Com o tema central “Dieta da saúde planetária”, especialistas internacionais debateram hábitos de consumo da população durante a Lake Week, realizada entre 29 de janeiro e 2 de fevereiro, pela Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique (ZHAW), em Wädenswil, na Suíça. A Embrapa Alimentos e Territórios foi representada pelo analista Gustavo Porpino, um dos palestrantes do workshop Futuro da Alimentação. Porpino apresentou, a partir da experiência do projeto Cidades e Alimentação, a importância de fomentar sistemas alimentares urbanos sustentáveis como forma de promover dietas saudáveis e sustentáveis. Fazendas urbanas, programas de fomento à agroecologia, iniciativas para conectar o excedente do varejo e feiras livres com bancos de alimentos, e a importância das compras públicas da agricultura familiar e conexões com a alimentação escolar foram alguns dos exemplos citados. “Para que mais pessoas adotem dietas saudáveis, precisamos mais do que mudar hábitos de consumo. As cidades precisam implementar programas de valorização da produção orgânica em áreas urbanas e periurbanas, aproximar os produtores locais dos cidadãos urbanos e implementar políticas que possibilitem o acesso a mais frutas e hortaliças, por exemplo. A renda é um fator determinante nas escolhas alimentares, e sem políticas públicas permanentes, os pressupostos da dieta saudável planetária não conseguem ter alcance global”, comenta Porpino. O analista da Embrapa também conheceu um supermercado social, em Zurique, e fez visitas técnicas ao World Food Systems Center, no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH), e ao parque da biosfera de Entlebuch, região de 394 km2 reconhecida pela Unesco como patrimônio mundial. O objetivo foi a troca de experiências e a articulação de possíveis parcerias. Dentre os projetos apresentados na ETH, destaca-se o NICE (Nutrition in City Ecosystems). A ação envolve seis cidades em Bangladesh, Quênia e Ruanda, com enfoque na melhoria da nutrição e redução da pobreza nas populações das regiões urbanas, especialmente as mulheres, nos jovens e nos grupos vulneráveis. “Segurança alimentar pode não ser um tema local, mas é um problema global e um desafio de todos. Precisamos de ciência aplicada para a transformação dos sistemas alimentares, e a dieta da saúde planetária contribui para uma sociedade regenerativa que alimente a todos e ao mesmo tempo mantenha os recursos naturais para o usufruto das gerações futuras”, salientou o professor Urs Hilbert, diretor da Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique (ZHAW), na abertura do workshop. Durante o evento, Hilbert ressaltou que produzir ciência com impacto no mundo real requer parcerias com o setor produtivo e cooperações internacionais. Para fomentar inovações no setor agroalimentar, o professor destacou o lançamento do “FoodHUB Wädenswil”, parceria público-privada que reúne os governos municipal e estadual, academia, indústria e startups. A iniciativa é sediada no novo campus temático da ZHAW, que tem enfoque no futuro da alimentação. O campus às margens do lago de Zurique abriga laboratórios de análise sensorial dos alimentos, segurança dos alimentos, e embalagens inovadoras e preservação, além de espaços dedicados a estudos sobre ingredientes determinantes de valor e propriedades funcionais de produtos alimentícios. Outros pontos do debate foram a necessidade de se respeitar as culturas alimentares locais e incrementar os indicadores de alcance das dietas saudáveis. Dentre os debatedores, participaram Malin Borg, CEO da Swissnex no Brasil; Sophie Egan, diretora do Food Institute da Universidade de Stanford; René Estermann, secretário de alimentação de Zurique; Katie Stebbins, diretora do Instituto de Inovação em Alimentação e Nutrição da Universidade Tufts; David Havelick, diretor assistente de sustentabilidade da Universidade Harvard; e as professoras Christine Brombach e Irene Chetschik, da ZHAW. A moderação foi feita pela escritora e pesquisadora Denise Loga, da Fundação Foodforward. Os representantes das universidades de Stanford e Harvard salientaram que as instituições aderiram ao Cool Food Pledge, iniciativa que incentiva a redução das emissões de carbono associadas a serviços alimentares em 25% até 2030, comparado aos níveis de 2015. “Além de mensurar a intensidade climática dos serviços de alimentação de Harvard, atuamos com soluções baseadas em ciência para mudar positivamente comportamentos de consumo alimentares e capacitações para cozinheiros ofertarem mais pratos ricos em vegetais”, comentou Havelick. Já a Universidade de Stanford adota meta de redução das emissões de carbono para os serviços alimentares de 40% até 2030. A estratégia inclui um programa de valorização das compras de alimentos locais, produzidos por produtores afrodescendentes (Equitable Harvest and the Black Farmers Initiative). Para Malin Borg, CEO da Swissnex no Brasil, o País e a Suíça têm potencial de cooperação para fomentar o uso da biodiversidade em alimentos inovadores e, por meio dessas inovações, contribuir com a preservação dos biomas brasileiros e geração de renda. Malin também debateu com startups suíças as oportunidades de investimento em mercados emergentes e citou a Embrapa como um “think tank” do setor alimentar no Brasil. Dentre as startups participantes, a Upgrain e a Planted citaram o País como um dos três principais mercados globais para foodtechs.
