Um grupo de cerca de quarenta profissionais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) participou de um curso de atualização na Embrapa Semiárido (Petrolina-PE) entre os dias 14 e 16 de março. Os extensionistas atuam nas regiões Norte e Nordeste de Minas e receberam treinamento em tecnologias agropecuárias para o desenvolvimento do Semiárido.
A iniciativa faz parte do projeto “Tecnologias Agropecuárias para o Semiárido Mineiro”, coordenado pela Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG). “O projeto visa divulgar tecnologias viáveis e sustentáveis que possam contribuir para as atividades dos produtores rurais das regiões semiáridas do estado de Minas Gerais. Para tanto, tem como principal estratégia a capacitação de multiplicadores, principalmente técnicos extensionistas, líderes regionais e estudantes da área de Ciências Agrárias, no uso correto de tais tecnologias, de forma a orientar adequadamente os agricultores na sua adoção e operação”, explica Marco Aurélio Noce, coordenador do projeto.
Com este objetivo, considerando a vasta experiência da Embrapa Semiárido, foi organizada uma caravana para Petrolina, onde os técnicos foram capacitados em diversos sistemas e tecnologias com potencial de aproveitamento em suas regiões.
“A gente tem um trabalho em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo e com a Anater, implantando, no Seminário do Mineiro, unidades demonstrativas de convivência com a seca e de recuperação de áreas degradadas, em regiões que têm as mesmas características aqui de Pernambuco”, explica o extensionista Ismael Mansur Furtado, da Emater-MG. Daí, segundo ele, surgiu o interesse de uma visita “para que pudéssemos trocar experiências com a Embrapa daqui, os pesquisadores que trabalham com as mesmas dificuldades que a gente tem lá, estudando alternativas de produção para o Semiárido, e com isso a gente ganha experiência para levar para a nossa região”.
Durante três dias de programação, a produção animal foi um importante foco, com a apresentação de tecnologias como modelos de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) para o Semiárido, orientações para manejo de caprinos e ovinos e o manejo e uso da palma forrageira, além de outras alternativas de forragem para a região.
Ismael Furtado, que é coordenador técnico de pecuária da regional de Capelinha da Emater-MG, vê a palma forrageira como uma alternativa de alimentação também para a sua região, “além de arranjos como o ILPF e espécies arbustivas e leguminosas que poderão estar enriquecendo o nosso trabalho lá também”.
Os extensionistas puderam conhecer, ainda, o potencial da região Semiárida para a fruticultura irrigada. Eles viram como é feita a gestão de um perímetro público de irrigação, em visita ao Distrito Senador Nilo Coelho, e conheceram tanto a experiência em lotes de agricultores familiares quanto em fazendas e agroindústrias em escala empresarial.
“Fomos também em um lote de um colono e mostramos a eles qual é a situação de um agricultor familiar dentro de um projeto de irrigação aqui da região, pra eles conhecerem essa atividade que demanda muita tecnologia e conhecimento”, destaca o analista Elder Rocha, da Embrapa Semiárido, responsável pela programação da visita. Ele ressalta que mesmo os pequenos produtores precisam se profissionalizar para poder ter mais eficiência, devido ao alto custo da irrigação.
Após a visita, o extensionista da Emater-MG Paulo Deniz Oliveira, que atua no Vale Jequitinhonha, disse acreditar que “a agricultura familiar não pode perder de vista a eficiência produtiva. Para isso, a questão tecnológica e da assistência técnica tem que estar presente, e é essencial pra garantir essa produção com qualidade e principalmente com sustentabilidade”.
Em visitas às propriedades, os profissionais tiveram, ainda, a oportunidade de ver de perto as vantagens da utilização de ativos como o porta-enxerto BRS Guaraçá, desenvolvido pela Embrapa e resistente a uma das mais importantes pragas da cultura da goiaba – o nematoide das galhas. “Eles visitaram áreas com solos infestados e viram a diferença do da situação do plantio com e sem o porta-enxerto”, destaca o analista Elder Rocha.
No último dia de programação, o foco foi nas tecnologias de captação, armazenamento e uso de água de chuva para consumo humano e para produção animal e vegetal, além do reúso de águas cinzas. Foi apresentado, ainda, o potencial de agroindústria para aproveitamento dos frutos nativos da Caatinga.