades como a emissão de notas fiscais e preenchimento dos aplicativos para compra do leite é uma das maiores dificuldades do laticínio local.  

A internet – via rádio ou fibra ótica chega à população a partir da cidade vizinha Lavras -,  sendo utilizada para comunicação, mas sem uso de ferramentas de agricultura digital, no caso de pequenas propriedades visitadas. Segundo observou a equipe do projeto, os grandes produtores de grãos já utilizam maquinário com essa capacidade. 

A capacitação em tecnologias digitais está entre os pilares de atuação do Semear Digital e visa ampliar a digitalização no campo por meio da atração de jovens para a atividade agropecuária, colaborando com a fixação das novas gerações no setor, avalia Luciana Romani, coordenadora de parcerias do projeto 

Mulheres: renda e bem-estar familiar

Nos quintais e terreiros dos estabelecimentos rurais de Ingaí, a presença feminina assume relevância para o bem-estar da comunidade, que também figura entre os objetivos do projeto.

Por isso, segundo avalia a equipe do Semear Digital, enfatizar a revitalização dos pomares e hortas pode se juntar ao esforço de fortalecimento do autoconsumo com venda do excedente para aumento da renda familiar. 

A produção de ovos, carne de frango e suína além da fabricação de produtos derivados do leite são componentes do chamado quintal/cozinha das propriedades que, em geral, cabe ao gênero feminino, explica Celso Vegro. 

“Além disso, as mulheres também atuam na extração leiteira e na alimentação dos animais, sendo portanto cruciais na manutenção do bem-estar familiar e funcionamento dos sistemas de produção”, diz o especialista.

Os municípios que recebem os DATs foram selecionados com metodologia que utilizou 34 indicadores socioeconômicos, (densidade demográfica, educação, infraestrutura, uso de internet e de computadores). O critério técnico permitiu caracterizar os municípios nas diferentes regiões do País, sintonizando a escolha com os objetivos do projeto.

São parceiros do Centro Semear Digital: a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) também integra o consórcio ao lado do Instituto  Agronômico (IAC/SP), do Instituto de Economia Agrícola (IEA/SP), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), além do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD). 

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