Com o tema central “Dieta da saúde planetária”, especialistas internacionais debateram hábitos de consumo da população durante a Lake Week, realizada entre 29 de janeiro e 2 de fevereiro, pela Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique (ZHAW), em Wädenswil, na Suíça. A Embrapa Alimentos e Territórios foi representada pelo analista Gustavo Porpino, um dos palestrantes do workshop Futuro da Alimentação.
Porpino apresentou, a partir da experiência do projeto Cidades e Alimentação, a importância de fomentar sistemas alimentares urbanos sustentáveis como forma de promover dietas saudáveis e sustentáveis. Fazendas urbanas, programas de fomento à agroecologia, iniciativas para conectar o excedente do varejo e feiras livres com bancos de alimentos, e a importância das compras públicas da agricultura familiar e conexões com a alimentação escolar foram alguns dos exemplos citados.
“Para que mais pessoas adotem dietas saudáveis, precisamos mais do que mudar hábitos de consumo. As cidades precisam implementar programas de valorização da produção orgânica em áreas urbanas e periurbanas, aproximar os produtores locais dos cidadãos urbanos e implementar políticas que possibilitem o acesso a mais frutas e hortaliças, por exemplo. A renda é um fator determinante nas escolhas alimentares, e sem políticas públicas permanentes, os pressupostos da dieta saudável planetária não conseguem ter alcance global”, comenta Porpino.
O analista da Embrapa também conheceu um supermercado social, em Zurique, e fez visitas técnicas ao World Food Systems Center, no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH), e ao parque da biosfera de Entlebuch, região de 394 km2 reconhecida pela Unesco como patrimônio mundial. O objetivo foi a troca de experiências e a articulação de possíveis parcerias. Dentre os projetos apresentados na ETH, destaca-se o NICE (Nutrition in City Ecosystems). A ação envolve seis cidades em Bangladesh, Quênia e Ruanda, com enfoque na melhoria da nutrição e redução da pobreza nas populações das regiões urbanas, especialmente as mulheres, nos jovens e nos grupos vulneráveis.
“Segurança alimentar pode não ser um tema local, mas é um problema global e um desafio de todos. Precisamos de ciência aplicada para a transformação dos sistemas alimentares, e a dieta da saúde planetária contribui para uma sociedade regenerativa que alimente a todos e ao mesmo tempo mantenha os recursos naturais para o usufruto das gerações futuras”, salientou o professor Urs Hilbert, diretor da Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique (ZHAW), na abertura do workshop.
Durante o evento, Hilbert ressaltou que produzir ciência com impacto no mundo real requer parcerias com o setor produtivo e cooperações internacionais. Para fomentar inovações no setor agroalimentar, o professor destacou o lançamento do “FoodHUB Wädenswil”, parceria público-privada que reúne os governos municipal e estadual, academia, indústria e startups.
A iniciativa é sediada no novo campus temático da ZHAW, que tem enfoque no futuro da alimentação. O campus às margens do lago de Zurique abriga laboratórios de análise sensorial dos alimentos, segurança dos alimentos, e embalagens inovadoras e preservação, além de espaços dedicados a estudos sobre ingredientes determinantes de valor e propriedades funcionais de produtos alimentícios.
Outros pontos do debate foram a necessidade de se respeitar as culturas alimentares locais e incrementar os indicadores de alcance das dietas saudáveis. Dentre os debatedores, participaram Malin Borg, CEO da Swissnex no Brasil; Sophie Egan, diretora do Food Institute da Universidade de Stanford; René Estermann, secretário de alimentação de Zurique; Katie Stebbins, diretora do Instituto de Inovação em Alimentação e Nutrição da Universidade Tufts; David Havelick, diretor assistente de sustentabilidade da Universidade Harvard; e as professoras Christine Brombach e Irene Chetschik, da ZHAW. A moderação foi feita pela escritora e pesquisadora Denise Loga, da Fundação Foodforward.
Os representantes das universidades de Stanford e Harvard salientaram que as instituições aderiram ao Cool Food Pledge, iniciativa que incentiva a redução das emissões de carbono associadas a serviços alimentares em 25% até 2030, comparado aos níveis de 2015. “Além de mensurar a intensidade climática dos serviços de alimentação de Harvard, atuamos com soluções baseadas em ciência para mudar positivamente comportamentos de consumo alimentares e capacitações para cozinheiros ofertarem mais pratos ricos em vegetais”, comentou Havelick.
Já a Universidade de Stanford adota meta de redução das emissões de carbono para os serviços alimentares de 40% até 2030. A estratégia inclui um programa de valorização das compras de alimentos locais, produzidos por produtores afrodescendentes (Equitable Harvest and the Black Farmers Initiative).
Para Malin Borg, CEO da Swissnex no Brasil, o País e a Suíça têm potencial de cooperação para fomentar o uso da biodiversidade em alimentos inovadores e, por meio dessas inovações, contribuir com a preservação dos biomas brasileiros e geração de renda. Malin também debateu com startups suíças as oportunidades de investimento em mercados emergentes e citou a Embrapa como um “think tank” do setor alimentar no Brasil. Dentre as startups participantes, a Upgrain e a Planted citaram o País como um dos três principais mercados globais para foodtechs.