Embrapa Pecuária Sul contribui para lançamento de livro “Mulheres na Pecuária”
Com o objetivo de contextualizar a participação de mulheres e promover a igualdade de gênero na agricultura, a Embrapa através da plataforma Observatório Mulheres Rurais, disponibilizou, gratuitamente, o livro “Mulheres na Pecuária”. O material está acessível de forma gratuita clicando aqui. A ação atende ao 5º objetivo de desenvolvimento sustentável proposto pela Organização das Nações Unidas, que trata sobre igualdade de gênero.
Por meio da contribuição de autores de diferentes unidades de pesquisa da Embrapa, o livro destaca importantes dados sobre a participação das mulheres nas mais variadas áreas do setor pecuário, apresentando discussões sobre seu envolvimento no processo de agregação de valor, participação em organizações e na geração, difusão e adoção de tecnologias, bem como na sucessão das propriedades e no pioneirismo na atividade pecuária.
O capítulo “Sucessão nas propriedades: jovens mulheres na pecuária”, escrito pelo pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Jorge Sant’Anna, explica como uma nova geração de mulheres está desempenhando papéis proeminentes na pecuária do Rio Grande do Sul. Tendo sido criadas em ambientes rurais, essas mulheres vêm ganhando destaque em uma área tradicionalmente liderada por homens. Segundo Sant’Anna, isso se torna possível através de dois fatores centrais: a dedicação aos estudos, através do ingresso no ensino superior, inclusive para formação em carreiras como engenharia agronômica, engenharia civil, engenharia de produção, medicina veterinária, zootecnia e administração; além disso, as mulheres estão abraçando o progresso tecnológico, o que muda a forma como a produção agrícola é conduzida e como as propriedades rurais são gerenciadas. “Tal processo tende a ser cada vez mais bem-sucedido, a medida em que houver o incentivo pela família”, completa o pesquisador.
Para ilustrar isso, o capítulo escrito por Sant’Anna apresenta três mulheres como exemplo. A primeira reside em uma propriedade de 301 hectares (ha) no município de Ijuí (Agropecuária São Joaquim), dedicada à produção de leite e plantio de soja, milho, trigo e cevada. Mariele Cezimbra Lopes, formada em agronomia aos 25 anos, trouxe grandes mudanças à propriedade de seu pai ao apresentar novas ideias para a gestão do negócio, entre elas a transição do sistema produtivo familiar de gado de leite para gado de corte. Em 2020, a propriedade trabalhava com 150 cabeças de gado, e a gestora havia comprado um caminhão e mais 8 ha de terra, entusiasmada com o resultado da utilização de uma forrageira de verão, o capim-sudão BRS Estribo, lançado pela Embrapa Pecuária Sul e Sulpasto. Nesse momento, seu pai praticamente já havia lhe entregado a gestão de toda a propriedade.
Foto: Lucas Moresco
O segundo exemplo se passa no município de Bagé, RS. Lieli Borges Severo Pereira estava concluindo seus estudos em medicina veterinária quando começou a se envolver com o trabalho na fazenda de seu pai, que pouco tempo depois precisou se afastar devido a uma doença. Conciliando os novos encargos na fazenda com a chegada da formatura, Lieli precisou assumir totalmente a gestão da fazenda após a morte prematura do pai, marcando sua transição integral da cidade para o campo.
Foto: Adriani Borges Gonçalves
O terceiro caso fala sobre Lucy de Fátima Araújo de Armas, pequena produtora rural no município de Jaguarão, RS, que junto a seu marido trabalha em uma propriedade de 140 ha. Em seu estabelecimento rural, criam gado de corte e ovinos. Lucy assumiu a criação e comercialização de cordeiros, após se interessar pela introdução de um gene no rebanho de ovinos (gene Booroola, tecnologia importada da Austrália, adaptada às condições dos campos do Sul do Brasil pela Embrapa Pecuária Sul), que possibilita um aumento na prolificidade das ovelhas, permitindo maior repetição de partos múltiplos. Durante a safra de 2022, Lucy já possuía um rebanho de 66 ovinos adultos e 80 cordeiros.
Foto: Dionísio Dutra de Armas
Através deste capítulo, é possível observar diferentes trajetórias que caminham em apenas uma direção: o crescente protagonismo das mulheres na pecuária.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
O livro “Mulheres na Pecuária” faz parte de uma iniciativa da Embrapa para contribuir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas), e está contemplado no 5° objetivo, igualdade de gênero. Abaixo são destacados alguns pontos do ODS 5.
Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas;
5.1. Acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda parte;
5.5. Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública;
5.a. Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais;
5.b. Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres;
5.c. Adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas em todos os níveis;
Texto: Gabriel Aquere